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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


FAIARA - FACULDADE INTEGRADA DE ARAGUATINS

LIXO URBANO: DE IMPACTOS ÀS POSSIBILIDADES

LUCILENE ARAUJO MENDES

CONDE – BA

2016
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


FAIARA - FACULDADE INTEGRADA DE ARAGUATINS

LIXO URBANO: DE IMPACTOS ÀS POSSIBILIDADES

LUCILENE ARAÚJO MENDES

Artigo científico apresentado a FAIARA, como


requisito parcial para obtenção do título de Especialista
em Educação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável.

CONDE - BA
2016
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LIXO URBANO: DE IMPACTOS ÀS POSSIBILIDADES

Lucilene Araújo Mendes1

RESUMO

Este artigo tem como temática o lixo urbano, abordando determinados impactos ambientais negativos que esses
resíduos sólidos geram no ambiente urbano, ocasionados pelas formas de uso, costumes e hábitos culturais
perceptíveis em muitas cidades, principalmente em margens de ruas e leito de rios. Foi a partir da urbanização
que a maioria dos problemas causados pelo lixo, começaram a se agravar, observamos que o principal destino do
lixo no país é o deposito à céu aberto, os lixões. Dessa forma, trataremos das possíveis soluções para tal questão.
A metodologia empregada para a realização desse artigo foi uma pesquisa bibliográfica e um trabalho de campo,
envolvendo estudantes do 1ª Série do Ensino médio, em que aplicamos um questionário com os moradores da
cidade de Conde – Bahia, com o objetivo de saber a percepção ambiental desses autores a respeito do lixo.

PALAVRAS-CHAVE: Zona Urbana. Lixo. Possibilidades.

1. INTRODUÇÃO

O aumento da população, principalmente nas áreas urbanas, tem contribuído


significativamente para impactos ambientais negativos. Isso geralmente acontece pelos
costumes e hábitos no uso da água e a produção de resíduos pelo consumo de bens materiais.
De fato, essas alterações ambientais físicas e biológicas ao longo do tempo modificam a
paisagem e comprometem ecossistemas.
O desenvolvimento tecnológico e os meios de produção têm causado alterações no
meio ambiente e a cada dia se intensifiquem especialmente na zona urbana, onde a maior
parte das pessoas vive. A população do Brasil apresenta a mesma tendência mundial de
ocupação ambiental, ou seja, fazem opção de viver nas cidades, por vários fatores, como
educação, saúde, maior comodidade e ouros. Ao se observar o uso, as crenças e hábitos dos
moradores que vivem nas grandes cidades, percebemos que promovem alterações ambientais
e impactos significativos no ecossistema urbano.
Dessa forma, esse artigo intitulado “Lixo Urbano: de Impactos às Possibilidades” nasce
com a finalidade de se fazer um estudo sobre os impactos ambientais causados pelo destino

1
Licenciada em Química pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB. Pós-Graduanda em Educação
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Faculdade Integrada de Araguatins – FAIARA. E-mail:
lenearaujo 40@hotmail.com.
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inadequado dado ao lixo, apontando algumas soluções e possibilidades para esse problema
social, como também analisa a visão dos moradores da Cidade de Conde – Bahia sobre o lixo
produzido por esses autores
A metodologia realizada para esse trabalho foi um trabalho de campo e pesquisa
bibliográfica, que envolveu leituras e reflexões de vários autores sobre essa temática e a
aplicação de um questionário em que procuramos saber, juntamente com os alunos da 1ª Série
do Ensino Médio, a percepção dos munícipes da cidade de Conde - Bahia a respeito do lixo.
Esse trabalho está fundamentado nos estudos teóricos de Reigota (1994) que aborda
sobre a necessidade de solucionar os problemas ambientais; as contribuições dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998) sobre educação ambiental, como também Leis e Decretos que
nos orientam para a preservação do meio ambiente. Além dos conhecimentos teóricos de
Ribeiro e Morelli (2009), que abordam sobre a classificação do lixo e suas possibilidades.
Acreditamos que um trabalho que envolva os alunos com a realidade do seu dia a dia
desperta neles a curiosidade e também os fazem querer buscar alternativas para cuidar melhor
do meio em que vive.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A Constituição Federal nos dá a garantia que o meio ambiente deve ser preservado e


protegido pelo Poder Público.

No Art. 22da Constituição Federal de 1988 disciplinas que "Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum do povo e essencial a sadia
qualidade de vida, bem como, o Art.186. II – utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente, impondo-se ao Poder Público e á coletividade e
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações".

Além disso, todo cidadão têm a incumbência, de zelar pelo meio ambiente, como
também contribuir para um desenvolvimento sustentável.

O lixo é apontado pelos ambientalistas como um dos mais graves problemas


ambientais urbanos da atualidade, enfrentamento e alvo privilegiado de programas de
educação ambiental nas escolas brasileiras. Muitos programas de educação ambiental são
criados para a consciência da redução do lixo, buscando fazer com que as pessoas
desenvolvam uma reflexão crítica e abrangente a respeito dos valores culturais da sociedade
de consumo.
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998 ) abordam que o trabalho de Educação


Ambiental deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência
global das questões relativas ao meio para que possam assumir possíveis afinadas com
valores referentes a sua proteção e melhoria. Reigota (1994) nos adverte:

É importante entender que o problema está no consumo excessivo desses recursos


por uma pequena quantidade da população mundial e no desperdício e produção de
artigos inúteis e de mau agouro à qualidade de vida. Não se trata de garantir a
preservação de determinadas espécies animais e vegetais e dos recursos naturais, não
esquecendo a importância destas questões. O que deve ser prioridade são as relações
econômicas e culturais entre homem natureza e homem humanidade. (REIGOTA,
1994).

No posicionamento desse conceituado autor, percebemos que a questão do lixo tem


afetado grandemente o meio ambiente trazendo conseqüências irreversíveis para a natureza.
Na sua visão, é necessário superar os problemas ambientais, pois a qualidade de vida depende
grandemente de ações positivas em relação ao meio ambiente. Desta forma, poderemos
desenvolver uma consciência ambiental, de modo a reparar os danos causados ao ambiente e
evitando desastres ecológicos.

Ribeiro e Morelli (2009) salientam que a geração de resíduos é um problema que


acompanha o desenvolvimento da humanidade ao longo dos séculos e com a Revolução
Industrial este problema se tornou relevante e passou a comprometer a qualidade de vida das
comunidades. Os avanços tecnológicos possibilitaram o aumento do consumo, e o
incentivando o aumento da produção industrial, fechando um ciclo, tendo como consequência
a degradação ambiental. Para esses autores, a busca pelo crescimento econômico de forma
desenfreada fez com que as questões ambientais viessem à tona nas últimas décadas do século
passado. Diante disso, a procura por soluções que busquem minimizar esses impactos
ambientais gerados vêm se multiplicando.

Um passo importante para o destino dado ao lixo é apontado no Decreto Federal


5.940 de 25 de outubro de 2006 que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados
pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora,
e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.

3. LIXO URBANO: IMPACTOS E ALGUMAS POSSIBILIDADES DE USO E


DESCARTE
O nosso planeta de depara com um grande desafio, o descarte de lixo. Atualmente, esse é
um dos grandes problemas socioambientais, notamos que a produção de resíduos tem se
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intensificado devido a produção industrial e crescimento da população mundial, e


consequentemente o destino final e o tratamento nem sempre ocorrem de forma adequada.
No Brasil, por exemplo, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (dados de 2000), são produzidas mais de 230 mil toneladas de lixo diariamente.
Podemos, estabelecer uma relação direta entre o lixo e o consumo, Nesse contexto o lixo e o
consumo, pois quanto mais quanto mais uma sociedade consome, mais lixo se produzirá .
Se tratando do processo de urbanização, percebemos que o acúmulo de lixo afeta
grandemente os valores ambientais, visto que, a maioria das cidades não possuem locais
adequados para o depósito correto do lixo, o que acaba colocando esses resíduos em áreas
não apropriadas.
Muitos materiais que são descartados como lixo são perigosos e contém elementos que
podem prejudicar a saúde humana, como também contaminar o solo e os lençóis freáticos
Mas afinal o que pode ser considerado como lixo? Na concepção de Didonet (1997)
“Lixo é basicamente todo e qualquer resíduos proveniente das atividades humanas ou gerado
pela natureza em aglomerações urbanas”. De fato, tudo aquilo que não tem mais utilidade,
sem valor, sujeira, imprestável para o homem e que, por esse motivo, geralmente é jogado
fora.
Para Ribeiro e Morelli (Op. Cit.), o descarte gerado pelas diversas atividades humanas é
denominado de resíduo (lixo), o qual pode ser segmentado e classificado a partir de suas
características físicas, biológicas ou químicas
Nesse sentido, o lixo é classificado como: domiciliar, doméstico perigoso, comercial,
industrial, hospitalar, público e especial.
Conforme foi observado, a produção de lixo urbano ocasiona vários problemas
ambientais no Brasil e no mundo. O que gera maior problema é que a maior parte das cidades
brasileiras possui um serviço de coleta e gestão que não prevê a separação e tratamento
adequado do lixo da origem ao destino final (IBGE, 2010).
Percebemos que o principal destino dado ao lixo em nosso país, infelizmente, é o
depósito a céu aberto, formando os chamados “lixões”. O que gera graves problemas
ambientais e de saúde pública, tais como: contaminação do solo, rios e lençóis freáticos;
assoreamento; enchentes; proliferação de vetores transmissores de doenças; além de poluição
visual e mau cheiro. Nesse sentido Vieira (2006) observa:
No Brasil, a etapa da destinação final das diferentes tipologias de lixo
compreende a disposição no solo, em lixão, aterro controlado ou aterro sanitário, a
separação para reciclagem / compostagem e reutilização, tratamento por assepsia ou
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incineração, com aterramento total ou somente do rejeito da separação ou


tratamento. (VIEIRA, 2006, p.59).
Notamos também outra forma de destino dado ao lixo na zona é a incineração a céu
aberto, embora seja um processo eficiente por reduzir consideravelmente o volume dos
resíduos sólido, possui como conseqüência a poluição do ar por gases tóxicos e a geração de
fuligem, gerando problemas respiratórios na população, pela Lei 12.305 de 02 de agosto de
2010 essa prática passa a ser proibida em todo o país. É verdade que o ideal seria que não
houvesse a produção de lixo, mas esse ideal pode ser considerado utópico, pois dificilmente
as grandes indústrias e a sociedade em geral vão deixar de produzir esses resíduos.
3.1. O lixo e algumas possibilidades de uso
De acordo com o princípio de desenvolvimento sustentável, é possível buscar
alternativas economicamente viáveis para o reaproveitamento desses resíduos, reduzindo,
assim, a sua produção, substituindo os processos tradicionais de gestão de lixo como os lixões
céu aberto e a incineração.
Os aterros sanitários parece ser uma forma eficiente de substituir os atuais lixões.
Machado (2007) observa que a Sociedade Americana de Engenheiros Civis o aterro sanitário
é o método de disposição de refugo na terra, sem criar prejuízos ou ameaças à saúde e
segurança pública, pela utilização de princípios de engenharia que confinam o refugo ao
menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada dia de
operação, ou mais frequentemente de acordo com o necessário.
Não se trata de se cavar um buraco profundo e colocar todo o lixo, sem os cuidados
necessários, o aterro sanitário é um lugar estrategicamente escolhido e preparado com o solo
devidamente impermeabilizado a fim de proteger os lençóis subterrâneos; também possui um
sistema de tratamento do chorume e dos gases produzidos no processo de decomposição dos
materiais.
Essa técnica além da eliminação dos problemas anteriormente citados possui a vantagem
de receber diversos tipos e quantidades de lixo, e acima de tudo, a utilização posterior das
áreas, como parques e praças, por exemplo.
Também existe a possibilidade de incineração controlada realizada em instalações
centrais de caráter público com dispositivos que eliminam ou minimizam a poluição
atmosférica. Esse método reduz o lixo a 5% do seu volume original.
A compostagem se constitui uma forma de reaproveitamento do lixo, essa técnica
consiste na decomposição natural do lixo orgânico (cascas de frutas e legumes, podas de
árvores, folhas, restos de feiras livres e de restaurantes e restos de alimentos residenciais)
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Fiorilo (2007, p.205) observa que esse material orgânico é transformado em um composto
rico em nutrientes pela atuação catalisadora de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos.
Para esse autor, o húmus, enriquece o solo, previne a erosão, aumenta a capacidade de
retenção de água e impede a acidificação, podendo ser utilizado como substrato de diversas
culturas, principalmente na produção de plantas ornamentais, por não serem utilizadas na
alimentação humana, estas plantas não oferecem risco à saúde.
A reciclagem também se constitui uma forma de reaproveitamento do lixo, é um
processo que consiste em reaproveitar material já utilizado (como papel, papelão, vidro,
metal, alumínio, entulho) na fabricação de novos produtos. Esse método além de diminuir a
produção original resolve de forma positiva o problema do lixo, gerando emprego e renda.
Ribeiro e Morelli (Op. Cit, p.60) salienta que no Brasil, aproximadamente 800 mil
pessoas sobrevivem da catação de reciclados, com uma renda média de 1 a 1,5 salário mínimo
por mês. Em nosso país o principal produto reciclado é o alumínio, pois possui como
vantagem o fato de poder ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas características no
processo. Além disso, a energia no processo de reciclagem equivale a menos de 5% da
energia gasta no processo de obtenção primária do alumínio através da bauxita. Isso gera uma
economia de 700 mil toneladas de bauxita por ano.
Também o vidro e o papel são recicláveis ; o primeiro pode levar até 5 mil anos para se
decompor na natureza e pode ser reciclado infinitas vezes sem perda da qualidade e pureza,
além de apresentar grande vantagem econômica. O segundo, também gera ganhos econômicos
com a geração de cerca de 100 mil empregos diretos e aproximadamente 200 mil indiretos em
seu processo de reciclagem no Brasil. E ganhos ambientais gigantescos, na medida em que
cada tonelada de papel reciclado poupa cerca de 22 árvores nativas ou 50 eucaliptos e 75% de
energia
Existem muitos outros produtos passiveis de reciclagem tais como: plásticos e diversos
tipos de polímeros, metais, entulhos oriundos da construção civil, etc. Há em nosso país
diversos exemplos de sucesso de municípios e empresas que economizam muito dinheiro com
a reciclagem. É necessário que mais empresas e gestores públicos acreditem que é possível
encarar os resíduos como um subproduto que, se devidamente trabalhado e com investimentos
consistentes, pode se tornar nova fonte de receita e economia (RIBEIRO; MORELLI, 2009)
3.2. O lixo e a geração de renda
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Conforme foi observado o lixo pode ser encarado como algo de valor – a questão
econômica. Para Velloso (2004), a valorização do lixo se dá a partir do momento em que
passa a ser possível transformá-lo em algo útil (em matéria-prima).
Frente à ineficiência do gerenciamento e manejo dos resíduos pelo poder público,
associado a atual crise de desemprego que atinge a população urbana o manejo dos resíduos
surge como uma oportunidade de geração de trabalho e renda para milhares de pessoas.
Estima-se que atuam no município de São Paulo aproximadamente, 20 mil catadores de
materiais recicláveis. Essas pessoas sobrevivem, exclusivamente, desta atividade muitas vezes
insalubre.
Os catadores deparam-se com um ambiente de trabalho repleto de dificuldades como a
falta de experiência para trabalhar em grupo, no gerenciamento e controle da produção em
larga escala, inabilidade técnica em processar e agregar valor aos materiais e na expansão e
diversificação dos seus produtos, o que acaba dificultando o aumento da renda, impulsionado-
os para o mercado informal, e suas vendas restritas aos atravessadores.
Estas condições contribuem para o não aproveitamento das potencialidades e riquezas
contidas nos resíduos sólidos urbanos. Hoje, o beneficiamento e as comercializações dos
materiais realizados pelos catadores restringem-se à separação dos materiais, reduzindo a
margem de ganho e incremento no processo e produtos oriundos da atividade.
Diante dessas dificuldades e a necessidade de proporcionar um aumento da renda para
esses trabalhadores, bem como na melhoria das condições de trabalho e comercialização dos
materiais beneficiados, emerge a necessidade de uma disposição e formalização destes
grupos, em forma de cooperativas.
Na cidade de Salvador existem dois tipos de coleta: A coleta seletiva formal e
Informal
A coleta seletiva formal é realizada pela Prefeitura Municipal de Salvador na figura da
COOPCICLA - cooperativa de agentes autônomos de reciclagem. Essa cooperativa é gerida
por funcionários da LIMPURB - Empresa de Limpeza Urbana de Salvador, está disposta em
duas sedes, uma no centro da cidade e a outra no antigo lixão (hoje Parque Sócio-Ambiental
de Salvador). Agrega uma aproximadamente de 120 cooperados, que recebem uma média de
R$ 250,00 mensais pela venda de materiais.
Percebemos também a existência de outras organizações como Recicla Cajazeiras,
CAMAPET e Ação Reciclar, além das coletas informais. Podemos constatar que essas duas
dimensões, formais e informais, vêm obtendo resultados sociais consideráveis, minimizando
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os problemas ambientais dos resíduos lançados a céu aberto, como também tem ajudado na
redá desses trabalhadores. Notamos a necessidade do poder político municipal lançar projetos
que ajudem esse setor da economia na sua sustentabilidade e durabilidade. 
3.4. As novas perspectivas para a gestão do lixo urbano no Brasil de acordo com a Lei
12.305 de 02 de Agosto de 2010
A lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 instituiu a nova política nacional de resíduos
sólidos e, se aplicada de forma efetiva , vai funcionar como um divisor de águas na gestão do
lixo urbano no país. Essa Lei traz definições e reúne um conjunto de princípios, objetivos,
instrumentos, metas, diretrizes e ações que devem ser adotadas pelo poder público em
parceria com instituições privadas e representativas da sociedade.
Essa nova medida servirá para nortear o poder público na adoção de medidas na gestão
do lixo urbano.
O caput do art. 9º da lei afirma que na nova gestão de resíduos sólidos, deve ser
observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Ela prevê a elaboração de plano para cada esfera do poder, a saber, um plano nacional
de resíduos sólidos, planos estaduais de resíduos sólidos, planos microrregionais e planos de
resíduos para regiões metropolitanas, planos intermunicipais de resíduos sólidos, planos
municipais de gestão integrada de resíduos sólidos e planos de gerenciamento de resíduos
sólidos, estes últimos, destinados aos geradores de resíduos.
No art. 16 a lei estabelece como condição para os Estados terem acesso aos recursos da
União ou controlados por ela, bem como a incentivos e financiamentos das entidades federais
de crédito relacionados à gestão de resíduos, a elaboração desse plano estadual de resíduos
sólidos. No art. 18 a lei faz a mesma observação em relação aos municípios e ao distrito
federal, que terão que elaborar planos municipais de gestão integrada contendo, dentre tantas
outras coisas: o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território,
com origem e volume; a caracterização dos resíduos e as formas de destinação e disposição
final adotadas.
O Capítulo VI que trata das proibições, veda o lançamento in natura a céu aberto (exceto
os resíduos da mineração) e a queima a céu aberto como destinação ou disposição final para
os resíduos sólidos. Dessa forma, a lei obriga a União, Estados, Distrito Federal e municípios
a substituírem as formas tradicionais de gestão do lixo, por uma destinação ambientalmente
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adequada, condenando à extinção os famosos lixões a céu aberto, que essa prática irá
gradativamente, desaparecendo do país.
4. A PERCEPÇÃO DOS MORADORES DA CIDADE DE CONDE – BAHIA SOBRE O
LIXO

O lixo quando não tratado adequadamente pode ser responsável por impactos ambientais
graves e causador de muitas doenças, procurando conscientizar nossos estudantes sobre esse
problema, fizemos um trabalho de pesquisa procurando saber a percepção que os moradores
da cidade de Conde, Estado da Bahia tinham sobre o lixo. Foram entrevistados 55 moradores
dessa localidade, após a coleta desses dados fizemos a análise de seus posicionamentos.
O questionário a ser aplicado continha os seguintes questionamentos: “O que significa a
palavra lixo para o senhor (a)?”; Qual a quantidade de lixo diário produzido por sua família?”;
“Em sua casa há coleta de lixo”?; “Qual o melhor destino para o lixo?”, “ O(A) senhor (a) faz
a coleta seletiva do lixo”?. Buscando responder a essas perguntas nos mobilizamos a procurar
pessoas de vários níveis de escolaridade, que residissem na zona urbana e que estivessem
dispostos a responder o questionário.
Com posse nesses dados começamos a fazer a análise das entrevistas.

Em relação à primeira pergunta , a saber, “O que significa a palavra lixo para o senhor
(a)?”. Todos os entrevistados atribuíram uma conotação ruim a essa palavra: “Aquilo que não
presta”; “Algo podre”; “O que não presta”. “Lixo é lixo”
Não estávamos esperando uma definição perfeita sobre a palavra lixo, mas
intencionávamos, mas como os participantes entendiam ou percebiam o lixo.
Na percepção desses moradores o lixo era percebido pela maioria como algo negativo,
não tinha mais utilidade, vinculado à sujeira, imundície, sujidade e ao mau cheiro. Nenhum
dos moradores atribuiu a algo que poderia gerar renda.
Em relação a segunda pergunta:“Qual a quantidade de lixo diário produzido por sua
família?”.
Embora não tivessem certeza da média aproximadas da produção diária, mas mostraram
um valor aproximado do que achavam que produziam. A Tabela abaixo mostra o gráfico que
representa a média diária em quilos de lixo produzido pelos entrevistados.

Quadro 1. Quantidade de lixo diário produzido nas residências dos entrevistados


ENTREVISTADOS MÉDIA DA PRODUÇÃO DIÁRIA DE LIXO POR KG
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Professor 2,00 kg
Enfermeiro 1,00 kg
Comerciante 3,00 kg
Dona de casa 7,00 kg
Estudante 1,00 kg
Comerciário 2,00 Kg

Observamos nas respostas dos entrevistados sabiam exatamente quantos quilos de lixo
suas famílias produziam, deram as respostas baseados no volume que os resíduos formavam,
percebemos que não existia a preocupação com a quantidade produzida. Nessa pesquisa não
foi levado em conta a quantidade de pessoas que moram na casa, nem o tempo que os
moradores ficam
De acordo com o IBGE (2005) a média nacional brasileira oscila em torno de 1,2kg de
lixo por habitante/dia.
Ao se perguntar “Em sua casa há coleta de lixo”? Os entrevistados responderam que sim,
passando dias alternados e que muitas vezes o carro de coleta quebra e os resíduos ficam
espalhados pelas ruas da cidade.
Quando se perguntou “Qual o melhor destino para o lixo?” As respostas a essa pergunta
foram bastante variadas: aterro, lixão, buraco, longe da cidade e reciclar, queimar. No gráfico
abaixo identifica as opções dos entrevistados sobre o melhor lugar para a disposição final do
lixo.

Fig. 2 O gráfico mostra a crença dos entrevistados sobre o melhor lugar para a disposição final do lixo

Dos 55 entrevistados, 54,5% dos moradores entrevistados acreditavam que os lixões era
o melhor lugar para a disposição final do lixo. Estes dados revelam que, a maior das pessoas
entrevistadas não tem uma percepção dos problemas que o lixo colocado a céu aberto pode
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causar as pessoas e ao meio ambiente. Esse entendimento perceptivo quanto ao melhor lugar
para fazer a disposição final do lixo que os habitantes produzem cidade foi variado entre os
grupos de profissionais entrevistados, uma vez que o grau de escolaridade desses autores
divergem.
Por fim, a ultima pergunta aos entrevistados: “O(A) senhor (a) faz a coleta seletiva do
lixo”? A maior parte dos entrevistados responderam que não, o que corresponde a 35
entrevistados (64 %) ao passo que apenas 20 pessoas (36 %) faziam a coleta seletiva. Mas
observa-se que essa forma de coleta diz respeito a segregação em lixo seco em resíduos.

Fig. 3. Hábito dos moradores na coleta do lixo doméstico urbano

Ao observar o gráfico percebemos que (36%), disse que em suas residências


habitualmente separavam o lixo. Notamos que existem várias formas de separação: a mais
comum é a segregação em lixo seco e em resíduos orgânicos. Nas casas em que se fazia a
separação do lixo, não havia uma destinação correta, uma vez que o caminhão coletor da
Prefeitura mistura todo o lixo, sendo No encaminhado ao lixão da cidade. Percebe-se que essa
forma de coleta realizada pela prefeitura municipal da cidade desestimula a prática da coleta
seletiva
Sabemos que um trabalho voltado para a Educação Ambiental pode mudar hábitos,
transformar a situação do planeta terra e proporcionar uma melhor qualidade de vida para as
pessoas. E isso, só se fará com uma prática de educação ambiental, onde cada indivíduo sinta-
se responsável em fazer algo para conter o avanço da degradação ambiental.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foi possível perceber que o lixo urbano se constitui um desafio para as
autoridades governamentais, pois a cada dia são produzidos muitas toneladas, muitas vezes
esses governantes não possui um projeto de gerenciamento dos resíduos.
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Nesse respeito foi observado que apesar dos problemas e desafios apresentados existem
muitas possibilidades para reutilizá-lo, seja na forma de compostagem ou reciclagem.
Além disso, notamos que a incineração e o aterro sanitário quando realizados com
técnicas correta podem ser uma boa alternativa para o destino dado ao lixo urbano.
Foi destacado também que o lixo apesar de ser um problema social, ele tem sido
encarado como fonte de renda para milhares de brasileiros, principalmente nas grandes
cidades do país.
Em relação à pesquisa de campo realizada na cidade de Conde - Bahia foi possível notar
que a educação ambiental é um importante instrumento para a mudança de postura em relação
ao destino dado ao lixo da cidade. Pois percebemos que o destino final do lixo é um dos
agravantes da degradação do meio ambiente.
Foi notado que apesar de algumas iniciativas dos moradores em fazer a coleta do lixo, as
autoridades competentes e os órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente urbano
não construíram ações efetivas para eliminar os lixões da cidade, usando formas alternativas
para o destino final do lixo.
Percebemos a importância educação ambiental é uma forma importante de conscientizar
a alunos e comunidade sobre a forma correta de cuidados e destino dado ao lixo.
Foi observado através de uma pequena amostra que muitos moradores ainda têm a
concepção que podem descartar o lixo em qualquer lugar, contanto que não afetem sua
residência
A lei 12. 305 de 02 de agosto de 2010 vem estabelecer regras e diretrizes para a gestão
do lixo urbano, e um marco importante foi a proibição de lixo jogados a céu aberto, formando
os conhecidos lixões ou sua queima aleatória sem as devidas técnicas.
Esperamos que as discussões apresentadas nesse artigo tenha contribuído para um maior
aprendizado sobre o lixo urbano e as suas possibilidades.
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6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 12.305, de 02 de Agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos.


Brasília: Presidência da República, 2010.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Geografia (PCN). Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educação Ambiental.


Brasília, DF, 1999.

BRASIL. Decreto nº 5.940, 25 de outubro de 2006. Brasília, DF, 2006

DIDONET, Marcos (org). O lixo pode ser um tesouro: Um monte de novidade sobre um
monte de lixo. Livro do Professor, Livro zero, 1, 2, 3. 6ª ed. Rio de Janeiro: CIMA, 1997b.
30p.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev. atual.
e ampl. São Paulo, Saraiva, 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo 2000.


Indicadores de desenvolvimento sustentável: disposição de resíduos sólidos urbanos.
Disponível em: <http:// www.Ibge.gov.br>. Acesso em: 10 julho de 2016.

__________ Censo 2005. Indicadores de desenvolvimento sustentável: disposição de resíduos


sólidos urbanos. Disponível em: <http:// www.Ibge.gov.br>. Acesso em: 10 julho de 2016.

__________Censo 2010. Indicadores de desenvolvimento sustentável: disposição de resíduos


sólidos urbanos. Disponível em: <http:// www.Ibge.gov.br>. Acesso em: 10 julho de 2016.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 15. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Malheiros, 2007.

MUCELIN, Carlos Alberto; BELLINI, Marta. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no


ecossistema urbano. Sociedade & Natureza. jun. 2008. Uberlândia, 2008. Disponível em:
www.sociedadenatureza.ig.ufu.br/include/getdoc.php?id=632 >>. Acesso em: 05 agosto
2016.

RIBEIRO, Daniel Verás; MORELLI, Márcio Raymundo. Resíduos sólidos: problema ou


oportunidade? Rio de Janeiro: Interciência, 2009.

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.
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VELLOSO, Marta Pimenta. A Atividade e Resíduos Resultantes da Atividade Humana:


da produção do lixo a nomeação do resto.Rio de Janeiro, ENSP,2004. Tese de Doutorado.

VIEIRA, Elias Antônio. Lixo – Problemática Socioespacial e Gerenciamento Integrado: a


experiência de Serra Azul. Tese de doutorado. São Paulo, 2006

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