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DOUTO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA

COMARCA DE PALMEIRAS DE GOIÁS – GO

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FULANO FILHO, nascido 25/10/2017, filho de Jaqueline e Kyenne, inscrito
no CPF nº 123.456.789-00, menor impúbere, representado por sua genitora JAQUELINE,
brasileira, divorciada, diarista, nascida em 12/01/0000, filha de Francisco e Rosimeire,
inscrita no CPF sob o nº. 111.222.333-44, RG nº. 000000 PC/GO, residente e domiciliado
na Rua Lourival, s/n, Qd. 00, Lt. 00, Residencial Tempo Novo, CEP: 76190-000 –
Palmeiras de Goiás/GO, por seu procurador que esta subscreve (procuração e indicação
para o encargo anexos – Doc. 01), com escritório profissional situado no endereço
impresso no rodapé desta, onde recebe as intimações de estilo, vem a ilustre presença de
Vossa Excelência, com o fundamento no artigo dos 1.694 e seguintes do Código Civil e da
Lei 5.478/68, propor a presente:

AÇÃO DE ALIMENTOS

 Contra KYENNE, brasileiro, nascido em 25/10/0000, filho de Antônio e


Nisbete, portador do CPF nº 999.888.777-66, Carteira de Identidade nº. 000000 DGPC/GO,
residente e domiciliado na Rua 5, Qd. 00, Lt. 00, Setor Major Sinfrônio, CEP 76190-000 –
Palmeiras de Goiás/GO, pelos motivos que abaixo passa a expor:

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Requerente e sua representante legal, são hipossuficientes nos termos da lei,


não podendo arcar com as custas processuais e demais emolumentos oriundos desta Ação,
sem prejuízo próprio e de sua família, teve seu pedido de Assistência Judiciária deferido e
este causídico designado para defender seus interesses através do pedido realizado no
escritório da OAB deste município (Doc. 1) e em conformidade com Declaração de
Hipossuficiência, Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS e comprovação de não
inscrição no IRPF (Docs. 02).

Sendo assim, com fundamento no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição


Federal; artigos 2º, parágrafo único e 4º da Lei 1.060/50; artigo 1º da Lei 7.115/83; art. 14
da Lei 5.584/70 e artigos 98 e seguintes do Código de Processo Civil, requer os benefícios
da justiça gratuita.

II – DOS FATOS Página


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O Requerente, nascido no dia 25 de outubro de 2017, é filho de Kyenne,


conforme certidão de nascimento anexa (Doc. 3).

A genitora do Requerente não possui condições financeiras para manter o


Requerente sozinha, considerando que trabalha como diarista, sendo sua renda insuficiente
para garantir todas as necessidades do Requerente, complementando com ajuda de parentes
e amigos.

É inquestionável a obrigação do Requerido consistente em assistir


materialmente o filho, uma vez que se trata de dever recorrente do parentesco e inerente ao
poder familiar, conforme estabelece expressamente enunciado do artigo 1.634, inciso I, do
Código Civil, e artigo 229 da Constituição Federal.

Excelência, o genitor do Requerente oferece ajuda financeira ao mesmo, mas


esporadicamente e em valores variados e insuficientes, mesmo sabendo que tem a obrigação
de ajudar no sustento do filho.

Ademais Excelência, a genitora do Requerente tem conhecimento de que o


requerido estaria desempregado. Contudo, leva padrão de vida incompatível com esta
situação, haja vista que possui casa própria, carro, além do consumo de água e energia ser
altíssimo, como se vê em sua conta de energia referente ao período de 03/2020 (Doc. 04),
no valor de R$ 315,37, mesmo morando sozinho!
Desta sorte, vê-se que apesar da situação de desemprego que informa ter, o
genitor do requerente possui condições financeiras de garantir qualidade de vida ao menor
requerente, não podendo negar ao seu filho o sustento, a educação e a saúde.

III – DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Tendo em vista a frustração em receber os alimentos que atendam efetivamente


ao binômio possibilidade/necessidade, não contribuindo o pai para os gastos urgentes e
cotidianos da criança, postula-se a fixação liminar de alimentos provisórios. Com efeito,
estabelece a Lei n° 8.069/90 que as crianças gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes pessoa humana, não se podendo aguardar o deslinde da ação, para somente ao
final suprir a urgente necessidade. Página
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O novo Código de Processo Civil, nos artigos 300 e seguintes, previu a


possibilidade de o juiz, a requerimento da parte, conceder a tutela provisória de urgência,
liminarmente ou após justificação prévia, “quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

O Código Civil, por sua vez, no o art. 1.706, dispõe que “os alimentos
provisórios serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”.

O artigo 4º da Lei 5.478/68 é claro ao dizer que “ao despachar o pedido, o juiz
fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita”.

Com efeito, conforme certidão de nascimento anexada (Doc. 03), o vínculo de


parentesco entre a criança e o Requerido encontra-se provado, evidenciando a chamada
probabilidade do direito. Como visto acima, não pairam dúvidas sobre o dever dos pais de
sustentar os filhos menores.

Em relação ao perigo de dano, também não há necessidade de maiores


delongas. O filho necessitará do auxílio paterno para se manter. Os ganhos percebidos pela
mãe serão insuficientes para atender a todas as despesas. Mês a mês as contas vencem,
roupas se perdem e novas necessidades vão surgindo na vida da criança.
Conforme preleciona Maria Berenice Dias, em artigo publicado em sua página
na internet, denominado “Alimentos desde a concepção”:

“Mediante a prova do vínculo de parentesco ou da obrigação alimentar (LA, art.


2º), o juiz estipula, desde logo, alimentos provisórios. Não há sequer a
necessidade de ser provada a obrigação do réu ou o vínculo familiar. Trazendo o
autor indícios que comprovem a existência da obrigação, são deferidos alimentos
provisórios. Aliás, mesmo se não requeridos, os alimentos devem ser fixados, a
não ser que o credor expressamente declare que deles não necessita (LA, art.
4º).”
Disponível em: http://www.mariaberenice.com.br/uploads/12_-
_alimentos_desde_a_concep%E7%E3o.pdf

Assim, desde já, em forma de tutela provisória de urgência, requer sejam Página
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fixados ALIMENTOS PROVISÓRIOS a serem pagos pelo Requerido em favor do filho,
no percentual de 20% (vinte por cento) do salário mínimo vigente, que atualmente
equivale R$ 209,00 (duzentos e nove reais), a ser pago todo dia 10 (dez) de cada mês,
mediante recibo até que a genitora providencie uma conta bancária para tal finalidade.

IV – DO DIREITO

De acordo com toda a explanação acima, somente a fixação judicial dos


alimentos poderá atender ao menos as necessidades elementares, porquanto, cabe aos pais
esta obrigação que decorre da lei e da moral.

Por sua vez, o artigo 1.695 do Código Civil assim determina:

“Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-lo, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.”

O artigo 1.696 da legislação acima mencionada assim estabelece:

“Artigo 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,


e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, um em falta de outros.”
Segundo o art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90),
“aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais”. Ademais, o art. 227, caput, da Constituição Federal, assegura à criança, com
absoluta prioridade, a efetivação, por parte da família, da sociedade e do Poder Público, de
todos os direitos fundamentais garantidos na própria Constituição Federal e no ECA.

A obrigação de prestar alimentos decorre do poder familiar, inerente ao dever de


sustento dos pais perante filhos menores. Destaca-se que as necessidades dos filhos menores
de idade são presumidas, competindo aos pais prestar-lhes assistência.

Quanto comprovação dos rendimentos do requerido, requer-se a inversão do


Página
ônus da prova, pleito que encontra respaldo na doutrina de Maria Berenice Dias: 5 de 8

Nas demandas alimentárias se inverte a divisão tarifada dos encargos


probatórios, que impõe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos de seu
direito e ao réu a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito reclamado (NCPC, art. 373). É o que se chama de distribuição dinâmica
dos ônus da prova. Ao autor cabe tão só comprovar a obrigação do réu de lhe
prestar alimentos. É o que diz a lei (Lei de alimentos, art. 2º): o credor exporá
suas necessidades, provando, apeias, o parentesco ou a obrigação de alimentar
do devedor. Não há como impor ao alimentando a prova dos ganhos do réu,
pessoa com quem não vive, muitas vezes, nem convive, o que torna quase
impossível o acesso às informações sobre seus rendimentos. É do alimentante o
encargo de provar seus rendimentos, eis não dispor o credor de acesso a tais
dados, porquanto gozam de sigilo e integram o direito constitucional à
privacidade e à inviolabilidade da vida privada (CF, Art. 5.º, X).
(Dias, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. - 10. ed. rev., atual. e
ampl. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 614.

Portanto, a obrigação de alimentar e zelar pela saúde ficam claramente


demonstradas por meio do acima exposto, devendo o genitor colaborar para a subsistência
de sua prole.

Dessa maneira, pleiteia-se, pelo menos, o valor equivalente a 1/3 dos


rendimentos líquidos do Requerido, inclusive sobre 13º, terço de férias e demais
vantagens por ele recebidas, ou então, em caso de não ser trabalhador registrado, a quantia
de 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo vigente, o que corresponde atualmente
a R$ 522,50 (quinhentos e vinte e dois reais e cinquenta centavos), a ser pago todo dia
10 (dez) de cada mês, mediante recibo até que a genitora providencie uma conta bancária
para tal finalidade.

A referida quantia é razoável para, inicialmente, auxiliar a genitora a suprir as


necessidades do Requerente e, ao mesmo tempo, não onerar o Requerido, obedecendo, pois,
ao binômio possibilidade-necessidade.

V – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a PROCEDÊNCIA dos pedidos abaixo elencados:


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a) Os benefícios da gratuidade de justiça para todos os atos do processo, nos termos da
fundamentação, inclusive emolumentos, inteligência do art. 98, IX, do CPC;

b) Fixação dos Alimentos Provisórios a serem pagos pelo Requerido em favor do


filho, no percentual de 20% (vinte por cento) do salário mínimo vigente, que
atualmente equivale R$ 209,00 (duzentos e nove reais), a ser pago todo dia 10
(dez) de cada mês, mediante recibo até que a genitora providencie uma conta
bancária para tal finalidade;

c) A intimação para intervenção do ilustre representante do Ministério Público;

d) A inversão do ônus da prova, a fim de que o Requerido junte aos autos


comprovantes idôneos dos seus rendimentos, em especial Carteira de Trabalho e
Previdência Social – CTPS, histórico de pagamentos das contas de energia, água e
internet, declaração de imposto de renda, entre outros;

e) A citação do Requerido para audiência de conciliação ou mediação, com as


prerrogativas dos arts. 212, §2º, e 252, nos termos do art. 695, todos do CPC/2015;

f) A PROCEDÊNCIA do pedido, condenando-se o Requerido ao pagamento da


prestação alimentar definitiva em favor do Requerente, a ser fixada em, pelo menos,
a 1/3 dos rendimentos líquidos do Requerido, inclusive sobre 13º, terço de férias
e demais vantagens por ele recebidas, ou então, em caso de não ser trabalhador
registrado, a quantia de 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo vigente, o
que corresponde atualmente a R$ 522,50 (quinhentos e vinte e dois reais e
cinquenta centavos), a ser pago todo dia 10 (dez) de cada mês, mediante recibo até
que a genitora providencie uma conta bancária para tal finalidade.;

g) A condenação do Requerido ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios nos termos da lei vigente;

h) A parte autora NÃO SE OPÕE à designação de audiência de conciliação/mediação,


nos termos do art. 319, VII, do CPC/2015.

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude


dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial provas testemunhal, documental entre Página
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outras que se fizerem necessárias no curso do processo, que desde já ficam requeridas.

Por fim, pugna o Causídico subscritor, o qual está atuando de forma dativa
no presente caso conforme anexo (Doc. 1), que seja estipulado por Vossa Excelência o
pagamento dos UHD (Unidade de Honorários Dativos), em obediência ao anexo da
Portaria nº 77/2016-GAB - SEGOV, pág. 03 (D.O. de 23-06-2016 - Suplemento), item
1.4.5, alínea “a”, o qual prevê o pagamento de 02 (duas) a 03 (três) UHD para casos
como o presente.

Dá-se à causa o valor de R$ 8.778,00 (oito mil, setecentos e setenta e oito


reais), conforme preceitua o artigo 292, incisos III e VI do Código de Processo Civil.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Palmeiras de Goiás/GO, 07 de novembro de 2020.

ADVOGADO
OAB/GO 00.000

ANEXOS:
DOC. 1. Procuração e indicação para encargo;
DOC. 2. Declaração de Hipossuficiência, CTPS e Comprovação de não inscrição no IRPF;
DOC. 3. Documentos e comprovante de endereço do autor e de sua representante;
DOC. 4. Documentos Requerido;

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