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PARCELAMENTO DO SOLO URBANO

Porque é importante aprender a projetar


um LOTEAMENTO ?

Porque a cidade é uma “colagem” de loteamentos


implantados ao longo dos anos. É possível “ler” na
planta da cidade os princípios urbanísticos e conceitos
que orientaram as parcelas urbanizadas sob a forma de
loteamento, assim como os limites desses projetos.

(Profª Iara Castello)


LOTEAMENTOS em Porto Alegre (detalhe Norte)

Fonte: Castello, 2008


O que precisamos levar em
conta em um projeto
urbano?
Definições básicas
PARCELAMENTO DO SOLO - Lei 6.766/79

Definições Básicas

LOTEAMENTO - Parcelamento da terra em


lotes, fazendo-se necessária a abertura ou
prolongamento de logradouros públicos para
os quais tenham testada

DESMEMBRAMENTO - Parcelamento da terra


em lotes, não sendo necessária a abertura de
logradouros

REMEMBRAMENTO - Reagrupamento de
lotes contíguos para constituição de
unidades maiores

CASTELLO, Iara. Bairros, loteamentos e condomínios: elementos para projeto de novos territórios habitacionais. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2008
Porção de terra,
autônoma, que resulta de
loteamento ou
LOTE desmembramento, cuja
testada é voltada para
logradouro público
reconhecido ou projetado
(Castello, 2008)
O que é um LOTEAMENTO ?
É o parcelamento do solo em unidades espaciais menores, os
QUARTEIRÕES, separados entre si por VIAS PÚBLICAS.
Os quarteirões, por sua vez, são subdivididos em unidades de
espaço normalmente regulares, os LOTES.
Os lotes são, usualmente, de uso privativo de seus proprietários,
enquanto que as vias, estruturas de circulação, são de
propriedade e de uso público, assim como as áreas verdes,
praças e parques, conhecidos genericamente como ESPAÇOS
ABERTOS.
(Castello, 2008)

É um pedaço de cidade...
LOTEAMENTO:

Para projetar um loteamento ou analisar um


fragmento urbano precisamos pensar nos 3
elementos estruturadores do espaço urbano:

espaços abertos – edificações – percursos


Elementos estruturadores
do espaço urbano

Slides retirados do material didático do livro:

CASTELLO, Iara. Bairros, loteamentos e condomínios: elementos para projeto de novos territórios
habitacionais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008
SISTEMA URBANO – Elementos básicos

Organizado pela interação de um sub-sistema de


ESPAÇOS PÚBLICOS, o sistema viário e os espaços
abertos com um sub-sistema de ESPAÇOS
PRIVADOS, os quarteirões, que se dividem em lotes,
que por sua vez contêm as edificações.
Quarteirão
Quarteirões Regulares
Quarteirões
Quarteirões ortogonais retangulares
ortogonais
quadrados, a base
da quadrícula
Quarteirões e suas divisões

Parcelamento de área com quarteirões ortogonais retangulares


Arranjos espaciais alternativos dos lotes no quarteirão

Lotes 10x30m Lotes 10x30m


Quarteirões e suas divisões

Parcelamento de área com quarteirões retangulares extensos


Arranjos espaciais alternativos dos lotes no quarteirão
Quarteirões e
suas divisões

Parcelamento de área plana com módulos


quadrados em quarteirões de 100m x 100m

Alternativas de arranjo espacial dos lotes no quarteirão


Sistema viário
SISTEMA VIÁRIO

Conjunto de canais de circulação – de movimento – que uma


cidade apresenta.
Na sua definição mais simples ele é constituído por RUAS, as
envolventes dos QUARTEIRÕES que dão acesso aos LOTES
formando, com esses elementos, o tecido urbano.

É a rua que permite que as trocas aconteçam, que as pessoas


se movimentem, que a cidade exista.
É também através da rua que os bens são distribuídos à
comunidade e que a vida social e econômica se estabelece ela
é, em síntese, um espaço de fluxos viabilizador das conexões.
O traçado urbano
MALHA FECHADA

•Malha urbana fechada ortogonal

•Malha urbana não ortogonal

•Malha urbana triangular


MALHA ABERTA •“Espinha de peixe”

•Ruas sem saída em “T”

• Traçado aberto

•Traçado semi-aberto
SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Relação Público x Privado
SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Módulos viários básicos

FAIXAS DE ROLAMENTO – função do fluxo viário, de 3,00m a 3,75m

FAIXAS DE ESTACIONAMENTO – dependem do ângulo, de 2,50m a 5,30m

EIXOS DE TRANSPORTE COLETIVO SEGREGADO – 3,30m a 3,50m em cada


sentido do trafego + faixa de 3,00m para os pontos de parada

CANTEIROS CENTRAIS – dimensão depende da função, mínima de 1,80m

CICLOVIAS – dimensão mínima de 1,50m

PASSEIOS – mínimo 1,80m:


Com arborização – acresce 1,00m para canteiro
Com posteamento – acresce 0,60m
Com parada de transporte coletivo – acresce 1,20m
SISTEMA VIÁRIO: Hierarquia

vias PRINCIPAIS, também chamadas


ARTERIAIS, aquelas que têm importância
para a cidade toda

vias COLETORAS, identificadas como


canais de DISTRIBUIÇÃO do tráfego
urbano às áreas de moradia e trabalho

vias LOCAIS, canais de acesso aos lotes

Atenção: a hierarquia vai influenciar no dimensionamento!!


SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Perfil Viário da Via Coletora - Dimensionamento
SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Faixas de Estacionamento estacionamento paralelo  módulo de 2,50m

PASSEIO

6,00m
2,50m
meio fio

PASSEIO
SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Faixas de Estacionamento estacionamento transversal  módulo de 5,00 m

PASSEIO

6,00m
5,00m
meio fio

PASSEIO
SISTEMA VIÁRIO: Composição básica
Faixas de Estacionamento estacionamento oblíquo a 45°  módulo de 5,00 m a 5,30 m
estacionamento oblíquo a 30°  módulo de 4,70 m

PASSEIO PASSEIO

6,00m
6,00m

4,70m
5,30m

5,00m
30° meio fio
45°
meio fio
PASSEIO
PASSEIO
Estacionamento Paralelo
Situações peculiares
Passeios em áreas comerciais
Dimensão deve ser adequada ao uso e fluxo
Passeio com Ciclovia
Passeio com Ciclovia
Via de pedestres coberta
Passeio com Ciclovia
Via de pedestres
Passagem coberta
de pedestres em
escadaria
Passagem de pedestres em
desnível delimitada por muros
de lotes
Passeio
Passagem com
de Ciclovia
Via de pedestres em área
pedestres em desnível
Via de pedestres coberta
central, configurada pelo
conjunto de edificações
Passagem de pedestres em rampa
Ocupação dos
quarteirões e tipologias
arquitetônicas
Tipo, do grego typos, significa matriz, impressão, molde, figura
em relevo ou em baixo-relevo.

O tipo é a ideia por trás da aparência individual do edifício,


uma forma ideal, geradora de infinitas possibilidades, da qual
muitos edifícios dissimilares podem derivar.
(PEREIRA, 2012)

Aldo Rossi – Quadra Schützenstrasse, Berlin

mesmo tipo
Imóvel haussmaniano, Paris
Tipologia arquitetônica
O tipo arquitetônico é o principio que regula as
modificações e a chave para a legibilidade do público,
pois é por ele que se imprime o caráter distintivo aos
edifícios.
(PEREIRA, 2012)

Buenos Aires

Florianópolis
Problemas comuns da cidade contemporânea

 Monotonia
 Indefinição volumétrica
 Ambiguidade
 Falta de marcos referenciais
A Imagem da Cidade
Kevin Lynch – 1960
Elementos que as pessoas utilizam para estruturar sua
imagem da cidade :
- caminhos,
- limites,
- bairros,
- pontos nodais
- marcos.

*Legibilidade da cidade: Facilidade com que cada uma das


partes [da cidade] pode ser reconhecida e organizada em um
padrão coerente
• Estruturar e identificar o ambiente é uma habilidade vital para
todos os animais que se movem e, por outro lado, a sensação
de desorientação é angustiante para quem vivencia a cidade.
Caminhos
São canais ao longo dos quais o observador costumeiramente,
ocasionalmente, ou potencialmente se move. Podem ser ruas,
calçadas, linhas de trânsito, canais, estradas-de-ferro” (LYNCH,
1960, p. 47).
Alguns caminhos específicos podem adquirir especial relevância
na medida em que:
• Concentram um tipo especial de uso (ruas intensamente
comerciais, por exemplo);
• Apresentam qualidades espaciais diferenciadas (muito largo
ou muito estreito, por exemplo);
• Apresentam um tratamento intenso de vegetação ou
continuidade;
• São visíveis de outras partes da cidade, ou possibilitam
amplos visuais para outras partes da cidade;
• Apresentam origem e destino bem claros.
Limites
São elementos lineares constituídos pelas bordas de duas
regiões distintas, configurando quebra;
Podem ser considerados barreiras (rios, estradas, viadutos, etc.)
ou como elementos de ligação (praças lineares, ruas de
pedestres, etc.).
Outra característica dos limites é que eles podem ter um efeito
de segregação nas cidades. Limites numerosos e que atuam mais
como barreiras do que como elementos de ligação acabam
separando excessivamente as partes da cidade, e prejudicando
uma visão do todo.
Bairros
partes razoavelmente grandes da cidade na qual o observador
“entra”, e que são percebidas como possuindo alguma
característica comum, identificadora
- critério visual, perceptivo, ao contrário do critério
administrativo que define o conceito tradicional de bairro no
Brasil
As características que determinam os bairros: texturas, espaços,
formas, detalhes, símbolos, tipos de edificação, usos, atividades,
habitantes, grau de conservação, topografia, etc.
Pontos nodais
São pontos estratégicos na cidade, onde o observador pode
entrar, e que são importantes focos para onde se vai e de onde
se vem. Variam em função da escala em que se está analisando a
imagem da cidade: podem ser esquinas, praças, bairros, ou
mesmo uma cidade inteira, caso a análise seja feita em nível
regional.
Marcos
• São elementos pontuais nos quais o observador não entra
necessáriamente. Podem ser de diversas escalas, tais como
torres, domos, edifícios, esculturas, etc.
• Sua principal característica é a singularidade, algum aspecto
que é único ou memorável no contexto. Isso pode ser
alcançado de duas maneiras: sendo visto a partir de muitos
lugares, ou estabelecendo um contraste local com os
elementos mais próximos.
TIPOLOGIA ARQUITETONICA E
MORFOLOGIA URBANA.
O estudo de tipologias em arquitetura caracteriza-se pelo estudo de tipos
elementares, signos e símbolos que podem constituir uma regra
O tipo arquitetônico define a ocupação do quarteirão.
E a ocupação do quarteirão gera a cidade!

A morfologia urbana é o estudo das formas da cidade.


A tipologia construtiva é o estudo dos tipos de construção.
Ambas estudam duas ordens de fatos homogêneos; além disso,
os tipos construtivos que se concretizam nos edifícios são o
que constitui fisicamente a cidade.
Skyline uniforme

Santiago - Chile
Cidade medieval – intensa ocupação do quarteirão: edificações coladas e no alinhamento
Cidade colonial brasileira – segue a tendência de ocupação junto ao alinhamento
Edificações coladas x edificações isoladas
Blocos residenciais isolados com vegetação em volta
Baixa qualidade urbanística e arquitetônica! pouco afastamento entre as edificações
Urbanismo moderno – a edificação isolada
Exemplos de tipologias
conforme o uso

Prédio com uso misto – habitação multifamiliar com comércio no térreo


Comércio de bairro
Uso comercial – centros urbanos – Ruas Comerciais
Galerias comerciais protegidas
Habitação unifamiliar – casas isoladas no lote
Habitação unifamiliar – casas em fita
Habitação unifamiliar – casas em fita
Vila IAPI - Porto Alegre

Habitação multifamiliar – edificação de 2 pavimentos


Avenida Ganzo – Menino Deus - Porto Alegre

Habitação multifamiliar – edificação com 7 pavimentos


Exercício de aula
Em duplas, avaliar a região da faculdade Ftec inserida na cidade
de Porto Alegre e através do Google maps marcar:

- caminhos, Bairros, pontos nodais, marcos e limites próximos

- Especificar as tipologias e usos existentes


Bibliografia
• http://urbanidades.arq.br/2008/03/kevin-lynch-e-a-imagem-da-cidade/
• Material de aula Prof Juliana Baudalf
• http://urbanismo.arq.br/metropolis/u-blog/
• http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.125/3624

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