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Capítulo 2 PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, apresentaremos uma revisão bibliográfica sobre a história
da psicologia escolar e educacional, destacando o contexto brasileiro, buscando
debater a relação estabelecida entre psicologia, educação e sociedade.
TERMINOLOGIAS, SENTIDOS E
POSSIBILIDADES DA PSICOLOGIA
ESCOLAR E EDUCACIONAL
Barbosa e Souza (2012, p. 164-165) debatem estas questões terminológicas,
e, também, buscam compreender os sentidos, bem como o que podemos criar
como possibilidade de esclarecimento e atuação nesta área, afirmando que:
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Portanto, Barbosa e Souza (2012) deixam claro que com esta enorme
variedade terminológica, não é estranho verificar que a consequência é uma
indefinição identitária do campo. Concorda?
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Por outro lado, para Barbosa e Souza (2012), o termo “área” tem uma
tradição que deve ser respeitada, desde que se compreenda esta não apenas
como prática separada da teoria (ou área de atuação), mas com facetas teórico-
práticas numa perspectiva práxica e dialética da chamada pedagogia terapêutica,
higiene escolar ou higiene mental escolar, quando se enfatizavam os métodos
de intervenção médico-curativos e clínicos para resolver os chamados
Também foram “problemas das crianças”.
influências iniciais
a expansão
do movimento Essas referências iniciais da psicologia educacional tinham
psicométrico, da relação com a crescente onda do movimento de higiene mental ou
psicanálise e da higienista, que se tornou expressivo no país no início e meados do
psicologia infantil século XX. Também foram influências iniciais a expansão do movimento
(puericultura) psicométrico, da psicanálise e da psicologia infantil (puericultura) ou
ou pedagogia
pedagogia terapêutica, como era chamada.
terapêutica, como
era chamada.
A psicologia educacional no Brasil, em seus primórdios, abarcava
teoria e prática e estava relacionada, sobretudo, à disciplina “psicologia
educacional” dos cursos normais, que utilizava trabalhos empíricos realizados
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E foi apenas a partir da crítica a esse tipo de pensamento que foi possível
construir outro conhecimento e outra prática que pudessem tirar o foco da
“criança-problema”, que “não aprende”, e das finalidades de trabalho junto aos
“problemas de aprendizagem” com objetivos ajustatórios ou discriminatórios,
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Por outro lado, mesmo que haja uma identificação com esse novo
pensamento, ainda encontramos trabalhos de psicologia educacional e Apesar de
encontrarmos muitos
escolar que expressam a influência do modelo clínico de atendimento,
relatos teóricos e
cujo foco é individualizante, sobre a “criança que não aprende”. Apesar práticos de cunho
de encontrarmos muitos relatos teóricos e práticos de cunho crítico, crítico, ainda
ainda se faz presente o pensamento tradicional. Um exemplo é o se faz presente
crescimento da chamada psicopedagogia que, em termos gerais, revive o pensamento
o movimento psicanalítico e clínico-médico de atenção à criança no tradicional.
contexto educacional e sua família. Também a onda medicalizante tem
possibilitado a entrada de diagnósticos médicos para explicações de fenômenos
no campo educacional, retomando a visão biologicista. (COLLARES; MOYSÉS,
1994).
A partir dos anos 2000, de acordo com Barbosa e Souza (2012), A medicalização
cresceram vertiginosamente os trabalhos de atendimento clínico e patologização
às crianças, assim como o encaminhamento para diagnosticá- têm sido cada vez
mais frequentes
las e medicá-las a partir de “supostos” transtornos neurológicos. A
no discurso
medicalização e patologização têm sido cada vez mais frequentes no educacional.
discurso educacional.
Contudo, para Barbosa e Souza (2012), é preciso tomar cuidado com essa
polarização pura e simples, já que, a nosso ver, é importante que possamos
não esquecer a contribuição histórica de certas teorias e práticas que deram
sustentação inicial e contribuíram para erigir esse campo de conhecimento. Em
outras palavras, exige-se um “dialetizar” dessas dicotomizações, de modo a
melhor compreendê-las.
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PERÍODOS CARACTERÍSTICAS
Fase essencialmente ligada às escolas normais. O ensino normal brasilei-
ro foi o primeiro foco de irradiação de concepções, pesquisas e aplicações
práticas do que hoje denominamos psicologia escolar e/ou psicologia edu-
cacional. Através dos professores da área, abriu-se o contato com as fon-
tes europeias e americanas. Esta fase, denominada normalista, ofereceu
Primórdios: de
grande evolução ao estudo, padronização, aplicação e aperfeiçoamento
1830 a 1940
dos testes psicológicos destinados aos escolares. Na prática normalista o
que mais se assemelha à efetiva psicologia escolar no Brasil é a atividade
desenvolvida por serviços especializados para o atendimento de escola-
res, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 1938, foi realizado o primeiro
congresso de psicologia do país, em São Paulo.
Anterior à criação dos cursos de psicologia no país. Este início no Brasil foi
marcado por dois tipos de influência: a) professores provenientes da área
de pedagogia: na falta de psicólogos formados, pedagogos assumiam as
disciplinas de psicologia escolar e problemas de aprendizagem, bem como
os estágios nesta área. Em geral, eram docentes cujos interesses esta-
Fase universitá-
vam mais ligados às funções do orientador educacional, não diferenciando
ria do ensino da
entre as atividades destes e as que deveriam ser desenvolvidas por um
psicologia: de 1940
psicólogo escolar; b) professores estrangeiros ou brasileiros que fizeram
a 1962
sua pós-graduação no exterior: Nessa época as práticas ora se limitavam
às observações de comportamento com algumas intervenções ora se con-
vertiam em orientação educacional ou vocacional, utilizando-se dos pou-
cos testes psicológicos existentes, traduzidos para o português, ou, ainda,
sustentados no modelo clínico.
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Atividades:
Atividade de Estudos:
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Podemos até discutir a psicologia escolar e educacional de um modo mais
amplo ao considerar algumas propostas educacionais antigas. Por exemplo, para
Antunes (2008, p. 469), desde a Grécia antiga e tantas outras civilizações há uma
“[...] rica fonte de estudos, por sintetizar, em sua produção filosófica, a teoria do
conhecimento, as ideias psicológicas e as propostas sistemáticas de educação da
juventude e sua correspondente ação pedagógica”.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, M. A. M. Psicologia e Educação no Brasil: uma análise histórica. In:
AZZI, R. G.; GIANFALDONI, M. H. T. (Org.). Psicologia e educação. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2011.
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