DOSSIÊ DO PROFESSOR PALAVRAS 12

FICHA DE GRAMÁTICA

FICHA DE GRAMÁTICA 3

Herdeiros da ventania
Em 1924 a Europa vivia um período de desgaste e de astenia – entre a guerra que terminara e a ameaça
entorpecente de uma vida sem alegria. Isso explica, talvez, as palavras de André Breton, que nesse ano
publica o Manifesto Surrealista (houve um segundo, em 1930): uma homenagem à imaginação, ao
maravilhamento e à dissolução “do conflito entre sonho e realidade”. Talvez o mundo não pudesse ser o
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mesmo depois desse reconhecimento – o de que a civilização estava a destruir a capacidade de imaginação e
de sonho de gerações inteiras, e que era preciso deixar uma parte de nós à solta. Não interessa aquilo em
que o surrealismo se tornou depois (um saco de gatos em que a vaidade se misturava com a busca pelo
poder do “movimento surrealista”, à maneira de um partido político ou de uma delegação da IV Internacional),
mas aquilo que libertou, na literatura e nas artes (Artaud, Mário Cesariny, Buñuel, Dalí, Magritte, Cruzeiro
Seixas, António Maria Lisboa, O’Neill) – e o seu apelo ao delírio, à invenção e à beleza. Quando a vida está
10 ausente (“la vie est ailleurs”), como dizia Breton, resta-nos o amor louco (L’Amour Fou, de 1937). Passaram
em setembro 50 anos sobre a sua morte. Uma parte de nós é herdeira desse amor.

Francisco José Viegas, Ler, outono 2016, p. 13.

Gramática
1. As palavras “desgaste” e “astenia” (l. 1) estabelecem, na frase, uma relação de
A. antonímia.
B. sinonímia.
C. hiperonímia.
D. meronímia.

2. Na primeira frase do texto, a forma verbal “terminara” relativamente a “vivia” estabelece uma relação de
A. simultaneidade.
B. anterioridade.
C. posterioridade.
D. nenhuma das anteriores.

3. A palavra “Isso” (l. 2) assegura a coesão

A. lexical.
B. gramatical referencial.
C. gramatical interfrásica.
D. gramatical frásica.

4. Na frase “Talvez o mundo não pudesse ser o mesmo depois desse reconhecimento” (ll. 4-5) está presente a
A. modalidade epistémica com valor de certeza.
B. modalidade apreciativa.
C. modalidade deôntica com valor de obrigação.
D. modalidade epistémica com valor de probabilidade.

5. As expressões parentéticas presentes no texto são constituídas, respetivamente, por esta ordem:
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A. uma explicação, um comentário e três exemplos.

B. um comentário, duas explicações e dois exemplos.
C. duas explicações, dois comentários e um exemplo.
D. três explicações, um comentário e um exemplo.

6. Na frase “Não interessa aquilo em que o surrealismo se tornou depois” (l. 7), a anteposição do pronome “se” ao verbo
decorre do facto de
A. se integrar numa frase em discurso indireto.
B. depender do nome “surrealismo”.
C. pertencer a uma frase de forma negativa.
D. se inserir numa oração subordinada.

7. A oração “que libertou” (l. 9) desempenha na frase função sintática de

A. sujeito.
B. complemento direto.
C. modificador do nome apositivo.
D. modificador do nome restritivo.

8. Indica a função sintática de “ao delírio, à invenção e à beleza” (l. 11)

9. Indica o valor da oração subordinada adjetiva relativa na frase “Isso explica, talvez, as palavras de André Breton, que
nesse ano publica o Manifesto Surrealista (houve um segundo, em 1930): uma homenagem à imaginação, ao
maravilhamento e à dissolução do conflito entre sonho e realidade”, (ll. 2-4)

10. Identifica os processos fonológicos: IPSUM > IPSO > isso.

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