Nas operações interestaduais, a exigência antecipada de ICMS, mesmo sem
substituição tributária, é uma prática muito comum, acontecendo principalmente nas operações em que o comerciante adquire mercadorias em outros Estados, sem a retenção antecipada do ICMS, por inexistir convênio ou protocolo interestadual que aplique ao remetente a condição de substituto tributário.
Nestes casos, os estados costumam obrigar o contribuinte a recolher o imposto
das operações subsequentes já no momento em que a mercadoria entra no território do Estado do adquirente, ou sejam, antes mesmo da ocorrência do seu fato gerador – que é a circulação (venda) de mercadoria –, criando-se, assim, um novo fato gerador do ICMS por ficção legal, ou seja, um fato gerador presumido.
Nos termos da CF e do CTN, somente a lei pode estabelecer o fato gerador da
obrigação tributária. No entanto, a maioria dos estados instituíram hipóteses de antecipação do ICMS por meio de decretos ao invés de utilizar lei – que é o veículo normativo adequado –, sob a alegação de que se trata apenas de mudança de data de vencimento de imposto e não da alteração do fato gerador, razão pela qual a exigência poderia ser veiculada por decreto.
Contudo, a partir do julgamento do RE 598.677 – sobre a sistemática de
Repercussão Geral – em 18/08/2020, o STF considerou que somente lei em sentido formal pode determinar a antecipação de pagamento do ICMS antes de ocorrido o fato gerador, afastando, assim, a possibilidade de recolhimento antecipada do imposto com base em decretos. 2
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toda a efetividade de ganho proveniente da decisão do STF, resguardando-se contra futuras autuações do fisco estadual e podendo, inclusive, recuperar valores pagos indevidamente.