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Permeabilidade da madeira de
Eucalyptus spp.
10.37885/210504634
RESUMO
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Madeiras Nativas e Plantadas do Brasil: qualidade, pesquisas e atualidades
INTRODUÇÃO
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Madeiras Nativas e Plantadas do Brasil: qualidade, pesquisas e atualidades
MÉTODO
Seis clones comerciais de eucalipto (Tabela 1) foram selecionados pelas suas pro-
dutividades em volume de madeira. Os materiais genéticos foram provenientes de teste
clonal do gênero Eucalyptus, em espaçamento 3 x 3 m, aos 9 anos de idade, localizado no
município de Ubá-MG, no bioma mata atlântica, a 20° 47’ 01’’ S e 42° 52’ 29’’ W e a 750 m
de altitude. O clima é tropical, com predominância de chuvas durante o verão e um índice
pluviométrico anual médio de 1570 mm. O relevo é montanhoso a ondulado e as tempera-
turas médias anuais estão entre 18,2 e 31 °C.
Ensaio de Permeabilidade
Para evitar possíveis vazamentos entre a amostra e a mangueira, foi utilizada uma
braçadeira a qual era apertada com um auxílio de uma chave de fenda. Esta pressão de
trabalho da bomba foi estabelecida em testes preliminares.
Após o acionamento da bomba, aguardou-se por um período de aproximadamente 10
segundos para estabilização do fluxo e em seguida coletou-se os dados de vazão após a pas-
sagem do fluxo de ar no corpo-de-prova e a pressão de saída indicada pela bomba de vácuo.
Para a determinação da permeabilidade gasosa da madeira, foi utilizada a equação:
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Onde, Kg = permeabilidade ao gás (cm³/cm.atm.s); Q = volume do fluxo de gás que
percorre o corpo de prova (cm³/s); L = comprimento da amostra (cm); Pi = pressão de en-
trada, a do ambiente (atm); A = área da seção transversal (cm²); ∆P = diferença de pressão
(atm); Pm = média da pressão no corpo-de-prova (atm).
Análise estatística
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Valores médios de permeabilidade da madeira (cm³/cm.atm.s) do cerne e do alburno em função da pressão
de trabalho na bomba de vácuo.
Permeabilidade da madeira
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Tabela 3. Valores médios de permeabilidade da madeira do cerne (cm³/cm.atm.s)
Classe de diâmetro
Clone Média
1 2
57 3.68 6.45 4.87 A
1213 4.30 5.05 4.62 A
3335 4.06 7.00 5.04 A
3336 3.93 5.82 4.87 A
3487 3.77 4.14 3.98 A
GG100 6.18 5.62 5.94 A
Média 4.35 b 5.54 a 4.95
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas entre clones e minúsculas entre classes, não diferem entre si, a 5%
de significância pelo teste de Tukey
Classe de diâmetro
Clone Média
1 2 3
57 335.43 279.76 396.41 337.36 A
1213 256.27 288.49 410.87 310.15 A
3335 259.78 335.61 388.81 328.07 A
3336 149.61 258.36 372.48 297.00 A
3487 356.03 345.00 344.62 347.87 A
GG100 321.95 394.17 346.20 354.11 A
Média 293.47 c 316.90 b 375.07 a 329.09
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas entre clones e minúsculas entre classes, não diferem entre si, a 5% de
significância pelo teste de Tukey
Tabela 5. Valores médios de permeabilidade da madeira (cm³/cm.atm.s), ponderada pela relação C/A, por classe de
diâmetro
Classe de diâmetro
Clone Média
1 2 3
57 95.65 186.34 396.41 226.13 A
1213 102.71 167.97 308.15 192.95 A
3335 92.53 172.56 388.81 217.97 A
3336 12.43 119.36 372.48 168.09 A
3487 95.47 179.27 344.62 206.45 A
GG100 124.06 234.23 346.20 234.83 A
Média 87.14 c 176.62 b 359.45 a 207,74
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas entre clones e minúsculas entre classes, não diferem entre si, a 5% de
significância pelo teste de Tukey
A permeabilidade média dos clones variou de 168,09 a 234,83 cm³/cm.atm.s (Tabela 5).
Houve somente efeito isolado da classe de diâmetro na permeabilidade da madeira. A per-
meabilidade da madeira aumenta no sentido longitudinal. Isso pode ser explicado pela alta
quantidade de madeira de cerne presente na base do fuste, já que o cerne é menos permeá-
vel que o alburno. À medida que se aproxima do topo, a relação cerne/alburno vai diminuindo
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consideravelmente, logo a permeabilidade da madeira nessas regiões é dada quase que
exclusivamente pelo alburno. Observa-se, mais uma vez que o clone 3336 apresentou uma
baixa permeabilidade na classe 1, a de maior diâmetro. Isso se deve a alta relação cerne
alburno obtido para esse material genético.
Em relação à recomendação de uso, a variedade de espécies e híbridos possibilita sele-
cionar os mais adequadas para a indústria de destino, como papel e celulose, madeira tratada
e produção de carvão vegetal, tendo como base os padrões de qualidade pertinentes a cada
uma. Como a maioria dos usos da madeira requer a secagem com teores de umidade abaixo
ou próximo ao PSF, e de acordo com o trabalho a permeabilidade influencia diretamente a
taxa de secagem, o clone GG100 se mostrou a maior permeabilidade, consequentemente
mais fácil de secar, porém, outros estudos sobre taxa de secagem, velocidade de secagem
e parâmetros anatômicos, devem ser realizados para auxiliar na escolha do melhor clone
de modo a avaliar a secagem acelerada em campo.
CONCLUSÃO
A permeabilidade gasosa da madeira entre os clones não variou, porém, houve uma
grande variação desta propriedade dentro da mesma árvore, principalmente entre madeiras
do cerne e madeiras do alburno e, também, entre classes de diâmetro. O clone mais per-
meável, no geral, foi o GG100, principalmente nas classes de diâmetro 1 e 2.
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
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