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CÁLCULOS

TRABALHISTAS
Parcelas rescisórias

Pós-Graduação “lato sensu”


Prof. Gustavo Guimarães Caldeira Vieira
Pós-Graduação “lato sensu” | Cálculos trabalhistas – Parcelas rescisórias
Prof. Gustavo G. C. Vieira

Unidade II
Parcelas rescisórias
Aula 4
Parcelas rescisórias
As parcelas rescisórias variam de acordo com a modalidade de rescisão
contratual. Vejamos abaixo:

Dispensa sem justa causa – iniciativa do empregador:


• saldo de salário;
• aviso prévio;
• férias + 1/3 (integrais e/ou proporcionais);
• 13o salário;
• levantamento dos depósitos do FGTS;
• multa de 40% sobre o FGTS.

Dispensa com justa causa – iniciativa do empregador:


• saldo de salário;
• eventuais férias + 1/3 vencidas.

Demissão – iniciativa do empregado


• saldo de salário;
• 13o salário;
• férias + 1/3 (integrais e/ou proporcionais);

Dispensa indireta ou rescisão indireta (justa causa) – iniciativa do empregado


• saldo de salário;
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• aviso prévio;
• férias + 1/3 (integrais e/ou proporcionais);
• 13o salário;
• levantamento dos depósitos do FGTS;
• multa de 40% sobre o FGTS.

Aposentadoria espontânea com pedido demissão – iniciativa do empregado


• saldo de salário;
• 13o proporcional;
• férias + 1/3 (integrais e/ou proporcionais);
• levantamento do FGTS.

Morte do empregado
• saldo de salário;
• levantamento do FGTS;
• férias + 1/3 (integrais e/ou proporcionais);
• 13o salário.

Culpa recíproca – reconhecida em juízo


• saldo de salário;
• 50% do aviso prévio;
• 50% das férias + 1/3, proporcionais;
• 50% do 13o salário proporcional;
• levantamento dos depósitos do FGTS;
• multa de 20% sobre o FGTS;
• 100% de eventuais férias + 1/3, vencidas.

Acordo entre empregado e empregador – reforma trabalhista


• saldo de salário;
• 50% do aviso prévio indenizado;
• férias + 1/3;
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• 13º salário;
• levantamento de 80% dos depósitos do FGTS;
• multa de 20% sobre o FGTS;

Em síntese, de todas as modalidades rescisórias acima apontadas, as verbas


rescisórias usuais são:

 Saldo de salário;

 13º salário;

 Férias + 1/3;

 Aviso;

 Multa de 40% do FGTS.

Destaca-se que nosso objeto se limita ao cálculo, contudo é importante


destacar que a rescisão contratual envolve outras obrigações, tais como liberação de
guias, baixa em CTPS, Seguro Desemprego e levantamentos do FGTS, a depender da
modalidade rescisória, que também devem ser observadas.

Considerando que as apurações de 13º, aviso e férias são objeto de vídeo aula,
passemos então às demais apurações.

Saldo de salário

A apuração do saldo de salário é simples, quando há de ser pago apenas o


salário fixo.

Assim, caso o trabalhador receba salário fixo a fórmula de cálculo do saldo de


salário é:

Salário mensal ÷ 30 x (nº de dias trabalhados)


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Exemplo 01:

 Admissão: 14/04/2015

 Dispensa: 23/03/2017

 Salário fixo = R$ 3.900,00/mês

 Saldo de salário = R$ 3.900,00 ÷ 30 x 23 = R$ 2.990,00

O exemplo acima abrange todas as parcelas fixas mensais, tais como


insalubridade, periculosidade, adicional de transferência, gratificação de
função/comissão de cargo.

Exemplo 02:

 Admissão: 20/02/2012

 Dispensa: 02/05/2017

 Salário fixo = R$ 4.500,00/mês

 Periculosidade = R$ 1.350,00/mês

 Saldo de salário = R$ 4.500,00 ÷ 30 x 02 = R$ 300,00

 Saldo de periculosidade = R$ 1.350,00 ÷ 30 x 02 = R$ 90,00

Já as parcelas variáveis não possuem fórmula única de apuração para o


período proporcional trabalhado no mês da rescisão e, via de regra, basta apurar as
parcelas variáveis no respectivo período. Como exemplos, podemos citar:

 Horas extras e adicional noturno: corresponderão ao valor da horas


extras e horas noturnas efetivamente cumpridas no respectivo período;

 Comissões: corresponderão ao valor das comissões efetivamente


devidas no período trabalhado até a dispensa. Especificamente no caso
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das comissões é importante destacar a norma do art. 466, da CLT, que


permite o pagamento das comissões somente após ultimada a transação
a que se referem. Assim, por exemplo, se um comissionista realiza uma
venda em quatro parcelas mensais no último mês trabalhado, parte das
comissões será paga após a rescisão contratual, nos meses subsequentes
(art. 466, §§ 1º e 2º, da CLT).

 Repousos e feriados trabalhados: corresponderá ao valor dos


respectivos dias, em dobro, efetivamente trabalhados;

Multa do FGTS

A multa fundiária (20% ou 40%) incide tanto sobre o valor total dos depósitos
realizados em conta vinculada, como também sobre as seguintes parcelas pagas na
própria rescisão:

 Saldo de salário;

 13º;

 Aviso prévio indenizado;

 Quaisquer outras parcelas de natureza salarial pagas na rescisão (horas


extras, comissões, adicional noturno, insalubridade, periculosidade
etc.).

Não há incidência do FGTS sobre as férias + 1/3 indenizadas na rescisão do


contrato de trabalho, sejam elas simples ou em dobro, integrais ou proporcionais, a
teor do disposto na OJ 195/SDI-1/TST. Igualmente, não há incidência sobre outras
parcelas eventualmente pagas na rescisão, tais como PLR, incentivos à demissão
(PDV) e outras parcelas indenizatórias.

O primeiro passo para a apuração da multa fundiária é estabelecer a base de


cálculo.
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Para as parcelas pagas na própria rescisão (TRCT), basta somá-las, apurar 8% e


depois apurar 40% sobre o resultado.

Exemplo 03:

 Admissão: 20/02/2012

 Dispensa: 02/05/2017 com aviso prévio indenizado

 Salário fixo = R$ 8.000,00/mês

 Saldo de salário = R$ 8.000,00 ÷ 30 x 02 = R$ 533,33

 Aviso prévio indenizado – 45 dias = R$ 8.000,00 ÷ 30 x 45 = R$ 12.000,00

 13º (06/12) = R$ 8.000,00 ÷ 12 x 6 = R$ 4.000,00

 Total base FGTS > R$ 533,33 + R$ 12.000,00 + R$ 4.000,00 = R$ 16.533,33

 FGTS 8% > R$ 16.533,33 x 8% = R$ 1.322,67

 Multa 40% > R$ 1.322,67 x 40% = R$ 529,07

 Saldo de periculosidade = R$ 1.350,00 ÷ 30 x 02 = R$ 90,00

Para apurar a multa de 40% sobre os depósitos efetuados é necessário retirar


extrato atualizado no da conta vinculada do trabalhador no momento da rescisão e
observar o campo “Saldo para fins rescisórios”. Vejamos exemplo abaixo:
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Usando como exemplo o extrato acima, temos:

 Total base multa FGTS = R$ 18.415,32

 Multa 40% > R$ 18.415,32 x 40% = R$ 7.366,13

Os procedimentos são os mesmos em caso de culpa recíproca e rescisão


amigável (acordo entre as partes) e há unicamente alteração do percentual da multa,
que é reduzida para 20%.

Prazo para pagamento das parcelas rescisórias

A reforma trabalhista alterou os prazos para pagamento de verbas rescisórias.


Assim, para rescisões ocorridas antes da entrada em vigor da Lei 13.467/17 os prazos
eram:

 Se aviso prévio indenizado: até 10 dias após a comunicação da


dispensa;

 Se aviso trabalhado: no primeiro dia após o término do aviso


trabalhado.

Com a reforma trabalhista o art. 477, § 6º, passou a ter a seguinte redação:

§ 6º A entrega ao empregado de documentos que


comprovem a comunicação da extinção contratual aos
órgãos competentes bem como o pagamento dos valores
constantes do instrumento de rescisão ou recibo de
quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a
partir do término do contrato.

A intenção do legislador foi unificar os prazos ao estabelecer um único prazo


(10 dias), independentemente de se tratar de aviso prévio trabalhado ou indenizado.
Todavia a redação, tal como acima reproduzida, gera interpretações diversas em face
da expressão “término do contrato”.
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De acordo com o artigo 487, da CLT, o término do contrato se dá ao fim da


projeção do aviso prévio, seja ele trabalhado ou indenizado. No mesmo sentido a OJ
92/SDI-1/TST:

OJ-SDI1-82 AVISO PRÉVIO. BAIXA NA CTPS (inserida


em 28.04.1997)

A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder


à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
indenizado.

Dessa forma, supondo que um trabalhador manteve vínculo de


emprego por mais de vinte anos e assim tenha direito a aviso prévio indenizado de
90 dias, ao ser dispensado, somente receberá suas verbas rescisórias no 100º dia após
a comunicação da dispensa (90 dias de aviso mais 10 dias para pagamento)? Não
parece razoável.

A melhor interpretação, tanto em doutrina quanto na jurisprudência,


caminha no sentido de se observar o prazo único (10 dias) após o período de aviso
prévio trabalhado, havendo então mudança em face da reforma. Já para o aviso
indenizado a regra não sofreria nenhuma mudança, ou seja, seria mantido o prazo de
10 dias após a comunicação do aviso indenizado.

Esta interpretação parece ser a mais prudente e, inclusive, evita


qualquer discussão sobre imposição da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT,
correspondente a 1 mês de salário.

Por fim, cabe também destacar que há incidência de multa do art. 467,
da CLT, correspondente a 50% sobre o valor das verbas rescisórias incontroversas
que não forem pagas na primeira audiência.

Até a próxima aula!


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Cleber Lúcio de; ALMEIDA, Wânia Guimarães Rabêllo de. Execução
Trabalhista: temas controvertidos. Belo Horizonte: Inédita, 2000.

CANUTO, Raimundo. Cálculos Trabalhistas Passo a Passo. São José dos Campos:
Asseart, 2007.

DORNELLES, Gisele Mariano da Rocha. Cálculos Trabalhistas Para Rotinas, Liquidação


de Sentenças e Atualização de Débitos Judiciais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2007.

OLIVEIRA, Aristeu. Cálculos Trabalhistas. São Paulo: Atlas, 2008.

Manual de Cálculos do TRT da 3ª Região. Disponível em:


<https://portal.trt3.jus.br/internet/informe-se/downloads/calculos/2016/manual-
de-calculo-2016-1.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2018.

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