Você está na página 1de 96

AME A DEUS E FAÇA O QUE VOCÊ QUISER

[Clique em CONTEÚDO]

MORRIS VENDEM
Título do original:
Love God and Do As You Please
Copyright © 1995, por
Associação Publicadora Interamericana
1890 N. W. 95th Avenue
Miami, Florida 33172
Estados Unidos

Tradução: Carlos Biagini

A inda têm que seguir as normas divinas os cristãos que vivem pela
fé? Morris Vendem, entre os de sua geração um dos mais
proeminentes advogados da justificação pela fé, assegura: Sim!
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser é a resposta de Vendem
àqueles que resistem à aceitação de uma vida de fé por temor de que
signifique pôr de lado a obediência. Com inteligência e visão Vendem
prova que para os que desfrutam de um relacionamento genuíno com
Jesus, nada poderia estar mais longe da verdade.
À medida que o leitor avance na leitura deste livro, descobrirá a
importância das normas da igreja, o problema com a ética situacional e a
armadilha da justificação por hábito.
Ao concluir a leitura de Ame a Deus e Faça o que Você Quiser terá
a segurança inamovível de que os que amam verdadeiramente a Deus e
aceitam Sua justiça também são capazes de dizer: "Oh, quanto amo a
Tua lei!"
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 2
CONTEÚDO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Capítulo 1
VERDADEIRA OU FALSA OBEDIÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Capítulo 2
AMAR A LEI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Capítulo 3
SUA CONDUTA DEVE RESPALDAR SUA CRENÇA . . . . . . . . 35

Capítulo 4
BRANCO, PRETO OU CINZA (PrimeIra Parte) . . . . . . . . . . . . . 47

Capítulo 5
BRANCO, PRETO OU CINZA (Segunda Parte) . . . . . . . . . . . . 58

Capítulo 6
ÉTICA SITUACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Capítulo 7
ADORMECIDO NA AULA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 3
INTRODUÇÃO

T alvez a você possa parecer blasfemo o título deste livro.


Indubitavelmente, os imaturos o interpretarão mal. Alguns poderiam
usá-lo como pretexto para viver uma vida licenciosa e dissipada; outros,
como uma razão para criticar ao autor. Mas se lerem o livro, obterão a
mensagem correta.
Os cristãos amadurecidos podem fazer o que gostarem, porque o
que lhes agrada fazer agrada também a Deus. Escutem as boas-novas em
palavras melhores que as minhas:
"E se consentirmos, Ele por tal forma Se identificará com os nossos
pensamentos e ideais, dirigirá nosso coração e espírito em tanta
conformidade com o Seu querer, que, obedecendo-Lhe, não estaremos
senão seguindo nossos próprios impulsos." (O Desejado de Todas as
Nações, pág. 668).
"Se habitamos em Cristo, se o amor de Deus habita em nós, nossos
sentimentos, nossos pensamentos, nossas ações estão em harmonia com
a vontade de Deus" (Caminho a Cristo, pág. 61).
"Olhando para Cristo adquirimos visão mais brilhante e distinta de
Deus, e pela contemplação somos transformados. A benignidade e o
amor para com nossos semelhantes tornam-se um instinto natural."
(Parábolas de Jesus, págs. 355).
"Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao Seu, nossa
vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu
espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua
vida. Isso é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça."
(Idem, pág. 312).

Precisamos dizer mais?


Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 4
VERDADEIRA OU FALSA OBEDIÊNCIA

L embra do Menino da Poça de Lama? Na história que se encontra no


livro do Ken McFarland, intitulado Gospel Showdown, Deus
representa a mãe, e você e eu ao Menino da Poça de Lama.
Na metade de seu recital noturno dos acontecimentos do mundo, o
bonachão anunciador desaparecia repentinamente, substituído nesse
momento pelo comercial no qual a estrela era o Menino da Poça de
Lama.
Em diferentes lugares da sala estavam os Três Espectadores
sentados em frente da caixa.
– A pobre mamãe desse menino tem um sério problema – disse o
Número Um, enquanto que na tela, o Menino brincava alegremente
sobre vários charcos de lodo. – Provavelmente já o tinha preparado para
ir a alguma festa, e agora, olhem-no com todo esse lodo pegajoso lhe
escorrendo pela roupa.
– Oh, mas há boas novas – exclamou com entusiasmo o Número
Dois, visivelmente emocionado. – Observem agora – acrescentou,
apontando à tela – e verão que sua mamãe vai tomar toda essa roupa suja
e a lavará com o famoso detergente Adeus à Imundície. Isso resolverá
todo o problema!
– Se tiverem visto este comercial antes, então deverão saber que
isso não resolve tudo – replicou o Número Um. – Não continuem vendo.
E assim o fizeram, e como imaginaram, o Menino, vestindo roupas
limpas, recém lavadas, saiu como tromba em busca da Poça de Lama
mais próxima. Enquanto se salpicava de lodo pegajoso, sua mamãe
meneou a cabeça e suspirou enquanto dava a impressão de sentir-se
agradecida por sua caixa de detergente Adeus à Imundície.
– Estão vendo? – continuou o Número Um. – De que lhe serve
limpar seu filho se este vai direto ao primeiro charco que encontra? Vou
dizer-lhes quais são as verdadeiras boas novas: a mamãe não só se
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 5
limitará a limpar a seu filho, mas também conseguirá lhe tirar o desejo
de jogar-se na Poça de Lama e, inclusive, fará com que odeie o lodo.
O número Três não havia dito nada até aqui, mas estivera pensando
e agora estava preparado para expressar sua sábia opinião.
– Penso que os dois têm razão – começou dizendo –, mas mesmo
que a mamãe limpe a seu filho, e inclusive o faça odiar os atoleiros de
lodo, parece-me que o tema jamais será resolvido totalmente até que
alguém tire do meio os problemáticos atoleiros de lama. Para mim, essas
sim que seriam boas novas.
Bem, dá-me pena dizê-lo, mas os três observadores se alteraram
tanto pelo que constituíam as Boas Novas, ou o Evangelho, que
decidiram desforrar-se. Saíram à rua e começaram a arrojar-se lama uns
nos outros.
A última vez que os vi ainda não se deram conta que todos viram só
uma parte das Boas Novas, e que é necessário ver as três partes para
resolver em sua totalidade o problema do Menino.
Mas, como estava acostumado a dizer Walter Cronkite: "Assim são
as coisas".
Sinto-me muito feliz de que Deus tenha feito provisão para nos
limpar, por sua graça, e perdoar nossos pecados. Esta é a primeira parte
da solução do problema.
E quanto à segunda, estamos contentes de que Deus tenha feito
provisão para nos manter afastados do atoleiro de lodo? Ou nos
salpicaremos nós mesmos com lodo pegajoso? E aqui está a pergunta
crucial: Separamo-nos do atoleiro de lodo só para agradar a mamãe? Ou
permanecemos fora do lodo, porque nós não gostamos do lodo?
Podemos dizer que inclusive odiamos o lodo?
É claro, todos nos voltamos para a terceira parte, o dia quando já
não houver atoleiros de lodo, seja no Iraque, no Bangladesh, na China ou
nos Estados Unidos. Quando Jesus voltar, todos os atoleiros de lodo
desaparecerão.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 6
Consideremos essa segunda parte: permanecer fora do lodo.
Você não pode abordar o grande tema da justificação pela fé sem
levar em conta o assunto da obediência. Mas muitas pessoas abrigaram
no passado a idéia de que a fé, de alguma forma, em algum sentido,
transgride a obediência; quer dizer, que se você tiver que simpatizar com
a fé, necessariamente terá que ser hostil com a obediência. E que se você
for amigo da obediência, então, definitivamente, não o poderá ser da fé.
Alguns decidiram partir sob a bandeira da fé para escapar da
obediência. "Oh, isso já não tem importância – dizem. – Tudo o que se
precisa é acreditar". Esqueceram-se das palavras da Escritura que
sustentam que nunca se poderá separar a fé da obediência. Sempre,
sempre estão juntas. A obediência é fruto da fé. Você não pode separar
as maçãs de uma frondosa macieira. Não se podem ter uma sem a outra,
e se você tiver a uma, terá a outra.
Segundo a Escritura, a IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA é
extremamente clara. Aprendamos do homem sábio, Salomão, que não
era muito sábio, afinal de contas. Teve que aprender de seus próprios
enganos. Finalmente descobriu, depois de ter experimentado com 700
mulheres rainhas e 300 concubinas durante toda sua vida, que "tudo é
vaidade" (Ecl. 12:8). Logo disse: "O fim de todo o discurso é este...".
Eis um homem que só quando já velho e perto da morte, aprende
tudo o que se necessitava para viver, e diz: Vamos ao cerne da questão.
Esta é a conclusão de todo o assunto: "Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o todo do homem" (Ecl. 12:13).
Aqui temos uma chave muito importante para compreender os
problemas do Salomão. Qualquer que pensa que a observância dos
mandamentos de Deus é só um dever, está mal desde o começo.
Possivelmente Salomão não era suficientemente preparado para
compreender, inclusive nesse momento de sua vida, que algo mais que o
dever está envolto na obediência.
Se a única razão pela qual obedeço é porque considero um dever
fazê-lo, então minha religião não vale nada.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 7
"Há os que professam servir a Deus, ao mesmo tempo que confiam em
seus próprios esforços para obedecer à Sua lei, formar um caráter reto e
alcançar a salvação. Seu coração não é movido por uma intuição profunda
do amor de Cristo, mas procuram cumprir os deveres da vida cristã como
uma exigência de Deus a fim de alcançarem o Céu. Semelhante religião
nada vale." (Caminho a Cristo, pág. 44).
– Mas – dirá alguém –, tal religião não me guiará a Cristo mais cedo
ou mais tarde?
– Não, tal religião não vale nada. E entretanto, muitos de nós
crescemos assim. De fato, trouxemos esta formação à igreja desde nossa
infância. Fomos instruídos pelos peritos em família, e inclusive pela
pena inspirada, que deveríamos capacitar nossos jovens na prática dos
hábitos corretos e no tipo correta de obediência. Ensine-os a obedecer.
Ensine-os a obedecer como um dever. Ensine-os a obedecer porque
papai e mamãe dizem que é o correto. E nós gostamos de citar passagens
como esta: "...cuja consciência seja tão leal ao dever como a bússola o é
ao pólo" (Educação, pág. 57).
E ao continuar enfatizando este enfoque, desenvolvemos toda uma
subcultura de pessoas que pensam na obediência em termos de dever. Eu
gostaria de sugerir que se só se limitar ao cumprimento do dever é uma
falsa obediência, sempre será uma falsa obediência.
Consideremos um momento: A DIFERENÇA QUE HÁ ENTRE A
VERDADEIRA E A FALSA OBEDIÊNCIA.
Eis aqui uma citação notável e quase revolucionária:
"Toda a verdadeira obediência vem do coração. Deste procedia
também a de Cristo. E se consentirmos, Ele por tal forma Se identificará com
os nossos pensamentos e ideais, dirigirá nosso coração e espírito em tanta
conformidade com o Seu querer, que, obedecendo-Lhe, não estaremos
senão seguindo nossos próprios impulsos. A vontade, refinada, santificada,
encontrará seu mais elevado deleite em fazer o Seu serviço. Quando
conhecermos a Deus como nos é dado o privilégio de O conhecer, nossa
vida será de contínua obediência. Mediante o apreço do caráter de Cristo,
por meio da comunhão com Deus, o pecado se nos tornará aborrecível." (O
Desejado de Todas as Nações, pág. 621).
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 8
A Escritura diz de Jesus, nosso exemplo: "Agrada-me fazer a tua
vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei." (Sal. 40:8),
e "ele amou a justiça e odiou 'os atoleiros de lodo' ".
Assim que toda obediência genuína e verdadeira, o tipo de
obediência que Jesus tinha, brota naturalmente do interior, do coração,
dos pensamentos, dos propósitos, dos motivos transformados pela graça
de Deus. Qualquer obediência que não surge dessa fonte é falsa, o que
significa que muitos de nós fomos vítimas de uma vultosa falsa
obediência, e experimentamos seus trágicos resultados.
Este é o tipo mais comum de falsa obediência, dourada um
pouquinho a fim de que tenha boa aparência pondo a Jesus no quadro:
"Você deveria permanecer fora do lodo visto que você ama a Jesus".
"Muito bem, am ao Jesus, assim suponho que devo permanecer fora do
lodo". (Essa é uma forma de ficar fora do atoleiro de lodo só para
agradar a mamãe.)
Outra versão, não tão sutil, mas possivelmente igualmente má:
Se não lhe obedecermos, crucificamos de novo a Jesus. "Olhe os
pregos com os que você atravessa suas mãos e seus pés!" Dizem que
"cada vez que você entra no charco de lodo, outro prego lhe atravessa.
Você o volta a ferir".
Alguns já me disseram: "Eu simplesmente não posso entender este
tipo de enfoque com relação à culpabilidade". E eu tive que concordar
com eles. Em primeiro lugar, é Jesus o personagem que se sinta com
Seus sentimentos feridos cada vez que você cai ou fracassa? E que classe
de culpabilidade joga sobre as pessoas este conceito: "Você lhe crava
outro prego"?
Este enfoque, tão comum em muitos círculos, este tratar de manter-
se fora do lodo a fim de lhe agradar a Jesus ou para não feri-Lo nem Lhe
cravar outro prego, só pode conduzir ao desalento e à apostasia. Mais
cedo ou mais tarde a pessoa descartará esse tipo de coisas. Temos que
oferecer algo melhor que uma obediência apoiada no dever: esta falsa
obediência, esta obediência apoiada na culpabilidade. Se não o fizermos,
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 9
mais cedo ou mais tarde nos uniremos às filas daqueles que dizem: "Oh,
vamos, esqueçamos todo esse assunto e dependamos da fé. A fé é o
único que conta. Esqueça-se da obediência. Nem sequer fale dela".
Eu me sinto agradecido por ter uma Bíblia que fala de algo melhor.
Isto nos leva a nos perguntar, em primeiro lugar, É POSSÍVEL
OBEDECER? Certa mentalidade diz: "Cuidado! Você se está voltando
muito idealista, e pode cair no perfeccionismo. Não fale de permanecer
fora do lodo. Não podemos. Não somos mais que débeis seres humanos,
e continuaremos pisando na lama até Jesus voltar. Por isso devemos estar
muito agradecidos pelo detergente Adeus Sujeira [justificação]. De modo
que procuremos refúgio no detergente Adeus Sujeira.
Bem, é certo que você pode encontrar passagens na Escritura que
parecem dizer isso. Romanos, epístola que considera este tema em forma
bastante ampla, diz isto no capítulo 7, versículos 18 aos 23:
18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse
faço.
20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o
pecado que habita em mim. ...
22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei
da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus
membros.
18 ... pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
Ora, isto foi escrito pelo homem que em Filipenses 3, diz que era
um pecador irrepreensível antes de vir a Cristo. De modo que sua
atuação era bastante boa. Mas quando considerou a vida em forma mais
profunda, a que apela ao coração e aos motivos, o apóstolo Paulo se deu
conta que era um miserável. Significa isto então que não é possível
obedecer?
Nos dias de Cristo o povo praticava um sistema de obediência
puramente externa, apoiada em sua vida passada. Veja, Moisés e seus
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 10
sucessores ficaram diante do povo e disseram: "Obedeçam e viverão,
desobedeçam e morrerão. Se obedecem serão benditos, se desobedecem
serão malditos". E eles experimentaram algumas fortes evidências que
apoiavam este princípio.
De fato, se você ler todo o Antigo Testamento, é difícil deixar de
notar que a obediência traz as bênçãos de Deus, e a desobediência, suas
maldições. Trata você de dizer que Deus é o que amaldiçoa? Bem, isso é
o que diz. Comprovou-o ultimamente?
Demos uma olhada às más novas a respeito da desobediência.
"Porém, se não o ouvirem, serão traspassados pela lança e morrerão na
sua cegueira." (Jó 36:12). Bom, isso o disse um dos amigos do Jó. E não
estamos muito seguros de poder confiar nele.
Mas, um momento! Jeremias diz: "Mas, se não quiserem ouvir,
arrancarei tal nação, arrancá-la-ei e a farei perecer, diz o Senhor." (Jer.
12:17). Quem os vai arrancar e destruir totalmente? Entregará Deus a
Satanás a fim de que recebam a maldição? Não, "arrancarei tal nação,
arrancá-la-ei".
O que dizer de 2 Tessalonicenses 1, versículos 7 e 8 ?: "Quando do
céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama
de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra
os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus". O castigo
não se delega a Satanás para que o execute. Deus e o diabo não são
sócios neste negócio. A Bíblia é clara quando diz que as bênçãos vêm
com a obediência e a falta de bênçãos vem com a desobediência.
Compreendia a igreja dos dias de Cristo este princípio? Comprove
você por si mesmo: "E aquilo que pedimos dele recebemos, porque
guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é
agradável." (1 Juan 3:22). Como poderíamos não ver que as bênçãos vêm
com a obediência? As orações respondidas pedindo favores especiais
vêm com a obediência. Recebemo-las porque guardamos Seus
mandamentos e praticamos obras.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 11
Oh, dirá alguém, isso soa a salvação pelas obras. Não, aqui não se
está falando de salvação; está-se falando de bênçãos. E há uma grande
diferença entre obedecer para ser salvo e obedecer para receber bênçãos.
Um homem cego (Juan 9) foi levado perante os dirigentes judeus.
Eles tentaram obrigá-lo a dizer de onde viera e quem o havia curado. Os
dirigentes religiosos andavam à caça do Jesus. A família do cego estava
atemorizada e o tinham abandonado. Finalmente, este solitário homem
cego estava de pé diante dos dirigentes, ensinando-os! Disse no versículo
31: "Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se
alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende." (a ênfase é
nossa).
Em que apoiava sua declaração? No claro registro do Antigo
Testamento: as bênçãos vêm com a obediência; a ausência de bênçãos
vêm com a desobediência. Este princípio se mostra repetidamente nas
Escrituras. Salvação por obras? Não. Não estamos falando da salvação.
Bem, aquele povo escutava vez após vez estas advertências contra a
desobediência e o convite à obediência; diziam: "Melhor obedeceremos
para que possamos receber as bênçãos". Portanto, tínhamos a toda uma
nação que tratava constantemente de obedecer a fim de obter bênçãos.
Essas eram suas motivações. Mas o único que puderam produzir foi uma
obediência exterior.
A obediência externa nunca enganou a Deus, embora haja enganado
a muita gente. A pessoa que tem uma vontade férrea pode, com
freqüência, falsificar a obediência exteriormente. E é possível estabelecer
Iglesias inteiras sobre esse princípio, se nosso enfoque prioritário, como
base de nossa vida cristã, é o comportamento. Mas Jesus disse que a
menos que nossa justiça exceda a dos escribas e fariseus, a menos que
seja verdadeira, quer dizer, obediência genuína, não há nenhuma
possibilidade de que entremos no reino dos céus.
Certa vez, durante a época de natal, quando eu era menino, meu pai
e eu caminhávamos olhando lojas no centro, quando vi um enorme carro
de bombeiros com luzes e sirene. Inclusive se movia com seu próprio
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 12
motor. Como desejava eu ter aquele carro de bombeiros! Logo recordei
algumas canções de natal que diziam que alguém deveria ser bom antes
do natal. De maneira que decidi ser tão bom quanto possível a fim de
ganhar o carro de bombeiros. Boa idéia? Bem, fui tão bom quanto
possível, mas de todos os modos não me deram de presente o carro de
bombeiros. E sabe o que fiz então? Já não me interessava continuar
sendo bom. De fato, queria mais era ser mau porque não me tinham
presenteado o carro de bombeiros. Fiz o correto, ou fiz o normal?
Esse tipo de raciocínio constituía um dos maiores problemas no
tempo de Cristo. As pessoas reclamavam as bênçãos, mas não queriam
ao Senhor. Eu quero que minhas orações sejam ouvidas quando tenho
problemas, mas não estou realmente interessado na Pessoa a quem dirijo
minhas orações.
E é assim como chegamos a esta pergunta: É possível produzir
algo melhor do que simples obediência externa? Isto nos leva a
Romanos 8: 3, 4, onde diz claramente:
"Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela
carne [não há forma alguma em que você, ou eu, ou o apóstolo Paulo,
possamos guardar os mandamentos por nossa própria força. Somos fracos
pela come], isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de
carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus,
na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que
não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito."
Mas certas pessoas gostam de ler esta passagem desse modo: "Para
que a justiça da lei pudesse ser cumprida por nós na vida do Jesus. Ele é
meu substituto na obediência porque eu não posso obedecer. Tudo o que
eu posso fazer é cair, fracassar e pecar. Assim que Ele se converte em
meu substituto nesse aspecto também."
Mas não é isso o que diz a Bíblia. "a fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o
Espírito." Ou, em outras palavras, nós os que não tentamos obedecer por
nossa própria força a não ser procurando o Espírito de Deus, como o fez
Jesus. Nós os que tentamos obedecer do interior para o exterior em vez
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 13
de cumprir simples deveres externos e coercivos com o propósito de
obter as bênçãos. Este é o princípio da verdadeira obediência, o único
princípio válido.
Eu gostaria de lembrá-los que muitos de nós desperdiçamos muito
tempo tentando obedecer. E a única coisa que conseguimos produzir tem
sido uma falsa obediência. Pois bem, deveríamos ignorar isso? Não,
porque a falsa obediência tem valor neste mundo. Se sentir desejos de
matar você a balaços, mas não o faço, haverá alguns benefícios reais.
Um deles seria em seu favor, e o outro a meu favor. Se sentir desejos de
roubar algo, mas rinjo os dentes e forço minha vontade e não o faço,
haverá alguns benefícios muito reais.
A moralidade, que é a palavra não religiosa para designar a
obediência externa, tem valor. É importante neste mundo. Mantém você
fora do cárcere. Evita-lhe multas de trânsito. Conserva sua boa
reputação. Ninguém está contra a moralidade. Sejamos muito morais.
Mas a moralidade nunca foi obediência, e tampouco é obediência hoje.
Os deveres externos, a atuação externa não é obediência genuína. Mas
produzimos toneladas disso. Eu produzi muito disso. A pessoa que tem
força de vontade pode obedecer exteriormente, mas os fracos não. Esta é
a razão pela qual a falsa obediência é enganosa. Porque se o
comportamento é nossa ênfase, então podemos encher a igreja com gente
forte e deixar aos fracos no frio lá fora.
Então Jesus veio e mostrou um tipo de obediência inteiramente
diferente, um tipo de obediência que procedia do alto, mais que de seus
próprios esforços auto-gerados. Nisto reside a beleza da vida de Jesus.
Veio para viver a vida como nós temos que viver. Não como Deus, mas
sim como ser humano. Podia ter dependido de Si mesmo para desdobrar
Seu poder quando o necessitasse. Mas não o fez. E o poder que vemos
manifestado em Sua vida, em termos de Suas poderosas obras e Seus
milagres, incluindo Seu poder para obedecer, provinha do alto, não de
seu interior. E este mesmo poder pode nos envolver, mas unicamente
quando cantamos o hino que ninguém canta sinceramente.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 14
O Pastor Richards acostumava dizer: "Cantemos o hino que
ninguém canta sinceramente: "Cumpra-se, ó Cristo Tua vontade. Só Tu
podes minha alma salvar. Qual oleiro, para tua honra, vasilha útil, me faz
Senhor". Isso é amedrontador. Nós não gostamos da idéia de nos render
ao Senhor. Poderia mudar nosso estilo de vida. Poderia levar a perder a
festa. Poderia nos fazer realmente obedientes, e provavelmente isso seria
aborrecido.
Mas precisamente disso dizia o apóstolo Paulo. Sendo que a lei não
pode nos tornar obedientes porque não há poder nela (é fraca por causa
da carne) Deus enviou a seu próprio Filho e nos mostrou um exemplo de
obediência que vem do alto. É o verdadeiro tipo de obediência; nasce do
coração e do amor. E logo nos diz que podemos viver o tipo de vida que
Jesus viveu. É sério? Sim!
Uma vez alguém me perguntou: "Pode alguém viver sem pecar?"
Eu repliquei que eu gostaria de trocar a pergunta. Porque houve Um que
viveu neste mundo sem pecar. De modo que a pergunta deveria
expressar-se assim: Pode Cristo viver Sua vida em mim? Essa é a
pergunta. Pode alguém viver uma vida de obediência separado do Jesus?
Não. Tudo o que produzamos será falso. Mas, é possível que Jesus viva
Sua vida em mim?
Enquanto consideramos esta pergunta, precisamos ler uma das
passagens mais formosas de todas as Escrituras concernente a este
mesmo ponto:
Hebreus 13:20, 21.
"O Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso
Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos
aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós
o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para
todo o sempre. Amém!"
O método, o alvo e a possibilidade, tudo está enumerado aqui.
Torna você perfeito. Quão perfeito? Em toda boa obra. O que significa
isso? Fazer sua vontade, operando dentro de você.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 15
I Tessalonicenses 5:23 e 24 diz: "O mesmo Deus da paz vos
santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o
que vos chama, o qual também o fará. (a ênfase é nossa).
E Filipenses 2:13 diz: "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade."
E Gálatas 2:20 expressa: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho
na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se
entregou por mim."
A Bíblia não fala de simplesmente cair, fracassar e produzir uma
falsa obediência até a volta de Jesus. Minha Bíblia fala a respeito de ser
mais que vencedores por meio dAquele que nos amou.
Você crê isso? Então, fora com a idéia de que a obediência é muito
complicada, muito difícil! Fora com a idéia de que a obediência é
impossível, e de que só temos que partir sob a bandeira da fé! A Bíblia
não ensina que tudo o que podemos fazer é cair e fracassar até que Cristo
voltar. Não, a Bíblia não diz absolutamente nada disso. Promete bênçãos
para a obediência. Promete falta de bênçãos para a desobediência. Diz-
nos que não podemos obedecer, mas que Ele sim pode, e pode também
viver Sua vida em nós.
Estou dolorosamente consciente de como ficam quietas as pessoas
quando falamos a respeito da obediência. Vi isso uma e outra vez em
diferentes partes. Alguém se levanta e fala a respeito da fé, da graça, da
cruz e de Jesus, de como morreu por nossos pecados e de como os limpa,
e todos dizem, "Amém, louvado seja Deus, aleluia!" Alguém fala a
respeito da obediência, da necessidade de vencer, e do poder, e todos
ficam quietos, e eu também. Porque lembro como falhei ontem. E
provavelmente cairei outra vez amanhã. Por isso fico calado. O que
deveríamos fazer então? Simplesmente isto: se nos mantivermos em
contato com Jesus, a obra que Ele começou em nós a levará a cabo até o
dia de Sua volta.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 16
A falsa obediência é como o som dos motores diesel fora de borda
em um atracadouro. Você teria que ter crescido junto a um porto para
apreciar esta parábola. Eu estive perto de um atracadouro umas duas
vezes e ouvido os botes quando acendem o motor pela manhã. Começam
com tatatatatat, pumpumpumpumpum, tatatatat, pumpumpumpum.
Pouco a pouco você começa a perceber que algo está tentando arrancar.
Os tatatatat, seriam a verdadeira obediência, e o pumpumpumpum a
falsa. E a idéia é que o motor se aqueça até poder fazer tatatatat todo o
tempo.
Minha vida, a sua e a de qualquer cristão que tenta produzir
obediência e tem este problema parece muito com esse motor fora de
amurada que tenta arrancar. Acendemos um só cilindro para arrancar,
mas oito sem uso. Pouco a pouco, e cada vez mais, vamos
compreendendo o que significa ter uma obediência genuína.
Parte de minha súplica aqui é que deixemos de confundir a
obediência verdadeira com a falsa. Não chamemos mais a obediência
falsa de genuína. Deixemos de dar a nossos jovens a impressão de que a
falsa obediência é a verdadeira. Lembremos a eles que há algo muito
melhor a nosso alcance. Façamos tudo o que esteja a nosso alcance para
ensinar a nossos jovens hábitos de obediência e de vida correta, embora a
única coisa que obtenha com isso seja mantê-los fora do cárcere o
suficiente até que ponham a funcionar seus oito cilindros. Mas, não lhes
demos a impressão de que o que é realmente falso é verdadeiro, porque
mais cedo ou mais tarde se afastarão da falsa experiência. Milhares de
pessoas, tanto jovens como velhos, já se afastaram dela.
Alguém me contou uma PARÁBOLA NA QUAL HAWAI
REPRESENTA A OBEDIÊNCIA E A PERFEIÇÃO:
O povoado Remanescente, em Califórnia, foi organizado
oficialmente em 1863. Entretanto, os primeiros colonos começaram a
estabelecer-se nesse lugar por volta de 1844. O povo que vivia em
Remanescente era diferente em muitos aspectos do resto do mundo. Mas
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 17
tinham um ensino muito notável. Esse povo acreditava que todos
deveriam viver no Havaí. (Lembre, Havaí representa obediência).
Desde o começo tinham certeza que quanto mais cedo chegassem
ao Havaí, mais cedo alcançariam o céu. Mas havia um fato
extremamente embaraçoso do qual não podiam escapar. Não viviam no
Havaí. Parecia que Havaí estava muito, muito longe. Quase tão longe
como o céu mesmo. Embora alguns deles pretendiam ter estado no
Havaí, ninguém acreditava.
Havia um dito muito comum em Remanescente: Se você disser
que esteve no Havaí, é prova segura de que nunca esteve ali.
A maioria do povo de Remanescente acreditava que se você se
esforçava o mais que pudesse durante toda sua vida, possivelmente
poderia passar ao menos um dia no Havaí precisamente antes de morrer.
E muito poucos obteriam inclusive isso.
Embora a população de Remanescente somava vários milhões de
pessoas, a maioria aceitava o fato que se 144.000 deles conseguia chegar
ao Havaí, embora fosse por pouco tempo, isso seria o melhor que se
poderia esperar deles.
Durante vários anos houve um plano usualmente aceito para chegar
ao Havaí. Você ia à praia, entrava na água, e começava a nadar. As
lições de natação eram populares em Remanescente, como é fácil
imaginar. Esperava-se que os meninos aprendessem a nadar quase antes
que aprendessem a caminhar. Havia escolas de natação, oficinas de
natação e se ofereciam freqüentemente planos de cinco dias para
aprender a nadar. Esperava-se que todos os que fossem cidadãos como
deve ser aprendessem a nadar.
Advertia aos recém chegados ao povoado que levaria algum tempo
antes que pudessem nadar suficientemente bem para chegar ao
Havaí; mas se esperava que começassem a nadar imediatamente.
Todos se animavam com a idéia de que se tão-somente fizessem o
melhor que pudessem, e se esforçassem dia após dia, mais cedo ou
mais tarde conseguiriam chegar ao Havaí.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 18
Alguns se desanimaram tanto após tentar e fracassar muitas
vezes, que se foram do povoado. Outros morreram tentando. Mas a
maioria continuou tentando chegar a nado ao Havaí, até que um dia
ocorreu o inevitável.
Um nadador se viu forçado a voltar para a praia, fracassando mais
uma vez em seu intento de chegar ao Havaí, quando lhe pareceu que algo
chegava a sua mente como um relâmpago. Logo que conseguiu controlar
a respiração, começou a ir de cima abaixo por toda a praia e também ao
povoado, dizendo: "Quem disse que tínhamos que viver no Havaí?
Percebem quanto tempo faz que estamos tentando chegar até lá?
Podem me mencionar o nome de uma única pessoa que o tenha feito
alguma vez?" Logo tinha um bom número de seguidores que faziam a
mesma pergunta. E todos chegaram à mesma conclusão. Não é
necessário chegar ao Havaí a nado.
E começaram a espalhar suas boas novas por toda parte, longe e
perto. Algumas pessoas aceitaram alegremente esta nova idéia. Outros a
combateram. Por um tempo, todos em Remanescente pareciam discutir
esta nova teologia: a idéia de que embora seguissem lutando por chegar
nadando ao Havaí, até o momento em que fossem levados para o céu
ninguém jamais, nem sequer se aproximaria dela. Mas isso não
importava, diziam as boas novas.
De modo que agora havia dois grupos, que ainda insistia em que
era necessário viver no Havaí, e o outro que assegurava que não era
necessário. (Mas o interessante era que ambos os grupos acudiam
regularmente à praia para praticar natação.)
Mas logo chegaram notícias de uma terceira opção. Parecia
estranha. Logo se soube em toda a praia. A opção era ficar em contato
com o piloto de um aeroplano e ficar em suas mãos. Então você
dependia dele para chegar ao Havaí. E quando você abordasse o avião
com o piloto diante dos controles, tudo o que você devia fazer seria
descansar, visto que sua responsabilidade era colocar você no Havaí.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 19
Pareceu difícil de compreender a princípio. As perguntas eram
numerosas e difíceis de responder. E o que a pessoa faz? Mexe a pessoa
seus braços? Tem a pessoa que espernear arduamente? Corre a pessoa
pelo corredor do avião? Quando tantos tinham fracassado em seus
esforços por chegar ao Havaí apesar de suas tremendas lutas e muito
duro trabalho, como poderia alguém esperar chegar a esse paraíso
tropical tão-somente descansando?
Soava bonito, mas com segurança não era mais que um mito. Havaí
sempre tinha significado esforço, muitíssimo esforço. Certamente devia
haver algum mal-entendido.
Alguns tentaram de explicar que terei que fazer certo esforço ao
procurar ficar em contato com o piloto; ao abordar o avião, e inclusive
pelo simples fato de descansar. Mas não impressionava como um esforço
real; ao menos não comparável com o que se esteve praticando na praia.
A discussão a respeito da terceira opção ia mais ou menos assim:
"A única coisa que temos que fazer é descansar e continuar nos
colocando sob o controle do piloto".
Alguém parecia confundido e perguntava:
– Quer você dizer que já não iremos ao Havaí, depois de tudo?
– Sim, é essencial ir ao Havaí.
– Bom, então seria melhor que voltássemos para a praia e deixar de
continuar perdendo tempo aqui.
– Não, nunca chegaremos ao Havaí nadando.
– Então é impossível ir ao Havaí.
– Quer você dizer que não temos que ir?
– Sim, temos que ir. Viver no Havaí é possível. É importante. É
necessário.
– Então é melhor que comecemos a nadar.
– Não, não, não, é melhor que nos dirijamos ao aeroporto.

Pouco a pouco, aqui e acolá, o povo começou a captar a


mensagem. E à medida que o faziam, começaram a fazer viagens
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 20
regulares ao Havaí. É certo que não falavam de ter estado lá. Antes
falavam do Piloto, do aeroplano e do descanso que se oferecia. E
enquanto continuavam compartilhando as boas novas e alcançando aos
fatigados nadadores, estas começaram a pulverizar-se.
O que ocorreu então?
Alguns dos que tinham sido os melhores nadadores e se
aventuraram a ir bem longe nas frias águas do Oceano Pacífico se
sentiram insultados. Lhes ouviu dizer: "Se estão deixando as
pessoas que cheguem ao Havaí dependendo de alguém mais
que os leve até lá, então eu já não quero ir." Assim deixaram a
água, a praia e o povo e se mandaram a Las Vegas.
Mas alguns dos piores nadadores, que com muita dificuldade
puderam manter-se flutuando, estavam entre primeiros que se
apressaram a chegar ao aeroporto e abordar o avião com o Piloto. Em
pouco tempo, todos já haviam ido e voltado. No fim, a praia estava
esvazia. Ninguém mais ia nadar.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 21
AMAR A LEI

O Colégio da União do Pacífico (PUC) tem sua própria pista das 500
milhas de Indianápolis. É a baixada de 13 quilômetros que
descende do topo do Monte Howell até o vale que se estende a seus pés.
Ali os estudantes sentem o incontrolável impulso de ver quão rápido
podem descer por essa montanha em seus Porsches e Corvettes. Eu
costumava exibir minha "personalidade de lote de carros usados". Minha
família chamava "personalidade de lote de carros usados" a meu impulso
de perseguir um estudante morro acima ou montanha abaixo.
Um dia, enquanto descia a montanha, vi um dos estudantes que
descia como bólido, forçar ao automóvel de uma velhinha de cabelos
brancos ao canal de irrigação. Fiquei deveras bravo! Senti que estava
tomado com ira santa. E não soube o que fazer, porque aquele vadio
desapareceu quase instantaneamente de minha vista. Mas quando
cheguei ao pé da montanha e o vi sentado na estrada junto a um
automóvel policial negro com os flancos pintados de branco e luzes no
teto, disse: "Oh, quanto amo eu sua lei, é minha meditação todo o dia".
Quanto tempo faz que você não diz: "Oh, quanto amo eu tua lei, ela
é minha meditação todo o dia"? Em algum lance do caminho, de algum
modo, chegamos a acreditar que a lei de Deus é incompatível com a fé;
que a lei de Deus é inimiga de Jesus; que é incompatível com o grande
tema da salvação por meio da fé em Cristo somente. Mas, quero lhe
recordar que o caminho que conduz à Terra Prometida, passa pelo Monte
Sinai. E que o Monte Sinai conduz ao Calvário. De modo que temos
algumas verdades importantes que considerar a respeito da lei de Deus.
Quando damos uma olhada aos diferentes temas que giram em torno
dos ensinos da salvação pela fé somente em Cristo, mais cedo ou mais
tarde temos que enfrentar a obediência à lei de Deus.
Considera-a você seu amiga ou inimizade? Qual é o propósito da
lei? Como ela afeta a você? É feliz quando pensa nela? Passa você muito
tempo meditando nela como o fazia o salmista de antigamente? E o que
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 22
queremos dizer com a frase que diz que não estamos "debaixo da lei,
mas debaixo da graça"? (Rom. 6:14).
Há boas e más notícias para aqueles que andam procurando
respostas a suas perguntas a respeito da lei. Em Romanos 9 e 10, o
apóstolo Paulo fala a respeito da lei como uma norma de salvação.
"Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a
favor deles são para que sejam salvos." (Rom. 10:1).
Agora, de quem está falando o apóstolo aqui? De Israel? Quem é o
Israel atualmente? Aqueles que crêem. "E, se sois de Cristo, também sois
descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa." (Gál. 3:29).
Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a
favor deles são para que sejam salvos. Porque lhes dou testemunho de que
eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria,
não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para
justiça de todo aquele que crê. (Rom. 10:1-4).
Há outra maneira de ler esta última frase: "Cristo é o objetivo da
lei". Na plena verdade, Cristo é o cumprimento da lei. O também é o fim
da lei para a justiça por obras. Mas não é o fim da lei em se mesma.
Ao considerar a lei de Deus, e particularmente os Dez
Mandamentos, é necessário notar que eles cumprem algumas funcione e
propósitos muito definidos. Uma daquelas grandes funcione e propósitos
é nos proteger.
Um dia eu cruzava o deserto indo de Califórnia ao Texas, e de
repente minha Honda Accord exalou o último suspiro. Sim, já tinha
percorrido muitos milhares de quilômetros, mas não tinha mostrado
nenhum sinal de decrepitude ou enfermidade. Entretanto, ninguém me
havia dito (e eu não tinha lido o manual) que devia trocar o
anticongelante da máquina cada ano. E eu nunca tinha feito. De modo
que se tinha produzido uma reação química de algum tipo nas cabeças
dos pistões de alumínio e lhes deu a "varíola louca". Os empacotamentos
da cabeça se romperam, a máquina se reaqueceu e se travou. Se tão
somente eu tivesse lido o manual ou se alguém me tivesse dito isso! Mas
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 23
ali estava, sentado no deserto, pagando um elevado preço pelo delito de
ignorar as regras.
Os Dez Mandamentos da lei de Deus constituem o manual, nosso
manual para a vida.
Fiorello La Guardia, da Cidade de Nova Iorque, um famoso
prefeito de antigamente, disse que embora os advogados e legisladores
tinham elaborado dez mil leis, nunca tinham podido fazer a mais mínima
melhora nos Dez Mandamentos. Está você de acordo com ele?
Eu gosto desta bonita versão em versos dos Dez Mandamentos:
Acima de tudo, ama a Deus unicamente.
Não te inclines à madeira ou à pedra.
Recusa tomar o nome de Deus em vão.
O descanso sabático observa com cuidado.
Honra a teus pais durante toda sua vida.
Considera sagrada toda forma de vida.
Sê sempre fiel a teu cônjuge eleito.
Nunca roubes nada, seja pouco ou seja muito.
Diga só a verdade com respeito a teus próximos,
E separa de tua mente toda inveja egoísta.

Não está mal! Como poderia fazer-se uma descrição mais formosa e
concisa do Manual para a vida do que esta?
A lei de Deus cumpre várias outras funções legítimas, além de nos
proteger.
Estamos debaixo a lei como uma norma para a salvação; não
como um método para obtê-la. A lei é a norma pela qual seremos
julgados, segundo Santiago 2 :8-13.
Estamos debaixo da condenação da lei. Mesmo que nós não
gostemos ou seja um fato doloroso, é uma função legítima da lei. (Rom.
4:15). Algumas pessoas se sentem incômodas com esta idéia da
condenação e tratam de explicá-la para desfazer-se dela.
A lei é eterna como Deus mesmo. Se não a respeitarmos, então se
produz a anarquia. Eu ouvi o mesmo expresso assim no velho caminho
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 24
da vida: "Nenhum governo é mais forte que qualquer de suas leis, e
nenhuma lei é mais forte que a penalidade por violá-la, e nenhuma
penalidade é mais forte que a aplicação da penalidade por violá-la". Mas
para os que não passaram mais além do Monte Sinai, a lei não é mais
que escravidão e nada menos que condenação.
Estamos sob a maldição da lei, o que é outra dolorosa verdade.
Mas é outra função legítima da lei.
Gálatas 3:13 diz: "Maldito todo aquele que for pendurado em
madeiro." Não é maravilhoso saber que Jesus tomou essa maldição em
nosso lugar?
Segundo Gálatas 3:24, 25, a lei também é um tutor para nos
conduzir a Cristo. O apóstolo Paulo falou da lei neste teor: "Pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado" (Rom. 3:20). Conduz aos pés da
cruz.
E no Santiago 1:23, 25, a lei é comparada com um espelho que
nos mostra nossa necessidade de limpeza e purificação.
De modo que há várias aplicações legítimas da lei de Deus na
Bíblia. Pode produzir dor ou alegria e esperança ao nos conduzir à cruz
para ser purificados.
Há uma aplicação ilegítima que se faz da lei contra a qual fala o
apóstolo Paulo veementemente: usar a lei como um método de
salvação, ou legalismo, como o chamamos na atualidade.
Ora, suponho que poderíamos discutir o significado da palavra
legalismo.
Uma amiga minha, Mary Walsh, quem trabalhou em evangelismo
com seus pais durante muitos anos, é uma instrutora bíblica muito
consagrada. Parece-me que ainda continua com o mesmo ardor,
despertando as pessoas de madrugada e de noite para estudar a Bíblia.
Sente-se incômoda com as pessoas que falam contra o legalismo. Ela diz
"eu sou legalista".
– O que quer você dizer? – perguntei-lhe.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 25
– Bom, eu acredito na lei de Deus. E qualquer que acredita na lei
de Deus é legalista.
– Bom –digo a ela – está bem, está bem. Se essa for sua definição
de legalismo, então eu também sou legalista porque também
acredito na lei de Deus.
Mas, segundo o uso comum que se dá ao termo na atualidade, eu
aventuro uma definição diferente. Espero que também coincida com seu
modo de pensar. O legalismo é um intento de chegar ao céu
guardando a lei de Deus. Basicamente, é um intento de me salvar a
mim mesmo por minhas próprias obras. De modo que legalismo séria
salvação pelas obras, salvação pela lei, ou salvação por meu bom
comportamento, tratando de viver um pouco melhor este ano do que
vivi no ano anterior; tratando de alcançar a perfeição antes que comecem
os eventos finais.
Mas em outro sentido, ainda mais importante, há uma definição de
legalismo mais profunda que nós gostaríamos de considerar seriamente.
É não ter uma relação de fé com Jesus Cristo.
Em realidade, só há três classes de pessoas no mundo.
1. Aqueles que não se interessam em Deus, ou na fé, ou na
salvação. Possivelmente não se interessem nem sequer nesta discussão.
Não os poderíamos chamar legalistas, nem nada pelo estilo. Eles
simplesmente não têm nenhum interesse.
2. No segundo grupo estão aqueles que sim se interessam na
salvação e têm uma relação pessoal diária com Jesus.
3. Os do terceiro grupo têm a esperança da salvação.
Teoricamente estão contra o legalismo. Não têm o menor interesse em
lutar individualmente para chegar ao céu. Mas tampouco têm uma
relação de fé com Jesus. Não prestam atenção à experiência da fé,
assim que ainda são legalistas. Porque qualquer, não importa quais
sejam seus motivos ou sua teologia, que não tenha tempo para viver a
experiência diária de fé com Cristo, é um legalista. Não há outra
alternativa.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 26
Ou você está em Cristo, em estreito companheirismo com ele, ou
você é um legalista.
Alguém poderia dizer, "eu não sou legalista; não acredito em
chegar ao céu por meus próprios esforços". Mas se não ter uma
conexão vital com Cristo, não há outras opções. É uma, ou a outra (a
menos que se esteja fora da quadra de esportes, ao não interessar-se
absolutamente na salvação).
Eu posso dizer que não acredito no legalismo, que acredito na
justiça pela fé em Cristo. E poderia ser certo, ao menos em teoria. Mas se
não levar essa crença à prática, então não acredito absolutamente o que
assevero acreditar. Não é assim?
Não preciso dizer a minha esposa que já não a amo. Tudo o que
preciso fazer é não voltar mais para casa. Ela entenderá a mensagem.
Não tenho que dizer a Deus que não O amo, ou que não acredito nEle.
Tudo o que tenho que fazer é não ter tempo para Ele ou para os assuntos
relacionados com a fé, e ele entenderá a mensagem. E eu estarei
enredado nas coisas que chamamos legalismo.
Há, é obvio, DUAS CLASSES DO LEGALISTAS.
1. Há o tipo rígido, conservador, duro, legalista fundamentalista,
que se veste de traje escuro e gravata, meias e sapatos pretos. Este julga
a todos os demais que não vivem de acordo com suas normas. Tem a
aparência de um ser infeliz e não mostra nem amor nem misericórdia.
2. Então temos o legalista liberal. É o tipo de legalista moderado,
que afinal de contas tampouco tem relação com Cristo nem tempo para
os assuntos da fé. Está tentando traçar seu próprio caminho ao céu pelas
coisas que ele não faz e que os legalistas fazem. De modo que o legalista
liberal cifra sua segurança nas normas e regras da igreja que abandona.
Está seguro que não é legalista porque não faz as coisas que os legalistas
rígidos fazem. "Estou emancipado disso. Posso ir onde quiser, comer o
que desejar, beber o que me apetece, fazer tudo o que sinta que é bom. Já
não sou legalista". Mas é um legalista liberal.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 27
De modo que a definição mais pura de um legalista é qualquer
que pretende ser cristão e espera ser salvado no céu, mas que
continua vivendo a vida, rígida ou liberalmente, separado de Cristo.
O apóstolo Paulo falou veementemente contra isto vez após vez.
Mas nos deu a oportunidade de considerar algo muito melhor. Convidou-
nos a aceitar a Cristo como o fim da lei para justificação e pôr o foco
de atenção em Jesus como nossa única esperança de salvação.
Quando fomos visitar uma reunião campestre, levaram a nossa
filhinha à divisão de menores da Escola Sabatina. Como parte da lição
daquele dia a professora disse:
– O que é o mais importante na Bíblia?
E os meninos da divisão de menores responderam:
– Jesus, Jesus.
A professora repôs:
– Não, não, não me refiro a isso. O que é o mais importante em
toda a Bíblia?
Silêncio. Finalmente ela mesma deu a resposta:
– São os Dez Mandamentos. Isso é o mais importante em toda a
Bíblia.
– Falso ou verdadeiro?
Minha esposa se queixou ante a diretora dessa divisão depois do
culto, porque essa é a classe de ensino que mantém a nossos jovens no
caminho cujo roteiro é o comportamento que tantos sustentam: "Se você
for bom, irá ao céu; se você for mau, Jesus não o aceitará ".
Quando vamos entender que a ênfase mais importante da Bíblia é
Jesus? Pois bem, a diretora da divisão de menores, tratando de desculpar
à professora disse: "Ela estava cansada hoje; ela estava cansada".
E quando eu ouvi aquilo, fez-me recordar algo. Porque houve um
tempo em minha vida quando eu pensava que os Dez Mandamentos
eram o mais importante. E eu também me cansei. Se você pensar que a
ênfase primária da Bíblia são os Dez Mandamentos, mais cedo ou mais
tarde você se cansará.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 28
Precisamente neste ponto a gente fica nervosa e diz: "Este homem
está contra os Dez Mandamentos". Não, não estou contra os Dez
Mandamentos, mais do que estava E. J. Waggoner.
Ouviu alguma vez falar dele? E. J. Waggoner foi um campeão da
salvação unicamente por meio da fé em Cristo durante a década de 1890.
Nesse então se disse que tínhamos pregado tanto a lei, que estávamos tão
secos como as colinas de Gilboa e que precisávamos pregar a Cristo na
lei. Não é que fôssemos ignorar a lei, porque o caminho que conduz à
Terra Prometida passa através do Monte Sinai. Mas se acusou a
Waggoner, como aconteceu com todos os pregadores da justificação
pela fé, de ser antinomianista, quer dizer de estar contra a lei de Deus. E
esta foi sua resposta:
"Em vez da fé conduzir ao antinomianismo (ou que esteja contra a
lei de Deus), é a única coisa que é contrária ao antinomianismo. Não
importa tanto quanto uma pessoa se glorifique na lei de Deus. Se rechaça
ou ignora uma implícita fé em Cristo, não está em melhor condição que
aquele que ataca diretamente a lei".
Isto é irônico. A pessoa que defende a lei de Deus e exalta os Dez
Mandamentos até as maiores alturas, é em realidade a que está contra os
Dez Mandamentos. Por que? Porque não há poder nos Dez
Mandamentos para salvar a uma pessoa.
Quando La Guardia disse: "A humanidade tem feito dez mil leis,
mas nunca tem feito uma simples melhora nos Dez Mandamentos",
equivocou-se em algo, posto que houve um homem que fez uma melhora
nos Dez Mandamentos. Seu nome é Jesus. Ele veio e mostrou os Dez
Mandamentos integrados em uma vida.
Em Jesus havia um coração que se preocupava com outros. Não
há coração nos Dez Mandamentos quando estes nos condenam. Há
coração nos Dez Mandamentos em termos de proteção. Mas não havia
esperança para os pobres pecadores que lhe faziam frente no Monte Sinai
até que veio Um que mostrou os Dez Mandamentos incorporados em
uma vida. Ele tinha um coração que se preocupava com os pecadores, as
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 29
prostitutas, os ladrões e os suscetíveis fariseus, legalistas e escribas. De
maneira que vemos em Jesus uma tremenda melhora nos Dez
Mandamentos.
"Não importa quanto se glorifique uma pessoa na lei de Deus, se
rechaça ou ignora a fé implícita em Cristo, não se encontra em
melhor estado que aquele que ataca diretamente a lei. O homem de fé
é o único que honra realmente a lei de Deus. 'Sem fé é impossível
agradar a Deus' (Heb. 11:6); com ela, todas as coisas são possíveis (Mar.
9:23).
"Sim, a fé faz o impossível, e isso é precisamente o que Deus deseja
que façamos. Quando Josué disse a Israel: 'Não podem servir ao Senhor',
disse a verdade; e entretanto, é um fato que Deus requer que lhe
sirvamos. Não está dentro das possibilidades de nenhum homem fazer
justiça (e guardar os mandamentos), mesmo que deseje fazê-lo (Gál.
5:17); portanto, é um engano dizer que tudo o que Deus quer de nós é
que façamos o melhor que possamos.
"Aquele que não faça algo melhor que isso, não fará as obras de
Deus. Não, ele deve fazer algo muito melhor do que lhe é possível.
Deve fazer aquilo que só o poder de Deus operando através dele
pode obter. É impossível para um homem caminhar sobre a água, mas
Pedro o fez quando exerceu fé em Cristo.
"Sendo que todo o poder do céu e da terra está nas mãos de Cristo, e
este poder está a nossa disposição, inclusive Cristo mesmo que vem
morar no coração por meio da fé, não há desculpa para crer que Deus
requer que façamos o que é impossível; porque 'as coisas que são
impossíveis para os homens, são possíveis para Deus'. (E. J. Waggoner,
Christ and His Righteousness, págs. 95, 96).
De modo que afirmemos isto. A única pessoa que está realmente
interessada nos Dez Mandamentos, e está a favor deles, é a que põe a
Jesus como o mais importante de toda a Bíblia. E essa é a única forma
de exaltar a lei de Deus. Não há outra.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 30
Durante muito tempo os adventistas do sétimo dia foram chamados
legalistas, provavelmente por causa do sábado. Diziam: "Você pensa que
irá ao céu por observar o sábado". Por isso nos chamam legalistas.
Permita-me perguntar-lhe, conhece alguém que tenha sido chamado
legalista por não crer no roubo? Conhece alguém que foi chamado
legalista alguma vez por não crer em matar ou em mentir ou em fazer
armadilhas? Eu ainda não achei a nenhum. É interessante, verdade?
Assim, seja que eu chame a alguém legalista, ou que alguém me diga que
o sou, é importante ter bem clara a definição.
Recordemos algo mais que é extremamente importante na Bíblia.
Todos os Dez Mandamentos formam uma unidade. Sempre me
pareceu muito interessante como adventista do sétimo dia que
precisamente, no mesmo coração dos Dez Mandamentos, Deus tenha
posto algo em honra de seu poder criador: um dia de adoração.
Assim que o fato mais tentador que o povo está inclinada a fazer às
vezes, dissecar os Dez Mandamentos e eliminar um deles,
simplesmente não funciona. Os dez formam uma unidade.
"Oh – dirá alguém – você é legalista porque está tentando chegar ao
céu tal como o fizeram os judeus. O sábado foi feito para os judeus".
Não, absolutamente; chega até a criação, e se remonta a mais de
vinte séculos antes que existisse o primeiro judeu: o pai Abraão.
Se você analisar cuidadosamente Hebreus 4, descobrirá que no
sábado, que se encontra exatamente ali no centro da lei de Deus dos Dez
Mandamentos, é realmente um dos maiores símbolos da salvação por
meio da fé em Cristo.
Sábado e descanso são sinônimos. Cristo nos oferece descanso do
trabalho de nos salvar a nós mesmos.
Paulo diz: "Porque o fim da lei é Cristo" (Rom. 10:4). Isso significa
ao menos duas coisas.
(1) Ele é o fim de meu esforço de tentar fazer algo para tirar
minha culpabilidade, a fim de que meus pecados sejam perdoados. Eu
não posso ganhar nem merecer isso.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 31
(2) E ele é o fim de meu esforço de tratar operar arduamente
em minha luta por vencer o pecado, porque ele me ofereceu descanso
também nesse nível.
A vitória, a obediência e o triunfo sobre o mal são Seus dons.
Cristo é o fim da lei para justiça por mim e o fim da lei para justiça
em mim. Cristo é o fim de tudo. E ele é um belo exemplo de Alguém
que provou esta realidade em sua própria vida.
O apóstolo Paulo nos dá a chave de como podemos nos liberar do
compromisso com a lei para nos casar melhor com Cristo. Nos primeiros
versículos de Romanos 7, ele fala de estar casados com a lei, sendo a lei
realmente o marido. Mas diz que há algo muitíssimo melhor. Vejamos se
você consegue formar parte desta parábola.
Todos respeitavam a Leinardo. (Reynaldo? Não. Leynardo,
entendido?). Em todo seu amplo círculo de relações dificilmente poderia
você encontrar a alguém que não admitisse que Leinardo em realidade
tinha tudo. Cristã estava segura que seu matrimônio era um dos que
foram feitos no céu. Ela reconhecia que Leinardo tinha muitas boas
qualidades, e sábia que, bom não que o amasse exatamente, mas sim o
respeitava grandemente. Ela estava segura que o amor viria quando
passassem mais tempo juntos.
O dia do casamento chegou, a bela música começou a soar, e Cristã
se encaminhou para o altar para fazer sua promessa de entrega total a
Leinardo. Prometeu ser fiel até que a morte os separasse; logo Cristã e
Leinardo foram declarados marido e mulher. (Casada com Leinardo,
entendido?) Mas os problemas começaram inclusive antes que
terminasse a lua-de-mel. Quando se mudaram a sua nova casa, era mais
que evidente que não gostavam das mesmas coisas absolutamente. Cristã
se tornou cada vez mais infeliz com Leinardo. Ele não era tolerante no
mais mínimo. Suas idéias estavam escritas em concreto.
Ela logo deixou inclusive de discutir com ele. Não era que ele a
forçasse a fazer as coisas assim. Mas sempre estava ali olhando-a com
atitude de recriminação, a qualquer hora que tentasse ser ela mesma.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 32
Sentiu-se cada vez mais chateada ao ser condenada constantemente. Ele
não só ajuizava seu comportamento exterior, mas também julgava seus
motivos íntimos.
Cristã provou todos os meios possíveis para agradá-lo. Dia após dia
despertava inflexivelmente decidida a conseguir que Leinardo finalmente
se sentisse à vontade com ela. Mas enquanto lutava por fazer algo
perfeito, notava que tinha descuidado outras coisas. E houve ocasiões em
que todos seus melhores esforços terminaram em desastre. Parecia que
quanto mais duramente se esforçava, mais enganos cometia.
Às vezes Cristã se desanimava tanto que adotava uma atitude de às
favas com tudo, e passava o dia temerariamente, fazendo o que gostava.
Achava um prazer perverso deixar atiradas roupas sobre o piso e pratos
sujos na máquina de lavar pratos, enquanto empregava todo o tempo
vendo televisão e comendo chocolate e batatinhas fritas a mãos cheias.
Mas nada mudou. Além do aumento de peso, a única coisa que Cristã
conseguiu – embora experimentasse diversos enfoques – foi um
crescente peso de consciência de quão longe tinha ficado do ideal de
Leinardo. Sempre sentia seus olhos fixos nela, julgando-a, acusando-a e
condenando-a constantemente.
Uma noite, enquanto estava deitada tranqüilamente junto a ele na
cama, sentiu que já não podia suportar aquela vida, nessa forma, nem
sequer um dia mais. Leinardo, que parecia tão digno de respeito e honra
em seu casamento, agora parecia horrível e odioso. Nunca podia agradá-
lo! Era inútil tentar fazê-lo. Não havia forma de cumprir, nem sequer por
um dia, muito menos durante toda a vida, o que tinha prometido. Se tão-
somente pudesse casar-se com outra pessoa, alguém que a aprovasse e a
amasse tal como era. Mas as palavras "até que a morte os separe"
ressonavam em sua mente.
De repente teve uma idéia brilhante. Leinardo dormia junto dela
tranqüilamente. Se pudesse dar algum jeito para..., mas como? Logo
compreendeu que era impossível para ela matá-lo. Não era forte o
suficientemente. Se não podia matá-lo a ele, possivelmente podia matar-
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 33
se a si mesmo. De todas maneiras, do que servia aquela vida, se tinha
que vivê-la assim? Mas para sua desgraça, não tinha a força nem a
coragem necessária para tirar a própria vida. E entretanto, não podia
continuar assim nem mais um minuto. Se tão-somente pudesse morrer e
ressuscitar para começar de novo! Se tão somente pudesse começar de
novo!
Afundada no desespero, e compreendendo que não havia nada mais
que pudesse fazer para ajudar-se a si mesma, clamou: "Meu deus, se
houver algo que se possa fazer para me salvar deste horrível pesadelo,
faze-o, por favor; terás que fazê-lo tudo sozinho". Pela primeira vez, em
muitos anos sentiu paz em seu coração e dormiu.
Cristã despertou muito cedo ao dia seguinte. Leinardo estava ali
ainda, aparentemente. E entretanto, tudo parecia ser, de algum modo,
diferente. Possivelmente o que estava junto a ela era o irmão gêmeo do
Leynardo. A ternura em seus olhos e as belas linhas de seu rosto falavam
da luta pela qual tinha passado. E havia cicatrizes em suas mãos, as
quais, por alguma razão, não tinha notado antes. Em vez de lançar-se
para a cozinha, começou o dia tomando tempo para ficar em contato com
Leinardo. Mais tarde, esse mesmo dia, repentinamente, notou que estava
cantando enquanto fazia o trabalho da casa e lustrava a baixela de prata.
À medida que os dias transcorriam, Cristã passava mais tempo
tratando de conhecer esta pessoa. Quase não podia esperar a seguinte
oportunidade para passar um tempo especial a sós com ele, porque agora
sentia que ele a amava exatamente como era e a aceitava mesmo que
cometia enganos. E de algum modo, quanto mais amor e aceitação
sentia, menos se preocupava a respeito de suas ações, e menos enganos
cometia. As demandas de Leinardo já não pareciam tão irrazoáveis como
lhe tinham parecido antes.
Então um dia, compreendeu tudo. Toda sua relação tinha mudado.
Não só encontrava ela agradar em agradá-lo, mas também seus próprios
interesses e inclinações estavam mudando. Ela agora estava começando
a amar as coisas que ele amava. Anteriormente tinha pensado que só se
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 34
Leynardo morresse, ela poderia encontrar paz. Mas, que surpresa, era
Cristã a que realmente tinha morrido e ressuscitado para caminhar com
Leinardo em novidade de vida.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 35
SUA CONDUTA DEVE RESPALDAR SUA CRENÇA

M artinho Lutero deveria ter prestado mais atenção ao apóstolo


Tiago. O apóstolo disse em essência: "Não apenas falem de fé,
provem-no por suas ações". "Que suas palavras estejam validadas por
seus feitos". "Os atos são mais eloqüentes que as palavras".
Quero escrever a respeito das boas obras na vida cristã, embora
receio que este tema seja muito espinhoso. Deveríamos tratá-lo
realmente? O que passou com as normas pessoais e eclesiásticas?
Espera-se que deveríamos ter normas?
Na versão popular da salvação pela fé, com sua ênfase no amor de
Deus, o perdão e a aceitação, existe uma tendência a dirigir estes termos
ao redor de lemas semelhantes. Mas algo muito significativo foi escrito
faz muitos anos para nossa igreja:
"A justiça de Cristo não é uma capa para encobrir pecados não
confessados e não abandonados; é um princípio de vida que transforma o
caráter e rege a conduta." (O Desejado de Todas as Nações, pág. 555).
A justificação pela fé, se for real, não me fará menos cristão, e sim
um cristão muito melhor. Não me fará menos interessado em uma
obediência genuína e nas boas obras, e sim mais interessado nelas. Não
me fará menos adventista. Se realmente entender tudo o que ela
significa, me fará um melhor adventista.
De modo que em nossa atmosfera atual de simplesmente converter a
salvação pela fé e o amor, o perdão e a aceitação de Deus em pouco mais
que slogans, devemos lhe dar o lugar correto e o valor que corresponde
às boas obras.
Antes de entrar mais no assunto de normas e ética, precisamos tratar
o assunto das obras na vida cristã.
Os concílios que estudaram o tema da fé e as obras se reuniram
uma vez ou outra ao longo da história da igreja cristã. Alguns dividiram
igrejas pela metade. Em conseqüência, seria mais cômodo ignorar ou
esquecer este tema. Mas sabendo o que a Escritura ensina com relação à
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 36
fé e as obras, é vital entender o que Deus espera de nossas relações com
o Senhor.
Em primeiro lugar, existe alguma dúvida de que o tema das boas
obras é exposto nas Escrituras junto com o da fé?
No famoso texto do Efésios 2:8 e 9, que usamos uma vez ou outra
como apoio à salvação unicamente pela fé, lemos: "Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras,
para que ninguém se glorie." Mas às vezes não lemos como a mesma
passagem segue dizendo que fomos criados para boas obras.
Gálatas 2:16 diz: "Sabendo, contudo, que o homem não é
justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus."
Entretanto, o apóstolo Paulo acrescenta em Romanos 3:31: "
Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma!"
A Bíblia nos diz em Tito 2:14 que Jesus "a si mesmo se deu por
nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo,
um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras."
2 Timóteo 3:16, 17 esclarece: "Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra." (a ênfase é nossa).
Além disso (Efés. 2:10): "Pois somos feitura dele, criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas."
Portanto, se você procurar na Bíblia, verá que o tema das obras
aparece nela uma e outra vez.
Eu o comprovei em meu computador (lê toda a Bíblia em três
segundos), e havia 120 textos que se relacionam diretamente com as
boas obras. Descobri que na Escritura se descrevem boas e más obras.
Também há boa e má gente descritos na Bíblia. De modo que talvez
poderíamos dividir as pessoas e suas obras nestas quatro categorias:
É possível que a pessoa má faça más obras? É obvio.
É possível que a pessoa boa faça más obras? Sim.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 37
É possível que a pessoa má faça boas obras? Naturalmente.
É possível que a pessoa boa faça boas obras? Certamente.

Bem, agora que já dividimos o tema claramente, em que grupo


gostaria de estar? O que dizer das más obras feitas por más pessoas?
Quem vem à sua mente quando você lê esta pergunta? Pensa nas pessoas
que crucificaram a Jesus? Quem eram eles? Boas ou más pessoas?
"Não há justo, nem sequer um" (Rom. 3:10). Muito bem, foram más
pessoas, não é verdade? Isto, é obvio, leva-nos à pergunta: Que
elementos fazem de você uma pessoa má ou boa? Não é o que você faz o
que o converte em pessoa boa ou má?
Imagine a Judas traindo a Jesus. Era uma má pessoa, fazia más
obras, ao menos nesse momento de sua vida. Mas anteriormente, durante
muito tempo deu a impressão de ser uma boa pessoa. De fato, ao que
parece, expulsava demônios, curava doentes, purificava leprosos, e
ressuscitava mortos, como os outros apóstolos. De modo que deve ter
estado atuando segundo o que Deus considera bom, durante esse tempo.
Mas logo mudou de conduta.
O que diremos das más obras realizadas pelas boas pessoas? Temos
exemplos disso na Escritura? Penso em Pedro. Era Pedro uma boa
pessoa? Neste contexto, sim, Pedro era uma boa pessoa. Dê- uma olhada
ao contexto imediato do dia anterior à morte de Jesus. Acabavam de
terminar a famosa Última Ceia no aposento superior, e Jesus lhes havia
dito: "Vós estais limpos." (João 13:10). Estavam limpos por meio da
palavra que Ele lhes tinha falado. Cristo lhes tinha dado as boas novas do
perdão e a limpeza do pecado.
Mas muito poucas horas mais tarde, Pedro brandia sua espada ao
tratar de cortar as orelhas das pessoas (pelo menos a uma). Foi má aquela
ação realizada por uma pessoa boa? Pergunte ao servo do sumo
sacerdote e saberá quão má foi.
Eu imagino que estaria mais que disposto a admitir que foi uma má
ação. Sem dúvida lhe produziu muita dor. Mas foi realizada por uma boa
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 38
pessoa. No que consistiu o mal daquela ação? O fato em si, ou as razões
que o impulsionaram a fazê-lo: tomar as coisas em suas próprias mãos,
depender completamente de si mesmo em vez de confiar em Deus!
Jesus disse: "Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o
cálice que o Pai me deu? ... Se o meu reino fosse deste mundo, os meus
ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos
judeus." (Juan 18:11, 36). Mas seu reino não é deste mundo. De modo
que o mal a respeito de Pedro não radicava necessariamente no fato,
embora o servo do supremo sacerdote não estaria muito de acordo. O
caso é que ele estava tratando de fazer as coisas por si mesmo. Este é o
verdadeiro problema no assunto do pecado.
Mas Pedro ainda continuava sendo uma boa pessoa. Os discípulos
eram bons de acordo com a declaração de Jesus: "Vós estais limpos."
Eles eram bons por causa de Sua justiça. Mas fizeram algumas coisas
más durante o tempo em que andaram com Jesus. Portanto, que fatores
fazem má a uma pessoa?
Houve um homem na Filadélfia que foi detido porque roubou
pão para dar de comer à sua família. No tribunal, as evidências
mostraram que era um bom homem, que tentava ajudar a sua família,
mas que tinha cometido uma má ação. O juiz reconheceu o delito e o
multou por sua falta. Entretanto, imediatamente suspendeu a sentença
e passou o chapéu pela sala do tribunal pedindo a cada um que
contribuísse com um donativo como castigo por viver em uma cidade
onde um homem tinha que roubar pão para dar de comer à sua família.
Logo entregou ao homem o dinheiro arrecadado.
O juiz deve ter atuado de um modo um tanto similar à forma como
Deus atua. Ou não? Sempre, sempre é mau roubar? Não importa a razão
que se tenha? Este é o escabroso tema que temos que considerar aqui.
Você não pode falar do que é correto e errôneo, a respeito dos atos bons
e maus, a menos que comprometa a questão da moralidade, incluindo a
nova moralidade.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 39
Parece-lhe familiar a nova moralidade? É a assim chamada ética
situacional, cuja posição estabelece que está bem fazer más coisas
sempre e quando as fizer por boas razões.
Ou, concorda você com o tipo de pregação que escutei desde
menino, que acostumava dizer, forte, claro e bom som: "Sempre, sempre
é errôneo roubar; sempre é equivocado mentir ou fraudar ou matar"? E
é assim tão simples? Precisamos explorar algumas destas áreas quando
tocamos o tema do correto, o errôneo e os julgamentos morais.
É possível que a pessoa má realize boas obras? Imediatamente
pensamos no Mateus 7:21, 22, onde está registrado o que Jesus disse:
" Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu
nome não fizemos muitos milagres?"
E no versículo 23, acrescentou: " Então, lhes direi explicitamente:
nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade."
Quer dizer que profetizar no nome do Jesus é praticar
iniqüidade? É iniqüidade expulsar demônios? Fazer muitas obras
maravilhosas é mau? Que foi o que tornou más as ações destas pessoas?
Estas passagens enfocam algo que é crucial. Visto que nascemos
maus, a única forma em que alguma vez possamos experimentar alguma
bondade é por meio do Jesus. Assim, o que faz más as pessoas é viver
separados de Cristo, não importa o que façam. E o que faz boa as
pessoas é viver em estreita relação com ele, sem import... Sem imp...
Sem... Tem-me sido extremamente difícil chegar até aqui, porque
alguém poderia me interpretar mal...
Sem importar o que fizerem? Você sempre julga as pessoas, em
termos de maus e bons, por suas ações somente? Ou você os vê,
repitamo-lo, através dos lentes da relação?
Certa vez tomei a posição de que as boas obras feitas separadas de
Cristo são más obras. Mas me criticaram duramente. O povo alegava:
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 40
"Você não pode dizer isso! As boas obras feitas separadas de Cristo não
são más ações, visto que as obras por si mesmas são boas".
De modo que mudei minha posição. As boas obras feitas
separadas de Cristo são más, ponto. Não é que sejam más obras, mas
são más.
Por que são más? Mencionemos duas razões que aparecem no
Mateus 7:22.
Em primeiro lugar, estas pessoas pretendiam: "Não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em
teu nome não fizemos muitos milagres?" Mas nunca tinham conhecido
o Jesus. De modo que, em essência, eram mentirosos. Pretender fazer
boas obras no nome de Cristo, sem conhecê-lo, converte-o num
mentiroso. Tudo é simples e pura mentira.
A única pessoa que atua realmente no nome do Jesus é a que
está em relação vital com ele. Fora disso, pretender ser cristão,
pretender atuar em seu nome, é uma pretensão e uma mentira. Assim que
isto é p primeiro ponto que os faz culpados de iniqüidade.
O segundo problema foi que estas pessoas tinham cansado na
armadilha de pensar que foram ao céu porque profetizaram e
expulsaram demônios e tinham feito muitos milagres. O problema da
salvação por obras, novamente. Foi um problema da igreja durante muito
tempo. Pensar que eu posso, em qualquer forma, me salvar a mim
mesmo, inclusive em dez por cento, é uma mentira e é iniqüidade.
Paulo diz que não somos salvos por obras; se fôssemos, então
teríamos algumas razões para nos gloriarmos. Já parou alguma vez a
considerar algumas coisas das quais nos gabamos?
Inclusive no marco da igreja cristã, podemos comprovar que
estamos vivendo separados de Deus. Uma das primeiras evidências que
assim o demonstram é a constante elevação do eu até as nuvens. Paulo
diz (estou parafraseando-o. Veja-se Rom. 2:17-23.): Se em algo tenho
que me gloriar, então melhor me gloriarei ante pessoas que crêem na
salvação pelas obras. Se tiver que conseguir algum crédito, e se quero
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 41
dar algum crédito, então seria melhor que me assegurasse de que estou
falando com pessoas que crêem no sistema do mérito. De outra maneira,
não me agradecerão isso. Mas no que a Deus se refere, não temos nada
do que nos glorificar. E quanto mais me aproximo de Jesus, mais
pequeno me faço aos pés da cruz. Ajoelhar-me com fé e humildade ao pé
da cruz é o plano mais elevado que jamais poderei alcançar.
De modo que Paulo o esclarece muito bem; não há lugar para
glorificar-se. "Oh, mas eu expulsei demônios." Mas, você tem certeza?
Você sabe bem, se eu fosse o diabo e tivesse lido na Bíblia o que Jesus
disse, que Satanás não pode expulsar Satanás, eu me especializaria
nisso. Diria que isso me protege. Posso fazer isso!
Eu não acredito que o diabo possa expulsar o diabo, mas creio que o
diabo sabe como aparentar que ele expulsa demônios.
Eu suponho que você ouviu falar sobre o ministério de libertação.
Estou orando para que Deus continue nos protegendo de dito ministério,
porque este, pela forma em que surgiu nas igrejas evangélicas, e o modo
como tratou que penetrar em nossa denominação, não é expulsar
demônios absolutamente. Simplesmente assim pareceu ser por um
tempo. E Satanás se sente muito feliz aparentando expulsar demônios, e
pondo algo pior no procedimento.
Assim, expulsar demônios, até se fosse real, não me dá lugar para
que eu me glorifique. Em realidade a estas alturas já deveria saber que os
demônios são muito superiores a mim, e que quem quer que os expulse
de verdade, é maior que eu, e não pode ser outro que o Senhor Jesus em
pessoa.
E o que dizer quanto a profetizar? É bom fazê-lo?
Recentemente escutei que a igreja adventista na França excluiu a
um assim chamado profeta que estava enviando mensagens. Após ter
considerado longamente o assunto, e depois de analisar os frutos e as
mensagens, a igreja ali adotou uma atitude muito pessimista com
respeito a alguém que pretenda ser profeta.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 42
Houve uma assim chamada profetisa que se mudou da Flórida ao
Oregon faz vários anos. Eu escutei alguns dos toca-fitas de suas
profecias, supostamente anunciadas em nome do Jesus. Mas depois de
certo tempo um é capaz de captar indícios de falsidade no que esta gente
se aprecia em dizer e ser, alegando que as suas são manifestações do
dom de profecia. E quando alguém começa a falar de sua obra e a
advertir a respeito de seu êxito, imediatamente chega a ser questionado.
Ou não? Fazer boas obras, é mau? Não, não se as obras são realmente
boas. Mas se eu procurar crédito por elas, isso as torna más.
Desejemos ser pessoas com o tipo de mentalidade que quer fazer
boas obras porque temos descoberto a Boa Pessoa. E se você analisar,
penso que descobrirá que para a pessoa realmente boa, a que conhece
o Jesus como seu Salvador pessoal, as boas obras surgirão
espontaneamente. Estas não são calculadas, tampouco deliberadas. Não
são pessoas que dizem, quando alguém vem buscar ajuda, "espere até
termos uma multidão na tenda ou no auditório", ou, "espere até que as
câmaras de televisão estejam aqui."
São o tipo de pessoas que atuam como Jesus atuou. Quando fazia
uma boa obra, inclusive ressuscitar a um morto, desaparecia pouco
tempo depois. Nunca procurava o louvor e a honra. Queria que toda a
glória e toda a honra fossem dados só ao Pai. Não gostaria que Deus lhe
ajudasse a ser uma boa pessoa, por causa da bondade do Jesus? E para
que suas boas obras surjam como resultado natural e espontâneo?
Faz anos, quando era estudante universitário, assisti a uma
conferência bíblica na Igreja do Sligo, em Takoma Park, Maryland, na
qual H. M. S. Richards deu o sermão devocional. Nunca esquecerei seu
texto. Começou a ler em Atos (11:24), a respeito do Barnabé, de quem se
dizia que "era varão bom, e cheio do Espírito Santo e de fé. E uma
grande multidão foi acrescentada ao Senhor."
O pregador simplesmente comentou alguns assuntos singelos a
respeito desse texto. "Vocês sabem – disse – quando eu morrer, espero
que as pessoas não me recordem como o pregador dos programas radiais
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 43
nem por qualquer grandeza". Logo acrescentou: "Eu gostaria de ser
recordado como um bom homem. Espero que em minha família, quando
pensarem em mim, vejam-me como um bom homem". Talvez essa não é
uma ambição egoísta, ser um bom homem, uma boa mulher, uma boa
pessoa cheia do Espírito Santo. E se isso ocorrer, "muitas pessoas" vão
ser acrescentadas ao Senhor.
A Bíblia fala a respeito das obras da lei e as obras da fé. Estas duas
designações são muito claras. Algumas vezes se mostram como más
obras vs boas obras, ou obras mortas vs obra vivas. Mas as etiquetas
básicas são obras da lei e obras da fé.
Eu suponho, em um sentido, que podemos dizer que as obras da lei
são aquelas que tratamos de fazer para nos salvar. E o apóstolo Paulo diz
que estas são obras mortas.
Eu gostaria de defini-las assim: as obras da lei são qualquer obra
feita separada de uma relação de fé com Cristo. E são obras mortas.
São inúteis quanto a tudo o que a Deus se refere.
As obras de fé são as boas obras feitas no marco de uma relação
com Cristo. Neste sentido, a pessoa que está nessa relação algumas
vezes faz boas obras e algumas vezes as faz más. E a pessoa que está
fora dessa relação algumas vezes faz boas obras e outras as faz más. Mas
a medula do assunto é estar em Cristo ou fora de Cristo.
A Bíblia também explica o PROPÓSITO DAS BOAS OBRAS na vida do
cristão. E resulta bastante clara neste ponto: as boas obras nunca têm o
propósito de nos salvar para o céu.
A. T. Jones ficou de pé e disse assim na década de 1890: "As obras
não contam para nada". E foi reprovado por sua forte declaração. Dizer
que as obras não têm nada que ver com a salvação é errôneo. Eu gostaria
de acrescentar uma palavra em um intento por corrigir essa frase.
Nossas boas obras não têm nada que ver para obter nossa salvação.
Mas têm algo que fazer em relação com a salvação. E aqui está a
razão. As boas obras são sempre o resultado da fé genuína em Cristo.
E o propósito das boas obras é glorificar a Deus.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 44
"Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus"
(Mat. 5:16). E precisamente é a pessoa salva a que quer glorificar a
Deus. Se não tiverem a menor inclinação por glorificar a Deus, é
suficiente evidencia de que ainda não foram salvos. As duas andam
juntas.
E este, claramente, é o tema de Tiago. O apóstolo esclarece que a fé
e as obras andam juntas, como o amor e o casamento; e "o amor e o
casamento andam juntos, como o cavalo e a carruagem" (é uma canção
popular norte-americana dos anos quarenta). Acredito que a ilustração já
não se aplica muito bem ao casamento e o amor. E, depois de tudo, não
vi muitos cavalos e carruagens ultimamente. Tentei imaginar alguma
outra ilustração a respeito de duas coisas que sempre andam juntas. O
trovão e o relâmpago, possivelmente (mas quanto mais perto estão,
piores são, você sabe).
O trovão e o relâmpago nem sempre andam juntos. De modo que
alguém saiu com uma melhor ilustração. A sombra e a luz do sol. Exceto
para as pessoas que vive em Seattle (ali quase sempre está chovendo e
faz frio). Quando são perguntados o que fazem no verão, o povo de
Seattle responde: "Bom, quando cai no domingo, vamos pescar".
Portanto, talvez devamos mudar a ilustração simplesmente pela luz e a
sombra. Elas sempre andam juntas.
A fé e as obras andam juntas, segundo Santiago. Você não pode as
separar. A fé genuína produzirá obras genuínas. Possivelmente por isso a
Bíblia diz que seremos julgados e recompensados por nossas obras. Deus
não se propunha dar a impressão, mediante seus profetas e seus
escritores sagrados, de que podemos ser salvos em algum sentido por
nossas obras.
Mas se fé e obras sempre andam juntas, nunca separadas e nunca
sozinhas, então, se você disser que somos salvos pelas obras, o que
está querendo dizer em realidade é que somos salvos por fé. Além
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 45
disso, é obvio, Deus é capaz de nos julgar e nos recompensar de acordo
com nossas obras, porque ele conhece os motivos que estão atrás delas.
Um serviço fúnebre que celebrei certa vez ocorreu junto à tumba de
um dos membros da banda de motociclistas "Los Angeles do inferno". A
lápide de sua tumba luzia orgulhosamente estas palavras: "Para sempre
rebelde". Que epitáfio! Eu me enchi de ira imediatamente. Queria me
afastar imediatamente daquela tumba, daquele epitáfio e de todo aquele
assunto. Quem quereria gritar acima de tudo o mundo as palavras "Para
sempre rebelde"? Logo comecei a pensar, só Deus sabe o que o fez ser
assim. Quando nossos jovens se rebelam contra a igreja por ter ouvido
muita justiça pelas obras da lei, só Deus conhece seus corações e pode
julgá-los. Não se sente você tranqüilo ao saber que o assunto estará em
melhores mãos que as nossas quando chegar o momento de julgar as
ações das pessoas?
Santiago colocou muito claro que se você realmente tiver fé, o
vai demonstrar fazendo que suas palavras sejam justificadas por
seus feitos. Santiago não fala a respeito de causas de nossa salvação,
como o faz Paulo. Este é um ponto que com freqüência não captamos.
Santiago está falando a respeito de como saber se uma pessoa tem
fé genuína ou não. E como pode você discerni-lo? Se uma pessoa tiver
fé genuína, está interessada nas boas obras, mas nas boas obras de Deus,
não nas suas próprias.
É alentador saber que as obras de Deus podem chegar a ser minhas
obras. Escute estes interessantes pensamentos:
"Senhor, concede-nos a paz, porque todas as nossas obras tu as
fazes por nós." (Isa. 26:12).
" porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade." (Fil. 2:13).
"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus,
nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna
aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade,
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 46
operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem
seja a glória para todo o sempre. Amém!" (Heb. 13:20, 21).

Eu estou interessado nas boas obras, as de Deus! Você não?


Oremos e estudemos, enquanto a igreja luta com este problema, para que
terminemos em lemas a respeito da salvação que nos induzem a fugir das
boas obras. Melhor que isso, procuremos a verdadeira salvação através
da fé, o amor, o perdão e a aceitação, incluindo as obras de Deus que
sempre os acompanham.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 47
BRANCO, PRETO OU CINZA (Primeira Parte)

N ão gosto das gravatas, mas me tiram de apuro quando tenho que


pendurar o microfone para falar na igreja. Algumas vezes me
levanto nas manhãs antes de minha esposa; mais tarde, quando volto
para casa, ela olha as cores contrastantes da gravata que escolhi, e diz:
"Não me diga que colocou isso! Ou não?" E tenho que confessar que sim
coloquei isso. Mas uso gravata na igreja só porque não quero ofender a
ninguém. Há algumas pessoas que poderiam ofender-se e ter um
conceito errôneo de mim se pregasse sem minha gravata, correto?
Quando chegamos ao assunto de uma obediência verdadeira, como
decidimos entre o correto e o errôneo? Como estabelecemos as normas
da igreja e a ética pessoal?
Ao ler o título "Negro, branco ou cinza", espero que você não
suponha que contém nenhuma ênfase racial. Escolhi-o de propósito,
porque a maioria de nós estamos familiarizados com a área negra, fazer
algo errôneo por motivos errôneos (como matar seis milhões de judeus
por diversão, ou porque os odeio), ou a área branca, fazer as coisas
corretas por razões corretas (como ir à igreja porque amamos a Deus).
Mas a área cinza nos confunde. Inclusive tentar decidir quais áreas
são cinzas resulta difícil. Possivelmente podemos começar dizendo que
as áreas cinzas seriam fazer o correto por razões equivocadas ou fazer
coisas boas por razões equivocadas. Mas em uma área cinza, que
métodos utiliza você para decidir o que é correto e o que é errôneo?
Eu notei, por estudo e experiência pessoal e casos históricos, que o
diabo gosta das áreas cinzas. Nunca leva às pessoas da zona branca à
negra de um grande salto. Leva-os através da zona cinza, verdade?
Ninguém se converte de um bebê inocente a um assassino sanguinário da
noite para o dia. O caminho descendente que o diabo gosta de utilizar é
sempre gradual. E esses passos descendentes passam, em general,
através de uma área cinza. Não deveríamos ver nada errôneo no passo
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 48
um, exceto que conduz ao passo dois, e com muita freqüência nem
sequer o notamos, a menos que olhemos para trás.
Comecemos com a questão da ética e as normas pessoais.
Possivelmente então poderíamos compreender melhor como dirigir a
ética e as normas da igreja.
As pessoas estão acostumadas a decidir o que é correto e o que é
errôneo de diversas maneiras.
Possivelmente uma das mais antigas seja: "Oh, fiquemos no centro
da linha". Um dos maiores problemas da igreja cristã de hoje é o grande
número de moderados que militam na linha do centro, que não podem
deixar sua cruz porque nunca a tomaram. Na igreja, conhecida no
Apocalipse como Laodicea (mornidão), o centro da linha poderia ser um
dos lugares errôneos pelo qual andar. Ou não? Na igreja morna (e é
possível que a maioria de nós, de acordo com a profecia, estejamos nessa
igreja antes da volta de Jesus), o lugar correto do caminho não deveria
ser o ponto médio.
Algumas pessoas dizem: "Uma forma de decidir o que é correto e o
que é errôneo é fazer sempre o que Jesus faria". Mas nossa
compreensão do que Jesus faria está fortemente influenciada por nossa
própria experiência, nosso marco de referência e nossa cultura. Existe
uma diversidade de idéias quanto ao que Jesus faria.
Conheço cristãos conservadores que pensam que é mau jogar bola
de boliche e o bilhar. E conheço outros cristãos que aparentemente estão
tão interessados em Cristo como outros, que pensam que ambos os jogos
estão perfeitamente bem. Muito depende da forma em que você foi
criado. De modo que, fazer-se simplesmente a pergunta, "o que faria
Cristo?", poderia não ser suficiente.
Também temos pessoas que escrevem cartas à Revista Adventista
perguntando se está bem assar batatas no forno durante o sábado. Eu,
como pastor, recebi chamadas telefônicas dos membros que procuram
respostas a este tipo de perguntas. Sempre passei momentos difíceis ao
tentar respondê-las, e sempre termino dizendo: "De joelhos, meu amigo,
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 49
de joelhos, e vá à sua câmara secreta!" Obter respostas dos escritórios
gerais da igreja é típico de uma das igrejas maiores do mundo, que é
conhecida por não ter ensinado a seus membros a pensar. Mas inclusive
nessa gigantesca igreja houve mudanças em anos recentes e se está
animando as pessoas a pensar (graças a Deus por isso!).
Outro enfoque para decidir o que é correto e o que é errôneo
propõe: "O que fazem os demais? O que faz a maioria?" Eu espero que
entendamos quão ingênua é essa atitude.
Certa vez ia eu dirigindo meu automóvel pela estrada da auto-
estrada de Ohio, cujos sulcos estavam nitidamente divididos, quando a
linha do centro entre os dois sulcos de meu lado estava sendo pintada.
Havia sinais que diziam, "Não passe!"
Finalmente me cansei de ir dirigindo atrás de alguém que não tinha
pressa. Assim, quando o carro que ia imediatamente à minha frente saiu
da fila e passou (manchando seus aros de pintura branca), eu também me
saí e passei. E o mesmo fez o oficial da polícia de caminhos que vinha
atrás de mim. Logo aconteceu com os dois. Depois de pôr uma multa ao
homem que ia à minha frente, perguntou-me: "Por que passou você
também?" Eu respondi: "Porque o que ia diante na minha frente o fez".
Ele me replicou: "Se ele saltasse da ponte do Brooklyn, você o faria
também?" E eu compreendi, sobre a auto-estrada de Ohio, quão néscio é
fazer algo simplesmente porque outros o fazem.
Assim, qual é seu método para decidir entre o correto e o errôneo,
particularmente quando chega a uma área cinza? Como decide você as
normas pessoais, especialmente em áreas como a música, o
entretenimento, os livros, a TV, a moda e a aparência?
As normas que sustenta a igreja cristã surgiram no século
passado, e muita gente se deleita em voltar-se contra elas. De fato, como
quase tudo o que ouvimos a respeito delas é negativo, pensei que
possivelmente seria bom lhes jogar uma olhada pelo lado positivo.
Quero falar em favor da ética pessoal e as normas cristãs e
possivelmente inclusive das normas da igreja.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 50
Na Bíblia achamos um texto que trata do assunto:
"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar
o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não procede do Pai, mas procede do mundo." (1 Juan 2:15, 16).
"Não ameis o mundo, nem as coisas que há no mundo". É um bom
princípio. Mas se eu vivesse na Pensilvânia na atualidade, e inclusive em
certas partes de Iowa e Missouri, pensaria que está fora de lugar ter um
automóvel e inclusive andaria pela estrada com minha Calhambeque
puxado por cavalos. Por que? Porque algumas dessas comunidades
consideram que é mundano ter um automóvel.
Eu tive um amigo que pensava que era extravagante ter um relógio.
"Isso é do mundo", disse. De modo que, uma vez mais, seus pontos de
vista quanto ao correto e o errôneo são o resultado da influência de seu
passado, sua idiossincrasia e sua maneira de pensar.
Como definiria você "o mundo"?
Muitas vezes ouvimos algumas pessoas dizerem: "Deus nos deu
mentes para pensar. por que não usamos o cérebro que nos deu?"
Quando consideramos este enfoque, vamos até o Jardim do Éden,
onde a serpente disse à mulher da árvore: Vamos, coma. Pode chegar a
ser como Deus, conhecendo o bem e o mal (veja-se Gên. 3:4, 5). Talvez
uma aplicação dessa velha história calce dentro do quadro aqui.
Pensa você seriamente que é um deus e que pode decidir entre o
bem e o mal só com a ajuda de seu pensamento, só usando sua própria
lógica e sua própria razão? Ou, não é uma dolorosa realidade que quase
toda nossa lógica e nossa razão só podem relacionar-se com ações
externas? Eis aí o problema. A Bíblia diz que o homem olha a aparência,
o exterior, mas Deus olha – onde? – ao coração (veja-se 1 Sam. 16:7).
Provérbios nos diz que é extremamente importante considerar o
assunto do coração. E quando a Bíblia fala do coração, refere-se à mente,
os motivos íntimos e os propósitos. "Sobre toda coisa guardada, guarda o
teu coração; porque dele emana a vida" (Prov. 4:23). E Jesus esclareceu
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 51
muito bem os fariseus, que estavam muito preocupados em parecer
imaculados no exterior, que isso é comparativamente insignificante se
considerarmos o interior.
Possivelmente uma das melhores formas de compreender a área
cinza, e a razão pela qual fazemos ou deixamos de fazer algo, seria
examinar o interior. Mas quem pode fazer isto? A Bíblia diz: "Enganoso
é o coração mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"
(Jer. 17:9). Assim, somos capazes de entender por que fazemos o que
fazemos? Obviamente, Deus não só olhe o que fazemos; ele olhe por que
fazemos o que fazemos. E estas são boas novas.
Não acredita que valeria a pena lhe pedir que nos ajude a
compreender por que fazemos o que fazemos? Este poderia ser o fator
decisivo para determinar se um assunto é branco ou negro ao nos
aproximar da zona cinza.
Outra pauta que me ajuda em termos de minha relação com a
comunidade cristã a encontro em 1 Tessalonicenses 5:22, onde Paulo
exorta a igreja cristã: "Abstende-vos de toda forma de mal." Ao que
parece, há algumas coisas que não são más, mas que parecem más. E
ele diz, evitem-nas! Uma vez mais, estou falando de princípios, não de
generalidades, porque estou muito consciente de que os detalhes podem
polarizar a audiência cristã como nenhuma outra coisa. Assim que um
bom princípio para recordar é este: evite a aparência do mal.
Outro princípio que compromete o cristão dentro da comunidade
cristã é a influência. Três referências bíblicas tratam esta questão
claramente.
Em Romanos 14, começando com o versículo 7, Paulo estabelece
que uma das melhores forma de decidir entre o correto e o errôneo,
particularmente em assuntos nos que não temos um capítulo ou um
versículo que o trate, é a forma em que influirá sobre outros: " Porque
nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si."
Logo no versículo 10 adiciona: "Tu, porém, por que julgas teu
irmão? E tu, por que desprezas o teu? "
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 52
E o versículo 12 reza: "Assim, pois, cada um de nós dará contas de
si mesmo a Deus." É algo que faríamos muito bem em recordar.
O versículo 13 acrescenta: "Não nos julguemos mais uns aos
outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou
escândalo ao vosso irmão."
O versículo 16: "Não seja, pois, vituperado o vosso bem." De
maneira que algo que poderia ser bom para mim poderia ser mau para
outro.
E logo insere este principio no versículo 21: " É bom não comer
carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu
irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer."
Em uma discussão sobre este versículo que se suscitou em uma
igreja, alguém disse: "Então nem sequer sairia de minha cama na
manhã". Mas outra pessoa, apoiando-se nisso, repôs: "Se ficar na cama,
isso poderia ser motivo de tropeço a outra pessoa também. Assim não
pode ganhar em nenhum sentido".
Pois bem, em algum lugar do processo tem que haver algum
pensamento santificado no qual Deus brinde Sua ajuda à nossa lógica.
Mas a influência é um princípio que se considera claramente nos escritos
do Paulo.
Vejamos a segunda passagem, onde o apóstolo trata a mesma
questão.
"Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a
ser tropeço para os fracos. Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de
saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco
induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? E assim, por causa
do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. E deste modo,
pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra
Cristo que pecais. E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão,
nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo." (1 Cor.
8:9-13).
O marco destes capítulos se encontra, é obvio, nos dias de Paulo.
Os pagãos dedicavam a comida, não só a carne, mas também toda a
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 53
comida, aos ídolos. Assim, quando foram ao mercado (e às vezes os
mercados se conhecem como "matadouros"), podiam comprar comida
que já tinha sido dedicada aos ídolos, e assim tinham uma vantagem na
preparação do almoço. Em conseqüência, alguns cristãos compravam
comida que já tinha sido sacrificada aos ídolos, e outros começavam a
discutir se era correto ou incorreto comê-la. Paulo disse em essência:
"Que absurdo! A comida oferecida aos ídolos não significa nada. A
Quem se importa se tenha sido sacrificada aos ídolos? Mas se algum se
ofende por isso, então não a coma".
E logo disse algo mais, muito interessante, que soa algo assim como
se falasse com duplo sentido.
Encontra-se em 1 Coríntios 10:23, 24: "Todas as coisas são lícitas,
mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.
Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem." É obvio,
diz isto dentro dos limites da Palavra de Deus. Algo que a Palavra de
Deus não condena é legal para mim, mas nem tudo edifica (ou não
ajuda). Que nenhum homem procure seu próprio bem, e sim cada um
procure o bem de seu irmão.
E note o que diz nos versículos 25, 28: "Comei de tudo o que se
vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência. ...
Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais,
por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência." Assim,
se alguém fosse ofender-se se você comer, então não coma. Se alguém
fosse ofender-se se você não comer, então coma, dependendo de com
quem está você.
Logo diz no versículo 32: "Não vos torneis causa de tropeço nem
para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus"
(nem sequer com sua gravata).
Ao que parece algumas coisas nada têm que ver com a moral. De
modo que não importa se você as faz ou não. Mas se convertem em
assuntos morais quando ofendem a alguém ou ocasionam a queda de
alguém.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 54
Nos dias quando as igrejas tinham pouco a dizer quanto a quem
seria seu pastor, fui transferido a uma nova igreja em Colorado e cheguei
como um completo desconhecido. Levei meu traje à tinturaria para que
estivesse preparado para o sábado e fui à reunião do meio da semana na
quarta-feira de noite. Sentei-me na fila de trás e escutei o ancião que
dirigia a reunião. Depois da reunião de oração aproximou-se de mim e
me disse:
– E quem é você?
Eu lhe respondi:
– Sou seu novo pastor.
– Me imaginei – repôs.
Quando recolhi meu traje da tinturaria, veio aderido um broche na
lapela. Ora, em general eu não uso broche na lapela, mas pensei que
parecia muito bem, assim que o deixei e preguei meu primeiro sermão de
sábado de manhã com o broche na lapela. Depois do culto me
convidaram para comer num lar, e a notícia já tinha percorrido longo
trecho. Havia um irmão naquela congregação que fez correr a voz por
todos os corredores: "Cuidado com esse pastor! Mais cedo ou mais tarde
vai deixar a fé! Vai apostatar Tem um broche na lapela!"
Quando ouvi aquele rumor, decidi pôr dois broches na lapela na
seguinte semana, ou quando menos um vermelho bem grande. Mas logo
me contive e pensei: "Um momento! Se fizer isso, então eu terei um
problema tão grande como o que ele tem agora. Porque é óbvio que tem
um problema. Supõe-se que eu sou seu pastor, e eu gostaria de lhe
ajudar. Não necessito o broche na lapela. Assim fiz a decisão de não usar
broche na lapela, ao menos não nessa igreja.
Contei esta história muitas vezes, e as pessoas me disseram depois:
" Oh, venha para cá! Não se meta com gente doente. Se eles tiverem um
problema, deixe-os com seu problema. Não fraqueje só porque alguém
tem esse tipo de mentalidade".
Mas isso não é o que Paulo diz. E aqui vem o melhor para os irmãos
cristãos. Paulo diz que se você tiver gente débil em seu meio, que pode
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 55
tropeçar por causa do que você vá fazer, então não o faça. Não diz assim
o princípio bíblico?
Bem, eu gostaria de lhes poder informar que aquele homem se
converteu de seu mau caminho e chegou a ser um líder espiritual ou algo
assim; mas lamento não poder fazê-lo. Entretanto, posso dizer-lhes que
viemos a ser bons amigos, e tivemos muitas conversações interessantes.
Senti-me feliz de ser seu pastor, do melhor modo possível, sem meu
broche.
Possivelmente seria bom considerar isto como um princípio para os
cristãos: se você pode passar sem portar algo que possa ser causa de
tropeço para alguém, então siga em frente e cruze ao outro lado. É justo
isso? Parece que isso é o que a Bíblia quer dizer.
Mas espere um momento! É lógico, e está de acordo com uma
exposição bíblica razoável, que o que faço ou deixo de fazer basta para
resolver todos os problemas? Ou há uma solução mais profunda ao
problema da área cinza? Acredito que deve haver uma melhor solução.
Isaías 30:21 diz: "E os teus ouvidos ouvirão a palavra que está por
detrás de ti, dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes
nem para a direita nem para a esquerda." (RC)
Em João 10:4, 5 Jesus diz à letra: "E as ovelhas o seguem, porque
conhecem a sua voz." (RC)
João 16:13 diz: o Espírito Santo "vos guiará a toda a verdade;
porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas que hão de vir."
Filipenses 2:13 acrescenta: "Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." (RC)
Gálatas 2:20 diz: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim". (RC)
Aqui temos algo que é muito mais significativo que simplesmente
recorrer à igreja ou escrever aos escritórios gerais pedindo respostas.
Tem que ver com uma relação com Deus por meio da qual recebemos
nossos próprios sinais. Dirigir simplesmente a questão do correto e o
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 56
errado por meio da lógica e a razão, não funciona. Tenho que saber como
receber sinais de acima.
De fato, eu gostaria de propor, sobre a base deste principio
escriturístico, que a única pessoa capaz de quando menos discutir a
questão do correto e o errôneo, já não digamos de saber o que é o correto
e o que é o errôneo, é aquela que tem uma relação vital com Jesus dia
a dia. É a única forma.

Portanto, se decidíssemos discutir a respeito de é bom ou não ver o


último filme, então deveríamos aplicar dois critérios, para tornar válida
tal discussão,:
1. Primeiro, que as pessoas que venham à discussão tenham visto o
último filme;
2. Segundo, que tenham passado suficiente tempo a sós de
joelhos, diante da Palavra de Deus diariamente. Então sim
poderíamos ter uma discussão significativa sobre o correto e o errado.
Não lhe parece?
3. Mas, ainda mais além há o exemplo de Alguém que veio numa
viagem longa e custosa para nos salvar.
A igreja primitiva costumava batizar por imersão e lavar os pés para
a Ceia do Senhor. Logo alguém disse: "Isto é inconveniente. Você se
molha e então tem que secar-se. por que então não o fazemos de modo
mais conveniente?" E foi assim como todas as coisas convenientes
surgiram. Entretanto, nunca encontrei na Escritura que devamos fazer o
que fazemos na base da conveniência. Deveríamos fazê-lo na base do
que Deus diz.
Poderia lembrá-los que não era conveniente que Jesus viesse e
morrera? Não era conveniente para Ele suar gotas de sangue no
Getsêmani. Quando olhamos a Jesus, não vemos um moderado que
sempre quer estar no termo médio, que está tentando progredir
investindo o menos possível. Nós não respeitamos essa atitude nem
sequer no campo da medicina ou da educação.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 57
Quando vou ver um médico ou um cirurgião, eu não gosto de
escolher alguém que trate de progredir com a norma mais baixa possível.
Quero a alguém que aspire o pináculo. E você?

É por isso que eu gostei de incluir a seguinte entrevista que penso


que contém dinamite: É do Caminho a Cristo, pág. 45:
"Os que se sentem constrangidos pelo amor de Deus, não
perguntam quão pouco deverão dar para satisfazer às exigências de
Deus; não indagam qual a mais baixa norma, mas aspiram à perfeita
conformidade com a vontade de seu Redentor. Com um sincero
desejo renunciam a tudo, manifestando um interesse proporcional ao
valor do objeto que buscam. Uma profissão de Cristo sem este profundo
amor, é mero palavreado, formalidade vã, pesada e desagradável tarefa."

Isso tem sentido para mim. Se entendo que nasci para viver para
sempre, e se pensar que estarei aqui só 70 anos porque Deus tem algo
melhor, então quero conhecer todos os princípios de Seu reino. E quero
que ele me guie para segui-los, em vez de tentar achar a forma de tirar o
máximo possível com o menor investimento.
Não está o leitor de acordo comigo?
Assim, por favor, tente captar por meio de sua imaginação, o quadro
dAquele que lutou no Getsêmani e que fez a decisão de seguir em frente
apesar do suor, apesar da angústia, apesar de todo sofrimento a fim de
salvar a você e a mim. E imagine você mesmo, em resposta a esse amor,
entregando-se completamente a ele.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 58
BRANCO, PRETO OU CINZA (Segunda parte)

C erta vez alguém perguntou a H. M. S. Richards: "Está certo que se


maquiem as mulheres?" Ele respondeu: "Quando o celeiro necessita
pintura, pintem-no". Embora não estou seguro exatamente o que quis
dizer com isso, eu gostaria que todas nossas respostas fossem tão
singelas como essa.
Mas as respostas raramente são assim singelas e fáceis quando
tentamos analisar a questão: AS NORMAS DA IGREJA E A ÉTICA.
O que é correto e que não o é? O que faz você com as áreas cinzas?
O diabo nunca leva uma pessoa do branco ao preto de um só salto. Leva-
o através de áreas cinzas, pouco a pouco. E como você sabe a forma de
decidir com respeito ao certo ou errado em áreas cinzas tais como onde
ir; o que comer; ou que normas aplicar à música, ao entretenimento, à
leitura, a televisão e o vestuário?
Para responder estas perguntas devemos necessariamente referir-nos
aos PRINCÍPIOS.
Como pastor, tenho descoberto que as pessoas tentam espremer-me
fazendo que lhes fale a respeito de detalhes, mas eu trato de evitá-los.
O fato é que em nosso lar tivemos dois adolescentes, um filho de
cabelo comprido e uma filha de saias curtas. Eu tinha problemas porque
queria influenciar sobre eles nesses dois aspectos. Mas também sabia que
nenhum dos dois tinha entregue sua vida a Jesus.
Creio que não se devem tratar as normas da igreja ou da ética
pessoal como se fossem assuntos religiosos, se a pessoa ainda não
entregou sua vida a Jesus. Simplesmente não é possível. Se você o fizer,
estará impedindo que façam sua decisão por Cristo, já que eles verão a
Deus como Alguém que quer intrometer-se e estragar seu estilo de vida.
Assim decidi ser franco e lhes dizer o que eu queria que fizessem.
Quando me perguntaram por que, respondi-lhes: "Porque eu estou
dizendo; é tudo".
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 59
Muitas das normas e regulamentos de nossos colégios não têm
nada a ver com Deus, nem com a fé nem com a religião. E não
podemos insistir em que assim seja, quando temos muitos jovens que
ainda não entregaram sua vida a Jesus. Só quando o tiverem feito, e
tenham uma relação com Deus, isso terá sentido para eles. Mas antes,
não!
Sabemos que em cada congregação há pessoas que escutam mas
que ainda não entregaram sua vida a Cristo. Assim não entremos em
detalhes nem digamos coisas que poderiam afastá-los. Por isso é que
falamos de princípios.
Ao ponderar a IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS, penso nos
astronautas que tentam viajar em naves espaciais. Se eu fosse um
astronauta eleito para uma missão, não buscaria ver quanto poderia
passar por cima durante o programa de treinamento. Não buscaria ver
quão pouca atenção poderia dedicar à aprendizagem das regras e normas
da viagem e ao treinamento. O que buscaria fazer seria chegar à
perfeição. E você? Eu gostaria de dominar tudo à perfeição.
A mensagem implícita nesta ilustração sobre o espaço é que nossas
normas, nossas regras, nossos regulamentos e nossa ética têm algo que
ver com o fato de nos levar da terra ao céu. Por isso quero voltar atrás e
deixar isto o mais claro possível.
Quando falamos sobre o que é certo e o que não é, e sobre a ética e
a moralidade, não estamos falando de algo que nos leva a céu. Nós
chegaremos ao céu unicamente graças ao que Jesus fez. Aceitar isso,
e seguir aceitando-o por meio de uma relação diária com ele até que
volte, é o método de nossa salvação. Por outro lado, minhas decisões a
respeito do certo e o errado, e a forma como relaciono meu estilo de
vida com todas estas áreas cinzas, pode ter algo que ver com minha
relação com Jesus.
Eu descobri isso uma noite após ter ficado acordado até ver o último
programa de televisão. Tratava-se do misterioso caso de um assassinato;
mas desculpei minha ação porque o filme tinha um missionário envolto.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 60
Realmente conseguiu fazer com que meu Desejado de Todas as Nações
parecesse insípido na manhã seguinte. E isso afetou minha vida
devocional.
Se algo em que estou envolto, em qualquer lugar que vou, algo
que faça, influi de algum modo em meu caminhar diário e minha
relação com Jesus, então isso tem algo que ver com minha viagem da
Terra ao céu. Ou não?
Inclusive os defensores da nova teologia, que asseguram que a
justificação é o evangelho, e que não há nada mais que tenha que ver
com ele, acrescentariam, rangendo os dentes: "Mas Deus não justifica a
ninguém se não o santificar também".
Assim, quando falamos das normas da igreja, ou das normas
pessoais; quando falamos a respeito da determinação do certo e o errado,
de fato estamos tratando com algo que impacta nossa salvação, se afeta
nossa relação com Jesus.
Até aqui formulamos QUATRO PRINCÍPIOS pelos quais podemos
decidir o que é certo e o que é errado:
Número um: Quais são meus motivos? Posso pedir a Deus que me
ajude a compreender o assunto? O que é o que realmente quero nesta
situação? (Em geral temos duas razões para fazer o que fazemos: uma
"boa" razão e a verdadeira razão!)
Número dois: Evitar a aparência do mal. Isto não teria nenhum
efeito se nos encontrássemos abandonados em uma ilha desabitada. Mas
estamos no mundo, onde há pessoas, e inclusive a aparência do mal pode
desonrar o nome de Deus.
Número três: O princípio da influência. Não demos suficiente
crédito a uma pequena dama que escreveu muitos livros nos que
considera amplamente o poder da influência. Nós pensamos que esta
autora foi a mais rígida, conservadora, e de cara mais larga que existiu
jamais. Mas a Sra. Ellen White acerta em cheio ao abordar este assunto.
Ao falarmos a respeito de certas normas, temos uma e mil razões
superficiais para fazer algo ou não fazê-lo. Mas para ela, a razão
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 61
principal era a influência. Não faça nada que pudesse ser causa de
tropeço ou ofensa a alguém, sempre e quando for algo que você não
necessita e pode continuar sem isso.
Eu escrevi as palavras ofendido e ofender em meu computador e
descobri um texto escrito pelo salmista, um que todos ouvimos em
algum momento da vida: "Muita paz têm os que amam a tua lei, e para
eles não há tropeço" (Sal. 119:165; "... e nada os ofenderá" King James).
E obtive uma nova compreensão deste antigo texto. Se alguém dentro de
igreja se ofende pelo que faço, então prova que não ama a lei de Deus
absolutamente. Para falar a verdade, a odeia.
De maneira que, se fizer algo que alguém acha que é mau, porque é
conservador, rígido defensor da lei de Deus, e se ofende, isto prova que
não ama a lei de Deus. Porque "muita paz têm os que amam sua lei, e
não há para eles tropeço [ofensa]". A verdade é que odeiam a lei e
temem, ao que parece, que eu vá escapar de algo ao qual eles não podem
escapar.
Uma forma de reagir ante este tipo de pessoas é "que se danem".
Paulo diz: "Não; não ofendam nem sequer a pessoas que odeiam a lei e
que viveram no escrupuloso mundo do legalismo a vida toda". Paulo
disse: "Não os ofendam".
"Oh, mas eles são os responsáveis por seus próprios problemas".
"Não! Eu também sou responsável por eles!, diz: Não os ofendam".
E isso é um princípio bíblico, porque estamos tentando ajudar as pessoas
a sair de seus problemas e orientando-as para algo muito melhor.
Número quatro: Para onde isso nos levará? Que outros assuntos
estão relacionados com isso? A maioria de nós está familiarizada com
este tipo de histórias. Poderíamos dar muitos exemplos de pessoas que,
ao afastar-se de Deus, seguiram o caminho descendente. E a maioria de
nós tivemos alguma experiência com eles.
Jesus elevou uma bela oração por aqueles que viveriam rodeados de
caminhos descendentes. Justamente antes de sua prisão, durante o tempo
que esteve com seus discípulos, rogou a seu Pai: " Não peço que os tires
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 62
do mundo, e sim que os guardes do mal." (João 17:15). Não nos
elevamos à altura das normas que Deus fez para seus filhos nos tornando
ermitãos ou nos separando a uma ilha desabitada. Não chegamos ali
porque sejamos pessoas especiais (como os que se sobem no alto de um
poste), ou porque nos deitemos numa cama de pregos. Estamos no
mundo. "Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal."
Nossa fonte de informação primária para discernir entre o certo
e o errado é nossa intimidade com Jesus. Com isto em mente, eu
gostaria que recordássemos a famosa parábola do pastor e as ovelhas,
onde Jesus é o pastor e nós as ovelhas. Jesus é também a porta do redil.
"Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta no
aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador.
Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este
o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas
próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que
lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a
voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque
não conhecem a voz dos estranhos." (Juan 10:1-5).
As ovelhas O seguem porque conhecem Sua voz.
Um suíço me contou que quando menino ele e seu amigo cuidavam
seus rebanhos muito perto um do outro na ladeira de uma montanha.
Acompanhavam-se mutuamente enquanto cuidavam juntos as ovelhas.
Mas um dia uma terrível tempestade os açoitou e tiveram que correr a
refugiar-se. As ovelhas se espalharam e se misturaram totalmente,
amontoando-se em diversos lugares em busca de proteção em meio aos
trovões, relâmpagos, o vento e a chuva.
Quando finalmente cessou a tormenta, os meninos pastores tiveram
problemas para reconhecer suas ovelhas. Perderam muito tempo
tentando separá-las. Finalmente, frustrados, disseram: "Não o podemos
fazer, vamos para casa buscar ajuda". E assim um foi por um lado e o
outro pelo lado oposto. Para surpresa de ambos, as ovelhas também se
separaram e seguiram cada uma a seu próprio pastor. Elas conheciam a
voz de seus pastores e os seguiram.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 63
No notável livro O Desejado de Todas as Nações, encontramos esta
declaração: "Quando conhecermos a Deus como nos é dado o privilégio de
O conhecer, nossa vida será de contínua obediência." (pág. 621).
A ênfase é muito clara sobre a necessidade de conhecer a Deus.
Mas o mesmo parágrafo fala diretamente de nosso tema:
"Os que decidem não fazer, em qualquer sentido, coisa alguma
que desagrade a Deus, depois de Lhe apresentarem seu caso saberão a
orientação que hão de tomar. E não receberão unicamente sabedoria,
mas força."
De modo que temos esta seqüência:
1. As pessoas chegam a conhecer a Deus pessoalmente. (De novo
a teologia relacional.)
2. Enfrentam um sério problema quando tentam decidir por si
mesmas o que é certo ou errado.
3. Decidiram não fazer nada que desagrade a Deus.
4. Recebem a promessa que "depois de Lhe apresentarem seu caso
saberão a orientação que hão de tomar".
5. Recebem não só sabedoria do alto para discernir entre o bem e
o mal nestas zonas cinzas, mas também força para fazer o que
é certo.

Não são estas boas novas? Muitas pessoas acreditam saber o que é o
certo nestas áreas cinzas, mas carecem de força para fazê-lo. Se alguém
pensa que já é grande para saber em primeiro lugar o que é o bem e o
mal, e em segundo para fazer o que é certo, então tem uma idéia
equivocada de quem realmente é seu Deus. Não somos o suficientemente
grandes como para ficarmos independentes do Senhor.
Só há duas classes de pessoas no mundo. Os que conhecem Deus e
os que não O conhecem. Estas duas classes de pessoas existem em todo
lugar, incluindo minha própria igreja. Muitas pessoas estão desiludidas
com a religião organizada da atualidade e não querem ter nada que ver
com ela, mas ainda têm sincero interesse em Deus, e estão fazendo
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 64
esforços para O conhecer através de sua Palavra e através da oração.
Algumas pesquisas revelam que destas duas classes de pessoas só a
minoria dos que assistem à igreja conhecem realmente a Deus. A maioria
ainda está encerrada na justificação pela herança, a justificação por ser
membro da igreja, a justificação pela ética ou a justificação pela
celebração.
Aventurarei uma conclusão. Creio que ao chegarmos ao assunto do
certo ou o errado, a pessoa que conhece a Deus continua sendo a mesma,
não importa em que lugar do mundo se encontre. O mesmo Espírito
Santo está imerso em suas vidas e em sua relação com Deus. Ele os guia
em questões do certo e o errado e lhes dá poder para fazer o bom.
Por outra lado, os que não conhecem a Deus são como camaleões.
Mimetizam a cor de sua pele para adaptar-se ao ambiente onde se
desenvolvem. (Suponho que você ouviu falar do camaleão que parou
sobre um tecido multicolorido escocês e quase enlouqueceu!) Em
realidade, tratar de decidir o que é certo e que não o é apenas na base das
idéias da maioria, é para deixar louco. Mas isso é o que acontece com as
pessoas que não conhecem a Deus. Para eles, a religião e a igreja não são
mais que um clube, e facilmente se conformam às suas normas, não
importa quais sejam essas normas.
Um convite pastoral nos levou uma vez do noroeste até o sul de
Califórnia, e estávamos muito interessados em nos transladar a essa
região. Tínhamos ouvido falar muito dos "adventistas do sul da
Califórnia". Durante o tempo que me tocou pastorear a igreja do White
Memorial, era interessante observar alguns dos estudantes que chegavam
à Universidade de Loma Linda vindos do leste, o leste conservador.
Eram conservadores quando chegavam. Mas mudavam quase da noite
para o dia. Conformavam-se com a atmosfera em que estavam imersos.
Foi tão óbvio, que era impossível ignorá-lo. E ficou demonstrado que
suas normas, sua ética, seu estilo de vida, estavam determinados
simplesmente pela maioria em meio da qual se encontravam.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 65
Não há algo mais profundo e verdadeiro que nos impulsione?
Deveria havê-lo. Eu não quero que minhas decisões quanto ao correto e
o errôneo sejam influídas ou determinadas pela multidão em meio da
qual me encontro.
Faz algum tempo, durante meu primeiro ano de ministério, trabalhei
em um povo pequeno perto do Bakersfield, Califórnia. Esperava-se que
eu devia cuidar de Taft, um pequeno povoado lá atrás dos campos
petrolíferos. Era uma igrejinha cheia de pessoas zelosas em partilhar sua
fé com os demais. De modo que começamos alguns estudos bíblicos, e a
as pessoas assistiram. É possível que eu tenha dado mais estudos bíblicos
nesse primeiro ano que em qualquer outro ano posterior.
Era fascinante ver as pessoas se interessando no evangelho. Um
casal jovem simplesmente não parecia conseguir tudo o que desejava
aprender em um estudo. Diziam: "Venha e estude outro dia conosco.
Venha depois do sermão e coma conosco e estudemos um pouco mais".
Estudávamos a Bíblia com eles em cada oportunidade que tínhamos. O
apetite pelas coisas de Deus parecia insaciável.
Entretanto, chegamos ao assunto da aparência pessoal. A jovem
senhora parecia com a besta escarlate e com a mulher de Apocalipse 17.
Arrumava-se em forma exagerada, inclusive para o mundo, com uma
meia dúzia de colares no pescoço, os brincos chegavam aos ombros e os
braceletes lhe cobriam os braços. Devo dizer que aquilo era exagerado. E
todo isso rematado com uma maquiagem de cor arroxeado! Jamais
falamos a respeito de suas jóias nem da maquiagem! Tudo o que fizemos
foi estudar a Bíblia.
E comecei a ver como mudava a "pintura do celeiro". E fiquei
nervoso. Fiquei deveras nervoso a respeito! Pensei que algum vizinho
deles, membro legalista da igreja, estava trabalhando com eles. Mas o
milagre ocorreu gradualmente. O arroxeado mudou a vermelho e logo a
rosa. Os colares diminuíram de cinco a quatro, logo a um e finalmente a
nenhum. Os brincos que lhe chegavam até os ombros se fizeram cada
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 66
vez mais curtos. Deve ter tido uma fabulosa coleção de jóias em algum
lugar. Mas todas as coisas começaram a mudar.
Continuei me sentindo nervoso a respeito, particularmente quando
ao chegar um dia encontrei ambos mastigando pedaços de madeira. Eu
pensei que aquele casal tinha perdido a cabeça!
– O que fazem? – perguntei-lhes.
– Estamos tentando deixar de fumar – foi sua resposta.
– Por que? Por que estão tentando deixar de fumar? Alguém lhes
falou a respeito?
– Não.
– Então, por que todas essas mudanças em sua vida?
– Não sabemos por que.
Simplesmente havia um princípio operando. À medida que Jesus
entrava, eles mudavam espontaneamente.
Não posso precisar quantas vezes vi este milagre em pessoas que
compreenderam a Bíblia e começaram a pensar nas coisas do céu. Só
quando Jesus entra podemos encontrar a única resposta verdadeira
ao significado do certo e o errado.
Poderia ocorrer de um modo diferente para vários indivíduos em
distintas etapas de sua vida. Devemos entender isto e não tentar mexer na
vida de outros. Mas ainda ocorre, e é real. Porque os que conhecem a
Deus estão sendo guiados a uma vida de contínua obediência. Eles
sabem, à medida que passam tempo com Ele, que caminho seguir.
Recebem tanto sabedoria como poder.

Que conclusões podemos tirar de tudo isto?


As ovelhas genuínas conhecem a voz de seu pastor. Ele tem uma
forma peculiar de lhes comunicar Sua vontade em qualquer momento e
sob qualquer circunstância. Não posso explicá-lo. Você tampouco pode
explicá-lo. Mas podemos experimentá-lo. E quanto mais nos
aproximamos do Jesus, mais seguros estaremos ao determinar o certo e o
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 67
errado por nós mesmos, segundo as circunstâncias nas que nos
encontremos nesse momento.
Temos a seguir este texto muito significativo do apóstolo Paulo,
Hebreus 12:1, 2: "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos
tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso".
Notou bem que palavra emprega o apóstolo? " desembaraçando-nos
de todo peso" (RA). Pode ser que o peso não seja um pecado, mas é um
peso. É algo que estorva nossa relação com Cristo.
"Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão
grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e
do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que
nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus [a ênfase é nossa]" (NVI).
E quando olhamos a Jesus, os pecados e os pesos são afetados. Podem
ser deixados para trás.
Tenho uma pergunta para você. Está apoiada em experiências de
pessoas que confrontam diversas crises em suas vidas: tragédias,
tristezas, enfermidades terminais, ou perdas de seres amados. Você
notou que há algumas coisas, como as que se encontram na zona cinza,
que de algum modo não parecem tão importantes frente às tragédias e as
crises? Você experimentou isso? De algum modo, nesses momentos
podemos ver melhor o que é de fato importante e o que é superficial.
Mas, insisto em lhe perguntar: Se você soubesse com certeza que
Jesus retornará em seis meses, afetaria isso de algum modo os lugares
que freqüenta, o que faz, ou seu estilo de vida, particularmente nas áreas
cinzas? Isso o afetaria? Sinceramente? Eu creio que sim. Sinto que não
estaria fora de propósito cada um fazer-se essa pergunta.
Será possível que sob pressão escorreguemos para dentro das portas
de pérola da cidade de Deus? Nos infiltraremos de algum modo com as
qualificações mínimas e tentaremos entrar à força pelas portas da pátria
celestial?
No alvorecer do longínquo oeste, uma diligência tinha vazio o posto
de condutor. A companhia convidou as pessoas a fazer seu pedido, e três
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 68
homens responderam. Ao ser entrevistado o primeiro, foi feita a
pergunta:
– Conhece você aquele lugar particularmente perigoso nas
montanhas, onde o precipício está cortado num lado e as rochas formam
uma parede no outro? Quão perto da beira do precipício pode você
passar e com segurança?
Ele respondeu:
– Eu tenho muita experiência. Posso passar a 25 centímetros da
beira e com segurança.
Entrevistaram o segundo interessado. Fizeram-lhe a mesma
pergunta:
– Conhece aquele lugar...? Quão perto da beira pode você passar e
com segurança?
Ele respondeu:
– Tive muita experiência. Sei conduzir. Conheço meus cavalos.
Posso passar a 12 centímetros da beira e com segurança.
Chamaram o terceiro homem, que respondeu à mesma pergunta:
– Não sei quão perto da beira possa passar e com segurança; mas
uma coisa sim posso lhes assegurar, vou passar tão longe da beira quanto
eu possa.
Obteve o trabalho!

Uma vez contei esta historia na igreja e um membro me aproximou


depois do culto e me disse: "Tenho passado muito longe da beira durante
tantos anos que me arranhei ao me pendurar na parede de rocha pelo
outro lado".
Falando sério, quer você viver no céu com pessoas que tentaram
chegar ali fazendo todos os esforços possíveis?
Possivelmente possamos ver Jesus outra vez, refletido na planície
de Dura, ante os olhos daqueles três jovens hebreus, Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego. Ainda lembro que quando eu era garoto, ouvia meu tio
pregar a respeito desses valentes jovens hebreus. Tinham estragado a
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 69
festa do Nabucodonosor. Este queria assegurar-se de que não haveria
Medo-Pérsia, Grécia, nem Roma. Assim erigiu aquela gigantesca
imagem. Esperava-se que todos deviam inclinar-se diante dela quando
ouvissem a música.
De repente um mensageiro chegou correndo a Nabucodonosor e lhe
disse: "Há três que não se ajoelharam." Assim que os chamou à sua
presença. E os reconheceu como seus amigos. Tinha um enorme respeito
por eles.
Talvez sua súplica fosse muito parecida com isto:
– Vamos, amigos. Eu os conheço. Conheço seu Deus, e sinto uma
grande simpatia por tudo o que vocês crêem. Em realidade, admiro-os.
Mas estamos tentando fazer algo aqui hoje por causa da nação, o reino.
Vão e orem a seu próprio Deus. Apenas ajoelhem-se, embora seja em um
só joelho. Fiquem apenas sobre um único joelho e olhem para outro lado.
Nem sequer têm que olhar à imagem. Elevem uma singela oração a seu
Deus. Só não estraguem a festa.
E você recorda o que eles disseram:
– Oh, Nabucodonosor, não precisamos te responder neste assunto.
Não adoraremos a estátua que levantaste. (Dão. 3:16-18).
Não eram moderados que iam pelo meio-termo. Eram homens
dedicados ao Deus a quem serviam. E nada podia desviá-los de sua
obediência indivisa a ele.
À medida que o Espírito de Deus lhe fale, eu gostaria de convidar
você decidir em sua própria mente que não tentará fazer o mínimo
possível nem obter o máximo com o menor esforço. Fixe como meta a
norma mais alta possível.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 70
ÉTICA SITUACIONAL

S e alguém tentasse entrar em minha casa e machucar a minha família,


eu brigava até morrer". Assim afirmava meu professor de teologia na
universidade. Mais tarde, como pastor, eu visitava duas anciãs que
viviam uma junto à outra. Os três estávamos na casa de uma delas,
quando chegamos ao ponto da segurança e o que aconteceria se alguém
tentasse entrar na casa. Uma das anciãs disse: "Só tenho que confiar em
Deus". A outra confessou: "Tenho uma pistola carregada debaixo de
travesseiro. Está carregada e o assunto da segurança está resolvido". Eu
vi suas mãos trementes, e me disse: "Vamos, vovozinha, com semelhante
tremedeira não será capaz de apontar nem à parede".
Quando tratamos este assunto das NORMAS, esse prato de batatas
quentes na mesa do adventismo, eu aceito simplesmente a posição de
que a religião do Jesus Cristo no coração não nos guia a uma norma mais
baixa de conduta, e sim a mais alta jamais conhecida. Não me faz menos
adventista do sétimo dia, e sim um melhor adventista. O amor, o perdão
e a aceitação não deixam de lado as normas da vida; pelo contrário,
melhoram o estilo de vida que tende para Deus.
Isto não quer dizer que todas as mulheres tenham que atar o cabelo
com um coque e usar saltos quadrados, e todos os homens comecem a
vestir de preto impecável e ficar de cara comprida. De fato, deixam de
lado algumas de nossas tradições, mas certamente não descartam as
normas da vida cristã. Se o fizerem, então não é a religião de Jesus
Cristo, absolutamente. De maneira que estou a favor da ética e a
moralidade que a Bíblia ensina.
Neste capítulo vamos dar uma olhada à ética situacional, a nova
moralidade em voga nestes últimos anos. Mais uma vez está aparecendo
sua silhueta. De fato, é provável que você tenha ouvido algo a respeito
na televisão, nas revistas e no jornal. As denominações importantes estão
examinando suas normas, e algumas delas tentam "seguir a corrente".
Outras estão resistindo a inundação e tentam manter-se firmes.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 71
Há um novo termo para este tipo de ética: "amor-justiça". E
estamos muito empenhados em debater sobre até onde ela nos levará.
Está certo fazer algo errado se for por um motivo correto? Essa é a
idéia subjacente neste novo enfoque. É bíblica essa idéia? É boa se for
motivada pelo amor?
Alguns, que gostam de pensar em termos modernos, crêem que os
dez mandamentos são algo assim como um velho chapéu legalista. Mas a
pergunta é, entramos no que significa a fé cristã, deixamo-nos guiar
pelo que a Bíblia diz ou pelo que pensamos?
Eu recordo ter escutado um sermão evangelístico de antigamente
que se intitulava nem mais nem menos: "Deus diz, mas eu penso..."
Nem sequer foi necessário que ouvisse o sermão. O título dizia tudo.
Deus diz, mas eu penso. Interessamo-nos no que Deus diz? Ou nosso
interesse se centra no que pensamos? Vamos ser nosso próprio deus?
Em nossos debates quanto às normas descobrimos que um princípio
que nos ajuda a compreender como decidir é nossa influência. Como
você notou, tentamos nos afastar dos detalhes e falar especificamente dos
princípios, das normas e da ética. E a influência é um dos maiores riscos.
Estudamos o tema nos escritos do apóstolo Paulo. Mesmo que algo
pareça não ter nenhuma relação com a moral, converte-se em um assunto
moral ao momento de influenciar erroneamente alguém induzindo-o
assim a escandalizar-se ou a tropeçar e assim se torna imoral.
Oh, mas eu penso que isso é ser muito sensível ante a mente doentia
de outras pessoas. Não, isso é o que Deus diz.
Mas eu penso que assim alimentamos a mente infantil das
pessoas.
Ao considerar a ética situacional, tentaremos analisar a violação
deliberada da lei de deus, por motivos corretos.
Tomemos, por exemplo, uma mulher com uma doença terminal. Ela
sempre se preocupou com outras pessoas. E agora sente que se converteu
em uma carga para outros e queria cortar sua própria vida por amor às
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 72
pessoas que têm que cuidá-la. Está certo isso? Há algo mau aqui? É a
atitude amável e considerada a que temos que assumir?
O que dizer quanto ao conflito da "Tempestade no Deserto" no
Oriente Médio? Alguns sugeriram que o problema era o líder iraquiano,
de modo que tinha que ser removido "cirurgicamente". Não teria custado
muito pagar um pistoleiro para que o fizesse. Seria certo se fosse feito
com o propósito de salvar milhares e milhares de vidas humanas? É certo
fazê-lo porque suporta uma amável intenção, mesmo que seja má?
O que dizer sobre o exemplo clássico que dá José Fletcher no final
de seu livro a respeito da ética situacional? Depois de esboçar a nova
moralidade, menciona alguns casos históricos para afiar as presas da
nova moralidade do leitor. Possivelmente você recorde o caso da Sra.
Burgemyer:
Enquanto o exército russo se lançava para o oeste para encontrar-se
com os norte-americanos e os britânicos no Elba, uma patrulha soviética
capturou a Sra. Burgemeyer que andava procurando comida para seus
três filhinhos. Sendo-lhe negada qualquer comunicação com seus filhos,
e sem nenhuma razão aparente para fazê-lo, foi enviada a um campo de
concentração na Ucrânia. Seu marido tinha sido capturado na guerra e
também foi enviado a um campo de prisioneiros no Gales. Quando ele
voltou para Berlim, dedicou semanas a procura de seus três filhinhos.
A partir de então, localizar o paradeiro da mãe se tornou crucial.
Eles nunca deixaram de procurá-la, mais do que tudo, precisavam
verdadeiramente disso para reuni-los como família naquela situação de
caos, fome e terror. Na Ucrânia a Sra. Burgemeyer soube, através de uma
comandante amável, que seu marido e seus três filhos tentavam ficar
juntos e que a estavam procurando.
Mas as regras só permitiam deixá-la livre por duas razões: Primeira,
uma enfermidade que requeria serviços médicos disponíveis no campo
de concentração, pelo que ela seria transladada a um hospital soviético
localizado bem no interior da Rússia. E em segundo lugar, uma gravidez;
neste caso, seria devolvida a Alemanha porque seria uma carga para eles.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 73
Burgemeyer pensou no assunto continuamente, e pediu a um
amigável alemão do Volga, que era guarda da prisão, que a ajudasse. E
ele se dispôs a ajudá-la. Quando a gravidez foi realmente confirmada, ela
voltou a Berlim e pôde ver sua família. Eles deram as boas-vindas de
braços abertos, mesmo que lhes disse como dera um jeito para chegar a
eles. Ao nascer o menino o amaram mais que os outros, porque o
pequeno Dietrich tinha feito mais por eles que nenhuma outra pessoa.
Ao chegar o tempo de ser batizado, levaram-no diante do pastor um
domingo pela tarde. Depois da cerimônia os pais enviaram Dietrich à
casa com outros meninos e se sentaram no escritório do pastor para lhe
perguntar se estavam certos quanto aos sentimentos relativos à Sra.
Burgemeyer e Dietrich. Deveriam estar agradecidos ao guarda alemão do
Volga? A Sra. Burgemyer tinha agido bem ou mal?
Faz vários anos relatei esta historia em uma congregação. Algumas
damas discutiram o incidente depois do almoço e chegaram à conclusão
de que a Sra. Burgemeyer fizera algo muito inteligente e maravilhoso.
Além disso, expressaram sua opinião de que elas também teriam feito
algo tão inteligente e tão bom se tivessem estado na mesma situação.
Fritz Ridenour considerou esta mesma história em seu livro It All
Depends, no qual desafia e critica a nova moral. Ele expõe outras facetas
da mesma história que dizem mais ou menos: A pesar do fato de que o
propósito da Sra. Burgemeyer ser certamente muito nobre, ela usou
astutamente outro ser humano para conseguir seus propósitos. Crêem
mesmo os que propõem a ética situacional que ela tratou o guarda como
uma pessoa? Ele tinha uma família? Preocupada com seus interesses, a
Sra. Burgemeyer perdeu de vista os interesses amorosos que ele tinha.
De algum modo, sempre que vamos contra as regras estabelecidas por
Deus, alguém mais sai ferido.
Este crítico da nova moralidade acrescenta alguns capítulos extras à
história, que podem ser sintetizados assim: Suponhamos que a mulher
ficou grávida pelo guarda e agora está livre, mas ainda se encontra a
trezentos quilômetros de sua casa, e tudo ocorre no inverno. A menos
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 74
que obtenha comida logo, pode morrer de fome, e seu ato original de
"adultério sacrificial" tinha sido em vão. De maneira que chega a uma
granja e o granjeiro lhe oferece comida se..., bom você adivinhou.
Se a mulher estava certa ao envolver-se com o guarda se supõe que
nesta nova situação, visto que necessita desesperadamente de comida, é
certo que se entregue ao granjeiro. Assim o faz e consegue mantimentos.
Uma vez mais se encontra na estrada e descobre que não pode andar todo
o caminho que lhe resta para chegar a casa. Um chofer de caminhão
chega e se oferece levá-la se... Certamente, se seu ato com o guarda foi
certo e também com o granjeiro, por que não com o chofer?
Nessas condições, finalmente chega a uma aldeia perto onde estão
seus filhos. Mas suponhamos que o marido não tem meios suficientes
para sustentar os filhos. Dificilmente poderíamos considerar prático
chegar a reunir-se com seus filhos, para logo morrer de fome com eles
por amor. Mas há suficientes homens na cidade que têm interesse em
usar esta mulher, e assim ela logo consegue reunir um pequeno capital.
De fato, o montante de seu capital a convence de que acumulando
maiores recursos, pode demonstrar ainda amor por seus filhos e prover
para eles inclusive maior segurança.
Fritz Ridenour admite que a história alcançou aqui proporções
absurdas. Mas então ele pergunta: "Em que ponto se torna absurda a
história?" E a pergunta é muito boa.
Portanto, você enfrenta hoje exatamente a pergunta: Está certo fazer
coisas más por boas razões? Ou sempre existe o risco de que alguém saia
ferido? Deus nos deu as dez regras só para nos tornar as coisas
difíceis ou porque ele conhece o mecanismo pelo qual funcionamos?
É preciso ver as normas divinas, não como restrições, mas sim como
instruções. Se você deseja fazer algo corretamente, revise as instruções, e
elas revelarão o curso de ação apropriado a seguir.
Tenho um amigo pregador cuja esposa desanimava sempre que
tentava costurar algo. Nunca parecia capaz de terminar satisfatoriamente
um vestido. Ele lhe dizia:
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 75
– Está seguindo as instruções?
– Bom, estou tentando segui-las.
– Me dê o tecido e os padrões – pediu ele – e eu farei um vestido.
O homem seguiu fielmente as instruções e fez um belo vestido.
Eu tentei cruzar o Deserto do Mojave com a "liberdade" de não ter a
obrigação de trocar o anticongelante de minha Honda por vários anos.
Nunca li as instruções. As cabeças de alumínio corroeram, os pingentes
das cabeças explodiram, e minha liberdade de não ter que trocar o
líquido do radiador me levou à escravidão de ter que me sentar à beira da
estrada no deserto.
Quando tiver dúvidas, leia as instruções no Livro! Não são
restrições, são indicações que libertam. Não é, "tenho que fazer
isto?", e sim, "não é maravilhoso saber disso?"
No momento que você se desfaz das regras, automaticamente se
autodestrói. Não se pode nem sequer brincar de omitir as regras. É
maravilhoso saber a que instruções apegar-se. Se não se souber, nunca se
descansará até sabê-lo.
O reitor de uma universidade me disse que a segurança de um
menino está em proporção direta à previsão de seus pais. E a segurança
de qualquer ser humano está em proporção direta à responsabilidade de
seu Deus, Aquele que o fez. Os seres humanos são livres para escolher se
estarão a favor ou contra a lei de Deus. Mas, se decidirem contra, então
mais cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, perderão sua
liberdade. É assim que funcionam as coisas.
Se há algo que deveríamos entender hoje é a teologia relacional,
acima de uma simples teologia comportamental. O mesmo princípio da
salvação pela fé se opõe ao intento de salvar-se a si mesmo. É preciso
confiar em Deus para ser salvos.
E por que não teria que aplicar-se este princípio quando chegamos a
Ucrânia, ao campo de concentração ou a uma morte lenta? De fato,
quando estudo todo o raciocínio que há por trás das normas e a ética
pelas quais foi conhecida nossa igreja, sinto-me contente de poder
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 76
comprovar que Ellen White é digna de muito boas qualificações por
outra vez atingir o alvo.
Citarei um exemplo desse maravilhoso livro sobre a vida do Jesus,
O Desejado de Todas as Nações. No capítulo que fala a respeito de Jesus
no deserto, Ele luta com um sério problema. Tem muita fome. Precisa
satisfazê-la. Mas, o que faz? Espera só em Deus para receber alívio e
comida. Está no deserto obedecendo uma ordem divina, não para obter
comida seguindo as sugestões de Satanás. Para Jesus é uma calamidade
menor sofrer, não importa o que ocorra, do que de alguma forma separar-
se da vontade de Deus.
"Talvez pareça que a obediência a qualquer claro reclamo da parte de
Deus o privará dos meios de subsistência. Satanás quer fazê-lo crer que
deve sacrificar as convicções de sua consciência. Mas a única coisa no
mundo em que podemos repousar é a Palavra de Deus. 'Buscai primeiro o
reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas'. Mat. 6:33. Mesmo nesta vida não nos é proveitoso apartar-
nos da vontade de nosso Pai no Céu. Quando aprendermos o poder de Sua
palavra, não seguiremos as sugestões de Satanás para obter alimento ou
salvar a vida. Nossa única preocupação será: Qual é o mandamento de
Deus? Qual Sua promessa? Sabendo isso, obedeceremos ao primeiro, e
confiaremos na segunda." – O Desejado de Todas as Nações, p. 121.
Soa duro isso? Soa perigoso? Soa correto?
Possivelmente você lembra de John Weidmer, o cristão que ajudou
a mais de mil judeus na Segunda Guerra Mundial a escapar para a
liberdade. Finalmente foi capturado e posto na prisão. E sua execução foi
programada para o dia seguinte. Enquanto estava sentado em sua cela,
começou a pensar na Bíblia. Pensou nos três corajosos hebreus e sua
libertação da fornalha de fogo ardente, e se animou. Pensou em Daniel e
sua libertação da cova dos leões, e se sentiu melhor. Logo pensou em
João Batista, e começou a trabalhar para escapar do cárcere.
O que pensou? O que pensamos nós? Quais são as ordens de Deus?
E qual é sua promessa? Prometeu Deus nos libertar sempre? Não. Leia a
última parte de Hebreus 11. Ali encontramos alguns que foram serrados,
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 77
e outros torturados. Todos morreram na fé, sem ter recebido o
cumprimento da promessa de Sua vinda. Mas morreram na fé. Confio em
Deus, vivendo ou morrendo? Conheço-o bem a ponto de confiar nEle?
Confio nEle o suficiente para saber que se estiver em minhas atuais
circunstâncias é porque Ele me conduziu até ali?
Posso confiar nEle inclusive até a morte? Essa é a grande pergunta.
Não foi Ele quem disse, "Não temais os que matam o corpo e não podem
matar a alma" (Mateus 10:28)?
Huss e Jerônimo morreram queimados com lenha verde e a fogo
lento. Suas cinzas foram lançadas ao Reno, mas seus perseguidores
jamais puderam aproximar-se de suas almas.
De modo que é sempre certo fazer algo mau por amor? O
princípio que apresentamos aqui para responder essa pergunta cobre
muito terreno. É simplesmente isto: Onde está minha confiança? Está
no que posso fazer, em quão preparado estou? Ou minha confiança
está em Deus e em tudo o que Ele vê mais apropriado para mim?
Este princípio cobre uma grande quantidade de decisões morais e éticas
com as quais estamos confrontados hoje.
Um sábado, depois de falar destes princípios em uma igreja, alguns
comentaram:
– Apreciamos muito que você tenha falado de princípios e não de
generalidades.
Logo uma senhora acrescentou:
– Sabe? Pela primeira vez compreendo por que deveria questionar
meu anel matrimonial.
– Eu nunca mencionei isso – lhe disse.
– Sei – respondeu – você nunca o mencionou, mas os princípios se
aplicam.
O que dizer quanto aos princípios em nossas instituições? O que é
certo e errado quando chegamos às normas da igreja? O que dizer a
respeito das normas para a liderança da igreja? Quanto às comissões de
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 78
nomeações? Para onde olharão? É ser inflexível e ser legalista ao
escolher dirigentes que não querem ofender a outros com seus atos?
Recentemente, em um livro titulado Set Free, o autor deu sua lista
pessoal e tradicionalista a respeito de estar limpos. Ele chamou estar
"tinindo de limpos": "Não lustrar os sapatos em sábado, não comer
carne, não banhar-se depois de pôr-do-sol, não banhar-se juntos jovens e
senhoritas, não cozinhar no sábado, não tomar chá ou café, não comer
entre refeições, não usar anéis matrimoniais, não dançar, não jogar
xadrez ou damas chinesas, não jogar cartas, não jogar bola de boliche,
não usar molhos nem mostarda, não usar picante, não tomar bebidas
alcoólicas, não ver televisão, não jogar tênis, não comer frutas e verduras
na mesma refeição, não tomar sorvete, não comer queijo nem comprar
seguros de vida".
Eu fazia leitura desta lista na igreja um dia, e um garotinho
sussurrou a seu papai: – É terrível; mas eu estou de acordo com isso de
não comer verduras!
Você pode sentir-se à vontade com algo que está na lista? Se for
assim, sobre que base? São aplicáveis alguns dos princípios aqui? O que
dizer dos dias mais singelos, quando nossa igreja costumava dizer:
"Veja, quanto às coisas que você não necessita, evite-as completamente".
Hoje tentamos traçar limites em diversos lugares sobre muitos
assuntos, e como resultado, entramos nesta interminável confusão de
onde marcar a linha. Sempre existe a tendência de ir para baixo.
Verdade? Você notou? Sempre é assim. A tendência nunca é para acima,
e sim sempre para baixo.
Lá pelos bons tempos antigos, quando traçávamos a linha ao outro
lado de "nenhuma", as pessoas diziam: "Estão-nos tratando como
imbecis! Acaso não podemos decidir por nós mesmos?"
Qual é a melhor maneira de estabelecer as normas da igreja? Em
algumas áreas possivelmente nos teriam permitido pensar atentamente
nisso. Mas como? Qual é a resposta definitiva ao chegar a estas difíceis
questões? Como vamos decidir?
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 79
Para responder estas perguntas, consideremos alguns textos:
"Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá
do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas
lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida
está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a
nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com
ele, em glória. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição,
impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria"
(Col. 3:1-5).
Uma tradução mais moderna diz: "Portanto, matem os desejos deste
mundo que agem em vocês" (A Bíblia na Linguagem de Hoje).
Nós não podemos fazer isso. Só Deus pode fazê-lo.
Apesar de todo nosso raciocínio e nossa lógica, temos que chegar a
esta decisiva conclusão: a resposta definitiva em todas as situações é
conhecer a Deus como nosso amigo pessoal, reconhecendo a Jesus e
sua voz.
Em 1 Juan 2:15-17, ouvimos Jesus nos chamando a olhar para
cima, em vez de olhar para dentro ou para fora. "Não ameis o mundo".
Bem, como você vai interpretar isso? Não conduzir um carro? Não usar
relógio? Não comprar um refrigerador, porque essas são coisas do
mundo? O que significa não amar ao mundo "nem as coisas que estão no
mundo"? Desejar ter um carro novo é mau?
"Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo
que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a
vontade de Deus permanece eternamente."
O que quer dizer quando diz, "se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele"?
O que significa amar o mundo a esse ponto? E o que significam "a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, a soberba da
vida"?
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 80
Eis aqui uma versão mais moderna: "Estas são as coisas más do
mundo: número um, desejar coisas para agradar a nosso eu
pecaminoso. Número dois, desejar as coisas pecaminosas que vemos.
Número três, nos orgulhar muito das coisas que temos".
A idéia do jejum ilustra muito bem o que estamos considerando.
Quando Jesus desceu do monte da transfiguração, os discípulos tinham
sido derrotados. Não puderam expulsar um demônio do corpo de um
menino. Mas Jesus pôde. Quando tudo terminou, Jesus disse: " Mas esta
casta não se expele senão por meio de oração e jejum." (Mat. 17:21).
Não havia evidência de que Jesus tivesse estado jejuando. Até onde
sabemos, ele não tinha estado jejuando. Assim, o que significa jejuar?
Isto deve referir-se a uma atitude de jejum, um estado mental que
predispõe para o jejum.
Posso sugerir o que isto significa? Se tiver que decidir entre
comer ou dedicar o tempo a passar com Deus, já sei qual será minha
decisão. Se tivesse que fazer esse tipo de eleição, eu escolheria passar o
tempo com Deus. Esse é o significado do verdadeiro jejum.
Bem, apliquemos essa idéia a "não amar o mundo". Eu posso
converter isso em uma lista legalista de coisas que não fazer, o qual me
converterá em um ermitão ou um monge. Ou posso ver que,
independentemente do que escolha perante Deus e ante minhas relações
com ele, se conhecer o Jesus como meu Amigo e Salvador pessoal,
nada terá prioridade acima dessas relações.
É mau querer um carro novo a fim de que o velho não me deixe
atirado junto à estrada no deserto? Não, mas se for ter um carro novo que
em alguma forma limitará minha relação pessoal com Jesus, então terei
descuidado a advertência de 1 Juan 2.
De onde provirão suas decisões? Qual será minha decisão quando
tiver que ver com meu amor Por Deus e minhas relações com ele?
Esta é a pergunta vital.
Por certo, levantemos o véu e vejamos uma vez mais o quadro mais
amplo. Se você soubesse que Jesus vai vir na próxima semana, qual seria
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 81
seu estilo de vida? O que faria? Aonde iria? Como vestiria? O que
comeria e beberia? Que tipo de entretenimentos escolheria? justificam-se
estas perguntas? "OH, – dirá você –, essa é uma pergunta difícil". Não,
não se ele for seu Amigo.
C. S. Lewis diz de modo muito interessante:
"Eu não vejo esse quadro de catástrofes físicas, sinais nas nuvens,
céus que se enrolam como um livro e muito menos a simples idéia de um
julgamento. Não podemos sempre estar expectantes. Talvez podemos
capacitar-nos a perguntar, cada vez mais freqüentemente, como será visto o
que estou fazendo, o que estou dizendo ou deixando de fazer a cada
momento quando a irresistível luz for derramada sobre isso, aquela luz que é
tão diferente da luz deste mundo. E entretanto, agora mesmo sabemos o
suficiente disso para tê-lo em conta. Às vezes as mulheres têm o problema
de querer julgar por uma luz artificial a forma em que um vestido seria à luz
do dia. Esse é o problema de todos nós, para vestir nossas almas, não com
a luz elétrica do mundo presente, e sim com a luz do dia vindouro. O vestido
bom é aquele que suportará a luz, porque essa luz permanecerá para
sempre."
Mas, é essa luz uma presença amigável ou uma presença hostil?
Tudo depende de se você O conhecer ou não. Se você se relacionou
com Ele, saberá que é o seu melhor Amigo. E quem não quer agradar a
seu melhor amigo? E logo vem a enorme surpresa, o descobrimento de
que nosso melhor Amigo sempre soube o que era melhor para nós.
Algumas vezes enganamos a nós mesmos acreditando que sabemos
o que mais nos convém. E quando o fazemos, Jesus chora ante a dor de
ver como insistimos em nos infligir sofrimento. Muito freqüentemente
pensamos como a mulher desta história:

– Adeus, Professor!
– "E Jesus disse: 'Nem eu te condeno; vai-te e não peques mais' ".
A mulher se levantou de onde estava escondida por temor e
começou a escorregar rapidamente. Mas então, como se de repente
compreendesse a frase final de Jesus, deteve-se e olhou ironicamente a
seu Libertador, perguntando-Lhe:
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 82
– O que significa isso "vai-te e não peques mais"?
– Eu pensei que sabia o que queria dizer com isso – respondeu
Jesus.
– Pois não sei, Professor. A menos que esteja sugerindo que minhas
relações com o Rubén são pecaminosas.
– Como você as chamaria?
– Uma relação significativa – respondeu a mulher. – Uma dedicação
interpessoal na qual os dois procuramos realizar todo nosso potencial.
– Oh, certamente!
– Mas Rubén e eu nos amamos mutuamente. Estou segura que você
compreende o que quero dizer. Como pode ser pecaminosa uma relação
que expressa verdadeiro amor?
– Mas, o que dizer quanto à aliança com o seu marido?
– Isaque? Mas Professor, Isaque e eu na verdade nunca sentimos
atração um pelo outro. Não podemos expressar toda nossa sexualidade
juntos.
– O que tem que ver todo isso com...?
– Vamos lá, Professor, as pessoas são responsáveis por seus
próprios deveres e atos, você sabes, o direito à felicidade.
– São responsáveis?
– Claro que sim! Por que teríamos que permitir que um legalismo
rançoso nos prenda a relações estéreis e insatisfatórias?
– Oh, você quer dizer que Isaque é incapaz de procriar filhos e que
tem a esperança de que Rubén...?
– Professor, você estás me tirando o sarro. Sabe muito bem o que
quero dizer. Deus sabe que Isaque pode procriar filhos. Tenho três filhos
como prova disso.
– Você tem três filhos, e se propõe ignorar seus votos conjugais e
continuar tendo relações amorosas com o tal Rubén?
– Oh, Professor, que simpático você é! "Tendo relações amorosas
com o tal Rubén". Esse tipo de expressão desapareceu na época dos
juizes. Não estou dizendo que Rubén e eu vamos permanecer juntos para
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 83
sempre. É muito provável que nos separemos com o passar do tempo e
necessitemos espaço para explorar nossa autêntica individualidade. A
gente muda, você sabe.
– Mas, e os meninos?
– Os meninos não são tão frágeis como você pensa, Professor. Você
se surpreenderia como se dão bem com o Rubén, a forma em que
confiam nele quando fica para o café da manhã. Quer dizer, quando
Isaque sai com alguma caravana de camelos. Eles lhe dizem "tio Rubén",
e ele faz muitos truques que os diverte, e eles gostam disso. Para falar a
verdade, preferem a ele mais que ao Natã.
– Natã?
– Minha relação significativa prévia. Pobrezinho, ficou muito
aborrecido. Disse que sua consciência lhe incomodava e um montão de
coisas legalistas por estilo. Eu lhe disse que devia pôr mais atenção a
pessoas como você.
– Como eu? Como poderia eu lhe haver ajudado?
– Oh, você sabe. Essas coisas que diz a respeito de não ficar um
paralisado pelo sentimento de culpa e pelo temor das opiniões humanas.
– Ah, sim. Isso. Mas, me diga, se este Rubén amar você tão
profundamente, por que não esteve aqui hoje?
– Ele queria estar, Professor. Realmente queria estar. Desejava-o
profundamente. Simplesmente não suporta ver sangue. É uma pessoa
muito sensível. Muito diferente ao Josué.
– Josué? Outra relação significativa...?
– Oh, isso foi há muito tempo. E realmente não foi tão significativa.
Na verdade, não foi. Você dirá que o que eu realmente fazia era provar
minhas asas.
– E portanto eu não deveria...
– Mmmmmmmmmmm?
– O que dirá a seu marido a respeito do que passou hoje?
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 84
– Direi-lhe que o veja como uma experiência de aprendizagem, uma
oportunidade para ampliar os horizontes. Bom, devo ir agora. Adeus,
Professor! Tenha um bom dia.

Jesus contemplou reflexiva e tristemente a figura que se afastava.


Logo olhou para o piso e as lágrimas começaram a cair... e a cair... e a
cair.1

ADORMECIDO NA AULA?
1
Insight, 10 de noviembre de 1963.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 85

D evíamos ter ficado adormecidos em algumas aulas. Nem sequer nos


demos conta disso, a não ser muito tempo depois. Não estou
falando a respeito de psicologia geral, a classe que vinha imediatamente
depois do almoço, para a qual meu irmão e eu tínhamos comprado um só
livro de texto e um só caderno, de modo tal que ele pudesse dormir um
dia enquanto eu tomava notas, e me tocava dormir no dia seguinte. Estou
falando de outras classes nas quais é possível que eu tenha dormido. E,
dentre todas as coisas, só elas tinham que ver com a única resposta às
maiores pergunta da vida: conhecer Jesus como meu melhor Amigo.
Se lermos a epístola aos Romanos, achamos um clamoroso convite
a não dormir, a despertar, particularmente no tempo em que vivemos.
"E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos
despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do
que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia.
Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.
Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não
em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos
do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas
concupiscências." (Rom. 13:11-14).
Esta passagem tem algo que ver com o fato de nos vestir do Senhor
Jesus Cristo, verdade na qual dormi. Muitos de nós gastamos mais
tempo e esforço tentando não fazer "provisão para a carne".
Dedicamos muito mais tempo nos concentrando em nossos fracassos,
nossas debilidades e nossos pecados que em nos vestir do Senhor
Jesus Cristo.
Algumas vezes passamos mais tempo nos espaçando nas normas e
regras da igreja ou, ultimamente, em nos desprender delas, que em
conhecer a Jesus.
Um pregador, amigo meu, que estudou no colégio mais ou menos
na mesma época que eu, foi chamado mais tarde a ir ao leito de um
homem agonizante. Havia só uma coisa que este homem moribundo
queria saber: "Como posso saber que estou bem com Deus?"
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 86
Meu amigo me falou de sua frustração. O doente não lhe pediu que
conjugasse alguns verbos gregos. Não lhe pediu que lhe repetisse alguns
textos-chave para provar certos ensinos da igreja. Não lhe pediu que
alinhavasse algumas frases ou que recitasse alguns versos bem
conhecidos dos grandes literatos. Não lhe perguntou a respeito da
moralidade e da ética cristã ou de qualquer outro assunto, exceto da
única classe na qual meu companheiro dormiu. "Como posso saber que
estou bem com Deus?"
Quando escutei aquilo, disse: "Eu também dormi nessa aula,"
Buscando ser justo com os professores, meu amigo disse: "Devem ter-me
ensinado a responder essa pergunta em algum lugar, mas provavelmente
eu estava dormido."
Receio que muitos de nós dormimos em todas aquelas aulas que
deram as respostas fundamentais às perguntas realmente grandes que as
pessoas fazem. Parte do problema é que podemos aceitar certas
verdades em teoria e dormir na prática. Dos mais remotos dias que eu
lembre, soube que Jesus é importante, mas não sempre senti que
Jesus era tão importante em termos de experiência. Haverá alguma
lacuna ali? Existirá alguma diferença?
Nossa igreja sempre acreditou teoricamente no dogma da salvação
por meio da fé no Jesus Cristo. Quando perguntaram ao pastor Richards
qual é a mensagem adventista, respondeu: "Jesus, somente". Eu gosto
disso. Mas tem sido essa sua experiência durante toda sua relação com o
adventismo?
As pessoas consideram os adventistas do sétimo dia como um povo
que prega e ensina e vive "Jesus, somente", ou pensa neles como um
povo que não come porco e que vai à igreja na sábado em vez do
domingo? Nunca estivemos adormecidos em relação à crença doutrinal
em Jesus, a menos se examinarmos a parte posterior de nosso certificado
de batismo. Mas será que estivemos dormindo experimentalmente?
Os discípulos foram fiéis seguidores de Jesus. Mas as pessoas têm
que admitir que mesmo que tenham deixado suas redes, para seguir a
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 87
Jesus – e o tinham seguido até o Getsêmani – apegaram-se ao chão do
jardim onde dormiram.
Então, como está registrado em Lucas 22:46, Ele se chegou a eles e
lhes disse: "Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não
entreis em tentação."
Eu espero que, em algum lance do caminho, todos escutemos a voz
do Espírito Santo pela manhã nos dizendo, "Por que estais dormindo?
Levantai-vos e orai."
Alguns de nós fizemos um estudo dos jovens em nossa esfera
particular. Parece que como norma, pouco antes do ano da graduação de
nível médio, a maioria dos jovens adventistas nem sequer sabem do que
está você falando quando se refere à salvação pela fé em Jesus somente e
uma profunda vida de relação, não simplesmente religião. (Há exceções
à regra, é obvio, e há evidências de que este triste quadro está sendo
revertido pouco a pouco. Louvado seja Deus por isso!)
Como regra geral, a época mais fértil para que uma pessoa jovem
em nosso ambiente encontre algo mais que religião, e comece a vida de
modo mais profundo com Deus poderia ser em algum ponto entre os dois
últimos anos da escola de nível médio e os dois primeiros da
universidade. Se isso ocorrer com você, e se encontra dentro dessa
categoria, mantenha-se acordado. Não feche os olhos. Há algo muito
importante que deve entender, assim não se arrisque ficando adormecido
na aula.
Se você não aprofundar sua vida com Jesus durante esse tempo,
algo muito mais que "Jesus me ama, isto sei" (o qual pode ter sido algo
grande quando você tinha entre quatro e cinco anos de idade), algo muito
mais que simplesmente religião e rotina formal, então é provável que
passem muitos anos antes que você O encontre. Porque você
inevitavelmente será confrontado com as outras duas maiores decisões
da vida: junto de quem vai você a passar o resto de sua vida e qual será a
carreira de sua vida.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 88
De algum modo, a relação com Deus, a mais importante decisão,
fica relegada a um canto. Enquanto isso, enquanto está no canto, haverá
angústias, estresse, tragédias, noites de insônia e confusão até que,
finalmente, você desperte na classe que tinha estado adormecido.
Sabemos que muitas pessoas se sentem doentes e cansadas da
religião organizada. ("Cansado da religião", por que não experimenta
Jesus?) E alguns jovens assistem às escolas cristãs contra sua vontade.
Mas quando sua família lhes oferece um novo carro esportivo, sim vão a
sua alma mater. Como poderia você recusar? Como poderia uma pessoa
jovem negar-se diante da oferta de ser pago todos os seus estudos e
satisfazer todas suas outras necessidades econômicas?
Inclusive soube que foi prometido a alguns jovens uma motocicleta
se eles se batizavam! Alguns jovens vêem a falácia dessa desse de
pensamento. Não têm nenhum interesse na religião posto que ela tem
feito pouco ou nada por seus pais.
Me entusiasma poder lhe oferecer algo mais que simplesmente
religião, já que existe uma enorme diferencia entre ser religioso e ser
espiritual, entre conhecer as regras, as normas e as doutrinas e
conhecer o Senhor. E se você não viu a diferença ainda, não durma
nessa classe. Alguns dormimos, e como conseqüência desenvolvemos
úlceras no processo.
A primeira classe na qual eu dormi na universidade foi aquela que
tratava sobre o PECADO. Não estou dizendo que tinham um curso
codificado como 101 AB, Pecado. Mas em algum momento, com o
passaro do tempo, perdi a noção de tudo o que implicava o pecado.
Sempre pensei que o pecado é fazer coisas más. Em geral eu não
fazia coisas muito más. A maioria de nós fomos vítimas da justiça pela
preparação, a justiça pelo hábito, a justiça pela inibição. Tínhamos
medo de fazer algo mau. Éramos bons "em viver" exteriormente.
E, é obvio, se você for um bom em viver, então não é uma vítima de
fazer más coisas usualmente e, portanto, você não é um pecador.
Correto? Incorreto!
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 89
A antiga definição de pecado citada pela Escritura, que nos dão
quando perguntamos por ela, "pecado é a transgressão da lei", não é
suficiente, não ao menos na forma em que se entende habitualmente. O
que em realidade diz é: "Todo aquele que comete pecado, infringe
também a lei" (1 Juan 3: 4, a ênfase é nossa). Há algo mais profundo no
assunto do pecado. A pessoa tem que cometer "pecado" primeiro, antes
de ser capaz de violar a lei conforme como o pensamos tradicionalmente.
O pecado dá lugar à transgressão da lei. Para minha surpresa, eu
dormi nessa classe também. Não soube a não ser até muitos anos depois
que pecar é viver separado de Deus, cada dia (o qual em realidade é
violar o primeiro mandamento e me converter em meu próprio deus).
Jesus disse em João 16:8, referindo-se à obra do Espírito Santo:
"Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo."
No versículo 9, define o pecado como incredulidade com respeito a
Jesus. Mas crer, simplesmente, não é suficiente, e a prova é que "também
os demônios crêem, e tremem" (Tia. 2:19). Uma melhor palavra seria
confiar.
Pecado é "não confiar em Jesus". Essa definição imediatamente
sugere uma relação de dependência dEle.
Romanos 14:23 diz o mesmo, embora com palavras diferentes.
"Tudo o que não provém de fé, é pecado". De modo que tudo o que faço:
estudar aulas de religião, estudar matemática, estudar saúde, estudar
química ou enfermagem, e inclusive fazer boas obras que mantenham em
alto as normas, se estou vivendo uma vida independente, sem ter uma
relação significativa com o Senhor Jesus, estou vivendo em pecado. Eu
dormi também nesta classe.
Há uma grande diferencia entre pecado e pecados. Pecado é viver
uma vida separada de Jesus, e isto dá lugar aos pecados, ou fazer coisas
más.
A maioria de nós que temos problemas com os pecados lutamos
arduamente contra eles em nosso esforço por ter relacionamento com
Jesus. Que despertamento tive quando compreendi isso! Mas estabelecer
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 90
uma relação deve ser muito mais que uma simples teoria. Deve ser uma
experiência vital.
A segunda aula na qual dormi foi a que tratou sobre a JUSTIÇA.
Mais uma vez, não houve uma divisão no currículo que se chamasse
Justiça 450 AB. Mas, por alguma razão, perdi-a. Eu pensava que a
justiça era fazer o correto. De fato, escutei muitas pessoas defini-la
assim. Toda vez que se fazia a pergunta, "o que é justiça?", a resposta
sempre era, "justiça é fazer o correto". Inclusive tínhamos entrevistas
para prová-lo.
Mas se justiça é só fazer o reto, então tudo o que temos que fazer é
precisamente isso: fazer o correto, e ponto. Veja-se a armadilha à qual
isso nos leva! Se compreendermos o mínimo do princípio da salvação,
sabemos que essa definição é falsa. E, é obvio, a maioria de nós, que
estamos procedendo muito bem, até onde outros podem ver, nunca
consideramos que nossos pensamentos ou nossos desejos fossem
realmente um problema. De maneira que não necessitávamos a Deus. Se
fazíamos o que era correto, e se não nos estavam expulsando da escola,
se não queimamos o dormitório, e nos despojamos que todos nossos
discos ou toca-fitas de rock, então, quem precisa de Deus? Sabemos que
Deus precisa cuidar-se de pessoas más. Mas, as boas pessoas precisam
de Deus?
Por outro lado, como define você o certo e o errado dentro do
contexto da nova moralidade e a ética situacional? Alguns cristãos
pensam que é mau beber vinho, e outros pensam que é bom para a saúde.
Podemos fazer uma lista de muitas outras coisas neste sentido, como se
sugere em capítulos precedentes. Sem Jesus Cristo, todos definimos o
certo e o errado sobre a base de nossa educação, hábitos, e os complexos
formados dentro de nós. Ou não?
Sendo que diferem a educação e o meio cultural das pessoas, as
opiniões divergentes são tantas como quantas pessoas há no mundo. É
impossível entender o que é certo e errado, e fazer o que é realmente
correto sem Jesus.
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 91
Para meu assombro, descobri que a melhor definição de uma só
palavra para justiça (e não descobri isso até depois de ter passado pela
universidade) é "Jesus!" Jesus é justiça. O é o único que viveu neste
mundo impecavelmente e foi justo, mas todos os outros são injustos.
"Como está escrito: Não há justo nem sequer um" (Rom. 3:10).
O que diz Paulo? Quantos justos há? Nenhum! "Mas", dirá você,
"eu levo uma vida muito boa". É possível que isso seja certo, mas você
não é justo.
Portanto, se quero possuir certo tipo de justiça genuína, devo ter ao
Jesus necessariamente. Quando tenho ao Jesus, tenho justiça. Não há
tal coisa como justiça sem Jesus.
"Mas – dizemos – conhecemos muita gente boa e doce no mundo,
que fazem coisas boas". Sim, mas essas coisas boas não têm valor
celestial se não existir uma relação vital com Deus. Separados de Deus,
inclusive as coisas boas se somam à nossa pecaminosidade.

A terceira aula na qual dormi foi aquela que tratou sobre a FÉ. Eu
pensava que fé era fazer-me crer a mim mesmo algo, e que se não sentia
que tinha muita fé, devia dedicar muito tempo, procurando melhorá-la.
Pensava eu que se podia me obrigar a mim mesmo a crer intensamente
algo, ocorreria o milagre. E o único problema com as coisas que não
chegassem a ocorrer seria minha falta de fé.
Fé era algo pelo qual você tinha que trabalhar, fazendo um tipo
de ginástica mental para auto-sugestionar-se. Afinal de contas, Jesus
disse: "Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê." (Mar. 9:23). Essa é
a única condição. De modo que trabalhamos duro para crer e construir
nossa fé.
O Dr. Hutchins, da Universidade de Chicago, em sua sátira contra a
religião cristã, assinalou que se você centrar seu pensamento positivo e
sua crença nas caricaturas do periódico dominical, pode obter o mesmo
resultado que se os enfocar em Deus. Você pode enfocar sua crença no
poste central na cerca de seu pátio e conseguir o mesmo. E isso seria
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 92
verdade se a fé não fora outra coisa que o manejo de certo tipo de
pensamento positivo autogenerado. Tentando você fazer-se crer nas
promessas da Palavra de Deus ou não, se tiver que fazer algo ou muito
por sua fé, a sua é uma teologia da fé equivocada. Eu dormi nessa classe,
e em algum momento essa idéia quase me destruiu.
O princípio bíblico que define a fé é confiança. E a confiança
vem graças ao conhecimento de alguém digno de confiança. Se você
quer ter confiança genuína, o que tem que fazer é relacionar-se com
Jesus, e a fé virá como resultado lógico e natural.
Você não tem que estimulá-la, não tem que fazer absolutamente
nada com ela. A fé não chega aos que a buscam, chega àqueles que
procuram a Jesus. Chegamos a ser justos procurando o Jesus e sua
justiça.
Aulas difíceis! Como é possível dormirmos nelas? Se dormirmos,
isso nos levará a um esforço fútil, frenético, sem objetivo, a um trabalhar
sem fim que não conduzirá a lugar nenhum.

A quarta aula na qual dormi foi a que trata sobre o


CRISTIANISMO. O que é um cristão? Eu pensava que um cristão
era a pessoa que faz o correto. Eu me acreditava cristão porque fazia o
correto. Mas há pessoas no mundo que fazem o correto sem ser cristãs.
Não viu a pessoas que fazem o correto, mas que não se
preocupariam no mais mínimo por Cristo Jesus? Não é certo que há
pessoas que dariam sua camisa ao nu, que são bondosas, doces e
honestas, e entretanto não têm nenhuma relação com o cristianismo? Eu
conheci a algumas delas. Há todo tipo de pessoas morais e éticas no
mundo que blasfemariam o nome do Jesus em qualquer momento.
O que é um cristão? Eu não sei onde estava quando deram sua
definição na universidade. Estou seguro que alguém deve havê-lo
explicado. Como pode saber você com toda segurança que é um seguidor
de Cristo?
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 93
Há dois critérios: de quem você gosta de falar e em quem gosta
de pensar?
Os discípulos foram chamados cristãos primeiro em Antioquia,
segundo Atos 11. Por que supõe você que foram chamados cristãos?
Porque era do único que podiam falar. Jesus disse isto, e Jesus disse
aquilo, e Jesus fez isto e aquilo. Finalmente o povo disse, "toda esta
gente só fala sobre seu Cristo. por que não lhes chamamos cristãos?"
Como chamariam a você hoje se fosse julgado por aquilo que fala
mais freqüentemente? Que tipo de palavras figurariam na etiqueta dela e
minha?

A quinta classe na qual dormi foi aquela em que se falou da


ENTREGA. Eu pensava que a entrega era abandonar as coisas más
que fazia. E, é obvio, não eram tantas, só umas poucas, dada a educação
que recebi e o ambiente adequado em que vivia. Mas eu tentava
abandonar as poucas coisas más que fazia.
Se você for uma pessoa forte, pode ter êxito neste tipo de entrega
visto que a pessoa forte pode ter êxito exteriormente. Neste sentido,
podemos abandonar nosso mau caráter, poderíamos abandonar até a má
música e o comer entre refeições. Qualquer coisa que se considerasse má
seria posta de lado.
Eu tenho um amigo que se desfez de todos seus discos de rock, que
naqueles dias era o jazz, foi a um escarpado e começou a brincar,
lançando ao ar seus discos. Disse-me que em realidade era divertido ver
quão longe podia lançá-los e ouvir como se quebravam lá embaixo.
Maravilhoso! Justificação por pôr-se a voar seus discos!
Desfazer-se dos pecados, abandonar as coisas más, elevar-se a
uma norma mais alta, é a idéia usual a respeito da entrega. Essa foi
outra das classes nas quais dormi. Render-se desfazendo-se de algumas
costure? Isso não é render-se, absolutamente. Estude-o e descobrirá que
a entrega tem que ver com o ato de renunciar a si mesmo. É
renunciar a idéia de que podemos fazer algo honorável dentro de
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 94
nosso coração separados de Cristo. Tudo o que podemos fazer é
quebrar discos. No íntimo, ainda os amamos. Sim, a pessoa forte pode
manipular bem a parte exterior. E uma religião exterior é extremamente
atrativa para as multidões.
A mim, em particular, ia bem neste respeito, de modo que não
precisava de Jesus como o necessitava meu companheiro de quarto. Ele
vinha de um ambiente bastante difícil. Sua mamãe fora assassinada por
seu pai quando ele tinha apenas quatro anos. Ele foi levado daqui para lá
quando era menino. Mentiu a respeito de sua idade e entrou na marinha,
oferecendo-se como voluntário para missões suicidas durante a guerra.
Quando voltou, uniu-se à polícia e passou por muitas situações difíceis.
Assim, é obvio, precisava muito de Jesus. Tinha visto demais. Passava
horas e horas lendo sua Bíblia e orando.
Mas, é obvio, eu não necessitava nada disso. Vivia uma vida muito
boa. Tinha abandonado todas as coisas más. Infelizmente dormi durante
a aula na qual se estudou a entrega, embora tinha um companheiro de
quarto que sabia tudo a respeito.
Com o tempo descobri que a entrega consiste em chegar ao ponto
onde você se dá conta que nada do que possa fazer conta realmente no
interior, exceto o ir a Jesus.
Juan 15:5 diz que "separados de mim nada podeis fazer". Ponha
isso junto com Filipenses 4:13, onde diz que com Ele tudo é possível.
Isto dá margem a só uma coisa que é possível fazer no reino da vida
profundamente interior: acudir a Jesus e continuar indo a Jesus. Ele
tomou a iniciativa nisto, mas nós devemos responder.

A sexta aula na qual dormi foi onde se tratou a respeito da VIDA


DEVOCIONAL. Quem precisa de uma vida de devoção quando está
fazendo tudo corretamente?
Quem precisa de uma vida de devoção sendo que você define o
pecado em términos de fazer más coisas, e você não tem esse problema?
Quem precisa de uma vida de devoção quando a justiça, segundo você, é
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 95
fazer as coisas corretas, e você esteve fazendo corretamente as coisas em
toda sua vida?
Você foi preparado e condicionado para a justiça pelo hábito. Quem
precisa de uma vida de devoção sendo que você pensa que um cristão é
alguém que vive uma vida correta, e você o está fazendo bastante bem?
Quem precisa de uma vida de devoção quando você desprezou todas
estas coisas más e se enganou a si mesmo pensando que tudo está bem
entre você e Deus, na base de seu comportamento e sua atuação?
Gostaria de lhe recordar que uma grande razão pela qual a maioria
dos professos cristãos não têm uma vida devocional é porque continuam
pensando que podem viver a vida independentes de Deus e fazer bem as
coisas.

Ninguém em realidade se põe de joelhos diante do Senhor até


que chega ao limite de suas possibilidades, e então descobre a seu
melhor Amigo. Quanto mais breve você chegar a esse nível, meu amigo,
tanto melhor será.
De modo que se você descobrir que vai montanha abaixo, e a vida
lhe parece difícil, levante-se e louve a Deus. Caia de joelhos e diga:
"Graças a ti, Senhor, por me trazer ao ponto onde posso depositar
minha vida em Tuas mãos".
Eu não entendia como nove dólares com a bênção de Deus são
muito mais que dez dólares sem Sua bênção, até que o provei. Mas há
algo mais. Sete horas de sonho com a bênção de Deus valem muito
mais que dez horas sem ela. Capta a idéia?
Eu não sabia que a vida devocional era a própria base da
experiência cristã e a aceitação da justiça de Cristo, visto que Sua justiça
deve ser recebida diariamente. Eu não compreendia isso quando estava
na universidade.

A última classe na qual dormi, que eu saiba, foi na que se ensinou


que JESUS GOSTA QUE AS PESSOAS VENHAM A ELE COMO ESTÃO .
Ame a Deus e Faça o que Você Quiser 96
Eu pensava que as pessoas ao ir a Jesus, teriam que fazê-lo depois de
melhorar suas vidas e mudar seus caminhos. Eu pensava que alguém
deve melhorar sua vida primeiro vida, antes de poder ir a Jesus.
E finalmente amanheceu em minha vida, produziu-se o grande
descobrimento, o despertar do sonho: Vamos ao Jesus tais como somos.
Não me preocupa quem você seja, quantos fracassos, quantos
pecados tenha tido, quão enredada tenha sido sua vida, se você for a
Jesus. Ele aceitará você exatamente como você é. Ele faz as mudanças
em sua vida porque você não pode fazê-lo. E Ele levará você até as
normas de vida mais elevadas que jamais imaginou, já que a justiça de
Cristo não é um manto para cobrir pecados não confessados nem
abandonados. É um princípio de vida que transforma o caráter e rege a
conduta.

E agora, conhecendo os tempos, meu amigo, já é tempo que


despertemos de nosso sonho.

Você também pode gostar