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Cartas do
Casarão,
9 histórias
de pessoas trans
Brenda Fucuta
Ilustrações de MariaB.
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Cartas do
Casarão,
9 histórias
de pessoas trans
2
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Fucuta, Brenda
Cartas do Casarão,
9 histórias de pessoas trans
Ilustrações: MariaB.
ISBN 000-0-00-000000-0
2022
3
Índice
Prefácio 05
Carta ao Leitor 13
Carta de Allian 16
Carta de Bianca 25
Carta de Camila 33
Carta de Carla 40
Carta de Eloá 52
Carta de Janaína 68
Carta de Paola 76
Carta de Roberta 85
4
Prefácio
5
Na hora de bater papo, nos sentamos ao ar livre, per-
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lação LGBT. Na unidade móvel, com a logomarca do
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na formação delas como microempreendedoras, além
uma faculdade.
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as meninas e precisava de ajuda para alimentá-las,
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longo, interrompido por muitos picos da pandemia,
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abusos, violências. Pequenas alegrias, vontade de re-
começo.
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e a identidade de gênero entre os 5 e os 15 anos de
idade.
ção dos textos. Mais uma vez, agradeço aos meus en-
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Carta ao Leitor
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grafia trans e também o que mais as/os mata!
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recursos humanos também precisam se (in)formar e
Cassio Rodrigo,
Coordenador de Políticas LGBTI
da Cidade de São Paulo
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Carta de Allian
16
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“Fui homem nas minhas vidas pas-
anos.”
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Carta para o universo,
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Numa noite, tive um sonho com um dos meus guar-
crescer”.
te.”
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de uma das coordenadoras desse espaço, a Adriana,
padrasto me espancando.
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programa. Fiquei cinco anos trabalhando de office
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guei meu curso de segurança.
po. Não sou mais Simone Regina, aliás nunca foi. Fui
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quero continuar aprendendo. Em 2021, daqui a um
mora comigo.
tras pessoas?
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Carta de Bianca
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26
“Eu nunca gostei de conhecer pessoas
mal.”
27
Carta para meu marido,
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Não uso seu dinheiro. Às vezes, sinto que eu estaria
por você. Sexo, a gente nem faz mais. Será que você
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lência nesse meio, principalmente contra mulheres
vou logo dizendo que sou travesti, não quero ter pro-
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Nossa, aquilo me machucou demais. Mesmo assim,
bendo que não tem onde dormir. Não quero isso para
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jando apenas um quer uma coisa séria com as trans.
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Carta de Camila
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“Antes de eu sair de casa, bem nova
35
Carta para as mulheres
trans do Brasil,
como ele.
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Claro que isso nunca aconteceu. Já minha mãe me
marido.
amiga, ele era uma das poucas pessoas com carro que
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um tempo depois, com a crise econômica, perdi o
Ele não sabe ler, não sabe escrever, é uma pessoa sim-
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estudar. Meu sonho é ser assistente social. isso que
ela. Não tem outro país que dá uma cesta básica para
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Carta de Carla
40
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“No bairro onde moro hoje frequento
parar de beber”
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Carta para um amigo,
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Sei que muitas trans não tiveram essa sorte. Mas mi-
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brincar de coisas masculinas, jogar bola, brincadeiras
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foi a primeira vez. Eu tive um estalo de vida quando
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vou resumir aqui porque a história é muito comprida.
o pajubá.
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vontade de fazer nada, apenas de beber e de me dro-
gar.
como eu
pensava.
que ganhei.
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influencers, pessoas acolhedoras, hospitaleiras, com
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Acho incrível a sensibilidade que vem junto. Adoro
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carreira estabilizada, penso que o mais importante é
-formada.
51
Carta de Eloá
52
53
“Eu acho divertido. Eu acho graça.
54
Carta aos heterossexuais,
na. Aos 13, acabei indo morar com uma das minhas
avó.
55
Minha avó falava para eu não fazer programas, acon-
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divertido.
tende isso.
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Moro com o Fernando há quatro anos. Ele tem uma
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Carta de Isabela
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60
“Naquela época, eu me chamava Fa-
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Carta à diretora L.*,
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Nunca te esqueci. Até hoje, quando bebo, quero te
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da conversa com você, ela me abraçou. Disse que me
sou mulher.
dias.
Nunca contei para eles o que realmente acontecia.
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Espero que não. R. foi o pior homem que conheci, um
recia escravidão.
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tora, e o R. adorava. Ele era um sádico, usava raquete
perdoar nunca.
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continuam a me perturbar.
sar.
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Carta de Janaína
68
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“Eu te dei banho, te dei comida, tratei
eu esperava.”
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Carta para o meu pai,
João Brito Barreiras,
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Quando você me viu, de cabelão comprido, não me
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milho? Por que ficou pior quando você soube que
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bida, oito corotes por dia, nas drogas, muita cocaína.
ria, que vai virar uma carta para você, eu também es-
situação.
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bala no no farol e faço bicos de limpeza. Também ga-
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Carta de Paola
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“[Eu] Dizia que elas não precisavam
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Carta para Luis, meu grande amigo,
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Por outro lado, sempre tive uma grande busca por es-
reito, mas sei que estava bem perdida e foi para você
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me acolheu. Disse apenas para eu ter certeza do que
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Minhas irmãs levaram um susto quando contei a his-
xa apavorada.
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prego. Para não viver na rua, consegui uma vaga na
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de um jeito bom. A pandemia continua mas, há qua-
deixa em paz.
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Carta de Roberta
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“As pessoas de Libra, como eu, são re-
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Carta para meu querido Jian,
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Mas tá difícil, hein? Quando te conheci, você tinha
de novo.
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tem, depois que perde, não adianta mais. Você está
problemas.
nho de queijo.
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morreu logo, de overdose de cocaína.
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casar, morei em várias casas de cafetina. Cada casa
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as bichas fazendo e fazia igual. Estava na brisa de co-
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Equipe do Centro de Cidadania LGBTI
Claudia Wonder
Coordenador:
Rogério de Oliveira
Comunicação:
Isabel Pereira
Administrativo:
Cleber Machado
Assistentes Sociais:
José Carlos Da Silva & Tatiana de Araujo
Psicólogos:
Victor Mecatti & H. Pietro Hernandes
Pedagoga:
Mayara Dias
Advogado:
Felipe Daier
Articuladores Sociais:
Alcione de Carvalho & Douglas Mariano
Recepção:
Roberta Coelho
Operacional:
Sandra Maria
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Centro de Cidadania
LGBTI Claudia Wonder
Instagram:
@cclgbtioeste
@casarao_brasil
Parceria Realização
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