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• UNIDADE 1

A EXECUÇÃO EM GERAL

• OBJETIVO DA UNIDADE: Entender a Finalidade do Processo de


Conhecimento – Princípios do Processo de Execução. (aulas I e
II

• PROCESSO DE CONHECIMENTO – EXECUÇÃO

O Código de Processo Civil Brasileiro trata do processo de conhecimento no


seu Livro I (artigos 1º a 565), do processo de execução, no seu Livro II
(artigos 566 a 795) e do processo cautelar no seu Livro III (artigos 796 a
889).

Pois bem, o processo de conhecimento como o próprio nome diz trata de


conhecer o direito dos litigantes, que será exposto pela partes e
evidenciado através de toda a fase instrutória, com a realização de
audiências, produção de provas periciais, etc...

Já o processo cautelar busca assegurar o direito em risco da parte, desde


que evidenciados os requisitos da tutela cautelar: periculum in mora e
fummus boni iuris.

O processo de execução por sua vez parte justamente da certeza do direito


do credor, atestada pelo “título executivo” de que é portador.

É este processo, o de execução que estaremos estudando neste semestre.

• PROCESSO DE CONHECIMENTO – EXECUÇÃO

O Código de Processo Civil conhece duas vias para realizar a execução


forçada: a do cumprimento da sentença (Livro I, Título VIII, Capítulo X) e a
do processo de execução (Livro II, com seus diversos títulos e capítulos).

O processo de execução contém a disciplina da ação executiva própria para


a satisfação dos direitos representados por títulos executivos extrajudiciais.
Serve também como fonte normativa subsidiária para o procedimento do
cumprimento da sentença (art. 475 –R), como veremos mais adiante.

Embora haja seqüência lógica entre o conhecer e o executar, nem sempre a


atividade jurisdicional reclama a conjugação dos dois expedientes, de sorte
que muitas vezes é bastante a declaração de certeza jurídica para eliminar
o litígio. E outras tantas, a certeza em torno do direito da parte já está
assegurada, por certos mecanismos, que dispensam o processo de
conhecimento e permitem a utilização direta da execução forçada em juízo.

• PROCESSO DE CONHECIMENTO – EXECUÇÃO

Para solucionar litígios, o Estado não age livre e discricionariamente;


observa, ao contrário, um método rígido, que reclama a formação de uma
relação jurídica entre as partes e o órgão jurisdicional, de caráter dinâmico,
e cujo resultado será a prestação jurisdicional, ou seja, a imposição da
solução jurídica para a lide, que passará a ser obrigatório para todos os
sujeitos (autor, réu, Estado).

Esse método, que é o processo, naturalmente não pode ser o mesmo


enquanto se procura conhecer a situação e enquanto busca realizar
concretamente o direito de uma delas, alterando a esfera jurídica da outra.

Por isso mesmo, no processo de conhecimento, a atuação do órgão judicial


é bem distinta da observada no processo de execução, razão pela qual
existem a regulamentação e a sistemática próprias de cada um deles.

Na ordem cronológica, a declaração de certeza há de preceder à realização


forçada da prestação a que se refere à mesma relação tornada litigiosa.

• PROCESSO DE CONHECIMENTO – EXECUÇÃO

Assim, a gravidade da atuação executiva e de suas conseqüências práticas


reclama, por si só, a preeminência da cognição sobre a existência do direito
do credor, o que, de ordinário, se faz através do processo de conhecimento.
Somente com a observância dessa prioridade é que se pode evitar o risco
de se chegar à agressão patrimonial executiva sem controle da efetiva
existência da relação que se há de fazer atuar.

Humberto Theodoro Jr, citando Couture: “na ordem jurídica, execução sem
conhecimento é arbitrariedade; conhecimento sem possibilidade de
executar a decisão significa tornar ilusórios os fins da função jurisdicional”.
A obrigatoriedade da conexão entre conhecer e executar, contudo, não
exclui a possibilidade de admitir-se o conhecimento do direito subjetivo do
credor operado em vias extraprocessuais. Assim é que existem
procedimentos, fora do campo do processo judicial, que geram título
executivo equivalente à sentença condenatória. De qualquer maneira, no
entanto, as duas atividades, de conhecer e executar, estarão ainda
conectadas, sendo, outrossim, de notar que o título executivo extrajudicial é
exceção que só vigora mediante expressa permissão em texto específico de
lei. O fato de existir título extrajudicial em favor do credor, mesmo
autorizando o acesso imediato à execução forçada, não elimina a eventual
discussão e acertamento a respeito do crédito exeqüendo, por provocação
incidental do devedor por meio de embargos.

• DIFERENÇAS ENTRE A EXECUÇÃO FORÇADA E O PROCESSO DE


CONHECIMENTO

O Estado atua na execução como substituto, promovendo uma atividade


que competia ao devedor exercer: a satisfação da prestação a que tem
direito o credor. Somente quando o obrigado não cumpre voluntariamente a
obrigação é que tem lugar a intervenção do órgão judicial executivo. Daí a
denominação de “execução forçada”, adotada pelo CPC, no art. 566.
Enquanto no processo de conhecimento o juiz examina a lide para
“descobrir e formular a regra jurídica concreta que deve regular o caso”, no
processo de execução providencia “as operações práticas necessárias para
efetivar o conteúdo daquela regra, para modificar os fatos da realidade, de
modo a que se realize a coincidência entre as regras e os fatos”.

• DIFERENÇAS ENTRE A EXECUÇÃO FORÇADA E O PROCESSO DE


CONHECIMENTO

Embora tanto num quanto no outro a parte exerça perante o Estado o


direito subjetivo público de ação, a grande diferença entre os dois processos
reside no fato de tender o processo de cognição à pesquisa do direito dos
litigantes, ao passo que o processo de execução parte justamente da
certeza do direito do credor, atestada pelo “titulo executivo” de que é
portador. Nessa ordem de idéias, não há no processo de execução, decisão
de mérito. No processo de conhecimento, o juiz julga (decide), no processo
de execução, o juiz realiza (executa).

A doutrina considera que o processo de execução não é contraditório. Não


é da índole do processo de execução, colocar em contraditório o direito
material já acertado no título executivo. Não pode, porém, fugir do
contraditório relacionado com a pretensão e prática dos atos executivos,
mesmo porque, por garantia constitucional, nenhum processo, seja de
natureza que for, poderá se desenvolver sem o respeito ao contraditório e
ampla defesa (CF, art. 5º, inciso LV).

• REALIZAÇÃO DA SANÇÃO: FIM DA EXECUÇÃO FORÇADA

A coatividade da ordem jurídica tem um sistema especial de manifestação


que se denomina sanção. Desobedecido o preceito normativo e violado o
direito subjetivo do credor, o Estado está sempre pronto a interferir, através
de seus órgãos adequados, para restaurar a ordem violada, atribuindo a
cada um o que é seu, com ou sem consentimento da pessoa responsável
para situação concreta.

A sanção, no plano patrimonial, que é o que interessa à execução forçada,


traduz-se em medidas práticas que o próprio ordenamento jurídico traça
para que o Estado possa invadir a esfera de autonomia do indivíduo e fazer
cumprir efetivamente a regra do direito.

Feitas estas explicações e diferenciações entre o processo cognitivo e o de


execução, passaremos a análise mais detida do processo de execução.

• PRINCÍPIOS

Princípios são normas jurídicas, escritas ou não que informam e guiam o


sistema jurídico, servindo de parâmetro tanto para o legislador como para o
militante na área jurídica, a medida que apresentam um prévio juízo de
valor sobre os vários temas tratados pelo direito.
O Processo de execução está ligado ao princípios processuais gerais do
direito, no entanto a doutrina cita alguns princípios ligados diretamente a
execução.

I – O princípio do título:

Que muito embora a lei 11.382/06 tenha revogado o art. 583 CPC, este
permanece. Com efeito o processo de execução deve necessariamente
arrimar-se num título (art. 580), assim reconhecido o documento que
segundo normas legais, declara ou reconhece, o direito do credor.

II – Princípio da patrimonialidade:

Toda execução é real, ou seja só pode alcançar o patrimônio do devedor,


vedando-se a coerção pessoal por meio de prisão civil, salvos nos casos
permitidos pela CF (art. 5 LXVII), muito embora existam a
responsabilidade originária que são os bens presentes e futuros do
próprio devedor, a execução pode acabar por sujeitar também o patrimônio
de outras pessoas que não figuram como devedora na chamada
responsabilidade secundária, sócio, sucessor, cônjuge, etc.

III – Princípio da utilidade:

Também conhecido como princípio do resultado, informa que os atos


executivos só devem ser levados a efeito quando representarem efetiva
utilidade para o credor. Ex art. 2º 659 CPC “Não se levará a efeito a
penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas
da execução” Outro exemplo da medida vedada é a alienação do bem
penhorado por preço vil, fato que acaba por não satisfazer aos interessados
do credor e causa injustificável prejuízo ao executado.

IV – Princípio da satisfação:

Também conhecido como principio da economicidade, que os atos da


execução forçada devem ocorrer de forma menos gravosa possível ao
executado . art. 620 CPC “ Quando por vários meios o credor puder
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos
gravoso para o devedor”. Aqui expressa a possibilidade do parcelamento
previsto no art. 745-A CPC, ou 668 CPC onde prevê a substituição do bem
penhorado.

V – Princípio da disponibilidade:

O credor tem a faculdade de desistir da de toda a execução, seja ela


provisória ou definitiva, ou ainda de algumas medidas executivas (art. 569
CPC), independente ou não da concordância do devedor. No caso de terem
sidos opostos embargos, estes serão extintos se versarem apenas sobre
questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários
advocatícios; nos demais casos, a extinção dos embargos dependerá da
concordância do embargante:

Pressupostos específicos: requisitos que condicionam a validade da


relação jurídica processual. A doutrina clássica em : I – pressupostos de
existência (Petição inicial, distribuição e citação válida) que completa a
relação jurídica processual. II – pressupostos de validade (presença de
um juiz competente, parte com capacidade processual, representação por
advogado ou MP, e ainda a inexistência de fatos impeditivos (litispendência,
perempção, coisa julgada), e também a regularidade formal da petição.

 AULA 3

 Inadimplência do Devedor

 Inadimplência do devedor

Segundo o art. 580 do CPC, com a redação que lhe deu a Lei 11.382/06, se
caracteriza quando o devedor não satisfaz espontaneamente
obrigação certa, líquida e exigível. Com efeito, da inadimplência do
devedor surge o interesse de agir para o credor. Neste sentido, a norma do
art. 581 do CPC, que declara que “o credor não poderá iniciar a execução,
ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o
recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não
corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá ao juiz a
execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la”.

 Inadimplência do devedor

No caso de a obrigação envolver prestações recíprocas, somente depois de


cumprir a sua obrigação poderá a parte exigir o implemento da do outro; ou
seja, nos contratos bilaterais, o interesse processual à tutela executiva só
nasce após o cumprimento da contraprestação.

Destarte, no caso de o credor ajuizar processo de execução sem ter


cumprido a sua parte na obrigação, o devedor poderá se opor a ela
suscitando a “exceção do contrato não cumprido” (exceptio non adimpleti
contractus), conforme norma prevista no art. 476 do Código Civil. No
caso de o devedor desejar exonerar-se da sua prestação, exigindo o
cumprimento do contrato, poderá fazê-lo depositando em juízo a prestação
ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que
o credor a receba, sem cumprir a contraprestação que lhe tocar (art. 582,
CPC).

 TÍTULO EXECUTIVO

 TÍTULO EXECUTIVO
Título executivo pode ser conceituado como o documento que,
regularmente constituído, legitima o credor de uma obrigação
líquida, certa e exigível, a promover o processo de execução (art.
580, CPC), ou a iniciar a fase executiva do processo de
conhecimento (arts. 475-1 e 475-N, CPC). Deve-se ressaltar, inclusive,
que o processo de execução pode estar fundado em mais de um título.
Neste sentido, a Súmula 27 do STJ: “Pode a execução fundar-se em mais
de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio.”

Já o art. 586, do mesmo diploma legal, informa que “a execução para


cobrança de crédito fundar-se-á sempre em obrigação certa, líquida
e exigível” assim entendido o crédito perfeitamente determinado quanto
ao seu valor, qualidade e quantidade sobre o qual não haja dúvidas quanto
a sua existência e, por fim, que não esteja sob dependência de termo ou
condição, na chamada execução diferida (art. 572, CPC).

 TÍTULO EXECUTIVO

No mesmo diapasão declara ainda o CPC, art. 618, 1, que é nula a execução
se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível.

Já no caso dos títulos judiciais que não determinem o valor devido,


o credor deve primeiramente promover a sua liquidação, conforme
procedimento previsto nos arts. 475-A a 475-H do CPC, objeto de
capítulo próprio. Na eventualidade de a sentença possuir uma parte
líquida e outra ilíquida, o CPC, art. 586, § 2, faculta ao credor promover
simultaneamente a execução da parte líquida e a liquidação da parte
ilíquida.

 AULA 4

 Títulos Executivos

 TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

O art. 475-N do CPC declara que são títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de


obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

Considerando que a nova sistemática implantada pela lei 11.232/05, tornou-


se fase do processo de conhecimento a execução da sentença, o legislador
preferiu especificar individualmente a natureza do provimento concedido
pela decisão judicial porque passou a prever procedimentos próprios (fazer,
não fazer, pagar, entregar, etc).

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; o art. 91 Código


Penal, declara ser efeito da sentença penal tornar certa a obrigação de
indenizar o dano causado pelo crime, qualquer que seja o exeqüente,
vítima, representante ou próprio MP, deverá proceder previamente a
liquidação de sentença, quando for necessário a fim de apurar o que lhe é
devido.

 TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que


inclua matéria não posta em juízo; essa sentença é de mérito art. 269 III
CPC, e faz coisa julgada entre as partes, o que enseja a execução.

IV – a sentença arbitral; “proferida por juízes leigos” ao incluir a sentença


arbitral no rol dos título executivos judiciais, o legislador deu a ela a mesma
eficácia da sentença proferida pelo juiz togado.

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;


este inciso foi acrescentado pela lei 11.232/05 e apenas ratifica o que
tradicionalmente já vinha ocorrendo contudo o CPC, não só ratifica que os
acordos deverão ser homologados judicialmente como também incentivas
que se façam esses acordos extrajudiciais.

 TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;


Conforme declara o art. 483 CPC, no Brasil a sentença proferida no
estrangeiro deverá ser previamente homologada pelo STJ, após a
homologação será executada por carta de sentença extraída dos autos da
homologação, junto a um dos juízes federais (art. 484, CPC; art. 109, X CF).

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao


inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
Esses títulos tem força executiva, quanto a eventuais preceitos
condenatórios, apenas em relação ao inventariante, aos herdeiros, ou seja
não recebendo o herdeiro os bens que compõe o seu quinhão poderá
executar por via executiva.

 TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o


cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o


documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem


como os de seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;


V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
condomínio;

 TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de


tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados
por decisão judicial;

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do


Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos
créditos inscritos na forma da lei.

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva.

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título


executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para


serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país
estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar
o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

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