Você está na página 1de 58

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

CARLOS EDUARDO DE LIMA ANDRADE

AVALIAÇÃO DO CUSTO DE ACIDENTE DO TRABALHO NO BRASIL.

Monografia Apresentada ao Curso de Especialização


em Engenharia de Segurança do Trabalho,
Departamento de Engenharia Mecânica, Escola
Politécnica. Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Orientador: Profº. Ms. Aurinézio Calheira Barbosa

Salvador
2007
FICHA CATALOGRÁFICA
Andrade, Carlos Eduardo de Lima.

Avaliação do Custo de Acidente do Trabalho no Brasil. Salvador:


CEEST/UFBA, 2007.

Monografia (Especialização) – Escola Politécnica da Universidade


Federal da Bahia. Departamento de Engenharia Mecânica. Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.

1. Segurança do Trabalho 2. Segurança do Trabalho – Legislação –


Brasil 3. Acidentes do Trabalho Estatísticos.
Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica.
Departamento de Engenharia Mecânica.

2
Dedicatória
Esta Monografia é dedicada à minha família, principal motivo da razão do
meu viver e que me ensinou a ser um homem de bem.

3
Agradecimentos

A Deus por estar sempre presente em nossas vidas...

Agradeço em especial ao Profº, Mestre Aurinézio Calheira pelo apoio e


atenção dispensada na etapa de elaboração e confecção da monografia

4
RESUMO

O Impacto causado por um acidente do trabalho tem sido um assunto, muito

discutido pelos profissionais que atuam na área de Engenharia de Segurança

do Trabalho. Nos décadas de 70 e 80 falava-se que o país possuía o título, de

campeão mundial dos acidentes de trabalho.

Os acidentes do trabalho no Brasil proporcionaram a sociedade, muitos custos

e danos para as famílias e empresas. Esta pesquisa visa apresentar o quanto

representa os custos com acidentes de trabalho e alguns dos seus impactos

para a sociedade.

5
ABSTRACT

The Impact caused for one employment-related accident has been a subject,

much argued by the professionals who act in the area of Engineering of

Security of the Work. In the decades of 70 and 80 it was said that the country

was considered the world-wide champion of the industrial accidents. The

employment-related accidents in Brazil had provided the society, many costs

and damages for the families and companies. This research aims at to present

how much it represents the costs with industrial accidents and some of its

impacts for the society.

6
LISTA DE TABELAS

Tabela A 31

Dados dos Acidentes do Trabalho das Décadas de 70 e 80.

Tabela B 36

Resumo dos Acidentes de Trabalho a Partir do ano de 1998.

Tabela C 37

Resumo dos Acidentes do Trabalho por Unidade da Federação UF (Ref. 2006)

Tabela D 38

Acidentes do Trabalho por Motivo. (Ref. 2006)

Tabela E 54

Custo da Previdência em R$ com benefícios do Acidente do Trabalho

Tabela F 55

Relação entre o custo total do acidente do trabalho e o Produto Interno Bruto -

PIB no Brasil

vii
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico A1 – Acidentes relacionados ao trabalho por cem mil trabalhadores das

décadas de 70 e 80. 34

Gráfico A2 – Óbitos relacionados ao trabalho por cem mil trabalhadores das

décadas de 70 e 80. 35

Gráfico B – Evolução dos Acidentes de Trabalho. 37

Gráfico C – Acidentes do Trabalho por UF. (Ref. 2006) 38

Gráfico D – Evolução dos Acidentes de Trabalho (Ref. 2006) 40

Gráfico E – Composição do custo do acidente do trabalho no Brasil

em bilhões R$ 54

viii
SUMÁRIO

Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................................ 13
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................................. 14
1.3 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................... 14
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................................... 15
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................................................. 15

Capítulo 2

2 ACIDENTES DO TRABALHO .................................................................. 16


2.1 HISTÓRICO ....................................................................................................................................... 20
2.2 LEGISLAÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2.3 DADOS ESTATÍSTICOS ......................................................................................................................... 28
2.4 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A SAT............................................................................... 40

Capítulo 3

3 CUSTO DOS ACIDENTES DE TRABALHO ............................................ 44


3.1 CUSTOS DIRETOS .............................................................................................................................. 45
3.2 CUSTOS INDIRETOS ............................................................................................................................ 47
3.3 MODELOS DE REGISTROS DE CUSTOS DE ACIDENTES ................................................................................ 50
3.3.1 Modelo da Fundacentro .................................................................................................. 50
3.3.2 Modelo do Comitê de Fomento da Indústria do Pólo de Camaçari ......................... 52
3.3.3 Estimativas de Custos com Acidente do Trabalho ..................................................... 53

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................... 56


5 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 58

ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SST – Segurança e Saúde do Trabalho

SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho

OIT – Organização Internacional do Trabalho

NR`s – Normas Regulamentadoras

CAT - Comunicação do Acidente do Trabalho

UF – Unidade da Federação

SAT – Seguro Acidente do Trabalho

COFIC – Comitê de Fomento da Indústria de Camaçari

FAS – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

INPS – Instituto Nacional da Previdência Social

INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho

DATAPREV – Agência de Processamento de Dados da Previdência Social

AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social

10
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO

No âmbito da Engenharia de Segurança do trabalho devemos destacar a

importância do estudo dos acidentes de trabalho visto que, eles são

responsáveis, muitas vezes, pela incapacidade laborativa, além de impactar a

economia nacional.

A nossa Revolução Industrial iniciou-se por volta de 1930 e, embora

tivéssemos já a experiência de outros países, atravessamos os mesmos

percalços quanto às condições de trabalho, o que fez com que se falasse, na

década de 70, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho.

A qualidade buscada nos processos de produção, nos produtos, e na prestação

de serviços, nos dias atuais, precisa se estenderem ao mundo ocupacional. À

realidade do complexo humano em interação com o seu meio de sustento

deve-se realizar em condições mais dignas. Entretanto, é emergente na pauta

de atividades de vários profissionais, que lutam para trazer condições mais

seguras e saudáveis aos ambientes insalubres e perigosos.

11
Na verdade, o crescimento tecnológico experimentado pela humanidade nas

últimas décadas tem levado, de modo crescente, o trabalhador a distanciar-se

da função de execução do trabalho, para aproximar-se cada vez mais da

função de planejamento, processamento de informação e tomada de decisão

acerca das atividades produtivas.

Assim, a máquina cada vez mais complexa, os processos de automação, o

crescimento da produção, o ritmo acelerado do trabalho, a responsabilidade

por equipamentos e materiais cada vez mais valiosos, aliados a uma

particularização e especialização, às vezes exagerada do trabalho, bem como

as graves transformações sociais, além de dificuldades impostas aos

indivíduos pelo crescimento das cidades, tem provocado, em última análise, um

comprometimento sério da qualidade de vida no trabalho.

Não podemos esquecer que por mais automatizadas que sejam as indústrias, a

participação humana nos processos industriais permanece importante, já que a

tecnologia de ponta resulta da criatividade do próprio homem. Devemos

privilegiar o trabalhador, pois ele continua sendo o agente e o autor do

processo produtivo.

12
A Indústria pode modernizar-se, elaborar novas estratégias, reformular

métodos de produção, porém especial atenção deve ser administrada ao

ambiente e à qualidade nas condições do trabalho. Em muitos casos, os

ambientes de trabalho ainda são tratados como espaços particulares dos

proprietários do capital, negando o seu caráter social e restringindo- se a

liberdade de interferência dos coletivos de trabalhadores, que neles passam

boa parte de suas vidas.

1.1 Definição do Problema da Pesquisa

O homem desde os primórdios da civilização convive lado a lado com uns dos

seus piores males: o acidente do trabalho. O acidente pode ser causado de

várias formas: falha no domínio da tecnologia, acidente natural, falha humana

ou por negligência quando conscientemente o risco é aceito.

Com base nestes princípios, quais seriam os principais custos e impactos

relacionados aos acidentes do trabalho, e as empresas têm avaliados os

custos decorrentes dos acidentes do trabalho?

13
1.2 Estrutura do Trabalho

Para atender aos objetivos propostos, o texto divide-se em quatro capítulos

estruturado da seguinte forma:

• Capítulo 1 – Compreende a introdução, e objetivos, de forma a situar o

leitor no escopo do trabalho;

• Capitulo 2 – Apresenta a importância da preocupação com a prevenção

de acidentes do trabalho, abordando alguns pontos sobre legislação,

seguro acidente do trabalho e uma análise do histórico de acidentes no

Brasil além de dados estatísticos a respeito do assunto em questão;

• Capitulo 4 – Será apresentada uma revisão do impacto do custo do

acidente de trabalho para as empresas e para a nação.

• Conclusões e Recomendações

• Referências

1.3 Objetivo Geral

O objetivo deste estudo é apresentar e avaliar alguns custos de acidentes do

trabalho nas empresas e no país.

14
1.4 Objetivos Específicos

• Apresentar alguns dos impactos dos acidentes do trabalho;

• Analisar os acidentes do trabalho nas décadas de 70 e 80 e fazer

uma comparação com os dias atuais;

• Apresentar dados estatísticos referentes aos custos com acidentes

de trabalho.

• Identificar a composição deste impacto, para as empresas e para a

nação.

1.5 Metodologia

Para elaboração desta monografia, foram utilizadas como fontes, banco de

dados, livros, artigos e pesquisas publicadas em alguns periódicos

especializados. Foram analisados também trabalhos publicados

representativos sobre a quantidade dos acidentes do trabalho no Brasil nas

décadas de 70 e 80 comparando-se com os dados estatísticos dos anos 90 até

2006.

15
CAPÍTULO 2

2 ACIDENTES DO TRABALHO

Nos últimos a redução dos acidentes do trabalho e dos custos a eles

relacionados é tarefa que se impõe, tanto às empresas, como aos especialistas

em Segurança e Saúde do Trabalho – SST. Quantificando os custos dos

acidentes podem-se justificar investimentos na prevenção. Entretanto, ainda

não se demonstra claramente este custo ou o quanto eles incidem no custo

final do produto.

Evitar os custos decorrentes de acidentes requer conhecimento dos mesmos e

sua possibilidade de ocorrer, para evitar danos às pessoas e ao meio

ambiente. Afirma BAMPI (2004), que os critérios de cálculo dos custos dos

acidentes se apresentam sob muitas formas e processos, algumas vezes

discrepantes entre si e até de aplicação prática duvidosa.

Acidente que ocorre, resultando ou não em lesões aos trabalhadores, gera um

prejuízo econômico significativo, pois todos os custos diretos e indiretos

resultantes são creditados no custo de produção, revertendo em ônus para a

empresa e conseqüentemente para todas as partes interessadas.

16
Os custos dos acidentes só existem quando a SST é tratada de forma

inadequada, ou seja, há uma relação de causa e efeito direta que permite

nomeá-los como custos da não segurança. BENITE (2004).

Quando o acidente é analisado, muitas vezes, a análise tem ficado apenas na

questão da “falha humana” do pessoal ligado diretamente ao processo de

produção e não se aprofundando no por que a falha ocorreu.

Falha das pessoas ligadas indiretamente ao processo, sistemas de segurança

inadequados ao processo, falhas de inspeção e segurança, não cumprimento

de normas legais de inspeção e segurança de equipamentos dentre outros,

como um coquetel de problemas.

Diante dessa realidade, podem estar ocultas e adormecidas as mais variadas

formas de riscos, cujas conseqüências de seu surgimento podem ser

extremamente nefastas para qualquer organização.

A mudança na forma de avaliar os acidentes é extremamente importante, onde

todos os componentes devem ser observados, desde a concepção original do

projeto, passando por todas as etapas de inspeção e manutenção que qualquer

sistema deve sofrer ao longo de sua vida útil e finalizando na análise relativa ao

erro humano da pessoa envolvida diretamente no processo.

17
Graças ao intenso trabalho de alguns técnicos e organizações, atualmente tem

surgido, de forma isolada, outras interpretações no que se refere aos métodos

mais eficazes de análise e tratamento dos acidentes, ou seja, a visão do

acidente organizacional ou institucional, onde toda a seqüência do processo,

desde a concepção, operação e manutenção do mesmo, é avaliada e

interpretada de forma a buscar origem dos riscos inerentes em cada etapa.

Infelizmente, a verdade é que não existe um projeto perfeito, uma concepção

perfeita, uma estratégia que seja eficaz, barata e rápida de ser implementada e

que atue profundamente na questão de prevenção dos acidentes.

Vários especialistas trabalharam neste sentido, estudando a relação existente

entre o acidente e o comportamento do ser humano frente ao mesmo. Como

resultado destes estudos e experiências práticas é que modernamente surgiu a

grande inovação que permitiu melhorar muitos indicadores de segurança e

meio ambiente das empresas que a aplicaram dentro de sua estratégia:

A implementação da prevenção baseada no comportamento humano e na

premissa de que a responsabilidade da prevenção é de todos os que estão na

empresa.

18
Nesta filosofia, se cada um buscar manter um comportamento consciente na

prevenção de acidentes, frente ao seu trabalho e ao ambiente que o cerca,

impedirá a ocorrência de eventos danosos ao ser humano ou ao meio

ambiente.

As mudanças necessárias e urgentes no país não dizem respeito somente às

atitudes dos governos e das políticas públicas. Uma sociedade empobrecida,

com renda mal distribuída e marcada pela violência, não é um ambiente próprio

aos negócios.

Diante desse quadro, a sociedade como um todo precisa mudar. E o papel que

cabe ao governo, trabalhadores entre outros para que as mudanças se

efetivem é um dos mais relevantes e decisivos GRAJEW (2001) apud BENITE

(2004).

Quando as empresas atuam orientadas para responsabilidade social não

significa que a gestão empresarial abandone seus objetivos econômicos e

deixe de atender ao objetivo de seus proprietários e acionistas, ao contrário,

uma empresa é socialmente responsável se desempenha seu papel econômico

produzindo bens e serviços, gerando empregos, retorno para seus acionistas

dentro das normas legais e ética da sociedade.

19
A questão dos acidentes é considerada como um dos elementos que integram

a responsabilidade social das organizações. Sendo que a SST é um requisito

básico recomendado pela Organização Internacional do Trabalho - OIT para

um sistema de gestão da responsabilidade social.

2.1 Histórico

Bauer (1556), em plena extração da prata, Bauer pronuncia-se em relação aos

acidentes e doenças do trabalho.

Ramazzini (1700) descreveu os males que observou em mais de cinqüenta

ocupações.

Os Acidentes de trabalho e as doenças profissionais ocorrem devido à forma

de organização do trabalho. Na época da colonização já existia acidentes de

trabalho, porém, não havia relações trabalhistas, e também não havia nenhuma

preocupação com a proteção dos trabalhadores no apoio aos acidentados.

“Antes da revolução industrial, e ainda quando a força usada era em geral a

humana ou a tração animal, os acidentes mais graves eram devidos a animais

domésticos.” Segundo Alli (2001). Daí veio surgir, a aplicação da energia

hidráulica à manufatura, seguida da aplicação da máquina à vapor e

eletricidade, ocorreu uma evolução grandiosa na invenção de novas e

20
melhores máquinas que acompanhassem a industrialização, incorporando

novos riscos e tornando os acidentes de trabalho maiores e mais numerosos.

Com a evolução industrial, as pessoas e as empresas passaram a ter uma

preocupação maior com o elevado índice de acidentes e com as

conseqüências mais severas daqueles.

Neste contexto, pouco a pouco a legislação foi se modificando até chegarmos à

teoria do risco social: “O acidente de trabalho é um risco inerente à atividade

profissional exercida em benefício de toda a comunidade, devendo esta, por

conseguinte amparar a vítima do acidente” (Oliveira, 2004)

Muitas empresas têm enfrentado sistematicamente processos jurídicos por

permitirem a existência de situações de risco que afetam as pessoas ou o meio

ambiente, que em muitos casos resultam em pesadas multas e/ou

indenizações. Estes custos normalmente são muitas vezes superiores ao que

seria investido na prevenção dos mesmos.

2.2 Legislação

No Brasil a primeira lei de acidentes do trabalho foi editada em 1919, e ao

longo da história, brasileira, várias leis e decretos foram promulgados, dentre

eles podemos citar:

21
A primeira lei de acidentes do trabalho: Decreto Legislativo nº 3724, de 15 de

janeiro de 1919:

• Baseava-se no conceito de risco profissional, legitimando-o como

sendo natural à atividade profissional.

O referido decreto definia acidente do trabalho de modo restrito, pois acolhia o

princípio da uni causalidade, só protegendo os eventos provocados, única e

exclusivamente, pela atividade laboral.

• Equivalia a acidente do trabalho apenas a moléstia profissional

típica, contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho quando

este fosse “de natureza a só por si causá-la”.

• Previa pagamento de indenização ao operário ou à sua família,

calculada de acordo com a gravidade das seqüelas do acidente.

• Tinham direito a essa indenização trabalhadores de vários ramos,

da economia, tais como: construções, reparações e demolições, de

transportes, estabelecimentos industriais e nos trabalhos agrícolas,

que se empregassem motores inanimados;

• Previa que a prestação de socorro médico-hospitalar e

farmacêutico era obrigação do empregador;

22
• Estabelecia a obrigação de pagamento, mas não a do seguro

obrigatório;

• Previa a comunicação do acidente de trabalho, estando o operário

suspenso ou ausente do serviço, deveria ser realizada pela

autoridade policial do lugar, pelo empregador, pelo próprio operário

ou por terceiros; a autoridade policial era quem instruía processo

ao juízo competente, para direitos garantidos na lei.

Desde então, a legislação sobre acidentes do trabalho sofreu várias

modificações no decorrer dos anos. Atualmente está em vigor a Lei Nº 8.213,

de 24 de Julho de 1991, posteriormente regulamentada pelo decreto N º 611,

de 21 de julho de 1992, que trata do plano de benefícios da previdência Social.

Segundo este decreto, além de ser responsável pela adoção e uso de medidas

coletivas e individuais de proteção e segurança do trabalhador, a empresa

deve financiar a complementação das prestações por acidente de trabalho,

proporcionalmente ao grau de riscos correspondente a sua atividade

econômica.

23
A estrutura legal para acidentes de trabalho no Brasil está dividida em duas

partes distintas. Uma, é a preventiva, é de responsabilidade do Ministério do

Trabalho e Emprego. Outra, a reparatória, é de responsabilidade do Ministério

da Previdência Social.

A área preventiva cabe estabelecer regras gerais que garanta a realização das

atividades laborais sem danos a saúde dos trabalhadores e fiscalizar o

cumprimento destas regras. A principal referência nesta área são as Normas

Regulamentadoras – NR`s, criadas através da portaria 3.214, de Junho de

1978.

As NR`s estabelecem desde obrigações gerais e específicas aplicáveis a todos

os ramos de atividades, como obrigatoriedade da criação do SESMT – Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança do Trabalho, da CIPA – Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, das regras de proteção contra

incêndios, até obrigações específicas dirigidas a empreendimentos de serviços

de saúde, atividades portuárias, aquaviárias ou para construção civil, onde é

requerido o PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção dentre outros.

24
Na área reparatória, cabe a Previdência Social a responsabilidade do registro e

da classificação de todos os acidentes, da tarifação das empresas para custeio

do seguro acidente do trabalho e da concessão dos benefícios

correspondentes: acidente do trabalho, doença do trabalho, pensão,

aposentadoria dentre outros.

A definição de acidente do trabalho contida na legislação da Previdência

encontra-se no artigo 19 do decreto 611/91, Brasil (1991):

Art.19. “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no

inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação

funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho.

§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e


individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa


de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

§ 3º É dever de a empresa prestar informações pormenorizadas sobre os


riscos da operação a executar e do produto a manipular.

25
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os
sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel
cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o
Regulamento.

O Artigo 21 do Decreto 611/91, busca minimizar as dúvidas na aplicação da lei

e traz as condições que também se consideram acidente do trabalho:

1. “O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;

2. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em


conseqüência de:

• Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou


companheiro de trabalho;

• Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada ao trabalho;

• Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de


companheiro de trabalho;

• Ato de pessoa privada do uso da razão;

26
• Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;

3. A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua atividade;

4. O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de


trabalho:

• Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da


empresa;

• A prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar


prejuízo ou proporcionar proveito;

• Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da
mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;

• No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.

27
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do


trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe
ou se superponha às conseqüências do anterior.

2.3 Dados Estatísticos

A Estatística é uma ferramenta essencial no estudo de qualquer problema, ela

nos proporciona aperfeiçoarmos o conhecimento da natureza, distribuição e

magnitude dos acidentes, de forma que se possa atender a três finalidades

básicas: Planejar, Avaliar e Vigiar. O planejamento é importante, porque não

só, torna-se possível priorizar as ações. A avaliação, por sua vez, baseia-se

numa análise mais aperfeiçoada, num desdobramento dos números que

permite melhor qualificação da informação e da ação. E, finalmente, a vigilância

é a possibilidade de acompanhamento próximo á ocorrência do evento,

detectando tendências epidêmicas, (Mendes, 2003).

28
Quanto mais ágil for a análise e mais curto o período entre a ocorrência e o

aparecimento destes dados, maior a possibilidade de se ter uma visão do que

está acontecendo em termos de acidente de trabalho. E principalmente, mais

rápido, ações corretivas podem ser desenvolvidas.

A Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT é o documento que registra o

acidente do trabalho, a ocorrência ou o agravamento de doença ocupacional,

mesmo que não tenha sido determinado o afastamento do trabalho, conforme

previsto nos arts. 19 a 23 da Lei nº 8.213, de 1991, e nas NR-7 e NR-15,

ambas do Ministério do Trabalho e Emprego - MET, sendo seu registro

fundamental para a geração de análises estatísticas que determinam a

morbidade e mortalidade nas empresas e para a adoção das medidas

preventivas e repressivas cabíveis.

A não emissão da CAT mascara as estatísticas de ocorrência de acidentes do

trabalho no Brasil. Estatística esta, gerada pela DATAPREV – Agência de

Processamento de Dados da Previdência Social, e divulgada anualmente

através do Anuário Estatístico da Previdência Social – AEPS, e do boletim

Estatístico de Acidentes de Trabalho.

29
Genericamente, o termo “número de acidentes” inclui: o acidente típico, no

trabalho ou no trajeto, a doença ocupacional e a doença do trabalho. O

acidente típico é aquele que ocorre no local de trabalho causando lesão

imediata, Como exemplo: fraturas, cortes e queimaduras.

No caso do acidente de trajeto, também ocorrem lesões imediatas, mas no

percurso casa-trabalho ou vice-versa, e lembrando que a doença ocupacional,

ou do trabalho é aquela que resulta em dano a saúde após várias exposições

indevidas ao longo da vida laboral.

O tempo necessário para a lesão se instalar no trabalhador varia,

principalmente em função do tipo de agente, da sua intensidade e do tempo de

exposição do trabalhador. Alguns exemplos: perda auditiva induzida pelo ruído

LER – Lesões por Esforços Repetitivos etc.

Os registros de acidente do trabalho no Brasil começaram na década de 70,

em 1974 foram registrados quase dois milhões de acidentes do trabalho para

uma população de 13 milhões de trabalhadores, ou seja, cerca de 15% do

universo de trabalhadores daquele ano se envolveu com algum tipo de

acidente. No ano de 1972 este índice foi ainda mais alto, cerca de 18,5%.

30
Com números tão alarmantes ficou evidenciada a necessidade de ações para

tentar reverter índices. Na época, foram criadas várias regras para promover a

prevenção de acidentes do trabalho, com destaque a criação das Normas

Regulamentadoras – NR`s em 1978.

Na Tabela A apresentamos os dados acidentes do trabalho das décadas de 70

e 80. Na segunda coluna temos o número de trabalhadores vinculados a

Previdência Social por ano e na coluna cinco a relação entre o número de

acidentes para cada cem mil trabalhadores segurados. Na última coluna a

mesma relação para número de óbitos.

Tabela A – Dados dos Acidentes do Trabalho das Décadas de 70 e 80.

Nº de Nº de
Trabalhadores
Ano Doenças Acidentes Acid/100.000 Óbitos Óbitos/100.000
Segurados
Trabalhadores Trabalhadores
1970 7.284.022 5.937 1.220.111 16.751 2.232 31
1971 7.553.472 4.050 1.330.523 17.615 2.587 34
1972 8.148.987 2.016 1.504.723 18.465 2.854 35
1973 10.956.956 1.784 1.632.696 14.901 3.173 29
1974 11.537.024 1.839 1.796.761 15.574 3.833 33
1975 12.996.796 2.191 1.916.187 14.744 4.001 31
1976 14.945.489 2.598 1.743.825 11.668 3.900 26
1977 16.589.605 3.013 1.614.750 9.734 4.445 27
1978 16.638.799 5.016 1.551.461 9.324 4.342 26
1979 17.637.127 3.823 1.444.627 8.191 4.673 26
Média 70 12.428.828 3.277 1.575.566 13.697 3.604 30
1980 18.686.355 3.713 1.464.211 7.836 4.824 26
1981 19.188.536 3.204 1.270.465 6.621 4.808 25
1982 19.476.362 2.766 1.178.472 6.051 4.496 23
1983 19.671.128 3.016 1.003.115 5.099 4.214 21
1984 19.673.915 3.233 961.575 4.888 4.508 23
1985 21.151.994 4.006 1.077.861 5.096 4.384 21
1986 22.163.827 6.014 1.207.859 5.450 4.578 21
1987 22.617.787 6.382 1.137.124 5.028 5.738 25
1988 23.661.579 5.025 991.581 4.191 4.616 20
1989 24.486.553 4.838 888.443 3.628 4.554 19
Média 80 21.077.804 4.220 1.118.071 5.304 4.672 22
Fonte: Anuário Estatístico da previdência social. Pesquisado em www.previdencia.gov.br em
26/03/2008.

31
Na década de 80 ocorreu uma redução significativa dos acidentes do trabalho.

Enquanto o número de trabalhadores vinculados a previdência social

aumentava, o número absoluto de acidentes reduzia. Com isto a média da

década apresentou número de acidentados em relação ao total de

trabalhadores de 5,3%.

Redução menos expressiva ocorreu com o número de mortes relacionadas a

acidentes do trabalho. Enquanto a média de mortos por ano, por acidentes do

trabalho para cada cem mil trabalhadores da década de 70 foi de 30, na

década de 80 a média ficou em 22, ou seja, houve uma redução de 26%.

No Gráfico A1 apresentamos acidente relacionado ao trabalho por cem mil

trabalhadores das décadas de 70 e 80 apresenta a relação de acidentados e

mortos por acidentes do trabalho, para cada grupo de cem mil trabalhadores,

nos anos 70 e 80. As colunas em vermelho estão relacionadas ao eixo y, da

esquerda, e representa o número de acidentes do trabalho para cada cem mil

trabalhadores segurados, por ano.

32
Gráfico A1 – Acidentes relacionados ao trabalho por cem mil

trabalhadores das décadas de 70 e 80.

Fonte: Anuário Estatístico da previdência social. Pesquisado em www.previdencia.gov.br


em 26/03/2008.

O gráfico A1 também mostra que houve uma grande redução do número

relativo de acidentes até 1982, e a partir de 1983 observa-se certa

estabilização na redução dos acidentes.

No Gráfico A2 apresentamos os óbitos relacionados ao trabalho por cem mil

trabalhadores das décadas de 70 e 80. As linhas em azul estão relacionadas

ao eixo y, da esquerda, e representa o número de óbitos do trabalho para cada

cem mil trabalhadores segurados, por ano.

33
Gráfico A2 – Óbitos relacionados ao trabalho por cem mil

trabalhadores das décadas de 70 e 80.

Fonte: Anuário Estatístico da previdência social. Pesquisado em www.previdencia.gov.br


em 26/03/2008.

A redução do número de acidentes por cem mil trabalhadores foi bem mais

expressiva que a redução do número de óbitos por cem mil trabalhadores.

O número de óbitos apresentou uma variação, sempre dentro de um intervalo

de 35 a 19 óbitos para cada cem mil trabalhadores.

34
Comparando-se os dados da década de 70 e 80 com a tabela B, que apresenta

os dados, ou seja, o número de acidentes do trabalho a partir do ano de 1998

até 2006 observa-se que houve uma grande redução no número de

ocorrências.

Tabela B – Resumo dos Acidentes de Trabalho a Partir do ano de 1998.

Ano Quantidade de Acidentes

1998 414.341
1999 387.820
2000 414.341
2001 387.820
2002 363.868
2003 340.251
2004 393.071
2005 499.680
2006 503.890
Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

35
Apresentamos no gráfico B, o número de acidentes registrados oficialmente a

partir do ano de 1988, a linha em cinza está relacionada ao eixo y, da

esquerda, e representa o número de acidentes.

Gráfico B – Evolução dos Acidentes de Trabalho.

Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

Apresentamos na tabela C, juntamente com o gráfico C, que mostra o número

de acidentes do trabalho por Unidade da Federação – UF referente ao ano de

2006 com a finalidade de informar qual é a situação em cada estado do país.

36
Tabela C – Resumo dos Acidentes do Trabalho

por Unidade da Federação (Ref. 2006)

Grandes Regiões e UF Quantidade de Acidentes

Brasil 503.890
Norte 19.888
Nordeste 52.415
Sudeste 287.918
1-MG 51.858
2-ES 11.842
3-RJ 35.741
4-SP 188.477
Sul 110.768
5-PR 36.995
6-SC 30.432
7-RS 43.341
Centro- Oeste 32.901
Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

Gráfico C – Acidentes do Trabalho por UF. (Ref 2006)

Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

37
A tabela D juntamente com o gráfico D, apresenta os dados referentes aos

acidentes do trabalho ocasionados por motivos referentes ao ano de 2006,

Tabela D – Acidentes do Trabalho por Motivo Ref. (2006)

Quantidade de
Motivo Percentual
Acidentes

Típico 403.264 80,03


Trajeto 73.981 14,68
Doença do Trabalho 26.645 5,29
Total 503.890 100,00
Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

Nos números dos acidentes do trabalho por motivo no ano de 2006, chama

atenção o número de acidentes por motivo típico. Enquanto na média os

acidentes ocasionados devido à doença do trabalho representam 5,29, o

acidente por motivo típico representa a maioria, e corresponde a 80,03% do

total de acidentes registrados.

38
O gráfico D ilustra os dados da tabela D, de forma a possibilitar uma melhor

compreensão dos dados apresentados acima.

Gráfico D – Quantidade Acidentes do Trabalho

por Motivo (Ref. 2006)

Fonte: www.dataprev.com.br. Pesquisado em 25/03/2008.

A partir dos dados do gráfico D, verificamos que o índice de acidentes do

trabalho por motivo típico apresenta um valor tão alto, que chega a ser bem

próximo do valor total de acidentes.

No capítulo a seguir será abordada a questão do seguro acidente do trabalho,

ou seja, abordaremos a evolução da SAT-Seguro Acidente do Trabalho.

39
2.4 Evolução da Legislação Brasileira sobre a SAT

A legislação previdenciária no Brasil sobre Seguro de Acidente de Trabalho

teve seu início com o Decreto-lei n° 3.724, de 15 de janeiro de 1919, que

determinava o pagamento de indenização proporcional à gravidade da lesão,

ou seja, institui o conceito de risco profissional.

Em 10 de julho de 1934, o Decreto n° 24.637 manteve o conceito de risco

profissional e implementou a obrigatoriedade do empregador em optar pelo

seguro obrigatório ou depósito bancário como forma de garantia do pagamento

do conceito de “doença profissional”.

O Decreto-Lei n° 7.036, de 10 de novembro de 1944, teve como ponto

diferencial das leis anteriores a preocupação com a segurança e higiene no

local de trabalho, tema que hoje é de fundamental importância para a

prevenção de doenças e acidentes.

Em 28 de fevereiro de 1967 veio o Decreto nº 293, que não apresentou

nenhuma mudança e foi revogado no mesmo ano.

40
Ainda no ano de 1967, institui-se a Lei 5.316, de 14 de setembro de 1967. Essa

Lei trouxe uma grande mudança: estatizou o seguro obrigatório.

Outras mudanças ocorreram também: adoção do conceito de acidente de

trajeto, ampliação do risco profissional e implantação de um programa de

prevenção de acidentes e reabilitação profissional. Passa-se, então, a se

preocupar não só com as conseqüências dos acidentes, mas também com

suas causas.

A lei seguinte, de n° 6.397, de 19 de outubro de 1976, regulamentada pelo

Decreto n° 79.037, de 24 de dezembro de 1976, determinava que o

recolhimento para o INPS, atual INSS, era de 1,25% da receita adicional

estabelecida no artigo 15 desta Lei ao Fundo de Apoio ao Desenvolvimento

Social – FAS.

Este recolhimento tinha como objetivo financiar projetos referentes a

equipamento e instalação destinados à prevenção de acidentes do trabalho,

previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

41
Em seguida, vieram, respectivamente, as Leis n° 8.212/8.213, de 24/07/91 e

9.032, de 28/04/95, regulamentadas pelo Decreto nº 3.048/99, que implantaram

a importância de as empresas criarem medidas preventivas para evitar

doenças e acidentes e a fixação de piso único de 50% sobre o salário de

contribuição (diferentemente de até então que era de 20%, 40% e 60%,

dependendo da profundidade da lesão) destinado a indenizações a

acidentados com incapacidade parcial ou permanente.

A lei nº 9.732 de 11 de dezembro de 1998, altera as alíquotas onde institui

acréscimo de 12%, 9% e 6% para empresa com atividade que contemple

aposentadoria especial, sendo que para cooperativa de trabalho o acréscimo

é de 9%, 7% ou 5% e no caso de cessão de mão-de-obra de 4%, 3% ou 2%

(Lei nº 10.666/03).

Na Emenda Constitucional nº 20/98, na redação dada no parágrafo 10, do

artigo 201, da Constituição Federal, estabelece que a lei “disciplinará a

cobertura do acidente de trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo

Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado.

O Decreto nº 4.032 de novembro de 2001, regulamenta o PPP – Perfil

Profissiográfico Previdenciário (criado pela lei nº 9.528/97) - que deve conter

registros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados

administrativos.

42
Por último veio a lei º 10.666 de 8 de maio de 2003 que flexibilizou as alíquotas

de financiamento dos benefícios acidentários (podendo ser reduzido pela

metade ou até dobrar, de acordo com os índices de freqüência, gravidade e

custos dos acidentes de trabalho) decorrentes do trabalho.

Espera-se que tal fato represente um avanço significativo no aperfeiçoamento

da política de proteção social, estimulando o desenvolvimento econômico do

País por meio da redução de custos e fomento ao trabalho saudável.

No geral, a legislação brasileira teve grandes mudanças em sua estrutura, mas

sem alcançar seus objetivos finais, pois os números de casos de acidentes e

de doenças de trabalho continuam em um elevado patamar.

O ponto chave para se reduzir os casos de acidentes e de doenças de trabalho

é fiscalizar intensamente a correta aplicação das medidas preventivas.

43
CAPÍTULO 3

3 CUSTO DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Tavares (1996) é categórico ao afirmar que os conceitos tradicionais para

levantamento dos custos não têm se mostrado eficazes, devido à necessidade

de calcular os vários tipos de custos (diretos, indiretos, segurados, não

segurados, internos e externos). Segundo o autor as principais razões para

essa ineficácia são:

 Dificuldade das pessoas-chave dentro das empresas assimilarem tais

conceitos;

 Dificuldade de se obterem as informações para determinação dos custos

indiretos e dos não segurados;

 Não-aceitação ou aceitação desses conceitos com desconfiança;

 Fragmentação das informações e das responsabilidades referentes às

conseqüências dos acidentes;

Aplicação prática discutível da maioria dos métodos conhecidos para o controle

do referido custo.

44
Atualmente não existe uma única classificação a respeito da análise de custos,

embora uma situação típica seja listar os custos diretos como aqueles que

serão arcados diretamente pela empresa, e simplesmente os outros classificá-

los como indiretos. A seguir será apresentada uma classificação aceita pela

maioria dos autores pesquisados.

3.1 Custos Diretos

Considerando que cada organização é diferente em termos dos tipos de custos

que gera e os canais pelos quais eles são liquidados, não é surpreendente que

não existam duas listas iguais de custos diretos e indiretos. Embora não

existam duas listas de custos diretos e indiretos, exatamente iguais, elas

apresentarão semelhanças. Perda imediata da produção, pagamento dos dias

de afastamento, prêmios de seguro, exames médicos, medicamentos e

tratamentos de reabilitação normalmente serão exemplos de custos diretos

para a organização, conforme veremos a seguir.

45
a) Perda de Produção – perda imediata de matéria-prima ou de produto. A

perda da especificação do produto final ou, em determinada fase do

processo de produção em decorrência do acidente do trabalho.

b) Custo de materiais – custo da reparação ou substituição de material e

equipamentos (instalações industriais, maquinaria, ferramentas etc.).

c) Custo de seguro – o custo do seguro do acidente do trabalho será obtido

através do produto da taxa Seguro Acidente do Trabalho, SAT, pelo total

da folha de salários de contribuição SC dos empregados da empresa

considerada.

Fórmula para Cálculo do Custo do Seguro

CS = SC x SAT

Legenda: 1-CS – Custo do Seguro. 2-SC – Salário Contribuição.


3-SAT – Seguro Acidente do Trabalho

d) Salários – o salário correspondente aos quinze dias subseqüentes ao

que ocorreu o acidente é pago integralmente pelo empregador, não

importando a causa do acidente ou gravidade da lesão.

No caso de acidentes leves com tratamento médico na própria empresa, o

salário é pago pela mesma, enquanto o acidentado se mantiver afastado do

serviço (tempo de ida e volta ao ambulatório médico, tempo de espera para o

atendimento, tempo gasto em curativos etc.), no dia do acidente e nos 150 dias

subseqüentes, ou até o recebimento da alta médica.

46
3.2 Custos Indiretos

Custos indiretos são mais difíceis de serem avaliados e devem ser estudados

de forma bastante apurada. Assim, se uma máquina tem um período de vida

reduzido porque esteve envolvida em um acidente de trabalho, isto é um “duro”

custo econômico, mas pode ser inadvertidamente desprezado, a menos que

alguém se preocupe em avaliar qual seria a vida útil normal da máquina e qual

a diminuição desse tempo e o custo proveniente disso.

O custo indireto também pode ser subdividido em custo para a empresa, para o

acidentado, para a sociedade e para a nação. Neste caso há uma maior

dificuldade na materialização do custo econômico das partes envolvidas.

Este custo engloba todas as despesas, geralmente não atribuíveis aos

acidentes, mas que se manifestam como conseqüência indireta dos mesmos.

Não é de responsabilidade da previdência. Os principais itens deste custo são:

a) Salários pagos durante o tempo perdido por outros trabalhadores que

não o acidentado – em geral, por menor que seja companheiros do

acidentado deixam de produzir durante um tempo, seja para socorrê-lo,

seja para comentar o ocorrido, seja por curiosidade, ou porque

necessitam da ajuda do acidentado para execução de sua tarefa, ou a

máquina em que operavam ficou danificada no acidente.

47
b) Salários pagos por trabalhos em horas extras – em virtude do acidente,

atrasos na produção ou serviços urgentes de reparação ou substituição

de equipamento envolvido no acidente podem exigir trabalhos em horas

extraordinárias; este trabalho é pago mediante um adicional de 20 a

150% sobre o salário correspondente ao horário normal de trabalho. A

diferença de salários corresponde ao adicional, deve ser computada

neste item, além do custo adicional relativo à supervisão, alimentação,

transporte, energia, limpeza e outros serviços requeridos pelo trabalho

em horas extras.

c) Salários pagos para trabalhos realizados durante o tempo despendido

em atividades decorrentes de acidentes – mesmo para empresa que não

pague salário adicional a um elemento da supervisão enquanto está

tomando providências para normalizar o trabalho após um acidente

(substituição do acidentado, reparação do equipamento, pedido de

reposição de materiais etc.), o tempo gasto nessas atividades deixa de

ser empregado produtivamente em planejamento, no treinamento de

trabalhadores sob sua jurisdição, ou em muitas atividades que

constituem o real trabalho de um supervisor.

48
d) Salários pagos para trabalhos realizados durante o tempo gasto na

investigação do acidente – as horas de trabalho da equipe encarregada

de comunicar e investigar o acidente, e a acompanhar as ações

preventivas e corretivas.

e) Diminuição da eficiência do trabalhador ao retornar ao trabalho – mesmo

nos casos em que não ocorrem lesões que produzem incapacidade

parcial e permanente para o trabalho, o acidentado ao retornar ao

serviço produz geralmente menos (por receio de sofrer novo acidente,

por estar desambientado, por falta de treinamento muscular etc.) em

qualquer dos casos, a empresa pagará o mesmo salário para um

trabalhador produzindo menos, o que, no fundo, representará um custo

adicional de salário.

f) Despesa com seleção e treinamento – geralmente no período de

treinamento o substituto produz menos que o normal na execução da

tarefa; o pagamento salarial correspondente a essa menor produtividade

durante o treinamento será computado como custo do acidente e, além

disso, os salários pagos a supervisores ou outras pessoas no

treinamento do substituto do acidentado também entram neste item.

49
g) Despesas com a justiça – as reclamações trabalhistas relacionadas aos

acidentes do trabalho, forma outro importante item a ser considerado

quando do levantamento dos custos dos acidentes.

Este custo pode ser dividido em duas partes, os custos relacionados à

assessoria jurídica necessária na defesa da empresa e o custo relativo às

penalidades propriamente, é um custo de difícil contabilização, pois, depende

do andamento do processo e pode vir de diversas fontes.

3.3 Modelos de Registros de Custos de Acidentes

Existem hoje diversos modelos para levantamento dos custos dos acidentes do

trabalho, veremos a seguir três modelos.

3.3.1 Modelo da Fundacentro

Pesquisas realizadas pela FUNDACENTRO revelaram a necessidade de

modificar os tradicionais conceitos de custos dos acidentes por meio de uma

nova sistemática, de enfoque prático, denominada custo efetivo dos acidentes,

equacionada conforme segue:

Ce = C – i

50
Onde:

Ce = Custo efetivo do acidente

C = Custo do Acidente

i = Indenizações e ressarcimentos recebidos através de terceiros (valor

Líquido)

e:

C = C1 + C2 + C3

Onde:

C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento (até os 15 primeiros dias)

em conseqüência de acidentes com lesão.

C2 = Custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos e

materiais danificados (acidentes com danos à propriedade).

C3 = Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e

primeiros socorros) e aos danos à propriedade (outros custos

operacionais como resultante de paralisações, treinamento e recolocação,

manutenção e lucros cessantes).

51
A prática tem demonstrado que a parcela C1 é facilmente calculada, já as

parcelas C2 e C3 dependem da organização interna da empresa para sua

obtenção.

3.3.2 Modelo do Comitê de Fomento da Indústria do Pólo de

Camaçari

O Pólo Petroquímico de Camaçari que engloba uma série de indústrias

químicas e petroquímicas nacionais e internacionais, e que possui o Comitê de

Fomento da Indústria de Camaçari – COFIC, como uma entidade de

articulação para o desenvolvimento de atividades de interesse comum ao

complexo, a algum tempo já conhecido nacionalmente pelo pioneirismo em

várias questões relacionadas a segurança.

Em 2004, com a articulação do COFIC, foi criado grupo de trabalho que

elaborou uma proposta para o registro dos custos dos acidentes de todas as

empresas do complexo.

O objetivo é orientar e estabelecer critérios para elaboração da Estatística de

Acidentes entre as empresas associadas ao Cofic e suas contratadas, de modo

que se possa dispor de informações uniformes, de meios para avaliações

globais, comparativas e fornecer elementos de orientação ao trabalho e

prevenção.

52
Esta Norma não altera ou substitui as obrigações legais das empresas junto

aos órgãos públicos competentes pela coleta e controle das informações

pertinentes. Ela serve como balizador de um levantamento de dados

estatísticos de acidentes entre as associadas do COFIC.

As empresas associadas deverão cadastrar a Estatística de

Acidentes/incidentes dos seus empregados e contratados no site do COFIC,

conforme critérios definidos, até o dia 10 do mês subseqüente.

3.3.3 Estimativas de Custos com Acidente do Trabalho

No II Congresso Brasileiro de Segurança e Saúde do Trabalho, em 2001, o

Prof. José Pastore (2002), sociólogo e conceituado pesquisador da

Universidade São Paulo – USP, apresentou pesquisa com estimativas dos

custos de acidentes do trabalho no Brasil.

Segundo Pastore (2001), durante muito tempo considerou-se que a relação

entre os custos segurados e os não segurados era de 1:4. Considerando que a

Previdência Social do Brasil arrecada com o Seguro de Acidente do Trabalho

(SAT) anualmente

53
Tabela E – Custo da Previdência em R$ com benefícios do Acidente do

Trabalho*

Custo da Previdência em R$

Ano com benefícios do Acidente

do Trabalho*

2000 2.190.276.000,00

2001 2.450.441.557,73

2002 2.953.688.290,00

2003 3.578.067.702,00

* Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social, pesquisado em www.mps.gov.br.

O gráfico E - Composição do custo do acidente do trabalho no Brasil faz

distribuição dos custos do acidente do trabalho no Brasil em 2001, conforme

Pastore (2001).

Gráfico E – Composição do custo do acidente do trabalho no Brasil

em bilhões R$

Previdência
2,50 Social
Empresas

5,00 Família

Recuperação,
reintegração

2,50
10,00

54
E afinal, quanto custa o acidente do trabalho no Brasil? Isto pode ser verificado,

quando relacionado, o custo total do acidente do trabalho, calculado acima,

com o Produto Interno Bruto – PIB, que é a soma de todas as riquezas

produzidas pelo país. No anexo A, temos o quadro com PIB do Brasil entre

1994 e 2004.

Esta relação indica que foi gasto com acidentes do trabalho no Brasil em 2001,

cerca de 1,67% do PIB. O Quadro 4 - Relação entre o custo total do acidente

do trabalho e o Produto Interno Bruto - PIB no Brasil, apresenta este índice

para os últimos quatro anos.

Tabela F - Relação entre o custo total do acidente do trabalho e o Produto


Interno Bruto - PIB no Brasil

Custo do Acidente do Trab. e PIB do


Item Brasil em Bilhões R$
2001 2002 2003 2004*
INSS
2,5 3 3,5 4
Empresas
10 12 14 16
Família
2,5 3 3,5 4
Recuperação da saúde /
5 6 7 8
Reabilitação ao trabalho

Custo Total do AT**


20 24 28 32
PIB Anual (bilhões R$)***
1198 1346 1556 1769
Custo do Acidente do
Trabalho relacionado ao PIB 1,67 1,78 1,80 1,81
do Brasil (%)
* Custo do INSS com benefícios de acidente do trabalho de 2004 foi estimado em
3,0 bilhões R$ considerando a média de crescimento dos 3 anos anteriores.

** Custo dos Acidentes do Trabalho estimado a partir da pesquisa do Prof. José


Pastore, apresentada no II Congresso Brasileiro de Acidentes do Trabalho de
2002.

55
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar a composição e o

impacto dos custos decorrentes dos acidentes do trabalho no Brasil. Esta

monografia contribui com esta, que é uma área muito cogitada, mas que

apenas atualmente começa a ocupar o foco das organizações.

Verificamos que as empresas brasileiras dão pouca ênfase ao registro dos

custos dos acidentes do trabalho. Mesmo nas empresas que apresentam certa

maturidade e mantém um bom foco nas questões de segurança e saúde do

trabalho, o registro e a análise dos custos é na grande maioria desprezado.

Como conseqüências, poucos trabalhos técnicos que possam orientar as

empresas nesta missão, estão disponíveis.

Recomenda-se que as empresas que não possuem sistemática de registro dos

custos dos acidentes, identifiquem o modelo que mais se adequa a sua

organização, dentre os modelos aqui descritos, ou desenvolva seu próprio

modelo, para iniciar o mais breve possível o registro destes custos.

56
É importante, realizar-se também outras pesquisas com foco no registro dos

custos dos acidentes dentro das empresas, em determinado ramo da atividade

econômica. Isto irá trazer mais informação e mais subsídios para organizações

que, verificando a importância do tema, começam a fazer os seus registros de

custos dos acidentes do trabalho.

Conhecer a magnitude dos custos dos acidentes dentro da empresa, auxiliará

na definição das prioridades de investimentos e o foco da alta gestão. A

definição de prioridade de investimento e o foco da alta gestão, aliado a

alteração na forma de arrecadação da alíquota Seguro Acidente do Trabalho –

SAT contribuirá para minorar a problemática dos acidentes do trabalho, na

empresa, na comunidade e na nação.

Os números atuais não são favoráveis. Anos serão necessários para termos

um resultado que nos honre no cenário mundial. E isto só ocorrerá no futuro, se

as empresas assumirem já, o compromisso de tornarem-se socialmente

responsáveis e lucrativas.

57
5 REFERÊNCIAS
ALLI, Benjamin O. Fundamental Principles of Occupational Health
and Safety. Geneva: International Labors Office – ILO. 2001.

BENITE, Anderson Glauco. – Sistema de Gestão de Saúde e


Segurança no Trabalho para Empresas. Dissertação de Mestrado.
Universidade de São Paulo – USP. São Paulo. 221p. 2004.

BAMPI, Moacir José. – Avaliação do Desempenho em Segurança e


Meio Ambiente. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do rio
Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre. 2004.

BRASIL. Decreto nº 3724, 15 de Janeiro de 1919. Regula as obrigações


resultantes dos acidentes do trabalho. Collecção das leis de 1919 da
República do Brasil. Rio de Janeiro.

BRASIL. Decreto nº 611. Sobre o Plano de Benefícios da Previdência


Social. Diário Oficial da União. 24 de Julho de 1991 Brasília. Disponível
em: http://www.mps.gov.br. Acesso em: 25 Mar. 2008.

GRAJEW, R. J. – Gestão de Custos – Uma Abordagem Prática. São


Paulo. Ed. 2ª. Ed. Atlas. 2001.

MENDES, René. Patologia do Trabalho 2 – Atualizada e Ampliada.


Segunda edição. São Paulo: Atheneu Rio, 2002.

OLIVEIRA, Paulo Rogério A. Segurança e Saúde no Trabalho e a


Previdência Social. 2004. Informe da Previdência Social, Brasília, v. 16,
nº 6, Jun. 2004.

REVISTA PROTEÇÃO. Novo Hamburgo – RS, MPF Publicações, 1999.


Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho. Seção Estatísticas de
Acidentes.

REVISTA PROTEÇÃO. Novo Hamburgo – RS, MPF Publicações, 2006.


Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho. Seção Estatísticas de
Acidentes.

SOUZA, W. M.; OLIVEIRA, P. M. A.; TORRES, E. A. - Qual o Custo de


Acidente de Trabalho no Brasil, 2004. 67f. Monografia – Departamento
de Engenharia Mecânica – Universidade Federal da Bahia, Salvador.

TAVARES, José da Cunha. Noções de Prevenção e Controle de


Perdas em Segurança do Trabalho. São Paulo: SENAC, 1996.

58

Você também pode gostar