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O Reclamante não pode concordar com o laudo do expert e vai

separar sua impugnação em duas partes. A primeira em relação à análise


do ambiente laboral e as questões ergonômicas e a segunda em relação ao
exame médico pericial.
Análise do local de trabalho e da organização do trabalho
O laudo pericial médico apresentando é totalmente omisso no
estudo do local de trabalho do Reclamante. Ademais o perito, descumpre o
artigo 473 do CPC já que:
• Não expos o objeto da perícia
• Não indicou o método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando
ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do
conhecimento da qual se originou.
• Não respondeu de maneira conclusiva a todos os quesitos
apresentados pelas partes.
Não encontramos o objeto específico da perícia. E a conclusão não se
relaciona com o objeto já que este não é citado.
O perito não apresentou o método de avaliação bem como não
apresentou a bibliografia específica da matéria.
E o mais grave, não respondeu de maneira adequada os quesitos
realizados pelo autor senão vejamos:

A resposta é desconexa, e mesmo que fizesse algum sentido remete à


uma informação unilateral. O dever do perito é ser equidistante das
partes e analisar a documentação existente no processo. Quesito não
respondido.

A resposta remete ao laudo. Não encontramos NENHUMA informação de


pausas no documento. Ou seja, o perito não investigou se havia pausas
de recuperação muscular como prevê a NR-17. Quesito não respondido
O perito novamente não investigou os documentos existentes no
processo. Não averiguo se existem comprovantes de treinamentos
recebidos pelo Reclamante. O treinamento é item fundamental no
desempenho de qualquer função a fim de evitar exposição à fatores de
risco ergonômicos e organizacionais.

O perito alega que o Reclamante recebeu treinamentos de ergonomia,


entretanto não aponta onde encontra-se o documento ao qual firma sua
convicção.

O perito é omisso na resposta de quais eram as metas. Sabe-se que a


cobrança por metas é incompatível com as normas de saúde e segurança.

A análise até aqui já demonstra a superficialidade do laudo já que 5


quesitos que possuem relação direta com a organização do trabalho não
foram respondidos.
Então passamos analisar a respostas aos seguintes quesitos:
O fato da perícia ser ortopédica não exime o perito de responder
questões relativas a organização do trabalho pois esta faz parte do
estudo do nexo causal.
Então, encontramos na sequência a resposta ao quesito 16 onde o expert
descarta qualquer relação de nexo causal ou concausa sem realizar o
estudo do local de trabalho e da organização do trabalho..

O reclamante operava a empilhadeira, desta forma, as condições do


banco utilizado são imprescindíveis para verificação de sua influência em
patologias lombares Também é fundamental o estudo da vibração o que
veremos em seguida. O perito ignorou novamente o estudo do local de
trabalho
Novamente uma resposta parcial. O perito não visitou o local de trabalho.
Questionado sobre os equipamentos, a empilhadeira por exemplo,
responde “conforme representantes da Reclamada” tal afirmação não
responde absolutamente nada. E mesmo que fizesse algum sentido seria
uma resposta unilateral não equidistante das partes.

Vejamos excelência que o perito não cumpriu escrupulosamente seu


encargo já que não respondeu de maneira satisfatórias os quesitos
formulados pelo autor. O que desde já pedimos que sejam remetidos
novamente ao expert para que os responda.
Certamente, como já demonstrado no laudo, o perito irá apoiar-se na
afirmação de se tratar de perícia ortopédica, esquivando-se de responder
os quesitos referentes ao local de trabalho. Entretanto, para tecer o nexo
causal é DEVER DO LOUVADO observar o disposto na resolução 1488/98 do
Conselho Federal de Medicina que versa:
Art. 2º - Para o estabelecimento do nexo causal entre os
transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame
clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando
necessários, deve o médico considerar:

I - a história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer


diagnóstico e/ou investigação de nexo causal;

II - o estudo do local de trabalho;

III - o estudo da organização do trabalho;

IV - os dados epidemiológicos;

V - a literatura atualizada;

VI - a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador


exposto a condições agressivas;

VII - a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos,


mecânicos, estressantes e outros;

VIII - o depoimento e a experiência dos trabalhadores;

IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de


seus profissionais, sejam ou não da área da saúde. (grifei).
A afirmativa acima tem apoio deste juízo, que na ata de
audiência deixou expresso a necessidade do estudo do local de trabalho e
atenção a resolução específica do tema, vejamos:

O juízo foi claro em solicitar ao perito análise das condições de trabalho e


atender o artigo 2º da resolução CFM 1488/98.

Como amplamente já demonstrado nessa impugnação o PERITO NÃO


ATENDEU AO OBJETO DA PERÍCIA, NÃO ESTUDOU O LOCAL DE TRABALHO,
NÃO ESTUDOU A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, E NÃO LEVOU EM
CONSIDERAÇÃO OS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DE OUTRAS DISCIPLINA,
NESTE CASO A ERGONOMIA.
O louvado não seguiu determinação do próprio conselho de classe no
estudo do nexo causal BEM COMO A ORIENTAÇÃO EXPRESSA DO JUÍZO.
Por derradeiro, cumpre salientar que os quesitos de número 20 até
32 não foram respondidos de maneira plena haja visto sua relação íntima
com o local de trabalho e com a organização de trabalho.
Diante do todo exposto solicitamos que o expert responda de
maneira plena e satisfatória TODOS os quesitos que tem relação direta com
o local e a organização do trabalho.
E considerando a superficialidade do laudo é necessário elucidar
além de todos os quesitos já formulados oportunamente e não respondidos
algumas questões ainda referente ao labor quais sejam:
Em pesquisa realizada a respeito da exposição ocupacional a vibrações
e publicada por Melo1 (1993), é possível constatar a porcentagem ocupada
por cada máquina em relação à vibração quando comparada a um todo. Das
máquinas pesquisadas, as quais possuem alguma aplicação industrial, na
construção ou serviços em geral, as duas que se destacam pelo alto índice
de vibração são as máquinas empilhadeiras e os rolos compactadores. As
empilhadeiras são responsáveis por 28,9% do valor eficaz de aceleração,
valor que é responsável direto pela vibração transmitida à pessoa.
Enquanto que os rolos compactadores contribuem com 10,7% do valor
total. Então:
1. Qual o modelo e ano da empilhadeira utilizada pelo reclamante.
2. Quais eram as condições do banco utilizado na movimentação da
empilhadeira.
3. O banco havia regulagem de altura, profundidade? As regulagens
estavam operantes?
4. A função amortecedora do banco existia?
5. O amortecedor estava atuante e em condições?
6. A espuma do banco estava adequada, e atende os requisitos da Nr-
17?
7. O banco oferece apoio lombar conforme versa a NR-17?
8. O banco atende os requisitos mínimos da Nr-17?
9. A norma ISO 11226 versa que a falta de apoio lombar adequado
promove retificação da coluna lombar e consequentemente é
postura inadequada e nociva para a coluna lombar. É o caso do banco
da empilhadeira?
10.Quanto tempo o RTE operava a empilhadeira?
11.Haviam pausas?
12.A Norma de Higiene ocupacional número 9 (NHO-9) do ministério do
trabalho e que tem força de lei estabelece os cuidados que deve ter
a empresa quanto a saúde do trabalhador exposto a vibração de
corpo inteiro, vejamos:

1 Melo, R., (1993), Health and Safety Executive, United Kingdom, 58p.
Página 40 da NHO - 09

Pergunta-se:
a. A empresa possui laudo de vibração de corpo inteiro das
empilhadeiras?
b. O PPRA contemplou o risco vibração de corpo inteiro?
c. O PCMSO possui controle médico dos trabalhadores expostos
à vibração?
d. A empresa possui planilha de manutenção adequada do
maquinário a fim de evitar o aumento de vibração no veículo?
e. Os pneus estavam em condições adequadas a fim de evitar
maior vibração?
f. Os amortecedores estavam adequados a fim de evitar maior
vibração?
g. O piso era regular? Haviam desníveis ou irregularidades a fim
de evitar maior vibração?
h. O reclamante recebeu orientações sobre a velocidade da
condução a fim de evitar maior vibração?
i. A vibração de corpo inteiro é fator de risco para
desenvolvimento de afecções da coluna lombar?
j. Recebeu treinamento para que tivesse cuidados com sua
coluna lombar a fim de evitar flexões e torções após exposição
de vibração? Favor apresentar comprovante do curso,
conteúdo programático e ministrante.
13.Considerando que as vibrações de baixas e médias frequências (de
alguns hertz a algumas centenas de hertz) - promovem perturbações
de tipos diferentes: - patologias diversas ao nível da coluna
vertebral; - afecções do aparelho digestivo: hemorróidas, dores
abdominais, obstipação; - perturbação de visão (diminuição da
acuidade visual), da função respiratória e, mais raramente, da função
cardiovascular; inibição de reflexos.
O estudo da resposta do corpo humano à vibração tem
apresentado que uma região específica deve receber
maior atenção, a região da coluna lombar. Tem se
verificado que a transmissibilidade sobre a coluna
vertebral é dada na faixa de frequência entre 4 e 7 Hz
e, que muitos dos veículos a motor apresentam
frequências nesta faixa particular (PANJABI et al., 1986;
SEIDEL; HEIDE, 1986). Foi verificado que motoristas de
tratores, de caminhões de lixo e de veículos fora de
estrada, apresentavam uma maior prevalência de
problemas na região das costas, do que outros
trabalhadores não expostos à vibração ocupacional
(DUNDURS, 2001). Estudos tem demonstrado que
motoristas de veículos de transporte apresentavam um
grande risco de desenvolvimento de hérnia de disco
(BATTIE et al., 2002; SEIDEL, 2005).2
Pergunta-se:
a. 15 anos de exposição à vibração de corpo inteiro não favorece
o adoecimento da coluna lombar?
b. Ausência de controles rígidos de vibração não promovem
adoecimentos?
c. A empresa comprovou o controle vibracional conforme
determina a NHO-09?
2
http://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35953/R%20-%20T%20-
%20BRUNO%20SERGIO%20PORTELA.pdf?sequence=1&isAllowed=y acessado em 28/09/2017.
d. Postura sentada estática e vibração de corpo inteiro não são
fatores de risco para afecções da coluna lombar?

Exame Físico do Periciado


Passamos agora impugnar as questões envolvendo o exame físico do
periciado.
A ata de audiência solicitou perícia ortopédica e consequente exame
médico para estabelecer relação causal com a doença alegada na inicial. A
doença já está plenamente justificada nos autos, não resta dúvida quanto
ao adoecimento do autor.
A relação causal e/ou concausal e as incapacidade oriundas da
doença deveriam ser o objeto das perícias.
Quanto a incapacidade se trata de avaliação cinesiológica funcional,
ou seja, análise dos movimentos, força, sensilidade e outras funções
musculo esqueléticas prejudicados pela doença.
Como já apresentado amplamente nesta impugnação o
desenvolvimento do nexo causal pelo louvado foi desenvolvido de maneira
extremamente superficial.
E de maneira complementar o exame do periciado não abordou os
métodos e questões específicas da matéria.
Não é crível que um Trabalhador labore por 15 anos exposto aos mais
diversos riscos físicos e ergonômicos (que sequer foram considerados pelo
expert) e para realizar uma completa inspeção pericial exame se resuma em
uma página com minguadas informações.
Este é o exame do periciado

Então analisamos a conclusão do laudo:

Extraído da Conclusão

1. A conclusão do laudo tem como base os ASO´s que são


documentos unilaterais. O perito considera os documentos da
Reclamada como verídicos e desconsiderada a CAT do
sindicato. Esta parcialidade prejudica o laudo.
2. Utilizar como referência o exame para aquisição de CNH como
parâmetro é incompatível com o ato pericial haja visto a
simplicidade e superficialidade deste exame realizado em
poucos minutos.
3. Desconsiderar a CAT e considerar os ASO´s demonstra
parcialidade.
4. Não se afastar junto ao INSS não exclui automaticamente o
nexo. Justamente este é o objetivo da perícia. Se este fosse o
parâmetro não era necessário movimentar a máquina pública
para realizar perícias.

Podemos observar que o perito não avaliou a coluna lombar nem os


pés do Reclamante objeto da perícia. A perimetria do membro inferior é um
bom indicativo de força deste, ou de ausência de sequelas neurológicas ao
nível lombar. Entretanto a inspeção da coluna lombar e dos pés é
imprescindível para avaliação das incapacidades.
A avaliação passa por no mínimo:
• Queixa Principal
• História Pregressa da Moléstia atual
• História Patológica Pregressa
• Medicamentos e Dosagem
• Movimentos Prejudicados para AVD´s
• Características da dor (Início, local, tipo, intensidade)
• Sintomas associados à dor (calor, parestesias, peso, caráter
migratório, cíclico, período manhã, tarde ou noite)
• Fatores agravantes – frio, calor, atividade física, imobilização
• Inspeção Visual
• Postura estática geral (frente, costas, lateral)
• Postura estática segmentar – posturas antálgicas
• Ectoscopia Segmentar – descrever edema, cicatriz, coloração
• Padrão qualitativo da marcha – marcha patológica anormal

E principalmente pelo estudo de 3 funções relacionadas ao


movimento:
• Função mobilidade articular
• Função Força Muscular
• Função Sensibilidade Dolorosa
A função mobilidade articular deve ser executada como no exemplo
abaixo:

Todos os movimentos da coluna devem ser testados e planilhados


quantificando e qualificando os achados como na tabela a seguir:

Função força muscular da coluna lombar quantificada e qualificado como


no exemplo abaixo:
Graduação da dor conforme escala da sociedade brasileira do estudo da
dor:

O exame pericial não contemplou a coluna lombar tão pouco a


fasceite plantar do Reclamante.
Diante das inconsistências do exame pericial quesitamos:
1. Queira o expert quantificar e qualificar a função mobilidade da
articular da coluna do reclamante quanto:
a. Flexão de tronco especificar os graus encontrados em relação
a normalidade.
b. Extensão de tronco especificar os graus encontrados em
relação a normalidade.
c. Rotações de tronco especificar os graus encontrados em
relação a normalidade.
d. Inclinações de tronco especificar os graus encontrados em
relação a normalidade.
2. Queira o expert quantificar e qualificar a função força articular da
coluna lombar do reclamante nos movimentos:
a. Flexão de tronco, especificar o grau de força encontrado em
relação à normalidade.
b. Extensão de tronco, especificar o grau de força encontrado
em relação à normalidade
c. Rotações de tronco, especificar o grau de força encontrado
em relação à normalidade
d. Inclinações de tronco, especificar o grau de força encontrado
em relação à normalidade
3. Queira o expert quantificar e qualificar a função sensibilidade
dolorosa da coluna lombar do reclamante durante a:
a. Flexão de tronco
b. Extensão de tronco
c. Rotações de tronco
d. Inclinações de tronco
4. Queira o expert apresentar o exame Cinesiológico do pé do
reclamante conforme já supracitado.
5. Queira apresentar os achados da inspeção palpatória do pé do RTE.
6. Queira o expert quantificar e qualificar os achados das
incapacidades físico funcionais do Reclamante pela CIF
O RTE solicita:
1. Que o expert responda todos os quesitos formulados para a perícia e
quesitos complementares em relação ao ambiente laboral e
organização do trabalho.
2. Não havendo respostas adequadas seja nomeada perícia ergonômica
com Fisioterapeuta. Além das questões relacionadas a NR-17 a
análise Biomecânica é fundamental para o deslinde do feito.
3. Que o perito ergonomista aponte os riscos ergonômicos e a relação
com as doenças da peça inicial.
4. Que o perito médico responda os quesitos relacionados a análise
físico funcional do Reclamante em especial o segmento lombar e pés.

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