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09/07/2020 Valter Pomar: Mercadante: é capitalismo agora e capitalismo depois?

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Valter Pomar
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Valter Pomar
Mercadante: é capitalismo agora e capitalismo depois?

Uma das frases mais reveladoras que ouvi ultimamente saiu da boca do Arquivo do blog
ministro Rishi Sunak, do conservador governo britânico: "Nas últimas ▼ 2020 (37)
duas semanas, deixamos de lado a ideologia e a ortodoxia para mobilizar
► Julho (4)
toda a energia e os recursos do governo britânico".
► Junho (8)
A tradução é livre, mas o sentido é claro: muitos neoliberais estão ► Maio (4)
admitindo que, em momentos de crise do capitalismo, a salvação pode vir ▼ Abril (9)
das políticas clássicas da social-democracia. Subsídio para o estudo
da Cultura, Identidade
Infelizmente, muitos social-democratas não têm feito este deslocamento à e Po...
esquerda exigido pela conjuntura. Preferem marcar passo. Moro: qual a diferença
entre um rato e um
Um exemplo deste marcar passo é o raciocínio segundo o qual, para rato?
enfrentar a situação de crise mundial, “é New Deal agora e Plano Gleisi Hoffmann e as
Marshall na saída”. Forças Armadas
Tarso Genro e a
Eu já tinha ouvido (e criticado) esta ideia em uma reunião da diretoria da “salvação nacional”
Fundação Perseu Abramo. Agora a vejo no Valor, edição de primeiro de Diretório Nacional: a
abril de 2020 (ver a íntegra abaixo). sessão da tarde,
continuação!
A matéria do Valor – assinada pela jornalista Malu Delgado, a partir de Diretório Nacional do PT:
uma entrevista com o companheiro Aloizio Mercadante -- trata de vários a sessão da tarde
assuntos, que não vou comentar, até porque estou de acordo com parte Diretório Nacional do PT:
do que é dito. uma reunião exemplar
Marilena Chauí: e os
Me limitarei a tratar da posição de Mercadante sobre duas questões: a soldados armados?
saída política para a crise brasileira e a saída sistêmica para a crise Mercadante: é capitalismo
mundial. agora e capitalismo
depois?
Faço antes a ressalva de sempre: pode ser que a matéria não expresse
► Março (6)
fielmente a posição do entrevistado, cabendo a ele fazer a devida
correção, caso em que minha crítica perderia sentido. ► Fevereiro (6)

► 2019 (39)
Sobre a primeira questão (a saída política para a crise brasileira), a
jornalista Malu Delgado informa que Mercadante demonstra total ► 2018 (98)
perplexidade com o presidente Jair Bolsonaro: “Uma coisa que aprendi ► 2017 (93)
na vida pública é que quando você cai num buraco, a primeira coisa que ► 2016 (136)
tem que fazer é largar a pá e parar de cavar. A sensação que eu tenho, ► 2015 (152)
do Bolsonaro, é que ele largou a pá e pegou uma retroescavadeira”.
► 2014 (185)
Apesar disso, segundo Malu Delgado, Mercadante “evita falar sobre ► 2013 (172)
articulações políticas em curso e sobre um eventual impeachment de ► 2012 (89)
Bolsonaro”.
► 2011 (143)
Sinceramente, não sei o que Mercadante realmente pensa e defende
sobre isto. Talvez sua inusitada timidez neste ponto da entrevista tenha
relação com ele ser, hoje, presidente de fato da Fundação Perseu Tema CAMARADAS
Espetacular
Abramo; será formalmente eleito na próxima sexta-feira, 3 de abril. E Ltda..
como a Fundação é um órgão do Partido, e como a direção nacional do Tecnologia do
PT ainda está de freio de mão puxado em relação ao Fora Bolsonaro, Blogger.
pode ser que Aloizio tenha escolhido não falar tudo o que pensa acerca
do assunto.

Mas a questão de mérito é: não existe solução coerente, consistente,


adequada para a crise brasileira, que não inclua tirar da cadeira
https://archive.vn/EYVEx 1/5
09/07/2020 Valter Pomar: Mercadante: é capitalismo agora e capitalismo depois?
presidencial o “epicentro da crise”, para usar as palavras do ex- Followers
presidente Lula acerca de Bolsonaro. (513) Next

De maneira mais geral, sem resolver a questão do governo e do poder, o


que inclui não apenas Bolsonaro, mas também os poderes fáticos (por
exemplo o capital financeiro, as forças de segurança, o oligopólio da
mídia), não há como falar a sério de políticas públicas, muito menos de
reformas estruturais a favor da classe trabalhadora.

Sobre a segunda questão (a saída para a crise mundial), a jornalista


Malu Delgado escreve que, segundo Mercadante, há dois caminhos para
mitigar os efeitos da catástrofe mundial provocada pelo coronavírus: “É
New Deal agora e, na saída [quando se iniciar o processo de
recuperação econômica], Plano Marshall”.

Quem já ouviu Mercadante falar sobre a “coronacrise”, sabe que ele não
economiza nas tintas, nem nos adjetivos acerca da situação. E estou de
acordo com ele, no que diz respeito a descrição do monstro.

Sendo assim, cabe perguntar: frente a uma crise tão global, tão brutal,
tão profunda, nós que somos de esquerda, nós que somos socialistas,
devemos nos propor apenas a “mitigar” os efeitos da catástrofe?

Devemos nos limitar a propor “remédios” que foram utilizados, no século Follow
XX, para tentar salvar o capitalismo, evitar uma revolução e manter a
hegemonia dos Estados Unidos sobre uma Europa devastada pela
guerra, onde a classe dominante se via confrontada, por dentro e por
fora, pela "ameaça comunista"?

Sem contar o seguinte: o New Deal e o Plano Marshall foram


implementados em contextos históricos completamente diferentes do
atual. O New Deal, pelos Estados Unidos de antes da Segunda Guerra;
o Plano Marshall pelos Estados Unidos, depois da Segunda Guerra
Mundial.

Não foi o New Deal que permitiu ao capitalismo dos Estados Unidos
superar sua crise, dar o salto e ocupar o lugar que ocupa, até hoje, no
mundo. O responsável por tudo isto foi o chamado “esforço de guerra”, o
que aliás nos diz muito acerca da verdadeira natureza do capitalismo.

Noutros países do mundo, na mesma época, ocorreram políticas de


reconstrução econômica também fundadas na intervenção do Estado na
economia, mas diferentes do New Deal. Por qual motivo esta, digamos,
preferência em citar o New Deal?

Por outro lado, o Plano Marshall não foi um ato de benemerência, mas
sim uma arma na “guerra fria” contra a União Soviética, um apoio dos
EUA às classes dominantes europeias, temerosas do assédio
“comunista”, vindo de dentro e de fora. Um arma de guerra utilizada por
quem tinha bala na agulha, naquele contexto histórico. Quem seria, hoje?
E contra quem seria?

Além disso, cabe lembrar que do ponto de vista da economia política


global, os efeitos da pandemia de coronavírus são diferentes dos efeitos
de uma guerra.

Por tudo isso, a referência ao New Deal, mas principalmente ao Plano


Marshall, iludem mais do que ajudam a visualizar o tipo de situação que
teremos pela frente e o tipo de políticas que teremos que adotar.

Salvo, é claro, se o objetivo em citar o New Deal e o Plano Marshall for


apenas ou principalmente ressaltar que o momento que vivemos, em
escala mundial, contém uma ameaça à sobrevivência do capitalismo que
só tem paralelo com aquele vivido entre 1914 e 1949.

Mas se é assim, não seria melhor deixar para outros defenderem a


atualidade e a adoção de políticas similares ao New Deal e ao Plano
Marshall?

Falando o mesmo, de um ponto de vista mais geral: se em um momento


em que o capitalismo está em crise, nós socialistas não colocarmos em
https://archive.vn/EYVEx 2/5
09/07/2020 Valter Pomar: Mercadante: é capitalismo agora e capitalismo depois?
pauta alternativas sistêmicas ao capitalismo, quando é que faremos isso?
Quando o capitalismo estiver bem de saúde, exibindo toda a sua
exuberância?? Quando o socialismo for apenas um "horizonte" e não
uma alternativa prática imediata???

Enfim, os verdadeiros social-democratas – e até onde consigo perceber,


o querido companheiro Aloizio Mercadante hoje é isto, um verdadeiro e
muito combativo social-democrata de esquerda – precisam seguir o
exemplo dos neoliberais e dar um passo à esquerda.

Para isso, já estaria de bom tamanho que ele dissesse algo mais ou
menos assim: “é New Deal agora e socialismo na saída”.

Segue a íntegra do texto comentado acima:


*”’É New Deal agora e Plano Marshall na saída’, diz Mercadante”* - A
pandemia do coronavírus tem levado a convergências políticas até
poucos meses inimagináveis num país polarizado como o Brasil. Pelo
menos duas ações aprovadas até agora no Congresso - o seguro de R$
600 para os trabalhadores informais e a distribuição de alimentos da
merenda escolar a quase 39 milhões de crianças e adolescentes da rede
pública de ensino - são fruto de um amplo debate entre partidos de
esquerda e centro, preocupados com a falta de comando nacional.
Muitas dessas propostas de políticas públicas brotaram da Fundação
Perseu Abramo (FPA), a instituição criada pelo PT em 1996 para
pesquisa e formação política. Agora comandada por Aloizio Mercadante,
ex-ministro da Casa Civil e da Educação no governo Dilma Rousseff, a
fundação vai se dedicar integralmente à formulação de políticas públicas
e saídas para a crise. Após um longo período de reclusão assim que foi
concluído o processo de impeachment de Dilma Rousseff, e alvo de
muitas críticas sobre a condução política num governo que desmoronou
sem apoio do Congresso, Mercadante adota hoje um tom moderado e
sereno, e ressalta a necessidade de manter o diálogo em curso com
“liberais e conservadores” para enfrentar a covid-19. Mas não deixa de
demonstrar total perplexidade com o presidente Jair Bolsonaro. “Uma
coisa que aprendi na vida pública é que quando você cai num buraco, a
primeira coisa que tem que fazer é largar a pá e parar de cavar. A
sensação que eu tenho, do Bolsonaro, é que ele largou a pá e pegou
uma retroescavadeira”, disse ao Valor.
O Brasil, segundo ele, tem uma situação de fragilidade ímpar porque
enfrenta agora quatro crises que se retroalimentam: a de saúde pública,
a econômica, a financeira (que virá a seguir) e a política, com a
instabilidade constante provocada por Bolsonaro, “um presidente com
comportamento insano”, para quem ele até faz uma rima: “o terraplanista
sanitário cada vez mais solitário”. Ele diz não saber como as instituições
vão equacionar o fator Bolsonaro. “A precariedade deste governo está
ficando absolutamente transparente. E não é só a oposição e a esquerda
que reconhecem isso. Há setores liberais indignados com essas atitudes
do presidente.” Mercadante evita falar sobre articulações políticas em
curso e sobre um eventual impeachment de Bolsonaro. Mas deixa claro
que há algo novo no ar. “Estamos abertos a dialogar com quem tiver
interesse, na academia e fundações partidárias, para buscar respostas.
No fundo, é o seguinte: precisamos de uma frente ampla para enfrentar
essa crise e sustentar a democracia no Brasil. E precisamos de uma
frente de esquerda para mobilizar e defender os setores populares, os
direitos, e pensar eleitoralmente o futuro. São níveis de articulação que
precisam se complementar.” O foco da FPA, que Mercadante comandará
por quatro anos é discutir saídas emergenciais para a crise e, depois,
propor alternativas de recuperação econômica. Economista, autor de
ideias controversas, como a decisão histórica do PT de se opor ao Plano
Real em 1994, ele assegura que há dois caminhos para mitigar os efeitos
da catástrofe mundial provocada pelo coronavírus: “É New Deal agora e,
na saída saída [quando se iniciar o processo de recuperação
econômica], Plano Marshall”.
“Estamos estudando 24 horas por dia, fazendo videoconferências, e
oferecendo alternativas ao país. Não é simplesmente ficar fazendo
discurso e disputa política. A disputa política sempre vai existir, mas
neste momento o que está em jogo é a vida e sobrevivência das
pessoas, de empresas e de instituições.” O PT oferece auxílio de seu
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corpo técnico inclusive para debater saídas com o atual governo, diz
Mercadante, citando como exemplo o pagamento emergencial do seguro
de R$ 600 para a população mais necessitada. Prestes a completar 66
anos, Mercadante passou os últimos 26 anos acompanhando a realidade
social das favelas de Heliópolis, em São Paulo. Ele viu com apreensão o
calendário apresentado pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni
(DEM), que prevê o pagamento aos trabalhadores informais e
vulneráveis somente a partir do dia 16 de abril. “Estamos totalmente
disponíveis para ajudar nisso, na parte técnica. Nossa responsabilidade
é essa, solidariedade, e salvar vidas. Precisa fazer online, com agilidade,
na ponta.” A maioria das pessoas tem WhatsApp nas periferias, e um
comunicado geral sobre cadastro pode ser distribuído pelo governo,
sugere. Além do Cadastro Único e dos dados do Bolsa Família, o
governo tem como fazer um rápido cruzamento de dados do Relatório
Anual de Informações Sociais (Rais) com cadastros de MEI, checando o
volume de trabalhadores informais e autônomos.
Logo após o impeachment de Dilma, a fundação criou os Núcleos de
Acompanhamento de Políticas Públicas (Napps), para cada área de
governo. Agora, Mercadante anuncia a criação do Observatório do
Coronacrise, destinado a elaborar propostas alternativas de políticas
públicas. “Queremos unir a experiência internacional, boas práticas que
estão sendo feitas por secretarias estaduais, e tratar mais sobre esse
ponto de vista de propostas de políticas públicas inovadoras.” Ele
enfatiza o diálogo positivo da oposição com os presidentes Câmara,
Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do DEM, e enfatiza
que a paternidade de projetos, nesta crise, é algo irrelevante, e as
construções precisam ser coletivas, algo que o governo federal parece
não assimilar. Os dois núcleos com maior demanda atual são os de
saúde e economia. No Napps de economia, segundo ele, mais de 50
profissionais estão se reunindo diariamente para debater medidas que
seria aplicáveis e necessárias ao Brasil hoje. Além do auxílio emergencial
aos informais e mais vulneráveis e à distribuição da merenda escolar
mesmo aos que estão sem aulas, há outros dois eixos de ação
defendidos pela FPA, diz Mercadante. Um deles é criar uma política
agressiva de capital de giro, de R$ 300 bilhões, coordenada pelo Banco
Central, aos setores econômicos impactados pela quarentena. As linhas
de crédito teriam carência de 24 meses, com 60 meses para pagar, com
juros da Selic mais 0,5% de taxa de administração. A outra frente é o
programa “Ninguém demite ninguém”, em que o Estado complementa os
salários dos trabalhadores, para evitar demissões em massa. O custo do
programa seria de R$ 34 bilhões ao mês.

Postado por Orientação Militante às 10:59

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