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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOÃO DE BARROS

FILOSOFIA - 11º ANO - ANO LECTIVO 2021/2022


FICHA DE TRABALHO nº1
setembro de 2021 - UNIDADE 6
Temas: Ética, direito e política — liberdade e justiça social; igualdade e
diferenças; justiça e equidade

Texto 1
“Ana é a pessoa mais rica do país X e uma das pessoas mais ricas do mundo. É proprietária de
várias empresas: algumas foram herdadas dos seus pais e várias foram criadas por si ou
compradas. Ana é conhecida por ser muito empenhada e dinâmica. As revistas de economia
avaliam a sua riqueza atual em cerca de 100 000 milhões de euros, o que é superior ao PIB anual
de muitos países. Há meses deu que falar o facto de Ana ter comprado um iate por 120 milhões de
euros.
Maria é uma menina de 8 anos que vive no país X. Os seus pais são doentes e não trabalham.
Vivem os três numa casa sem eletricidade e sem água canalizada. Maria tem de caminhar dois
quilómetros para chegar à escola pública mais próxima. Esta tem poucas condições: não há
computadores, as salas são pequenas e frias, os professores são provisórios e estão sempre a
mudar…Há dias em que a Maria só come uma refeição, pois os pais dependem da caridade dos
vizinhos para arranjar comida. Maria tem cáries nos dentes, porque no hospital público não há
dentista e os seus pais não têm dinheiro para a levar a um dentista privado. Os pais de Maria
sabem que, apesar de ela ser inteligente e estudiosa, as probabilidades de ir para a universidade
são muito escassas e sorriem tristemente quando a ouvem dizer que quer ser médica quando for
grande.”
(Adaptado do manual da texto editora: Dúvida metódica)

Questões:

1 – Que diferenças e semelhanças sociais, económicas e políticas entre o país X e Portugal?

2 - Será justo a Ana , e as outras pessoas ricas, começarem a pagar impostos elevados de modo a
que o Estado tivesse dinheiro para melhorar as escolas e hospitais públicos do país X e ajudar as
pessoas pobres, como a Maria e os seus pais?
Texto 2
“Os números são conhecidos e costumam ser chocantes: 1% da população mundial tem exatamente a
mesma riqueza do que os restantes 99 por cento, segundo a organização não-governamental britânica
Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse.
Somos todos irmãos”, dizia Jesus. Mas os irmãos não têm a todos a mesma conta bancária. Um novo
estudo, revolucionário, vem mostrar que a desigualdade pode ser tolerada, se for considerada justa
O mesmo relatório mostra ainda uma concentração da riqueza inusitada: as 62 pessoas mais ricas do
mundo têm o mesmo do que a metade mais pobre da população mundial, ou seja, têm tanto quanto 3,75
mil milhões de pessoas.Ao longo dos anos, não faltam estudos a mostrar que o ser humano se revolta
contra a desigualdade, pendendo naturalmente para a igualdade. O jornal britânico The Guardian cita
alguns desses estudos, exaustivos, muitos deles levados a cabo com grupos de crianças a partir dos três
anos.
Mesmo nas mais tenras idades, as crianças tendem a distribuir os recursos que lhes são fornecidos de
forma igualitária entre os seus pares, uma tendência que se reforça com o crescimento.
A “aversão à desigualdade” não é apenas uma expressão do politicamente correto; é algo intrínseco à
natureza humana, tem dito a ciência, mesmo quando são estudadas diferentes culturas e diferentes grupos
sociais, incluindo as pessoas mais ricas.
Por isso é que o estudo Building a Better America −One Wealth Quintile at a Time, dos professores
de Gestão e de Psicologia Michael I. Norton and Dan Ariely, está a causar tanta surpresa e a ter tanta
atenção.
É verdade que o estudo mostra que as pessoas preferem a igualdade à atual situação; mas também
sugere que não estão preocupadas com grandes fossos sociais e que até aceitariam bem que os 20% do
topo tivessem três vezes mais dinheiro do que os 20% do fundo.
Ouvidas pessoas em 16 países, tanto de esquerda como de direita, os autores concluíram que “existe
um certo desejo pela desigualdade - nem muito igual nem muito desigual”, afirma Michael Norton.
A rejeição pela distribuição totalmente igualitária da riqueza tem uma razão, acreditam os autores: o
sentido de justiça ou o mérito. Quando se introduzem estes conceitos nos estudos sobre as desigualdades,
as conclusões mudam rapidamente.
E a justiça pode não ter nada a ver com a recompensa por uma longa vida de trabalho ou pelo
mérito. Mas se uma pessoa ganhar a loteria, por exemplo, é justo que tenha muito mais dinheiro do que a
outra, a desigualdade torna-se aceitável.
Outros argumentos para a tolerância à desigualdade passam pela mobilidade social (a ideia de que
quem trabalha muito sobe na vida e que a pobreza está associada à preguiça ainda persiste) ou mesmo pela
inveja do outro (como a “minha galinha” tem de ser melhor do que a do meu vizinho, é bom que ele esteja
uns degraus abaixo na escala social).
E, de repente, aquela ideia bonita da aversão intrínseca do ser humano à desigualdade já não parece
tão lógica, pois não?”
in: Alexandra Correia inVisão

Questão:

1 - As sociedades devem promover mais a igualdade social ou o mérito social?

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