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BIOGRAFIA DE EPICURO

Epicuro (341-271 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, o fundador do “Epicurismo” – sistema
filosófico que proclama o prazer obtido mediante a prática da virtude como o único bem
superior do homem.

Epicuro nasceu na ilha de Samos, Grécia, no ano 341 a.C. Desde muito jovem interessou-se
pela filosofia. Assistiu às aulas do filósofo platônico Pânfilo.

Com 18 anos viajou para Atenas, onde ouviu os ensinamentos de Xenócrates, sucessor de
Platão na Academia. Após diversas viagens ensinou em Mitilene, Lâmpsaco.

PRINCIPAIS OBRAS

• Carta A Heródoto;

• Carta A Meneceu;

• Carta A Pítocles;

• Principais Doutrinas.

As cartas tratam de teoria física, ética e astronomia, respectivamente. Já o último texto é um


compilado de excertos do filósofo ou de seus seguidores próximos que expressam os princípios
e fundamentos da doutrina epicurista. Todos os textos são leves e proporcionam uma rápida
leitura e teriam como objetivo facilitar a memorização das principais ideias do autor.

TEORIA, CONCEITOS E IDEIAS

Você prefere ser feliz ou ter razão?

Provavelmente você respondeu: ser feliz, mas passou a vida inteira tentando ter a razão. E vai
continuar assim. Não? Então me convença do contrário. E Ainda que muitos filósofos tenham
se aventurado na busca pela felicidade, a gente tá falando de filósofos, a necessidade de ter a
razão é mais forte do que eles. Respeitemos.

Por volta do século IV antes de Cristo, existiu um filósofo bastante excêntrico, que fugiu à
regra: Epicuro, o fundador do Epicurismo.
Provavelmente a escola mais difamada e mal compreendida da filosofia.

"Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou ou que ela já passou, é
como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz."

Para Epicuro nós procuramos a felicidade no lugar errado: nos luxos, no poder, na riqueza, no
status...

O caminho da felicidade é muito mais simples: afaste-se da política, tenha muitos amigos e
valorize as suas amizades, tenha muito tempo para se dedicar a filosofia e a si mesmo e pare
de discutir no Twitter.

Mas ele não evitava discussões por falta do que dizer; na verdade, muito pelo contrário, consta
que ele tenha escrito mais de 300 livros, que infelizmente não teriam sobrevivido até os dias
de hoje.

O que ele não queria era ficar discutindo com gente chata pra baralho o tempo todo, tentando
consertar uma sociedade hipócrita em troca da sua paz. Isso pode parecer egoísta, mas não é.
Em vez de sair por aí tentando ensinar pessoas que não querem aprender e dialogar com
pessoas que não querem dialogar, ele decidiu aplicar sua filosofia à própria vida (olha só que
ideia mais louca essa, filosofia na vida); e assim, fazer da sua experiência um exemplo para as
próximas gerações.

Então ele se mudou para uma grande casa na saída de Atenas com vários amigos. Esse lugar
ficou conhecido como: O Jardim De Epicuro. Ninguém trabalhava além do necessário para a
manutenção da própria comunidade, cada um tinha seu espaço particular, eles passavam bons
tempos juntos filosofando nas áreas de convívio e Epicuro lecionava no jardim.

De acordo com o Epicurismo, o bem maior e a busca fundamental do ser humano é o prazer.E
a sociedade da época entendeu: Beleza, então, basicamente, ORGIA?!

Mas não, não era disso que ele estava falando, mesmo que até os dias de hoje a maioria das
pessoas ainda pensem que era.

O prazer epicurista era, antes de qualquer coisa, a ausência de dor. Mas tendo isso resolvido,
muito pouco é focado em maximizar as experiências sensoriais, pela sua natureza passageira e
bastante breve.
O foco mesmo são os prazeres da alma: a filosofia, a amizade, a diversão e os bons momentos,
tudo o que dura dentro de nós, indeterminadamente (que fica guardado na memória de longo
prazo).

É claro que fundar a primeira comunidade hip no meio da Grécia Antiga e ainda aceitar
escravos e mulheres como membros sem distinção hierárquica não ajudam muito na fama de
Epicuro perante a sociedade ateniense. Mas não, o cerne do prazer epicurista não provém de
orgias. É um prazer moderado que se encontra nas coisas simples e devem trazer o mínimo
possível de experiências negativas.

Ele dizia:

"Nenhum prazer é, em si mesmo, um mal, mas aquilo que produz certos prazeres acarreta
sofrimentos bem maiores do que esses prazeres."

Por exemplo:

Álcool e ressaca;

Drogas e dependência;

Pafu Pafu sem camisinha e DST'S (ou filhos);

Comida em excesso e obesidade, etecetera.

O objetivo final é alcançar a ATARAXIA, a ausência de perturbações, e a APONIA, a ausência de


medos.

É daí que surge o TETRAPHARMAKON, ou os quatro remédios da alma:

1. Não tenha medo dos deuses

2. Não se preocupe com a morte

3. O que é bom é fácil de ser alcançado

4. O que é terrível é fácil de ser suportado

1.

Talvez você não tenha essa referência exata em mente, mas os deuses gregos são meio que
completamente loucos, e viviam se metendo na vida dos mortais, causando desastres
ambientais e interferindo nos resultados das guerras.

Epicuro disse:
"Mano, eles são deuses, por que eles se preocupariam com o que a gente tá fazendo ou
deixando de fazer? É como se a gente se preocupasse com a vida matrimonial das formigas."

Beleza, ele nunca disse exatamente isso, mas algo do tipo.

Daí surge o...

Paradoxo De Epicuro

Que diversos filósofos tentaram refutar no decorrer dos séculos, mas a gente pode considerar
mais ou menos... que as tentativas foram um tiro fora do alvo.

Enfim, o paradoxo é tipo isso:

Os deuses estão dispostos a prevenir o mal, mas não são capazes?

▪︎Então eles não são onipotentes (todos-poderosos)

São capazes, mas não estão dispostos?

▪︎Então eles são malévolos.

Eles são capazes e estão dispostos?

▪︎Então de onde vem o mal?

Eles não são capazes e nem estão dispostos?

▪︎Então porque chamá-los de deuses?

Não é por que Epicuro não acreditava em figuras divinas, ele só dizia que eles são deuses, eles
são desprovidos de inveja, raiva, ódio ou qualquer tipo de emoções que nós, meros mortais,
sentimos. Eles não se metem nas nossas vidas e não alteram os resultados do trabalho de
matemática, não adianta continuar orando.

Nós temos livre-arbítrio, a que se faz aqui se paga, a felicidade, as conquistas, as desgraças,
dependem única e exclusivamente de nós mesmos.

Epicuro disse:

"É tolice um homem orar aos deuses por aquilo que ele tem o poder de obter por si mesmo."
2.

Sabe todo aquele tempo que existiu antes de você nascer? Um pouquinho mais de 10 milhões
de anos? Então, ninguém perde uma noite de sono pensando nisso, mas muitos sentem uma
enorme angústia com o medo da morte e uma provável não existência no futuro.

Mas se você deixar de existir, não sobrarão sentidos, se não existirem sentidos, como
exatamente você vai sofrer?

Sobre isso, Epicuro diz:

"A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a
morte, não existimos mais."

3.

Se o prazer é alcançado pela ausência de dor, em vez de se enfartar em um enorme banquete,


Epicuro acreditava que a simples ausência de fome constituía o real prazer. Ele se alimentava
quase que exclusivamente de pão e água, podendo tomar uma taça de vinho e comer um
pedaço de queijo no auge do esbanjamento.

Como ele disse:

"Nada é o suficiente para o homem cujo suficiente é muito pouco."

Quanto mais desejarmos, mais perturbações teremos.

Parece contraditório, mas se seu desejo é moderado, você poderá aproveitar os prazeres em
abundância. Entretanto, se o seu desejo é abundante, ele nunca será satisfeito por completo.

"A riqueza exigida pela natureza é limitada e fácil de obter, mas a riqueza exigida por vãos
ideais se estendem ao infinito."

4.

Ao decorrer da sua vida, Epicuro teve uma saúde muito frágil (de repente por que ele só comia
pão, quem sabe? Mas ninguém entendia muito sobre nutrição naquela época... nem hoje em
dia). Enfim, essa condição fez com que ele entendesse como suportar momentos de muito
sofrimento e concluír que a dor, na maioria dos casos, quando é aguda não é duradoura, e
quando é crônica, se torna suportável. Isso é cada vez mais verdade graças aos avanços
consideráveis da medicina. Em último caso, sempre teremos a liberdade de optar por uma
opção que é, digamos, menos convencional. Mas mesmo sob extrema dor, lembranças dos
prazeres da alma podem garantir a felicidade.
Nos seus últimos dias ele escreveu uma carta para seu amigo Meneceu, que ficou conhecida
como "Carta Sobre A Felicidade", na qual ele contava que sofria de uma dor extenuante nos
rins e no estômago, e que mesmo assim se sentia feliz por lembrar de todas as conversas
filosóficas que partilhou com o amigo.

Ao decorrer dos anos, o Epicurismo foi construído e desconstruído, difamado e reerguido, mas
segue até os dias de hoje mal compreendido por muita gente. Às vezes pela simples associação
ao prazer, o epicurismo leva uma fama enviesada, de um hedonismo sem ponderação, que é
algo totalmente contrário à sua filosofia.

**Hedonismo: prazeres ativos e passivos, ou seja, a vivência desmedida dos prazeres.**

Mas vale pensar no quanto podemos aprender com seus reais ensinamentos, que
redirecionam a nossa atenção ao que importa de fato, e falam diretamente com os dias de
hoje, que curam os males da alma, nos livram dos medos irracionais e nos botam no caminho
certo em direção à felicidade (tirando a parte da dieta, pelo amor de Deus, pão e água?! Pelo
menos uma pasta de amendoim ou que seja pão com frango).

Tentamos à todo custo apertar os parafusos dessa máquina gigante, potente, desenfreada e
necessária chamada sociedade.

Quando notamos que somos muito pequenos para fazer isso sozinhos, pensamos em fugir e
deixar essa máquina cruel para trás.

Oscilamos constantemente entre esses dois extremos, mas a conclusão final não importa, o
nosso maior erro é acreditar que temos que fazer qualquer uma dessas coisas sozinhos e
envoltos por tantas perturbações mentais.

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"Eu nunca quis agradar as multidões, pois aquilo que eu sei, elas não aprovam, e aquilo que
elas aprovam, eu não sei."

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