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Os dados passados dos sentidos são

conhecidos como coisas que existiram no


passado. A questão é se podemos fazer
inferências a partir desses dados dos sentidos.
Para que isso possa ocorrer é necessário que o
conjunto de coisas que conhecemos seja um sinal
da existência de outra espécie de coisas e assim
por diante. Somente assim, conforme Russel,
podemos estender nosso conhecimento para
além da esfera privada.
O Sol sairá amanhã, dificilmente
conseguiremos uma prova para esta assertiva,
porém podemos buscar crenças que sendo
verdadeiras justificariam essa assertiva.
Se alguém nos pergunta por que cremos que
o Sol sairá amanhã, a resposta que temos, prima
facie, é que ele saiu invariavelmente todos os
dias. Se alguém for mais longe ainda e nos
perguntar sobre que base nós sustentamos essa
crença, então recorremos as leis do movimento.
Portanto, questionar se o Sol sairá amanhã, é
questionar se as leis do movimento ainda serão
válidas amanhã, pois a saída do Sol pela manhã é
um caso particular do funcionamento das leis do
movimento.
No entanto, o ponto nefrálgico da discussão
é se um número qualquer de casos em que uma
lei funcionou proporciona a evidência que
funcionará no futuro. Se respondermos
negativamente, segundo a visão de Russel, então
não teremos razão para acreditar nos fatos mais
rotineiros de nossa vida como o nascer do Sol ou
mesmo que o pão terá um sabor distinto amanhã
do que ele sempre teve.
O problema, visto de outro modo, é o
questionamento se temos razão para crer que
tudo o que ocorreu ou ocorrerá é o caso de
alguma lei universal e que não há exceção alguma
a ela, o que se chama de uniformidade da
natureza. Para Russel, as leis universais que
possuem exceção são englobadas por leis que não
possuem.
Se duas coisas ocorrerem juntas com grande
freqüência, chegaremos quase a uma certeza que
no futuro elas ocorrerão juntas. Com base nisso,
Russel esboça o seguinte princípio indutivo:
1- Quanto maior a freqüência com que A
estiver associado a B, maior é a probabilidade que
assim aconteça em um novo caso;
2- Quanto maior o número de casos, mais
perto se chega da certeza.
Assim, segundo o filósofo, mesmo com as
exceções não podemos perder as esperanças no
futuro, pois toda a nossa conduta está baseada
em associações que ocorreram no passado e que
cremos que ocorrerão no futuro.

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