Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
61
boletim
Inventores
Como professores estão utilizando
o acervo da DVDteca em suas
práticas pedagógicas.
editorial FalaProfessor Celeiro de Ideia s
Trinta documentários da DVDteca Que vídeo você já usou em suas aulas de arte Juliana Carnasciali e Eliana Tumolo Dias Leite, ambas arte-educadoras
Arte na Escola foram selecionados e gostaria de indicar? Por quê? na cidade de São Paulo, têm também em comum o uso da DVDteca Arte
pela Secretaria de Educação a Distância na Escola em suas práticas pedagógicas. Integrante de um grupo de
do MEC para compor a caixa do projeto > Utilizei os vídeos de Mestre Didi e Nazareth Pacheco.
Gosto da possibilidade de apresentar nas aulas a obra de estudos cujo foco era a Tecnologia Rizomática do Ensino da Arte, que
DVD Escola/Arte que chegaram a 100.000
escolas Brasil afora. Entre eles, estão artistas que possam suscitar múltiplas discussões. Eles embasa os materiais educativos (leia nas págs 4 e 5), Juliana fala das
são representantes da produção contemporânea brasileira, “infinitas possibilidades” de trabalho a partir dela. Eliana, que conheceu o
títulos como “Isto é arte?”, “A cor da
vivos, e se expressam por meio de suportes pouco conven-
criação (Paulo Pasta)” e “Nuno Ramos: material educativo em um seminário de dois dias, conta como a
cionais. O vídeo permite o acesso ao lado humano implí-
arte sem limites”. O envio gratuito des- cito nos objetos artísticos. É como se, por alguns minutos, cartografia dos territórios da Arte passou a integrar a sua prática docente.
expediente
O Boletim Arte na Escola é ISSN 1809-9254
> Como coordenadora pedagógica, assisti a todos os vídeos.
Acho-os muito importantes para uso em sala de aula. Trabalho
em duas escolas – uma estadual e outra municipal – e sei que
de-se de modo heterogêneo, propondo também expan-
são a quem com ele se encontra.
Embora feito para espaços pedagógicos, é artístico como
um todo, desde sua concepção, pois propõe diversas
posição nas escolas tudo fica mais fácil (leia nas págs 4 e
5). Antes de dar os conteúdos, procuro sempre pesquisar
possibilidades no site www.artenaescola.org.br, para que
ano a ano possa melhorar e adequar mais as necessidades
uma publicação da rede Arte Artigos, comentários e as duas têm a caixa do projeto DVD Escola/Arte (leia nas págs possibilidades a partir de potencialidades a se trabalhar. de nossos alunos e condições físicas da escola.
na Escola, produzido com o opiniões para este informativo 4 e 5). Todo professor de arte deveria ter este material, que Propõe ir muito além das tradicionais práticas pedagógi- A Cartografia dos territórios da arte fica muito mais clara
patrocínio da devem ser enviadas para: julgo excelente.
Fundação Iochpe. Instituto Arte na Escola; cas que, por muitas vezes, focam a história da arte e com uso do material educativo, possibilitando aos alunos
Conselho Editorial Alameda Tietê, 618 – casa 3 Ana Maria Santos / Cruzeiro (SP) suas linguagens no fazer. Assim como na Arte e na vida, terem contato com os artistas, ainda que apenas por docu-
Evelyn Berg Ioschpe, Helânia CEP 01417-020, São Paulo, SP
os DVDs nos apontam “atenções”, as quais nós profes- mentários, mas também os incentivando a conhecer e visi-
Cunha de Sousa Cardoso, Fone (11) 3103.8080
Erinaldo Alves do Nascimento, contato@artenaescola.org.br sores podemos transformar em “intenções”. tar exposições e assistir a espetáculos de dança e teatro.
Silvia Sell Duarte Pillotto ILUSTRADOR CONVIDADO Além disso, contam-nos muito sobre todo o vasto terri- Durante esses anos todos, tenho ministrado aulas no ensi-
Editora
Ricardo Basbaum tório da arte na educação, de modo que estudá-los é no médio regular e EJA, e vou anotando no diário de bordo
Silvana Claudio
Jornalista responsável conhecer cada vez mais sobre o Território Arte e Cultura, o que deu ou não certo, replanejando novas possibilida-
Ilustram esta edição imagens de
Fábio Galvão MTB 20.168/SP obras do artista multimídia, professor, conhecer e dominar seu movimento, sua flexível disposi- des. Com as anotações dos resultados vou mudando estra-
Redação curador e crítico Ricardo Basbaum. ção para se conectar! tégias para que o conteúdo seja sempre motivador.
Fábio Galvão, Cecília Galvão e
Raquel Zardetto (CGC
Educação) Juliana Carnasciali - Juliana Carnasciali – arte-educadora e artista mul- Eliana Tumolo Dias Leite - arte-educadora, Professora-Coordenadora
Projeto Gráfico Zozi timídia (artes plásticas, música e poesia) da EE. Zulmira Cavalheiro Faustino, Dona, em São Paulo, leciona na EE. Rev.
www.poptchuras.blogspot.com Jacques Orlando Caminha D’Ávila.
www.pappaspalace.com
diagrama (série love songs), 1996
Iº Circuito Nacional de Art-Door, Goiânia
As novas raízes do
ensino da arte
>> Esta definição de rizoma, descrita no Dicionário Currículos >> ramenta muito especial de ajuda ao desenvolvimen- qualquer, e também retoma segundo uma ou outra
Houaiss da Língua Portuguesa sob o aspecto estrita- to de conteúdo na escola, de acordo com a propos- de suas linhas e segundo outras linhas; 5) cartogra-
mente botânico, foi transportada para a filosofia pelos A presidente do Instituto Arte na Escola, Evelyn ta curricular. É tudo o que eu queria pra incrementar fia - pode ser mapeado, cartografado e tal cartogra-
franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari no final do Ioschpe, destaca que o Brasil está passando por um as minhas aulas”. fia mostra que o rizoma pode ser acessado de infini-
século passado. Deleuze explica: "O que chamamos momento muito rico na área educacional e o Guia é A distribuição da DVDteca Arte na Escola pelo MEC tos pontos, podendo daí remeter a quaisquer outros
rizoma é precisamente um caso de sistema aberto. Um um ótimo instrumento para as redes de ensino. "O faz parte do projeto DVD Escola, que oferece às esco- pontos em seu território.
sistema é um conjunto de conceitos. Mas os concei- Brasil atravessa um período de concepção de currícu- las públicas de educação básica caixas com DVDs e a
tos não são dados prontos, eles não pré-existem: é los em Arte. Assim, o material do Guia do MEC é programação produzida pela TV Escola. O diferencial Receita de bolo
preciso inventar, criar os conceitos, e há aí tanta muito importante para ajudar a suprir a necessidade da DVDteca Arte na Escola é ser a única com DVDs
invenção e criação quanto na arte ou na ciência." crescente de referências neste sentido.” acompanhados de material educativo. Na opinião de Evelyn Ioschpe, a Tecnologia
Curricular do Estado São Paulo, no Caderno do Aluno, muito ansiosos para isto. MARTINS, Mirian
na página 11, 1º bimestre – 5ª série, que a define Chegou o momento de realizar o trabalho, fruto da Celeste; PICOS-
>> De forma rizomática, o conteúdo dos documentários Voltei, então, às minhas buscas. Nossa escola havia
como: “A experiência é aquilo que nos passa, ou que pesquisa/experimentos com as tintas. Já tínhamos QUE, Gisa.
e o material educativo para o professor propositor recebido a caixa do projeto DVD Escola/Arte (leia nas Mediação cultural
nos toca ou que nos acontece, e ao passar-nos nos várias cores prontas, que fomos fazendo e guardan-
vão abrindo espaços para novos olhares, possibilida- págs 4 e 5) que foi passada para mim e para todos para professores
forma e transforma”. “Este acontecimento no espa- do. Utilizei para o fechamento dessa proposta uma
des para a construção do conhecimento, tanto do os outros professores. Foi em contato com este mate- andarilhos na cul-
ço sala de aula os transformou, pois gerou motivos tela de 30x40 cm, material que havia pedido no
professor, como do aluno. rial que me deparei com o aquarelista Rubens Matuck, tura. São Paulo:
para novos e significativos experimentos e muita dis- começo do ano aos pais dos alunos. Arte por Escrito:
O material, assim como o rizoma de forma inversa à um artista contemporâneo, vivo, e com um material
cussão acerca de cores e transparência, possibilitan- Assim fomos escolher o desenho para colocar na tela. Rizoma Cultural:
definição arbórea e suas raízes, conecta-se de um de alta qualidade, que possibilita uma infinidade de
do novos fazeres em “Arte”. A única recomendação foi para que todos pensassem Content Stuff,
ponto qualquer a outro (flexibilidade de interpreta- caminhos a serem percorridos com os alunos e que
A partir daí devíamos pensar em nossos desenhos, nas escolhas, principalmente em relação ao que gos- 2008.
ção) que, segundo Deleuze e Guattari (1995, v.1, subsidia o professor a construir um mapa rizomático
ou melhor, na criação da proposta visual que cada tariam de representar em seu trabalho. Sempre tive o
p.15), “põe em jogo regimes de signos muito diferen- [“se refere a um mapa que deve ser produzido, cons- DVDs:
um deveria realizar. Foi então que lancei mão de um cuidado de lembrá-los de que estavam realizando um
tes. Parece feito de linhas: tanto linhas de continui- truído, sempre desmontável, coletável, modificável,
DVD sobre Kandinsky e sua produção. trabalho para eles mesmos, que este deveria estar
dade quanto linhas de fuga, sugerindo dimensão com múltiplas entradas e saídas, com suas linhas de LES INÉDITS: La
No entanto, havia me esquecido que esse DVD era impregnado de sua identidade, como um autorretra-
máxima, segundo a qual, em sua multiplicidade meta- fuga”, Deleuze e Guattari (1995, v.1, p.32-33)]. Dame à la
narrado em espanhol. Fiquei pasma! E, antes mesmo to plástico de suas poéticas.
morfoseia-se, mudando de natureza. Rubens Matuck nos remete à água do mar, às corti- Licorne, Wassily
de desculpar-me ou encontrar soluções para resolver Na etapa seguinte, começamos a pintura e o uso das tin- Kandinsky,
Assim, como professora de arte, eu deveria propor nas imaginárias que usamos na infância. Não havia
o problema, constatei que, mesmo sendo em outra tas, sem minha interferência direta. Pedi apenas para Francis Bacon.
aos alunos uma atividade rica nas linguagens da arte, mais dúvidas. Estava decidido o artista e o material
língua, as crianças estavam interessadas e compreen- que tomassem cuidado com as novas misturas de tintas, Dir. Alain Jaubert.
levando em conta, porém, os questionamentos perce- a ser usado nas aulas: a aquarela de Matuck.
dendo o trabalho de Kandinsky e a sua forma de abs- pois já havíamos testado algumas não aprovadas. S.l.: Editions
bidos por mim ao longo dos anos de magistério. Ao Comecei a estudar as possibilidades que esse artista Montparnasse:
trair as imagens, certificando-me, mais uma vez, que Foram disponibilizadas todas as cores que eles pesqui-
serem apresentados a um artista, por exemplo, os me apresentava. Esta estrutura rizomática, flexível ou Arte Vidéo, 2007.
“a arte é universal”. saram e criaram, alguns tubos a mais de tinta acrílica,
alunos logo questionavam se este estaria vivo ou já instável, era uma importante aliada para encaminhar 1 DVD (90 min.)
6 teria falecido.
Minha escolha, então, deveria recair sobre um artista
contemporâneo. Outra condição seria encontrar um
as aulas e elaborar conteúdos que poderiam ser
modificados ou não.
Apresentei aos alunos o nosso artista e suas tintas.
Outro fator levantado na obra de Kandinsky foi a sua
ligação com a música. Após a apresentação, de forma
“democrática”, propus a todos que desenhássemos
estojos de aquarela, guache, tinta para tecido, tinta para
artesanato e, principalmente, um tempo sem cobrança.
As manchas e transparências foram acontecendo.
(Palettes).
RUBENS Matuck:
7
ouvindo música. Outra opção seria irmos até o pátio Algumas pensadas, outras por intuição ou acaso, ele- a aquarela no
artista que tivesse uma proposta poética leve, fluída, Quando apresentei o documentário, quase unanime-
da escola em busca de inspiração, fazendo uso da mentos importantes na obra de vários artistas con- Brasil. Dir. Maria
a fim de tornar o trabalho prazeroso aos alunos da 4ª mente eles perceberam os vidros transparentes em seu
natureza. Em nossa roda de conversa, onde todos temporâneos. Ester Rabello. São
série, já que nesta fase há muita apreensão diante ateliê e questionaram como conseguiríamos as cores. Paulo: Rede
tinham a liberdade para manifestarem-se de forma Durante o projeto, a leitura das obras dos alunos foi
das mudanças que ocorrerão em suas vidas escolares. Foi aí que, aos poucos, fui introduzindo os alunos na SescSenac de
ordenada, eles expressaram o desejo de experimen- acontecendo, feita por mim, por eles mesmos e pelos
Assim, teve início o trabalho na Escola Estadual obra de Matuck. E eles foram percebendo a preferência Televisão, 2000. 1
tar as duas formas do fazer “artístico”. colegas. Alguns se depararam com elementos formais
Alcides da Costa Vidigal no ano de 2010. do artista pelas transparências, o porquê dos vidros, DVD (23 min.).
parecidos com as obras dos artistas apresentados,
quase que um modelo a ser perseguido, numa busca (O mundo da
Exercitando o olhar outros se davam conta de que conseguiram cores arte). Acompanha
Andanças constante pela transparência, pela luz e pelas cores.
semelhantes. Sem nos aprofundarmos em uma leitu- material educativo
Mas como conseguir que as cores gerassem a trans-
De posse de três folhas sulfite, lápis e, tendo como ra técnica das obras, ela foi se dando de forma fluí- para professor-
parência? O que usaríamos? Como resposta disse que
Como um “andarilho, vesti as sandálias de um profes- apoio as capas de proteção do bloco de papel can- da, como, aliás, todo o projeto. propositor.
esta busca constante é que motiva o artista a conti- DVDteca Arte na
sor pesquisador” (Martins e Picosque, 2008) e saí em son (que tenho o hábito de guardar), saímos para a Com essa experiência de sala de aula posso afirmar,
nuar pesquisando, que o faz continuar a caminhar. Escola.
busca de um artista que se encaixasse neste perfil. nossa pesquisa de campo em busca de descobertas com convicção, que o resultado foi rico tanto para os
Desde os tempos mais remotos os artistas buscam
Um artista contemporâneo, que pudesse levar os alu- com ou sobre a natureza. Não foi permitido o uso da alunos, como também para mim, que relato com
formas e materiais para se expressar, e era isto que
nos a um sentimento de “êxtase”, transformando o borracha, ferramenta que, em muitos casos, é preju- orgulho, prazer e entusiasmo esta vivência. E, para
também faríamos. Foi uma agitação total.
momento de fruição em momento de prazer. dicial, pois pode gerar a desatenção e nosso objeti- finalizar, no dia da formatura das 4ª séries montamos
Em minhas andanças, acabei por encontrar vo era exatamente o oposto. Ou seja, exercitar o uma grande exposição para mostrar a todos os tra-
Kandinsky. Sua poética é fluída, suas cores são gene- Experiência que transforma olhar diferenciado, atento e cuidadoso sobre a natu- balhos realizados pelos alunos.
rosas, há um prazer enorme em entrar em contato reza. Então, com atenção redobrada, os alunos esco-
com sua obra. Mas pesava contra esta escolha o fato Com a leitura do capítulo “Ampliando o olhar” do lheram o que gostariam, de fato, de representar em Hânia Cecília Pilan - Mestre e Doutoranda em Educação, Arte e
História da Cultura pelo Mackenzie, professora Efetiva do Estado de
dele não ser um artista vivo, embora Kandinsky per- material educativo que acompanha o DVD, percebi a seus trabalhos.
maneça vivo por meio de suas obras. importância da pesquisa sobre pigmentos. Ao assis- >> Ao desenhar, alguns alunos lembraram Kandinsky,
São Paulo das Universidades Uniban e Uniítalo. <<
diagrama (série membranosa), 2009