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referência bibliográfica:
Lígia Márcia Martins busca no trabalho em questão esmiuçar os contrapontos presentes entre
as posturas qualitativas de pesquisa e o método do materialismo histórico-dialético, proposto
por Marx e de longo debate na tradição marxista.
"A preocupação central do estudo pela via da análise qualitativa dos dados observados instala
o confronto entre princípios teóricos e conteúdos apreendidos no transcurso da pesquisa.
Deste confronto, resultam as questões analíticas, isto é, sistema de significações pelos quais
procede-se a decodificação hermenêutica dos fenômenos” (p, 06)
“os modelos qualitativos defendem que a melhor maneira para se captar a realidade é aquela
que possibilita ao pesquisador colocar-se no lugar do outro, apreendendo os fenômenos pela
visão dos pesquisadores” (p, 06)
1) Ambiente natural como base dos dados investigados, do que resulta o grande valor conferido ao contato
direto e preferencialmente prolongado do pesquisador com o campo de estudo - “a pessoa do pesquisador
é considerada importante instrumento para a observação, seleção, análise e interpretação dos dados
coletados e em face desta tarefa, poderá utilizar recursos tais como filmagens, fotografias, gravações,
documentos históricos, registros escritos etc com o objetivo de ampliar a confiabilidade de suas
percepções” (p, 5)
2) O caráter fundamentalmente descritivo destas investigações. A relação entre os dados e o contexto na qual
ele pertence; verificar como os fenômenos se manifestam, tendo em vista uma compreensão holística,
histórica e processual. Postura atenta do investigador que deve se atentar ao maior número de elementos
constitutivos do fenômeno. - técnicas de observação; realização de entrevistas, análises de conteúdo e
análises históricas - as investigações que se apóiam na análise descritiva qualitativa, frequentemente, têm
como objeto situações complexas ou estritamente particulares, nas quais a exatidão das quantificações
pode ser impossível, relativa ou desconsiderada.
3) a pesquisa de tipo qualitativo é voltada para o processo, ou seja, o objetivo da investigação assenta-se nas
descrições dos problemas estudados tal como manifestos nas atividades, nos procedimentos e nas
interações cotidianas. Busca compreender os mecanismos do fenômeno em âmbito mais imediato. - “passa
a ser requerida uma atitude específica nesta busca compreensiva, qual seja, a submersão do pesquisador no
campo real da existência, campo este que comporta um dinamismo pré-dado e altamente complexo” (p, 6)
- resultando na compreensão dos vários sentidos, valores, presentes no campo na qual se articula o
fenômeno.
- suas conclusões não podem ser subjetivas, mas devem expressar objetivamente os resultados encontrados a
partir das análises e a sua complexidade
- classificação e compreensão dos processos dinâmicos presentes e em especial da apreensão das
particularidades deste objeto
5) As pesquisas qualitativas possuem natureza indutiva. É comum pesquisas com esse enfoque que afunilam,
delimitam, ao longo desenvolvimento. Focos amplos que vão se tornando mais diretos e específicos no transcurso
do trabalho.
“embora o pesquisador parta de alguns pressupostos teóricos iniciais, deverá manter-se atento aos novos elementos
que podem emergir durante o estudo, a orientarem outras buscas teóricas. O quadro teórico, como referência de
investigação será, portanto, construído no processo de estudo, concomitantemente à coleta e exame dos dados
verificados” (p, 7-8)
- a dimensão indutiva desta metodologia é bastante enfatizada por todos os autores referidos neste artigo, que
apresentam-na como importante traço distintivo em relação aos modelos positivistas de pesquisa.
associar processos, objetos amplos e complexos, compreendendo seus mecanismos inerentes, suas relações
processuais.
A postura qualitativa atende ao princípio da exclusão, isto é, não existem opostos que
produzem uma nova qualidade a partir de um salto dialético, pelo contrário, a existência de
um pólo representa a negação de outro - um dos pólos da oposição acaba por ser excluído.
em conformidade, com este princípio falamos então, na unidade indissolúvel dos opostos, o
que determina saber o objetivo como subjetivo, o externo como interno, o individual como
social, o qualitativo como quantitativo
“Portanto, se queremos descobrir a essência oculta de um dado objeto, isto é, superar sua
apreensão como real empírico, não nos bastam descrições acuradas (escritas, filmadas,
fotografadas etc!!!), não nos bastam relações íntimas com o contexto da investigação, isto é,
não nos basta fazer a fenomenologia da realidade naturalizada e particularizada nas
significações individuais que lhes são atribuídas. É preciso caminhar das representações
primárias e das significações consensuais em sua imediatez sensível em direção à descoberta
das múltiplas determinações ontológicas do real” (p, 10-11)
singular: onde o fenômeno revela o que é a sua imediaticidade (sendo o ponto de partida do
conhecimento)
universal: onde o fenômeno revela suas complexidades, suas conexões internas, as leis de
seu movimento e evolução, enfim a sua totalidade histórico-social
"em sua particularidade ele assume as especificidades pelas quais a singularidade se constitui
em dada realidade de modo determinado, porém não completo, não universal" (p, 11-12)
de acordo com Lukács o particular representa para Marx a expressão lógica da categoria de
mediação entre o específico (singular) e o universal (geral).
Há mediadores (particular) para relação entre o aspecto mais geral (universal) e o específico
(singular) de um dado objeto.
"concretização da universalidade do vir-a-ser da singularidade, mediada pela particularidade"
- Impossível construir qualquer entendimento da realidade fragmentando, separando
tais unidades.
qualquer uma pode ser a referência primária, mas é apenas pela análise dialética entre a
tensão do singular e universal que se torna possível a construção do conhecimento concreto
"A organização social capitalista calcada na propriedade privada dos meios de produção; tem
obstruído esse desenvolvimento, uma vez que a atividade do indivíduo e seu resultado,
tornando-se independentes, acarretam a subordinação do produtor ao produto de seu
trabalho" (p, 13)
"Sob tais condições de alienação as capacidades dos homens, bem como as possibilidades
para seu pleno desenvolvimento, se reprimem e se deformam pois obliteram a efetiva
utilização de todas as suas forças criadoras. Assim sendo, a condição para a efetivação do
verdadeiro ser humano se coloca na transformação das condições e instituições que
alienam o trabalho e o trabalhador, e este é o mais profundo significado do
materialismo histórico." (p, 13)
"O materialismo apresentado por Marx aponta, necessariamente, na direção do trabalho social
dos homens e nas propriedades que adquire historicamente. O materialismo dialético se
apresenta em seu pensamento, como possibilidade para a compreensão da realidade resultante
do metabolismo homem-natureza produzido pela atividade humana em sua complexidade e
movimento." (p, 14)
"a unidade sujeito/objeto do conhecimento exige a compreensão concreta de ambos, dado não
atingível pela representação imediata e idealista do que seja sujeito e do que seja objeto" (p,
15)
"mais que nunca é necessária a crítica ao que se produz e se ensina em nome do que seja
a construção do conhecimento científico"