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Direito Processual Civil I

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2 provas de 20 pontos (abertas)

Interdisciplinar 10 pontos

2 resenhas de artigos 10 pontos

1ª Resenha – 5,0 pontos para 09/03 – Antecipação de tutela, Teori Albino Zavascki

Liminar cautelar – processo cautelar – se presta a assegurar um direito que se discute


ou que se discutirá em um processo de conhecimento.

Liminar antecipatória – processo de conhecimento – antecipa, em decisão


interlocutória, uma decisão judicial que teria que aguardar até a sentença, em caráter
preliminar, embasado nas provas que permitem supor o direito que está sendo assegurado até
discussão do mérito

Prova Formal 40 pontos

O CPC é dividido em cinco livros:

I – Processo de Conhecimento

II – Processo de Execução

III – Processo Cautelar

IV – Procedimentos Especiais

V – Disposições Finais Transitórias

Os três tipos de processos foram concebidos para funcionarem separadamente. Desde 1993
porém, pequenas reformas no CPC passaram a permitir uma maior intercomunicação entre
eles (e.g execução ao final de um processo de conhecimento). Tais reformas visam transformar
os diversos processos estanques em um processo sincrético como, por exemplo, o que
acontece na Justiça do Trabalho.

O Processo de Conhecimento, objeto de estudo desta disciplina, pode ser dividido em:

 Processo Comum
o Ordinário
o Sumário
 Procedimentos Especiais – procedimentos não previstos como comuns
(Livro IV do CPC e Legislação Extravagante)
 Procedimento Sumaríssimo – alguns doutrinadores defendem que
legislação posterior criou este terceiro tipo de processo de conhecimento.
Formação do Processo – art. 262 - 264 CPC

Principio do Dispositivo – Inquisitivo

262 - Principio do Dispositivo – Inquisitivo: No processo brasileiro a formação do processo


segue o principio do dispositivo – ninguém pode ser obrigado a participar de um processo
como autor – mas uma vez iniciada a ação, o juiz segue o princípio do inquisitivo, podendo
inclusive ordenar a produção de provas.

263 - O processo se inicia com a distribuição da petição inicial.

Quando o autor propõe uma ação, é estabelecida uma relação entre ele e o Estado (o juiz) –
iniciando o processo. Após a citação do réu, a relação jurídica triangular se completa e o
processo se estabiliza (autor – juiz – réu).

264 – Quem determina os limites da lide é o autor, através da petição inicial. O juiz julga com
base na causa de pedir e no pedido. O autor pode aditar a petição inicial até a citação do réu,
acrescentando ou modificando causa de pedir e/ou pedido. Depois da citação do réu, a inicial
só pode ser emendada com a anuência deste e até a fase do saneamento.

Suspensão do Processo – Art. 265 a 266 CPC

265 – Suspende-se o processo por:

 Morte ou perda da capacidade de qualquer das partes ou de seus


advogados.
 Pela convenção das partes. Em certas situações, pode ser interessante
para as partes suspender o processo para se tentar chegar a um acordo.
Art. 256 § 3º.
 Exceção de incompetência, suspeição ou impedimento suspendem o
processo principal. Independe de decisão judicial, tem efeitos imediatos ex
legis.
 Prejudicialidade externa – o julgamento da ação depende do julgamento
de outro processo. Ex.1: Em uma ação reivindicatória em que um vizinho é
processado para devolver uma parte de um terreno invadido, se houver
outra ação de usucapião do vizinho ocupante contra o ocupado, existe
então um impedimento suspensivo por prejudicialidade externa. Ex.2: Um
cliente de banco financia um veículo e, vindo a inadimplir as prestações é
cobrado judicialmente para a devolução do bem. O cliente então inicia
uma ação pela extinção do contrato devido aos juros serem abusivos.
 A sentença de uma ação não poderá ser prolatada enquanto a produção
de prova eventualmente solicitada a outro juízo por carta precatória não
for cumprida.
 Uma ação não pode se decidir enquanto pender julgamento sobre
Declaratória Incidental em uma ação de questão de estado de uma das
partes.
 Motivo de força maior – ex. inundação do fórum, suspende o julgamento
dos processos até que o motivo de força maior ceda. Depende sempre de
um despacho judicial iniciando e terminando a suspensão.
 Demais casos que o código regular. Embargo de terceiro – Embargo de
Declaração – Embargo à Execução – Intervenção de Terceiro – Incidente de
atentado – Art. 13 CPC
 No caso de morte das partes ou de seus representantes legais antes da
audiência de instrução e julgamento, o processo será suspenso. Se a morte
ocorrer durante ou após a audiência, o juiz publicará a sentença e
suspenderá o processo.

Extinção do Processo – Art. 267 a 269 CPC

Sentença Terminativa  Art. 267 - Sem resolução do mérito – o juiz extingue o processo sem
analisar o mérito do pedido por constatar a existência de um óbice processual, um vício no
processo. Este tipo de sentença só faz coisa julgada formal – impede recurso mais não impede
a re-propositura da ação.

Ocorre nos casos de:

 Indeferimento, pelo juiz, da petição inicial


 Quando o processo ficar parado por mais de um ano por negligência das
partes (autor e réu)
 Quando o autor não promover os atos e diligências, de sua competência,
em trinta dias (depende de requerimento do réu - súmula 240 STJ)
 Falta de algum pressuposto processual de constituição e desenvolvimento
válido do processo: (pressupostos doutrinares)
o Pressuposto Subjetivos: dizem respeito a competência do juiz e
capacidade das partes;
o Pressupostos Objetivos: diz respeito à forma e inexistência de
nulidades;
 Quando o juiz acolher a alegação de perempção (perda do direito de ação
por abandono da causa pelo autor por três vezes), litispendência (duas
ações iguais – na mesma comarca, o juiz prevento é o que despachou
primeiro, em comarcas diferentes é prevento o juiz que primeiro citou o
réu) ou de coisa julgada;
 Quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual
(necessidade e adequação – o autor deve necessitar a prestação da tutela
jurisdicional e pedi-la adequadamente).
 Pela convenção de arbitragem
 Quando o autor desistir da ação (independente de requerimento do réu) ≠
renunciar ao direito – o autor que desistir da ação pode repropô-la, o que
renuncia ao direito não pode.
 Quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal (caso
de pensão alimentícia, se o alimentado morre, deixa de existir ação.
 Quando houver confusão entre autor e réu (Ação do Banco Real contra o
Santander deixa de ter sentido no momento em que um passa a ser o
outro)
 Outros casos previstos no código.
o O autor só pode desistir da ação sem a anuência do réu até sua
contestação ou após decorrido o prazo para resposta, caso o réu
não apresente defesa.

Sentença Definitiva  Art. Com resolução do mérito – processo sem vícios. Faz coisa julgada
formal e material – impede recurso e re-propositura.

Art. 268 – O autor pode repropôr a ação, exceto nos casos de litispendência, perempção ou
coisa julgada, bastando apresentar o comprovante de pagamento ou do depósito das custas e
dos honorários de advogado

Parágrafo único – Perempção – o autor que der causa à extinção do processo por três vezes
não poderá repropor a ação contra o mesmo réu pelo mesmo motivo, podendo entretanto
usar suas alegações em sua defesa se se tornar réu em outro processo

Art. 269 – Resolução de mérito

o Quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor


o Quando o réu reconhecer a procedência do pedido (diferente de
confessar)
 Ex.: Fulano bate no carro de Beltrano, é acionado
judicialmente e Beltrano pede um milhão para consertar o
carro. Fulano confessa o fato (de ter batido no carro) mas
não reconhece a procedência do pedido por considerá-lo
abusivo.
 Ex.:² Em uma ação de separação por abandono do lar, a
esposa alega que quer separação pelo fato do marido ter
abandonado o lar. O marido reconhece o pedido (aceita a
separação) mas não confessa o fato (abandono do lar).
o Quando as partes transigirem – as partes fazem um acordo, que
vale como sentença.
o Quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição – faz coisa
julgada, material e formalmente.
o Quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação – o
autor abre mão do direito, não pode repropor a ação, faz coisa
julgada material e formal – é diferente de desistir do processo,
caso em que pode-se repropor a ação.

Do Processo e do Procedimento – Art. 270

 Estrutura do CPC – Processo de Conhecimento – todo processo em que o juiz precise


prolatar uma sentença para reconhecer ou negar um direito.
 Procedimento Comum – tudo que não for Especial
o Ordinário – o que não está no Art. 275 Objeto de Estudos Proc. Civil I
o Sumário - Art. 275
O procedimento ordinário é o modelo, o sumário são as exceções
estabelecidas no CPC (Art. 275)

Art. 271 – aplicam-se ao todas as causas os procedimentos comuns, salvo disposição em


contrário.

Art. 272 – O procedimento comum pode ser ordinário ou sumário

Parágrafo único: As regras do procedimento ordinário serão aplicadas ao processo


sumário quando não existirem procedimentos próprios estabelecidos para o procedimento
sumário.

 Procedimento Especial
o Livro IV CPC
o Legislação Extravagante (jurisdição voluntária e contenciosa)

Fases do Procedimento Comum Ordinário

a. Fase Postulatória: da propositura da ação à resposta do réu / réplica do autor


1. Petição Inicial
2. Despacho da Inicial
3. Citação do réu
4. Contestação (em 15 dias) – ou apresentação de exceções, impugnações ou
reconvocação.
5. Réplica (10 dias) – também chamada de impugnação à contestação, acontece
quando o réu apresenta novos fatos ou documentos, sobre os quais o autor pode
falar.
b. Fase Saneadora: do despacho da inicial ao despacho saneador
O despacho saneador é uma decisão interlocutória do processo onde o juiz resolve
questões processuais pendentes e determina a produção de provas.
A doutrina classificava a fase saneadora como apenas o despacho saneador.
Atualmente considera-se que esta fase se inicia no despacho da inicial, onde o juiz
começa a sanear o processo.
c. Fase instrutória: (instruir o processo = produzir provas) de contornos menos definidos,
pois já na Inicial e na Contestação se deve produzir prova documental. Seu principal
momento, entretanto, é após o saneamento até o fim da produção de prova oral na
AIJ
Considera-se que esta fase começa com a apresentação da inicial pois algumas provas
devem ser apresentadas na propositura da ação (uma ação de separação deve
começar com a apresentação da certidão de casamento).
Durante a AIJ, depois de ouvidas as testemunhas e as partes, o juiz declara o fim da
fase instrutória.
d. Fase decisória: dos debates orais/alegações finais à prolatação da sentença.
Ao final da fase instrutória, durante a AIJ, o advogado do autor e do réu tem 15
minutos cada para fazerem suas alegações finais. Na prática, tais alegações são
substituídas pela apresentação de memoriais (documentos escritos com as
considerações finais) dentro de um prazo estipulado.

Da Petição Inicial

É o primeiro ato de um processo de conhecimento, inaugura o processo, é um documento


técnico elaborado por advogados.

Art. 282  Requisitos da Petição Inicial

I- Endereçamento – o juiz ou tribunal a que é dirigida (com a vara e comarca);


II- Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do
réu (deste último não necessariamente, o autor não precisa saber todas as
informações a respeito do réu, embora estes dados facilitem sua localização para
que seja realizada a citação);
III- O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (segundo Humberto Theodoro, não
seriam necessários os fundamentos - Da mihi factum, dabo tibi ius – não deve se
contar com isso);
IV- O pedido, com as suas especificações – o juiz só pode sentenciar o que foi pedido,
caso contrário prolataria sentença extra petita (sentença além do pedido);
V- O valor da causa – usada pra determinar o valor das custas e o procedimento (até
60 SM – procedimento sumário, acima de 60 SM – procedimento ordinário) Art.
258;
VI- As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados – o
autor deve informar as provas que pretende produzir até a fase do saneamento;
VII- O requerimento para a citação do réu.

Atenção ao art. 39 CPC  informar endereço para intimação do advogado do autor – se a


petição for elaborada em papel timbrado, considera-se suprido este pré-requisito.

Art. 283 - A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura
da ação.

Ex.: Ação de separação necessita da certidão de casamento. Rescisão contratual –


apresentação do contrato.

Em tese, pode-se apresentar novas provas até o saneamento. Alguns magistrados


entendem que a juntada posterior a Inicial é preclusa.

 Despacho da Inicial
a) Despacho positivo (art. 285) – ordena a citação do réu.
“Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do
réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação (no
prazo de 15 dias, contados da juntada do mandado de citação pelo oficial de
justiça ou da juntada do AR se a citação for por carta), se presumirão aceitos pelo
réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.”

b) Emenda da Inicial (art. 284)


“Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos
arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no
prazo de 10 (dez) dias.”
Parágrafo único - Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.

c) Despacho negativo – indeferimento da inicial (art. 295) sem determinação de


emenda – alguns autores defendem que este tipo de despacho seja impossível
Há três espécies de indeferimento da especial:
o De ordem formal (art. 295, I, V e VI)
I - quando for inepta;
Parágrafo único - Considera-se inepta a petição inicial quando
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à
natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se
puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
VI - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,
primeira parte, e 284

o Falta das condições da ação (art. 295, II, III e § único III)
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;
III - quando o autor carecer de interesse processual;

o Mérito (art. 295, IV)


IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (Art. 219, §
5º);

O indeferimento da Inicial pode gerar coisa julgada formal e material. Na maioria dos casos, o
indeferimento gera coisa julgada formal, o que não impede que o autor reproponha a ação.

Um caso de julgamento material de indeferimento de inicial é quando ocorre prescrição ou


decadência.

O indeferimento da inicial pode ser total ou parcial. Quanto houver indeferimento total, há
prolatação de sentença. Quando o indeferimento for parcial, há apena uma decisão
interlocutória, que não impede o andamento do processo.

Art. 285-A – também é uma hipótese de indeferimento total da inicial quando:


 Haja julgados anteriores naquele juízo, com sentença de indeferimento
total
 A matéria for de direito (não se discute o fato, pois é público, notório e
incontestável)
 Casos idênticos

Neste caso, não é necessária a citação do réu para a prolatação da sentença. O juiz apenas
publica a sentença prolatada no processo paradigma do juízo em que a primeira inicial foi
totalmente indeferida.

O autor pode recorrer em cinco dias e, caso o juiz se retratar, a sentença será cancelada e
o processo voltará ao início. Se o juiz mantiver a sentença, o réu será citado e o juiz
encaminhará os autos para o tribunal. O réu perde a oportunidade de discutir a ação na
primeira instância.

Esta é a única possibilidade de apresentação de apelação de sentença para o mesmo juiz


que prolatou a sentença. Normalmente a sentença encerra a prestação da tutela
jurisdicional.

Do Pedido

É a delimitação do objeto litigioso

Art. 286 – “O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido
genérico”

 Não é “ou”, mas “e” – Todos os doutrinadores afirmam que o pedido deve ser certo
“e” determinado.
Certo: É a expressão do pedido, ex. o pedido de condenação do réu
Determinado: Quantum do pedido – condenação do réu ao pagamento de X reais
 Pedido certo é pedido expresso
 Pedido determinado – “quantum” – é pedido quantificado
 Pedido genérico – o pedido pode ser certo, mas indeterminado nos seguintes casos:
o I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens
demandados; (Ação universal envolve uma universalidade de direitos: espólio,
massa falida)
o II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências
do ato ou do fato ilícito; (Ex. uma vítima de atropelamento aciona o motorista
que a atropelou para receber indenização pelas cirurgias que sofreu e sofrerá
para se recuperar do acidente – não é possível determinar o quantum das
cirurgias que serão realizadas)
o III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva
ser praticado pelo réu. (Moradores de um prédio processam o síndico por
desvio de verbas. O juiz determinará a apresentação da prestação de contas
para que se quantifique o que foi desviado e possa se apurar ao que o réu será
condenado)
Art. 287 – “Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato,
tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena
pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de
tutela.”

461 e 461-A permitem que o juiz determine a astreinte de oficio.

 Pedido cominatório
 O juiz pode agir de oficio

Art. 288 – “O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder
cumprir a prestação de mais de um modo.”

 Pedido alternativo
 Ex. art. 904 CPC, art. 500 CC/2002
 Qualquer dos pedidos satisfaz a pretensão

Ex. Um agricultor aluga um silo de uma cooperativa para armazenar sua produção de
milho, fazendo um contrato de depósito. Na data de devolução do milho constata-se que
este foi extraviado. O agricultor então aciona a cooperativa para devolução do milho OU o
pagamento do equivalente em espécie. Ambos os pagamentos satisfazem a obrigação.

Art. 289 – “É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz
conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.”

 Pedido sucessivo
 Há ordem de interesse

Ex. O réu foi condenado a apresentar uma certidão em 20 dias, com multa de R$ 300,00
por dia de descumprimento. O órgão emissor da certidão não a emitiu. O advogado do réu
formula um pedido para dilação do prazo e sucessivamente pede que, caso o prazo não
seja dilatado, que ao menos o valor da multa seja reduzido.

Art. 290 – “Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas


incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no
curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na
condenação, enquanto durar a obrigação.”

 Pedido implícito
Ex. Ação de despejo por atraso dos pagamentos de aluguel de janeiro e fevereiro: se o
locatário não pagar março, a sentença continua a valer.

Defesa do réu

Ao ser citado, o réu pode ter três atitudes diferentes:

Se defender
 Contestação (Defesa de mérito e defesa processual) –
o Defesa de Mérito – diz respeito ao objeto da lide (separação,
indenização, etc.)
o Defesa Processual (Defesa Preliminar – alegada na preliminar da
contestação) – Art. 301
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial;
IV – perempção (quando o autor abandona a causa por três vezes
consecutivas);
V - litispendência;
VI - coisa julgada;
VII - conexão;
VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem (esta é a única preliminar que o juiz não pode
conhecer de oficio);
X - carência de ação;
XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

A preliminar pode ser:


 Dilatória – suspende o processo – I, II, III, VII, VIII, XI
 Peremptória – extingue o processo IV, V, VI, IX, X

A contestação é regida por dois princípios:


o Eventualidade – Art. 300 – o réu deve alegar na contestação, toda
a matéria de defesa. Contesta o pedido e expõe suas defesas para
o julgamento, apresentando inclusive a pena que lhe poderia ser
imputada caso a contestação não prevaleça. Ex. O autor diz que o
réu ultrapassou o sinal vermelho e bateu em seu carro, na lateral
esquerda. O réu deve contestar o fato de ele ter batido e contestar
o valor dos orçamentos, para, caso seja condenado a pagar, possa
apresentar seus próprios orçamentos.
o Ônus da Impugnação Específica – Art. 302 – todos os fatos
narrados pelo autor na inicial deverão ser impugnados na
contestação sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos não
impugnados.
Exceções – mesmo o réu não impugnando, as afirmações do autor não serão
consideradas verdadeiras:
 I – se não for admissível, a seu respeito, a confissão – o réu
não precisa impugnar fato por fato na discussção de um
direito indisponível (ex. pensão alimentícia).
 II - se a petição inicial não estiver acompanhada do
instrumento público que a lei considerar da substância do
ato (Ex. Propriedade de Imóvel – se o autor não comprová-
la, mesmo que o réu não impugne, não haverá presunção
de ser verdadeira)
 III – se estiverem em contradição com a defesa,
considerada em seu conjunto. (ex. o autor faz cinco
alegações, o réu contesta quatro delas, mas a
concordância com a quinta alegação seria incongruente
com a linha de defesa, esta quinta alegação não será
considerada verdadeira)

Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se


aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério
Público e nem à Defensoria Pública

o Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando


– Art. 303:
 I - relativas a direito superveniente (posterior a
contestação);
 II - competir ao juiz conhecer delas de ofício (Art. 301 –
com exceção da convenção de arbitragem);
 III - por expressa autorização legal, puderem ser
formuladas em qualquer tempo e juízo.

 Exceção – são incidentes processuais e suspendem o processo, não são


nova ação – temas que serão debatidos fora do processo sem se tornarem
uma nova ação, geram novos autos que ficam apensados ao processo
principal, encapados com novo número, sem ser porem, uma nova ação.
Deve ser apresentada em até 15 dias do fato (ou do conhecimento dele,
segundo doutrinadores) que ocasionou a incompetência, a suspeição e
impedimento.
o Incompetência – o excipiente é exclusivamente o réu;
 Incompetência Absoluta – o juiz pode conhecer de ofício, é
argüida na contestação – caso o réu não argua na
contestação, poderá fazê-lo ao longo do processo, tendo
que pagar, neste caso, as custas processuais.
 Incompetência Relativa – o juiz não pode conhecer de
ofício (exceto quando se tratar de clausula de eleição de
foro em contrato de adesão que prejudica a parte
aderente – Art. 112, § único), é argüidas na exceção de
incompetência, até 15 dias após a apresentação da
contestação.

Nas exceções de incompetência o excepto é o autor ou o réu.

O juiz tem 10 dias para julgar a exceção.


Ao argüir a exceção de incompetência, o excipiente deve informar o juízo
competente – Art. 307

Para analisar a incompetência, o juiz pode marcar audiência de instrução para


ouvir testemunhas (casos em que não existe prova documental da
incompetência, ex. mulher sem comprovante de endereço em processo de
separação iniciado fora de seu domicílio)

A decisão que resolve a exceção de incompetência é decisão interlocutória e


não sentença.

O recurso a uma decisão deste tipo chama-se agravo de instrumento.

o Suspeição (Art. 134) e Impedimento (Art. 135) – pode ser alegada


por ambas as partes – pode ser declarada em até 15 dias do
conhecimento ou do fato que gerou a suspeição ou o
impedimento.
 Impedimento – É defeso ao juiz exercer as suas funções no
processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento
como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu
cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta;
ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das
partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa
jurídica, parte na causa.

O prejudicado pode alegar em qualquer fase do processo e, depois de


transitado em julgado, em até 2 anos após a prolatação da sentença.

 Suspeição – Reputa-se fundada a suspeição de


parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge
ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro
grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das
partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios
para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Deve ser alegada em até 15 dias do conhecimento ou do fato que


gerou o impedimento (Art. 485, II).

Nas exceções de suspeição e impedimento, o excepto é o juiz.


Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a
suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em
caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver,
ordenando a remessa dos autos ao tribunal.

Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal


determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz
nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

O rol de testemunhas deve ser apresentado no momento da apresentação da


exceção.
Se a exceção de incompetência relativa não for argüida nos 15 dias após a
contestação, a competência será prorrogada ao juízo que esta julgando o caso.

Excipiente – o que apresenta a exceção;


Excepto – o que responde a argüição de exceção – em até 10 dias (Art. 308);
Excepcionar – apresentar exceção;

Art. 306 - Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (Art. 265, III), até que
seja definitivamente julgada.

 Reconvenção – É uma ação do réu em face do autor nos mesmos autos em


que está sendo demandado, podendo pedir sentença condenatória,
declaratória ou de execução. Ex. “A” teve um cheque seu devolvido duas
vezes por ausência de fundos e seu nome foi negativado. Ele então
acionou a financeira que o incluiu nos serviços de proteção ao crédito
pedindo indenização, sob alegação de que a cobrança seria injusta e ilegal.
A financeira apresenta sua contestação ao juiz alegando que a cobrança
era licita e justa e junto encaminha uma petição de reconvenção,
solicitando a execução do cheque.
Negativação em sentido estrito: inclusão nos cadastros do SPC e SERASA
A reconvenção amplia o objeto litigioso, que passa a incluir, além dos pedidos do
autor, os pedidos do réu.
O prazo para reconvir é o mesmo para contestar. O réu/reconvinte tem 15 dias para
apresentar a contestação e a reconvenção, devendo praticar todos os atos
concomitantemente sob pena de preclusão lógica. O autor também tem 15 dias para
apresentar contestação à reconvenção.

Réu/Reconvinte e Autor/Reconvindo

A reconvenção é mera faculdade, o réu é obrigado a contestar, sob pena de revelia, ele
não precisa reconvir. Mas a reconvenção lhe faz ganhar tempo, pois ampliando o
objeto litigioso, ele não precisa ajuizar nova ação.

Pressupostos
Quem apresenta a reconvenção é o réu, embora não exista vedação legal para que o
autor reconvenha ao réu.
a- Legitimidade ativa: Réu
Legitimidade passiva: Autor, salvo se substituto processual (Ex. Entidades
representativas de classe como sindicatos e associações que ajuízam ações em
favor dos seus afiliados).

b- Conexão:
Identidade de objeto (pedidos visam o mesmo fim)
Identidade de causa de pedir (se baseiam no mesmo ato jurídico)
A reconvenção deve guardar alguma relação com o objeto da ação

c- Competência – a reconvenção, além de ter relação como objeto da ação, deve ter
a mesma competência da ação original para poder ser apresentada.
d- Mesmo Procedimento – a reconvenção deve ter o mesmo procedimento da ação
principal. Ex. O condomínio propõe ação de cobrança em face do condômino por
ausência de pagamento. O condômino não poderia propor uma reconvenção de
cobrança de prestação de contas pelo síndico, pois os procedimentos são
diferentes. O que o réu poderia fazer é ajuizar nova ação e distribuí-la por
competência.
Não se admite reconvenção:
o Procedimento Sumário (Art. 278 § 1º) – a reconvenção atrasaria o
procedimento sumário, por isso é vedada.
o Procedimento dos Juizados Especiais – por serem juizados de
procedimentos céleres (Art. 31 Lei 9.099)
o Procedimentos Especiais de natureza dúplice – Ex. Ação de
prestação de contas, renovação de aluguel, etc. (matéria de
processo civil III)
Nestes casos cabe o pedido contra-posto – o réu, dentro da própria
contestação, faz o seu contra ataque com o pedido contra-posto.
Na reconvenção também há sucumbência e custas.
Reconvenção é ação autônoma, não é acessória da ação principal
 Impugnação
Concordar com o Autor

Não agir

Revelia – ausência de manifestação do réu, é a inércia do réu.

Efeitos da revelia:

 Reputam-se verdadeiros os fatos narrados pelo autor (presunção de


veracidade relativa – admite prova em contrário)  o autor não
necessariamente terá seu pedido deferido (princípio do livre
convencimento motivado) Art. 319 e 320 CPC, exceções a regra:
o Havendo pluralidade de réus, só um deles contesta (a contestação
deste vale para todos os outros); exceção da exceção:
 Quando há conflito de interesse entre os réus. Ex. um dos
réus contesta colocando a culpa nos outros.
 Quando o autor imputa fatos diversos aos réus e lhes faz
pedidos diversos, cada réu contestará de acordo com os
fatos que lhe estão sendo imputados. Ex. Autor aciona A
por ter feito X e B por ter feito Y.
o Citação ficta (por edital e por hora certa).
 O réu citado fictamente e que não comparece, terá um
curador nomeado pelo juiz para defendê-lo, transcorridos
os 15 dias para apresentação da contestação. O curador
poderá fazer uma contestação negativa geral (não
precisará contestar fato por fato das alegações do autor na
inicial).
o Fatos incompatíveis com os elementos dos atos, fatos improváveis
e inverossímeis. (Interpretação extensiva, pela doutrina, do Art.
277 §2º)
o Não há revelia nos Embargos à Execução.
o Não há revelia contra a Fazenda Pública ou contra pessoa jurídica
de direito público, pois se trata de direito indisponível.
o Não há revelia em ação que discute direito indisponível (direitos
em que não há possibilidade de renuncia e que normalmente não
tem referencial econômico).
o Se a petição inicial não estiver acompanhada de documento
publico considerado necessário – Ex. Escritura Pública em ação
para se discutir a propriedade de um imóvel. Ainda que o autor
alegue ser proprietário, se ele não juntar a Escritura e o réu for
revel, não haverá revelia.
 O autor só poderá emendar a inicial (alterar o pedido ou a causa de pedir)
ou demandar declaração incidente (ação declaratória incidental), em uma
ação com revelia, se promover nova citação do réu e após transcorridos os
15 dias para sua defesa. Art. 321.
 O réu-revel e que não tem patrono na ação, não é intimado. Art. 322
Art. 320 – exceções da aplicação dos efeitos da revelia, é uma cláusula nurerus
abertus, existem outras possibilidades.

Comparecimento posterior do revel (Art. 322 § único)

 Poderá participar dos atos processuais ainda não realizados.


 Pode alegar qualquer matéria de defesa em que o juiz pode conhecer de
ofício (ex. preliminares)
 Pode recorrer
 Pode produzir prova, desde que sobre os fatos ou contra os fatos narrados
na inicial (súmula 231 STF)

O revel pode apresentar, nos 15 dias dados a apresentação da contestação, a reconvenção,


mesmo que não conteste a ação primária.

Há revelia na reconvenção (o autor da ação primária não contesta) e no Processo Cautelar.

 Impugnação ao valor da causa – é um incidente processual (não entra no


processo, forma autos apartados distribuídos por dependência ao processo
principal – ficado a ele apensado)  O art. 261 estabelece que esta
impugnação deve ser apensada, não podendo ser apresentada na
contestação. Não existe honorários de sucumbência em incidente
processual, existe porem custas finais, quem perde o incidente, paga.
A impugnação ao valor da causa é uma peça exclusiva do réu, da mesma forma que a
exceção de incompetência.
O autor estabelece o valor da causa na inicial e o réu tem 15 dias para impugná-lo.
Regras do valor da causa Art. 258 e SS.
A impugnação visa alterar o valor da causa dado pelo autor na inicial:
Aumentar – para ir do processo comum sumário para o ordinário – para que
sua defesa seja mais livre (no processo sumário, certos procedimentos de defesa não
podem ser praticados, ex. não existe intervenção de terceiros) ou sair do juizado e ir
para o fórum. Também pode-se pedir o aumento para forçar o autor a pagar mais
custas processuais iniciais e desestimulá-lo a continuar a ação.
Diminuir – o réu consciente de que perderá a ação pode pedir a diminuição do
valor da ação na esperança de ter que pagar menos honorários sucumbenciais (há um
costume de os juízes vincularem o valor da sucumbência ao valor da causa nas ações
não condenatórias – nestas últimas, a sucumbência deve ser de 10 a 20% do valor a
causa).
 Impugnação a concessão de Assistência Judiciária – toda vez que o cidadão
propõe uma ação, deve recolher custas, a não ser que seja pobre no
sentido legal (não poderia pagar as custas ou honorários sucumbenciais
sem prejuízo do sustento familiar). Caso o juiz conceda a assistência
judiciária, sem necessidade, a uma das partes, a outra poderá impugná-la.
A parte que mentir para conseguir assistência judicial pode ser condenada a pagar 10
vezes o valor das custas
Lei 1.060/50
Incidente processual, sem efeito suspensivo
Qualquer das partes pode promover o incidente
Pode ser proposto a qualquer tempo – pois a situação econômica das partes pode se
alterar ao longo do processo.
Art. 4º § 2º e 7º

Os incidentes processuais tem custas finais para a parte que perder a incidência.

Matéria que não cairá na prova do dia 06/04

Fase do Saneamento

Após a apresentação da contestação ou das exceções/incidentes, inicia-se a fase do


saneamento

Providências Preliminares

Art. 323 – após o prazo para apresentação da contestação, o juiz terá 10 dias para determinar
as providências preliminares, conforme o caso:

a- Especificação de provas (Art. 324) – se o réu for revel mais sem aplicação dos efeitos
da revelia, o juiz deve intimar o autor a especificar as provas a serem produzidas –
doutrinariamente se defende que, ainda que o réu não seja revel, as partes deverão
ser intimadas a especificar a produção de provas, normalmente, após receber a
impugnação a contestação, o juiz intimará ambas as partes para, em 5 dias,
apresentarem a especificação de produção de provas.
b- Admitir Ação Declaratória Incidental (Art. 325) – o autor tem 10 dias, após a
apresentação da contestação ou da reconvenção, para propor uma nova ação dentro
da ação principal em que se discute um direito (questão prejudicial) que precisa ser
julgado, no todo ou em parte, para que se julga q lide principal – Ação Declaratória
Incidental.
c- Ouvir o autor sobre fato impeditivo, modificativo ou extintivo de seu direito (Art. 326)
– caso o réu, na contestação, apresente um fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, este ultimo terá 10 dias para se manifestar sobre o FATO – na
prática o autor pode impugnar a contestação como um todo.
d- Ouvir o autor sobre as preliminares ou determinar o saneamento de vícios (Art. 327) –
caso o réu apresente em sua contestação, uma defesa preliminar (matérias do Art.
301), ele dará 10 dias para o autor impugnar a contestação.

Na prática, após receberem a contestação do réu, a secretaria apenas encaminha um


despacho para o juiz assinar, ordenando dar vistas ao autor para que se manifeste em 10 dias
– hipóteses “c” e “d” – que dão ao autor uma nova chance de falar no processo.

Petição inicial

Despacho da inicial
Citação do Réu

Contestação / Reconvenção

Exceções / Impugnações

Impugnação à Contestação (Réplica)

Ação Declaratória Incidental

A ação declaratória incidental consiste em uma ampliação da lide (Art. 5º CPC – Se, no curso do
processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o
julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença ).
Seu objetivo é fazer coisa julgada sobre a relação jurídica aventada pelo réu na contestação e
que, por não ser o mérito da causa, não faria coisa julgada.

A ação declaratória existe para se incluir na sentença, julgamento sobre questão prejudicial.

Questão prejudicial  Questões que, relativas a outras relações jurídicas, se apresentem no


processo como mero antecedente lógico da questão principal, embora pudessem ser, por si só,
objeto de processo autônomo.

Esta ação é como a reconvenção, uma cumulação sucessiva de pedidos conexos, dentro do
mesmo processo.

Humberto Theodoro Junior defende que apenas o autor pode pedir a Ação Declaratória
Incidental pois, caso o réu deseje ampliar o objeto da lide, poderá utilizar a reconvenção.

Ex. Em uma ação de alimentos, o réu, em sua contestação, alega dúvida quanto à paternidade
do menor autor. O autor então abre uma ação declaratória incidental para que o juiz declare a
paternidade do réu. O autor poderia acionar o réu em um processo independente e conexo,
apenas para declaração de paternidade.

Em um exemplo fictício, o autor ajuíza ação frente ao réu, que contesta e reconvêm. Dentro da
contestação da reconvenção, o autor requere Ação Declaratória Incidental, que será
contestada e apresentada reconvenção.... ad infinitum. Didier afirma não haver limites para
esta possibilidade, embora dificilmente se consiga encontrar um caso tão complexo ao ponto
de permitir que isto ocorra.

O processamento da Ação Declaratória Incidental é o mesmo da reconvenção. Ela se inicia com


uma petição inicial que é juntada ao processo principal e a outra parte deve apresentar sua
contestação em 15 dias.

Prazo:

 Para o Autor: 10 dias após a contestação


 Para o Réu: No prazo da contestação
o Caso o autor apresente questão prejudicial ao impugnar a
contestação do réu, por força dos princípios do devido processo
legal, ampla defesa e contraditório, por analogia, o réu terá 10 dias
a partir da entrega da impugnação para solicitar uma ADI.

Além da conexão, é requisito da Ação Declaratória Incidental que o juiz seja competente
ratione materiae. Art. 470 - Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a
parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Não há Ação Declaratória Incidental no procedimento sumário, na execução e no processo


cautelar. Assim como a reconvenção, ela só é possível no procedimento ordinário.

Reconvenção ≠ Ação Declaratória Incidental

A Ação Declaratória Incidental se limita a declarar a existência ou inexistência da relação


jurídica (questão prejudicial). O conteúdo da reconvenção é mais amplo, permitindo a inclusão
de fatos novos, conexos com a ação inicial. Ademais, pode se fazer, na reconvenção, outros
pedidos além do “declaratório”.

Liminar – decisão interlocutória (dada no inicio do processo)

 Liminar antecipatória – processo de conhecimento – concessão adiantada


do próprio direito. Criada em 1994, apesar de já existir em alguns
procedimentos especiais (livro IV – nas ações possessórias, por exemplo),
passando então a existir no processo de conhecimento, condicionada aos
pré-requisitos do art. 273 CPC:
Pré-requisitos essenciais:
o Prova inequívoca
o Verossimilhança das alegações

Pré-requisitos alternativos:
o Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação
(periculum in mora); ou
o Abuso do direito de defesa pelo réu; ou
o Propósito protelatório da defesa.

Além de um outro pré-requisito, previsto no parágrafo 2º do 273:


o Reversibilidade da medida – pois caso o direito seja julgado
desfavoravelmente ao autor, as partes deverão retornar ao seu
status quo ante.

Fungibilidade: A liminar cautelar pode ser pedida no processo de conhecimento


(§7º, 273, CPC)

Os requisitos da liminar antecipatória são mais rigorosos que os da cautelar.


A antecipação de tutela é uma liminar “inaldita altera pars” – sem ouvir a outra parte –
ou seja, o juiz poderá conceder a liminar antes mesmo da citação do réu, neste caso, o
cumprimento da liminar será feito pelo oficial de justiça juntamente com a citação.
 Liminar cautelar – processo cautelar – dada para assegurar o direito. Deve
atender aos seguintes pré-requisitos:
o Fumus boni iuris
o Periculum in mora

Julgamento Conforme o Estado do Processo

Pode consistir em um dos atos:

 Extinção do processo (Art. 329) – com julgamento do mérito (Art. 269, II a


V) ou sem julgamento de mérito (Art. 267)
 Julgamento antecipado da lide (Art. 330)
o Questão unicamente de Direito – discute-se apenas a quem
pertence ou não o direito em questão, não se discute os fatos ou
situação das partes.
 Questão de direito e de fato – em que não houver
necessidade de produzir prova em audiência – os fatos já
são conhecidos
o Quando ocorrer revelia – presumem-se verdadeiros os fatos
narrados na inicial, então não há necessidade de se provar nada.
OBS.: Existem as exceções aos efeitos da revelia e o principio do livre
convencimento dos fatos pelo magistrado.
 Saneamento do processo através de:
o Audiência Preliminar (Art. 331) – quando não houver possibilidade
de extinção ou julgamento antecipado, o juiz designará audiência
preliminar. Desde que:
 A lide verse sobre direito que admita transação (alguns
doutrinadores defendem que o art 331 deveria dizer
“direito que admita conciliação”, pois transação é acordo
sobre direito material disponível, e alguns direitos
indisponíveis admitem conciliação).
 O procurador (advogado) ou preposto (representante da
parte) tenha poderes para transigir. A parte, o preposto
ou o advogado com poderes para transigir podem ir
sozinhos à audiência preliminar, já que ela é apenas uma
tentativa de conciliação.

Providências que podem tomar na audiência, caso não haja acordo


(Art. 331, §2º):

 Fixação dos pontos controvertidos


 Julgamento das questões processuais pendentes
 Determinação das provas que se pretende
produzir
 Designação da AIJ, se for o caso.
Na prática, nada disso acontece, a audiência preliminar é na
realidade apenas uma audiência de conciliação. Se as partes não
transigirem, encerra-se a audiência.

o Despacho Saneador – caso o juiz verifique que o direito em litígio


não admite transação, ou se as circunstâncias da causa
evidenciarem ser improvável a obtenção de qualquer acordo, o juiz
saneará o processo. O despacho saneador abrangerá os mesmos
pontos das providências a serem tomadas caso não haja acordo na
audiência preliminar:
 Fixação dos pontos controvertidos
 Julgamento das questões processuais pendentes
 Determinação das provas que se pretende
produzir
 Designação da AIJ, se for o caso.

Na prática, o juiz determina, no despacho saneador, que as partes


especifiquem as provas que pretendem produzir e com isso encerra a fase do
saneamento.

Fase Probatória ou Instrutória


Das Provas (Teoria Geral das Provas)
Alguns doutinadores discutem se a questão das provas é materia do direito material ou
processual, um argumento aceito é que elas se referem aos direito processual, pois o direito
material civil, se falasse a respeito das provas, as estabeleceria apenas para o direito civil, não
tendo nenhuma validade em demandas que envolvessem a União.

Conceito

Objetivo: “Instrumento ou meio hábil para demonstrar a existência de um fato”.


Humberto Theodoro não usa a palavra “verdade”, provar a existência do fato é o
bastante para o processo.

Subjetivo: “É a certeza (estado psíquico) originada quanto ao fato em virtude da


produção do instrumento probatório” (Humberto Theodoro Jr.) – certeza de existência
do fato.

Finalidade

Existem três correntes que tentam estabelecer a finalidade das provas:

 “Estabelecer a verdade
 Fixar formalmente os fatos postos no processo
 Produzir o convencimento do juiz, levando-o a alcançar a certeza
necessária à sua decisão.” – corrente mais adotada (Fredie Didier)
Objeto

“Fatos controvertidos, relevantes e determinados sobre os quais versa sobre a lide” (Moacir
Amaral Santos)

Controvertidos – que foram contestados pela outra parte.

Prova Ilícita

Art. 332 – “Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a
ação ou a defesa.”

Este artigo deixa aberto um sem número de possibilidades de provas válidas, excetuando-se
apenas as provas ilícitas – que não são aceitas pela lei – como por exemplo, a gravação sem
autorização.

Ônus da Prova

“Semper onus probandi ei incumbit qui dicit, non qui negat”

Art. 333 - O ônus da prova incumbe:


I- ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.

O ônus da prova cabe a quem alega, não a quem nega  o autor deve provar o que ele alegar,
bem como o réu deve provar o que, além de simplesmente contestar, alegar constituir fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Ônus ≠ Dever

Dever é uma conduta que a lei prescreve no interesse de outrem.

Ônus é estabelecido no interesse do próprio sujeito onerado.

Dever descumprido gera sanção

Ônus não realizado gera desvantagem (risco de um resultado desfavorável)

Se o réu se limita a negar, não pratica nenhuma atitude do inciso II do Art. 333, e portanto não
tem nada o que provar.

Inversão do ônus da prova

A inversão do ônus da prova só pode acontecer por determinação judicial em uma relação de
consumo em que ocorrer umas das hipóteses do Art. 6º VIII da Lei 8078/90:

 Fatos verossímeis
 Quando o consumidor for a parte hipossuficiente
As partes podem convencionar o ônus da prova, mas este acordo será nulo quando (Art. 333,
parágrafo único):

 Recair sobre direito indisponível da parte


 Tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito

Fatos que Independem de Prova

 Fatos notórios (Segundo doutrinadores):


o Fatos de Conhecimento Geral (Datas Históricas)
o Fatos de Conhecimento do homem de cultura mediana no local
onde caberá o julgamento (Época de colheita de café em uma zona
rural onde esta seja a principal plantação)
o Fatos sobre os quais nenhum dos sujeitos processuais possui
qualquer dúvida (fatos alegados por uma parte e confessados pela
outra)
 Fatos Incontroversos = Fatos não Impugnados
 Presunção Legal de Existência – presunções de veracidade estabelecidas
pela lei.
o Art. 1597 CC/02 – esposa engravida, presume-se que seja do
marido.
o Art. 324 CC/02 – título devolvido ao emitente presume quitação.
o Art. 8º CC/02 – comoriência.

Máximas da Experi ência (Art. 335)

Art. 335 – “Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência
comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece (...)”

Permite que o juiz se valha da experiência comum para se convencer acerca de um fato.

Exs.:

a) A gestação da mulher é de 9 meses


b) Água parada ajuda na proliferação do mosquito da dengue

Regras de “experiência técnica” são conhecimentos técnicos de acesso generalizado. Ex. Leis
da Física – é a segunda parte do Art. 335 – “Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz
aplicará (...) ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame
pericial.”

Caso o juiz não tenha a experiência técnica, pode usar o exame pericial.

Art. 336 – “Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser produzidas em
audiência”  Faltou a expressão “provas orais”, este artigo não se aplica a todo tipo de prova,
mas apenas as provas orais.
Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outro motivo relevante,
estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, o
juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.

Art. 337 – “A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário,
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz”  trata-se de exceção à regra da
prova, pois, a princípio só se deve provar FATOS.

Caso uma lide esteja sendo julgada em Belo Horizonte, o direito de Belo Horizonte não
precisará ser provado, mas se o processo correr em outra comarca, o direito deverá
ser ministrado ao juiz (teor da norma – prova-se através de publicação no Diário Oficial
ou certidão da Câmara Municipal/Assembléia Legislativa) e provada a sua vigência
(Também através de certidão do órgão legislativo).

No caso de alegação de direito estrangeiro, deve-se provar, alem do teor e da vigência,


o vernáculo (tradução por tradutor juramentado ou do consulado do país de origem da
norma).

Art. 338 – “A carta precatória e a carta rogatória suspenderão o processo, no caso previsto na
alínea b do inciso IV do art. 265 desta Lei, quando, tendo sido requeridas antes da decisão de
saneamento, a prova nelas solicitada apresentar-se imprescindível.”

Parágrafo único – “A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou
concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o julgamento final.”

Art. 339 – “Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.”

Art. 340 – “Além dos deveres enumerados no Art. 14, compete à parte:
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária;
III - praticar o ato que lhe for determinado.”

Conseqüência do descumprimento – condenação por litigância de má fé e condução


coercitiva – sob vara (esta última pode ocorrer contra a parte e as testemunhas)

Art. 341 – “Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito:


I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, de que tenha conhecimento;
II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder.”

Conseqüência do descumprimento – busca e apreensão dos documentos ou coisas.

Prova Emprestada

A prova produzida em um processo pode ser usada em outros. A parte juntar á ao seu processo
uma cópia autenticada da prova já produzida.

Existem doutrinadores que defendem que só se pode emprestar prova de processos


em que a parte que será prejudicada tenha participado no processo original.
Requisitos:

 Produção válida no processo original


 Tenha sido produzida em contraditório
 Seja submetida a contraditório novamente

Prova Ilí cita

A característica principal da prova ilícita é a sua forma de produção, sempre ilegal:

Vedação Constitucional  Art. 5º LVI

Existem três correntes doutrinárias tratando da aceitação, ou não, da prova ilícita:

 Obstativa: inadmissível a prova obtida por meio ilícito;


 Permissiva: deve-se aceitar a prova, mas punir a quem a produziu;
 Intermediária: há que se aplicar o princípio da proporcionalidade,
admitindo-se ou não, a prova obtida por meio ilícito a depender dos
valores jurídicos em jogo. É a corrente mais aceita atualmente, sendo
criticada por deixar todo o juízo de admissibilidade nas mãos do
magistrado.

Princípio da proporcionalidade: se a prova ilícita trouxer mais benefícios à sociedade


do que prejuízos ao processo, ela deverá ser aceita.

Sistemas Históricos de apreciação da prova

Sistema da certeza legal: A certeza dos fatos depende da manifestação da lei natural ou divina
(ordálias). Há valoração da prova – as provas tinham pesos diferentes no processo em um
sistema de pontuação.

Sistema da livre convicção: Fundamenta-se em juízos de equidade e conveniência do julgador.


Gerou processo dispositivo – o magistrado se deixava convencer pelas provas das partes,
passando o processo no aguardo da produção de provas pelas partes para então sentenciar .
Orientou a “common law”.

Sistema de persuasão racional: Faz-se a partir de bases normativas (principio da reserva legal).
A convicção do julgador se condiciona a juízos “secundum legis” – o juiz não pode julgar contra
nem além da lei, apenas segundo ela.

Provas em Espécie
Depoimento Pessoal

Sujeitos:

 As partes (ato não possível de delegação)


 Pessoa Jurídica – só pode prestar o depoimento através de um preposto
 Causídico – ou advogado – não pode prestar depoimento em nome da
parte, exceto quando está como preposto ou é parte no processo.

Objetivo:

Quem requer o depoimento, normalmente, é a parte contrária, com o objetivo de:

 Esclarecimento dos fatos


 Obter a confissão do depoente

No depoimento, uma parte faz perguntas a outra para que ela caia em contradição ou caia
em descrédito.

Conseqüências (confissão):

 Confissão real - a parte admite o fato narrado pela outra parte.


 Confissão ficta (Art. 343 § 1ºe 2º), é presumida em duas hipóteses:
o A parte foi intimada a comparecer e não foi
o A parte compareceu e nada falou

Espécies

a) Interrogatório (Art. 342)


o O não comparecimento não gera confissão – pois não há previsão
legal de confissão.
o Quantos forem necessários, a qualquer tempo
o Atuação de ofício do magistrado
b) Depoimento Propriamente Dito (Art. 343)
o Requerido pela parte contrária ou de ofício
o Ocorre na AIJ
o Pode provocar a confissão ficta – por decisão do juiz com base na
previsão legal do Art. 343, §2º
o Apenas uma vez

Art. 346 – “A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se
de escritos adrede preparados; o juiz lhe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde
que objetivem completar esclarecimentos” – no depoimento pessoal não pode haver consulta
a nada, nem ao advogado, nem a documentos previamente preparados (adrede), mas o juiz
poderá permitir breves consultas para esclarecer pontos específicos.

Art. 347 – “A parte não é obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que lhe forem imputados;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.”

A parte não é obrigada a dizer a verdade, sob pena de se presumirem verdadeiras as


afirmações não contestadas. Na situação do depoimento pessoal, ela poderá silenciar sobre os
assuntos que se enquadrem no artigo acima.
Parágrafo único – “Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação
de casamento.” – dado o interesse público destas matérias, a parte não poderá silenciar sobre
eles.

Confissão

Conceito – Art. 348 – “Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao
seu interesse e favorável ao adversário” – é a admissão de um fato que prejudica o confitente.

 Dispensa prova sobre o fato confessado – e impede o confitente de


produzir prova sobre o que ele confessou.
 Não vincula a sentença – o juiz poderá considerar as provas concretas e
desconsiderar a confissão, pois ela pode ser fraudulenta.

Requisitos

 Capacidade do confitente
 Incapaz ou seu representante – confissão ineficaz (Art. 213 CC/02)
 Tratar de direito disponível – Art. 351

Espécies

 Judicial
o Espontânea: ato (escrito ou oral) de declaração da parte – se dá
em qualquer momento no processo e fora do depoimento pessoal
(que é induzido pela parte ou pelo juiz), por solicitação da parte
confitente. Esta confissão também pode ser feita por mandatário
(com poderes especiais).
o Provocada: quando realizada no depoimento pessoal
 Extrajudicial
o Tem o mesmo valor da judicial se escrita pela parte à contraparte
ou a seu representante (Art. 353)
o Se feita a terceiros, depende do testemunho daquele que leu ou
ouviu a confissão; ou se feita em testamento – estas confissões
dependem de livre apreciação do juiz.
o Quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei
não exija prova literal.

Características

 Indivisibilidade (Art. 354)


 Irretratabilidade (não está explícita no CPC) – o confitente não poderá se
arrepender do que confessou, nem produzir prova contrária ao que já
admitiu.
 Revogabilidade (Invalidação)
o Dolo – revogado pelo CC/02 - indução por terceiro a uma
declaração – só invalida a confissão se gerar erro de fato (falsa
percepção da realidade) – vide Art. 214 CC/02
o Erro – erro de fato – o confitente confessa uma coisa querendo
afirmar outra.
o Coação –

A confissão só pode ser anulada em ação proposta pelo confitente:

I – “por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;


II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único
fundamento. – em até dois anos.”

Art. 350 – “A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.” – Se aplica ao litisconsórcio simples – a confissão de um dos litisconsortes só o
prejudicará, não afetando os demais. Porém, no litisconsórcio unitário, a confissão só produz
efeitos se todos os litisconsortes confessarem – se um só confessar, não terá efeito nenhum.

Parágrafo único – “Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis
alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.”

A confissão ineficaz é recebida pelo juiz como indício, que pode ser usado para fundamentar a
sentença.

Testemunhal

Pericial

MATÉRIA PERDIDA – AULA DE TERÇA

PROVA DOCUMENTAL

Conceito: se o réu na confissão, alega um fato novo, esse fato novo terá de ser provado
através de prova documental.

É a materialização de uma coisa. Será sempre a representação do que ocorreu, representação


essa que se dá em uma coisa;

“Prova documental consiste no registro material da ocorrência de um fato” – Montenegro

“O documento é uma coisa representativa de um fato por obra humana”- Fredie Didier

Prova documental # Prova escrita

Prova documental: é uma coisa de um fato em uma coisa (não é prova escrita nem em papel);
É quando o homem consegue representar em alguma coisa um fato, podendo ser cd, DVD, e-
mail;

Existe prova escrita que não é documental, bem como existe prova documental que
não é escrita, a exemplo, fotografia;
Autoria de documento (Art. 371)

 Dependendo de quem é o autor da prova, terá mais ou menos força no processo. Uma prova
unilateralmente formada ainda que seja documental, é uma prova muito mais fraca do que um
documento formado por duas partes.

- autoria material: a própria pessoa o criou, ou seja, o próprio autor criou e assinou;

- autoria intelectual: o documento foi elaborado a mando, mas a autoria foi de quem pediu pra
fazer o documento;

- o artigo 371 dá muita importância à subscrição, dá muita importância a assinatura aposta nos
documentos para se provar a autoria;

O código esta defasado, dessa forma, ele vincula a autoria dos documentos a assinatura, mas
hoje existem uma série de documentos que não são assinados e que provam a autoria.

- há  outras formas de se comprovar a autoria:

a)autenticação mecânica;

b)assinatura digital (art. 164, parágrafo único)

c)exame grafológico;

d)admissão expressa ou tácita da outra parte;

Documento público e particular

- documento público: seu autor é agente investido de função pública e no momento em que
lavra o documento esta no exercício de suas funções.

Existe uma exceção que a doutrina repassa que em algumas circunstâncias em que
determinado documento é público, apesar do agente não estar no exercício de suas funções,
tais como, quando um terceiro estiver em boa fé ou quando o agente público estiver
realmente exercendo a função de fato;

- documento particular: seu autor é um particular ou o agente público que não se encontre no
exercício de suas funções;

- sempre se deu muito valor probatório ao documento público (art. 215 CC)

Autenticidade

- “é autêntico o documento quando ele efetivamente provém do autor nele indicado”- Fredie
Didier

Reputa-se autêntico documento particular quando

Data do Documento (Art. 370)


A princípio, presume-se que o documento se formou na data nele aposta. A data do
documento influi na existência ou não de um direito.

Se houver dúvida ou impugnação, instaura-se dilação probatória e por outros meios de prova
se tentará chegar a conclusão da data correta.

Perante terceiros a data do documento será:

 Se registrada no cartório, a data do registro.


 A data da morte do signatário.
 A data da impossibilidade (incapacidade civil) do signatário.
 Data em que o documento foi protocolizado em alguma esfera pública ou
judicial.

As regras dos incisos dos artigos 370 também podem ser aplicadas às partes, caso não se tenha
outro meio de prova.

Eficácia Probatória do Documento


a- Força Probante dos documentos públicos
Art. 364 – Presunção de autenticidade e veracidade do conteúdo do documento
público – erga omnis (contra todos).
A presunção é relativa, admitindo prova em contrário.

Art. 366 – Solenidade


o Forma Solene Obrigatória – quando a lei exige uma determinada
forma, nenhum documento em desacordo com a norma pode
fazer prova em contrário. Ainda que a lei não estipule forma
especifica para determinado ato jurídico, as partes podem
determiná-la em um pré-contrato.

Art. 367 – Documento Público Irregular


o Irregularidades:
 Incompetência
 Observância incompleta ou irregular das formalidades
o O documento público irregular só poderá ser aproveitado, como
documento particular, nos casos em que a forma pública não for
substancial e as partes o subscrevam.

b- Força Probante dos documentos particulares


Art. 368 – O documento particular presume-se verdadeiro em relação aos signatários:
o Se não impugnar seu conteúdo ou autenticidade (Art. 372) – em
dez dias da juntada do documento ou no prazo para contestação,
se documento anexado a inicial – Art. 390
o Se a firma estiver reconhecida por tabelião (Art. 369)

A admissão a que se refere o caput do Art. 372 pode ser expressa ou tácita.
Ainda assim o documento particular aceito como veraz, poderá ser invalidado por
erro ou coação.

As hipóteses de invalidação da presunção de veracidade dos documentos


particulares se equivalem às de invalidação de confissão (Art. 352 do CPC e 214 do
CC/02) – inclusive na derrogação do dolo como possibilidade de invalidação de
declaração pelo art. 214 do novo código civil.

Quando a admissão da veracidade do documento particular for expressa, para que


haja sua invalidação, será necessário promover ação anulatória ou ação recisória,
da mesma forma que o art. 352 prescreve para invalidação declaração.

Se a admissão é tácita, sua invalidação não precisa de prova autônoma, apenas


prova em contrário, no mesmo processo.

Prova documental unilateral – Documento assinado apenas por uma das partes,
quando o conteúdo prejudica o signatário, ela faz prova contra ele. Se ela o beneficia,
não fará prova em seu favor.

A regra é o Art. 368 – o documento assinado faz prova contra o signatário, as exceções são:

Eficácia Probatória do Telegrama – art. 374

 Sua eficácia equipara-se à do documento particular, pois é cópia do


documento original.
 Se impugnado, fará prova se conferidos com o original (art. 222 CC/02)

Eficácia probatória das cartas – art. 376

 Registros domésticos: diários, agendas


 Se assinados, fazem prova contra seu signatário (art. 368). Se não
estiverem subscritos, fazem prova apenas nas hipóteses do art. 376.
 E-mails podem ser considerados cartas.

Art. 37 7 - nota escrita no “título”

“A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo de obrigação,


ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor.

Parágrafo único – “Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o credor conservar em
seu poder, como para aquele que se achar em poder do devedor.”

Se o credor anotar no verso de uma nota promissória, por exemplo, que concedeu um prazo
maior, ou que parte da dívida foi paga, etc. mesmo que não assine, faz prova em favor do
devedor.

Eficácia Probatória dos livros comerciais – Art. 378


Os livros comerciais provam contra seu autor, pois são documentos unilaterais. É lícito ao
comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.

Art. 379 – “Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei, provam também
a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.” – se o livro tiver preenchido os requisitos
legais, fará prova em benefício de seu autor.

Apesar de serem documentos unilaterais, fazem prova a favor de quem o formou desde que:

 Preencham os requisitos exigidos por lei


 Estejam escriturados sem vícios extrínsecos (rasura, borrão) e intrínsecos
(lançamento irreal)
 Forem confirmados por outros subsídios (art. 226 CC/02)

Indivisibilidade do documento particular e da escrituração contábil (art.


373, § único e art. 380)

Não se pode aproveitar apenas o que interessar à parte do documento particular ou da


escrituração contábil, se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao
interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto
como unidade.

Art. 365 – Originais, cópias e certidões

Em algumas situações, a parte não consegue obter o documento original para apresentar no
processo, podendo usar as hipóteses em que as cópias terão o mesmo valor.

Fazem a mesma prova que os originais:

I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências, ou de outro
livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;

II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos


lançados em suas notas;

III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou
conferidas em cartório, com os respectivos originais.

IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo


próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a
autenticidade.

V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que atestado pelo seu
emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem;

VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando


juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus
auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos
ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante
o processo de digitalização.

Art. 383 – Reproduções mecânicas

 Se não houver impugnação, a reprodução mecânica faz prova do fato.


 § 1º e 2º do art. 385 – Havendo impugnação da reprodução, a parte que
produziu a prova terá que prova sua veracidade (ex. a prova impugnada é
uma fotografia, a parte deverá juntar o negativo da foto)

Momento de apresentação das Provas

O momento de juntada das provas é, para o autor, na petição inicial e para o réu, na
contestação – Art. 396

Esta regra conflita com o art. 283, que diz que a inicial deverá ser acompanhada apenas pelos
documentos indispensáveis ao processo. A doutrina diz que vale o 396, embora as partes
possam apresentar documentos fora do prazo nas hipóteses:

 Fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contradizer aos que foram
produzidos nos autos (art. 397) – o juiz dará 5 dias para a outra parte
contestar a nova prova (art. 398)
 Nova prova não tumultuar o processo ou não representar atitude
temerária da parte (guardar a prova como uma carta na manga) –
disposição doutinária.

O juiz pode requisitar certidões, necessárias à prova das alegações das partes, às repartições
públicas em qualquer tempo. Pode também solicitar os procedimentos administrativos nas
causas quem envolverem ente público. A doutrina se baseia no Art. 130 para estender o
alcance deste artigo a empresas privadas.

Exibição de Documento ou Coisa

Art. 381 – Exibição dos Livros Comerciais

O juiz tem poder para determinar a apresentação de livros comerciais em qualquer situação de
interesse processual, não somente nas previsões do art. 381.

 Pedido de Exibição formulado em face da contraparte (art. 355 – 359 CPC)


o Legitimidade: magistrado, contraparte, terceiro interveniente ativo
o Não há autuação em separado. Decisão interlocutória
o Pode ser requerido na inicial (se o documento for indispensável –
art. 283), contestação ou através de petição autônoma (se o
documento fizer prova de matéria suscitada posteriormente à
inicial ou à contestação)
o Art. 356  Requisitos do pedido
o Prazo para resposta:
 Na Contestação, se requerido na inicial
 Na Réplica, se requerido na Contestação
 Em 5 dias nos demais casos (Art. 357)
o Se a contra parte alegar que não tem mais o documento, o juiz
permitira que a parte prove, por todos os meios de direito, que a
declaração é falsa.
o Art. 358  Hipóteses de recusa ilegítima
 Se o requerido tiver obrigação legal de exibir (Ex. Síndico)
 Se o requerido aludiu ao documento ou à coisa no
processo, com o intuito de constituir prova
 Se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes
o Art. 363  Hipóteses de recusa legitima
 I - se concernente a negócios da própria vida da família;
 II - se a sua apresentação puder violar dever de honra;
 III - se a publicidade do documento redundar em desonra à
parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes
consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes
representar perigo de ação penal;
 IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo
respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;
 V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o
prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição.

o Art. 359  Presunção de veracidade dos fatos que se pretendia


provar com o documento, nos casos de recusa de apresentação
ilegítima ou inércia da contra parte diante do pedido de exibição.
 Pedido de Exibição formulado em face de terceiros
o Petição própria – gera incidente processual autuado em apenso –
pode ser feita em qualquer momento no processo.
o Art. 360  Prazo para resposta (10 dias)
o Art. 361  Instrução do incidente em caso de negativa
o Art. 362  Recusa tida por ilegítima – o juiz pode impor outras
penalidades (Art. 461 § 5º)
o Sentença – o pedido de exibição em face de terceiro é resolvido
através de sentença.

Argüição de Falsidade

Toda vez que uma parte apresentar um documento, a contra parte pode argüir sua falsidade.

Art. 390  Erro – não é na contestação, mas no prazo da contestação – o incidente de


falsidade documental deve ser feito por petição própria. O prazo será de 10 dias caso o
documento seja juntado posteriormente. Se a ajuntada ocorrer após a AIJ ele será aposto em
apenso, e correrá como incidente.

Toda vez que uma parte argüi a falsidade de um documento, o processo será suspenso.
Se a contra parte argüir a falsidade a parte pode concordar com a sua retirada dos autos (se a
contra parte não se opuser ao desentranhamento).

Legitimidade Ativa – Sujeito contra quem foi produzido o documento – MP (Art. 83, II)

Legitimidade Passiva – Aquele que produziu a prova documental.

Prova Testemunhal

Art. 400 CPC – Admissibilidade – a prova testemunhal é sempre admissível desde que a lei não
diga o contrario. O juiz dispensará a testemunha quando:

 Os fatos já tiverem sido provados por documento ou confissão


 Os fatos somente puderem ser provados por documento ou exame pericial

Art. 401, 402, 403 – Limitações à prova exclusivamente testemunhal:

Art. 401 - “A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não
exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram
celebrados”.

 Art. 5º LICC, direito constitucional à prova – critica doutrinária a limitação


do direito constitucional de produção de prova.

Art. 402 – “Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:

I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte
contra quem se pretende utilizar o documento como prova;

II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da
obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.”

Art. 403 – “As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao pagamento e
à remissão da dívida.” – pagamento e perdão de dívida

Capacidade para testemunhar (Art. 405 CPC e 228 CC/02)

 Apesar de não constarem do art. 228 CC /02, os incisos II e III do § 2º do


405 CPC vigoram
 Os incisos I e II do § 3º do art. 405 CPC ofendem o principio da dignidade
da pessoa humana
 Art. 228 CC/02 § único e art. 405 CPC § 4º - informantes

Art. 406 – direito ao silencio

Art. 407 – juntada do rol

Art. 408 – Substituição de testemunha


 Relativização na prática – os juízes costumam admitir a substituição das
testemunhas por outras hipóteses.

Art. 409 – O juiz arrolado como testemunha em um processo que ele atua pode se dar por
impedido e encaminhar os autos para seu substituto legal ou retirar seu nome do rol. Caso o
juiz se declare seu impedimento e não se retire do rol de testemunhas terá sua oitiva
obrigatória.

Art. 410 e 411

 Local e tempo do testemunho


o I - as que prestam depoimento antecipadamente; (Ex. testemunha
que se submeterá a cirurgia de alto risco – antecipa-se a oitiva)
o II - as que são inquiridas por carta; (carta precatória ou rogatória –
a testemunha será ouvida por outro juiz)
o III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão
impossibilitadas de comparecer em juízo (Art. 336, parágrafo
único); (o juiz vai até a pessoa)

Art. 416 – quem colhe a prova é o juiz – os advogados das partes perguntam ao juiz, que
repergunta a testemunha, reformulando a pergunta, se necessário, ou indefere a pergunta
(quando vexatória ou capciosa). O juiz também determina o que constará como resposta da
testemunha na ata da audiência.

Testemunha derreferida ou referida – é um terceiro apontado por uma das testemunhas


arroladas pelas partes. O juiz pode determinar, de oficio ou a pedido das partes, a oitiva deste
terceiro, que será a testemunha referida ou derreferida. O juiz encerra a audiência e marca
nova AIJ.

Toda testemunha arrolada em processo de conhecimento terá sua falta ao trabalho abonada,
devido ao caráter de serviço público do processo.

Acariação

Uma parte e uma testemunha, ou duas ou mais testemunhas, são colocadas frente a frente
para se acariar um fato que esteja contradito no processo, para se determinar quem está
mentindo.

Prova Pericial

Art. 420 – A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação:

 Exame: inspeção de pessoas, bens móveis ou semoventes


 Vistoria: inspeção de bens imóveis
 Avaliação: atividade de fixação do valor de coisas e direitos (também
chamada arbitramento).

Ocorre indeferimento de pericia quando:


Art. 420

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

Art. 427 - O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
considerar suficientes.

Art. 420, III – perícia impraticável:

 A fonte da prova não existe mais


 Quando depender de recursos indisponíveis na ciência

Procedimento de Produção de Prova Pericial

Pode ser determinada de ofício ou a requerimento das partes

Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

Art. 423 – O perito é sujeito a impedimento e suspeição, podendo recusar a perícia ou ser
recusado pelas partes. O perito também pode alegar excesso de trabalhos ou outros motivos
pessoais para escusar-se.

Art. 429 - Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos
utilizarem-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem
como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação


do perito;

§ 1º - indicar o assistente técnico – “perito da parte” – é um técnico que defenderá o


ponto de vista de uma das partes - atenção à jurisprudência majoritária, que defende
que o assistente poderá ser indicado a qualquer tempo até o início da pericia. Art. 431-
A. “As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito
para ter início a produção da prova”. Art. 431-B. “Tratando-se de perícia complexa,
que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear
mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico”

§ 2º - perícia informal – o juiz nomeia um perito para ir a um lugar presenciar certa


situação e informar na audiência.

Dez dias após a entrega do laudo pericial, os assistentes técnicos deverão entregar seus laudos
técnicos.
Art. 424 – O perito pode ser substituído:

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado – o perito
pode pedir dilação do prazo – Art. 432 – “Se o perito, por motivo justificado, não puder
apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo
o seu prudente arbítrio”.

Este artigo é numerus abertus. Existem “n” situações em que o perito pode ser substituído.

Art. 425 – Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da


juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Quesitos suplementares – dúvidas que surgiram após o início da perícia.

Esclarecimento do Perito – a parte pode pedir a intimação do perito para que ele
compareça a AIJ e esclareça pontos obscuros, contraditórios ou omissos no laudo.

Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico,


requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde
logo as perguntas, sob forma de quesitos. (Os quesitos devem ser apresentados na
inicial de solicitação de esclarecimento do perito).

Parágrafo único - O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os


esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da
audiência.

Art. 428 - Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de
perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.

Deprecante – juízo que manda a carta precatória

Deprecado – juízo que recebe carta precatória

Art. 33 – Pagamento da Perícia

A perícia é paga pela parte que a requere, se ambas requisitarem, dividirão as custas.

A parte que está sob o páreo da assistência judicial não paga a perícia

Art. 433 - O perito apresentará o laudo em cartório (secretaria da vara), no prazo fixado pelo
juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único - Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10


(dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.

Art. 434 - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento
(Polícia Civil, se justiça estadual, ou PF se justiça Federal), ou for de natureza médico-legal
(IML), o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais
especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame,
ao diretor do estabelecimento.

Parágrafo único - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito
poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas;
na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do
documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
comparação.

Art. 436 - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com
outros elementos ou fatos provados nos autos.

Art. 437 - O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova
perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.

Art. 438 - A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e
destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

Este artigo, segundo parcela considerável da doutrina, pode ser relativizado – princípio
do devido processo legal  as provas podem ser determinadas pelo juiz, se ele
escolher que o segundo perito poderá fazer uma segunda perícia com um objeto maior
ou menor que o da primeira.

Art. 439 - A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

Parágrafo único - A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar
livremente o valor de uma e outra.

Inspeção Judicial

Também chamada inspeção ocular, exame judicial ou reconhecimento judicial – é a inspeção


realizada pelo próprio magistrado.

O magistrado, mesmo que tenha conhecimento técnico em dada área, por exemplo, seja
também médico, não poderá realizar perícia, mas poderá realizar inspeção.

Este tipo de prova é muito rara.

São objetos da inspeção:

 Pessoas – verificar estado de saúde, condições de vida, etc. – Este tipo de


inspeção estão limitadas pela liberdade e privacidade individuais.
 Coisas – documentos de arquivos, local do acidente, etc.

A pessoa a ser inspecionada pode ser uma das partes ou terceiro.

A parte no processo tem o dever de se submeter à inspeção – Art. 340, II, CPC

Hipóteses de recusa justificada:


 Art. 347 – escusas de silêncio em depoimento pessoal
 Art. 363 – escusas de não exibição de documentos ou coisas

A parte que se recusa injustificadamente não pode ser forçada, mas este ato pode configurar
litigância de má fé – Art. 17, IV.

O terceiro somente será submetido à inspeção se consentir.

Art. 440 – Legitimidade e Momento

Art. 441 – Inspeção Direta e Indireta (divisão doutrinária)

Inspeção Direta – o juiz inspeciona sem assistência de nenhum técnico

Inspeção Indireta – o juiz inspeciona com assistência de um ou mais peritos.

Art. 442 – Local da Inspeção - O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:

I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;

II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades;

III - determinar a reconstituição dos fatos.

Parágrafo único - As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando


esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443 - Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
tudo quanto for útil ao julgamento da causa.

Parágrafo único - O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia

Matéria da prova dos art. 323 a 443.

Estudo das Audiências

Da Audiência de Instrução e Julgamento


Características:

 Art. 444 – Publicidade - A audiência será pública; nos casos de que trata o
Art. 155, realizar-se-á a portas fechadas.
 Art. 445 e 446 – Direção pelo juiz

Art. 445 - O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:


I - manter a ordem e o decoro na audiência;

II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem inconvenientemente;

III - requisitar, quando necessário, a força policial.

Art. 446 - Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;

II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;

III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa com elevação
e urbanidade.

 Art. 455 – Unicidade e Continuidade - A audiência é una e contínua. Não


sendo possível concluir, num só dia, a instrução, o debate e o julgamento,
o juiz marcará o seu prosseguimento para dia próximo. (para os próximos
dias, diz a doutrina)
 Art. 132 – Identidade física do juiz - O juiz, titular ou substituto, que
concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado,
afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que
passará os autos ao seu sucessor.

Fases da audiência

Art. 450 – pregão das partes – o serventuário chama as partes no corredor do fórum

 Conciliação (art. 447, 448, 449) – apesar do juiz poder marcar uma
audiência de conciliação, o primeiro momento da AIJ é uma tentativa de
conciliação. Se houver acordo, ele será assinado pelo juiz e terá força de
sentença.
o O comparecimento das partes não é obrigatório – a não ser que
ela tenha que dar depoimento pessoal. O advogado deve
comparecer mesmo que a parte não vá, se ele não tiver poder para
transigir, passa-se a fase de instrução.
 Instrução
o Art. 451 – não havendo conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos (comumente não acontece, pois o juiz só vai
conhecer do teor da lide no momento da AIJ por falta de tempo).
o Art. 452 – ordem de produção de prova
 I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos
quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo e na
forma do Art. 435;
 II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do
autor e depois do réu;
 III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas
pelo autor e pelo réu.
 Debates Orais
o Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao
do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente,
pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10
(dez), a critério do juiz. Os prazos são por pólos, 20 min para os
autores e 20 para os réus, não importando quantos sejam.
o Art. 454, § 2º - as razões dirão respeito apenas sobre a oposição –
haverá um debate para o opoente e outro sobre o mérito da
causa.
o § 3º - Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou
de direito, o debate oral poderá ser substituído por memoriais,
caso em que o juiz designará dia e hora para o seu oferecimento –
é o que normalmente acontece, por falta de tempo - não há prazo
predeterminado para apresentação dos memoriais.
o Prazo para retirada dos autos é sucessivo, mas o prazo para
protocolizar os memoriais é comum – ex. se o juiz conceder 30 dias
para a apresentação dos memoriais, o autor terá do 1º ao 15º dia
para retirar os autos da secretaria e o réu terá do 16º ao 30º. O
prazo para apresentação dos memoriais é comum, pois as partes
terão os 30 dias para entregá-lo.
o Conteúdo do memorial:
 Apresentar a tese jurídica
 Destacar fatos relevantes
 Apontar aspectos das provas que favorecem o pleito da
parte
 Sentença (Art. 456) – o juiz não tem prazo para sentenciar
o Caso o juiz entenda que as provas produzidas até o momento não
sejam suficientes para sentenciar, o juiz pode converter o
julgamento em diligência.

Art. 457 – Documentação da audiência

Art. 457 - O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na
audiência, bem como, por extenso, os despachos e a sentença, se esta for proferida no ato.

§ 1º - Quando o termo for datilografado, o juiz lhe rubricará as folhas, ordenando que sejam
encadernadas em volume próprio.

§ 2º - Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o órgão do Ministério Público e o escrivão.

§ 3º - O escrivão trasladará para os autos, cópia autêntica do termo de audiência.


§ 4º Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 169
desta Lei

Do Procedimento Sumário
Todas as ações que não se enquadrarem na hipóteses de procedimento especial, terão
tratamento em procedimento comum. Tudo que não for procedimento sumário, terá
procedimento ordinário.

O artigo que define as hipóteses de procedimento sumário é o 275.

Art. 275 - Observar-se-á o procedimento sumário:

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo ; Até 40
salários mínimos podem ser processadas no procedimento especial – juizados especiais

II - nas causas, qualquer que seja o valor:

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; doutrina e jurisprudência estendem este


artigo para qualquer contrato de parceria rural, não somente de parceria agrícola.

b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;

c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; ação de ressarcimento de danos a


imóveis, rurais ou urbanos, com ou sem construção.

d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; acidente de


trânsito envolvendo veículo terrestre (carroça, bicicleta, motocicleta, etc.).

e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo


ressalvados os casos de processo de execução; A lei não faz distinção do tipo de veículo
(terrestre, aéreo, aquático, espacial). Trata-se de ação proposta pelo segurado contra a
seguradora.

f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação


especial; (a exceção é o advogado – pois o contrato de serviços advocatício é titulo executivo
extra judicial, não passando pelo processo de conhecimento)

g) que versem sobre revogação de doação; nos demais casos previstos em lei. A ação que visa
revogar doação por ingratidão do donatário ou inexecução do encargo (art. 555 CC/02)

h) nos demais casos previstos em lei. Ex. Ação revisional de aluguel (art. 68 Lei 8245/91) e Ação
de Adjucação Compulsória (ou outorga de escritura) (art. 16 Decreto-Lei nº 58/1937).

Parágrafo único - Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à
capacidade das pessoas. Ex. divórcio, interdição, etc.

 Se houver pedido cumulado aplica-se o procedimento comum ordinário (§ 2º art. 292


CPC) – Ex. ação de cobrança de indenização até 60 SM, cumulado com pedido de despejo
– leva ao procedimento ordinário.
 Art. 276 – Requisitos da Inicial - Além dos pré-requisitos do procedimento ordinário, na
petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia (não
podendo ser complexa), formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico.
 Art. 277 – O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta
dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias (para reunir o material
probatório de defesa, que deverá ser apresentado na conciliação, se não transigirem) e
sob a advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das
partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.
o § 1º - A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença,
podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.
o § 2º - Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-
se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (Art. 319), salvo se o
contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a
sentença. OBS.: O não comparecimento na audiência de conciliação do
procedimento sumário gera revelia – salvo se o contrário resultar da prova
dos autos.
o § 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se
representar por preposto com poderes para transigir. Podem comparecer:
 Parte ré e advogado
 Preposto do réu e advogado
 Advogado do réu com poderes para transigir
 Existe uma possibilidade doutrinária que permite a parte for à
audiência sem o advogado e levar a contestação escrita e
assinada por ele – não existe unanimidade sobre esta
possibilidade.
o A lei não previu sanção para autor faltoso – entretanto, se o autor não for ou
comparecer desacompanhado de advogado, não poderá impugnar a
contestação, na hipótese do juiz abrir vista da contestação.
o § 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou
a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a
conversão do procedimento sumário em ordinário.  Alegadas em sede de
defesa preliminar.
Pode haver conversão do procedimento:
 Se alterado o valor da causa
 Se a natureza da causa não for as do inciso II do art. 275
 Se houver necessidade de perícia complexa - § 5º
 Outras hipóteses de conversão admitidas pela doutrina – a doutrina
defende que a causa seja bem julgada, se o procedimento sumário for
inadequado a situação da causa, o juiz poderia, de ofício, converter o
procedimento. Ex. Fulano vendeu um apartamento para Beltrano, que
se mudou para o imóvel e não efetuou a transferência da escritura.
Beltrano deixa de pagar o condomínio, que aciona Fulano (proprietário
do imóvel segundo a escritura) que tem, como principal linha de
defesa a intervenção de terceiros, que é vedada no procedimento
sumário. O juiz poderia então, converter o procedimento.
 Art. 278 – Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita
ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se requerer perícia,
formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente técnico – Toda a defesa
deverá ser apresentada na audiência de conciliação.
o § 1º - É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que
fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. Não existe reconvenção no
procedimento sumário, existe porem o pedido contraposto.
o § 2º - Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo
qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II, será designada
audiência de instrução e julgamento para data próxima, não excedente de
trinta dias, salvo se houver determinação de perícia.

Art. 279 - Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser documentados mediante
taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de documentação, fazendo-se a respectiva
transcrição se a determinar o juiz.

Parágrafo único - Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a estenotipia
ou outro método de documentação, os depoimentos serão reduzidos a termo, do qual constará
apenas o essencial.

 Art. 280 - No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a
intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a
intervenção fundada em contrato de seguro.
o Qualquer intervenção de terceiros, fundada em contrato de seguro.
o Como não se admite Ação Declaratória Incidental, o incidente de falsidade
também está vedado.
I - não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção de terceiro, salvo
assistência e recurso de terceiro prejudicado;
II - o perito terá o prazo de quinze dias para apresentação do laudo;
III - das decisões sobre matéria probatória, ou proferidas em audiência, o agravo será
sempre retido

Sentença

Definição – art. 162 § 1º CPC

 Define sentença por seu conteúdo


 Ato do juiz que extingue a fase cognitiva

Função da Sentença Definitiva

 Teoria Clássica: “declarar o direito aplicável à espécie”


 Teoria Moderna: Cria, constrói uma norma jurídica individualizada a partir da norma geral

Elementos da Sentença – Art. 458 CPC

a- Relatório – art. 38 Lei 9099/95


b- Fundamentação ou Motivação
 A fundamentação é direito fundamental – art. 93, IX, da CF/88
 Função: controle das decisões
 Analisa questões de fato e de direito
c- Dispositivo

Condições Formais da Sentença

 Clareza
 Certeza (§ único do art. 460 do CPC) – defere, indefere ou deixa de analisar o pedido
o É certa a sentença que expressa em termos inequívocos a qual conclusão se
chegou deferimento, indeferimento ou não análise do pedido
o A decisão judicial não pode criar condições à sua própria eficácia. (Doutrina
Clássica)
 Liquidez – quando o pedido por liquido a sentença será liquida, porém, quando houver
pedido incerto ou indeterminado, a sentença será ilíquida. Após a sentença il íquida ser
prolatada, o processo iniciará a fase de liquidação para só então entrar na fase da
execução.

Princípio da irretratabilidade da sentença – uma vez publicada, a sentença só poderá ser


alterada em sede de recurso. O juiz que a prolatou poderá, entretanto, complementar omissão
e/ou esclarecer obscuridade ou contradição, diante de embargo de declaração.

Regras Heterotrópicas – regras de direito material que interferem no direito processual. Ex.
Dolo na confissão.

A defesa pode ser de dois tipos:

 Preliminar - é uma defesa processual, alegações de vícios no processo. É


uma defesa numerus clausus – só existe um determinado número de
exceções (Art. 301):
o Peremptória – gera a extinção do processo sem julgamento do
mérito. (Ex. Incompetência absoluta, coisa julgada, etc.)
o Dilatória – não gera a extinção do processo
 Mérito – contestam os fatos que gerariam o direito.

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