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BRASIL PNUMA OUT/NOV 2010

PNUMA Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

A economia da natureza em destaque


Teeb enfatiza papel das cidades e das florestas no cálculo do valor dos ecossistemas
L ançado na 10ª Conferência das Partes (COP10) da
Convenção de Biodiversidade da ONU, realizada em Nagoya
Cidades verdes – Lançado um pouco antes da COP10,
o Teeb para Políticas Locais e Regionais enfatiza a
(Japão), em outubro, o relatório final de A Economia dos importância da inclusão dos serviços dos ecossistemas
Ecossistemas e da Biodiversidade (Teeb, na sigla em inglês), em decisões políticas que auxiliem cidades e autoridades
intitulado Mainstreaming the Economics of Nature, destaca, regionais a economizar verbas e, ao mesmo tempo, a
entre outros, o papel das cidades e das florestas ao se impulsionar as economias locais, melhorar a qualidade de
calcular o valor econômico dos ecossistemas planetários. vida, garantir meios de subsistência e gerar empregos
Divulgado no início da COP10, antes do fechamento desta verdes.
edição, o Teeb é o coroamento de cinco relatórios parciais já O relatório cita exemplos de como autoridades locais
lançados pelo Pnuma: Teeb para Políticas Locais e Regionais; em vários países já perceberam a importância de incluir a
sobre Fundamentos Ecológicos e Econômicos; para Toma- abordagem dos ecossistemas no planejamento urbano,
dores de Decisão; para o Setor de Negócios; e para Cidadãos. como em Curitiba (PR), que conseguiu aumentar sua área
Ao avaliar que a preservação e exploração sustentável verde de menos de 1 m2 per capta para 52 m2. Para isso,
da natureza são pontos cruciais para a prosperidade e o moradores plantaram 1,5 milhão de árvores e incentivos
desenvolvimento humano, o Teeb lembra que mais da fiscais foram concedidos para a criação de projetos que
metade da população mundial vive em áreas urbanas, e, incluíssem áreas verdes. Além disso, a construção de
portanto, as cidades têm que ser levadas em conta no lagos em parques ajudou a reduzir enchentes.
reconhecimento do capital natural necessário para se man- Em Camberra, capital da Austrália, melhorou-se
ter e aprimorar o bem-estar de vida de seus habitantes. a qualidade de vida com o plantio de 400 mil árvores.
Por outro lado, o relatório destaca a importância das Além de tornarem a cidade mais verde, essas árvores
florestas e de outros ecossistemas para o sustento de deverão contribuir para regular o microclima e reduzir
famílias pobres em áreas rurais, e, consequentemente, o a poluição urbana, melhorando a qualidade do ar, diminu-
significativo potencial das ações conservacionistas para se a indo o consumo de energia, com menor uso de ares-
reduzir a pobreza. O Teeb avalia que serviços provenientes condicionados, e ajudando no sequestro de carbono.
desses ecossistemas e de outros haveres naturais ainda não Benefícios que, de 2008 a 2012, poderão gerar valores e
contabilizados pelos mercados são responsáveis por 47% a economia de recursos de US$ 20 milhões a US$ 67
89% do chamado PIB dos Pobres – total de recursos para milhões.
o sustento de famílias pobres em zonas rurais e florestais O relatório final do Teeb e a série de cinco estudos
– em algumas das grandes nações em desenvolvimento. parciais estão disponíveis em www.teebweb.org.
Arquivo Pnuma
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Uma vitória contra os gases-estufa


EDITORIAL
Em nossa capa, destacamos o
Protocolo de Montreal mitiga mudanças climáticas
relatório final do Teeb, estudo pro- Arquivo Pnuma

movido pelo Pnuma que serviu de Lançado no vezes maior do


subsídio para muitas das discus- Dia Internaci- que as metas
sões da COP10, que terminou após onal para a estabelecidas
o fechamento desta edição. O Teeb Preservação pelo Protocolo
sustenta – e valoriza – a importân-
da Camada de de Kyoto para
cia econômica dos ecossistemas
mundiais. Ozônio, em 16 a redução das
Aqui ao lado, falamos de relató- de setembro, emissões de
rio que aponta o sucesso do Proto- relatório pro- gases-estufa
colo de Montreal, que conseguiu a duzido por 300 por países de-
interrupção, em larga escala, das
cientistas sus- Novo desafio científico é entender a complexa ligação senvolvidos.
substâncias químicas que destro-
em a camada de ozônio, mas que tenta que os da camada de ozônio com o aumento da temperatura Desafio ci-
assinala novo desafio científico: esforços inter- entífico – Mas
avaliar até que ponto o aquecimen- nacionais para a proteção dessa bar- o relatório enfatiza que persiste o desa-
to global vai implicar em novas agres- reira que protege a Terra da exposição fio científico de proteger a camada de
sões a essa barreira protetora.
excessiva aos raios ultravioletas do ozônio tendo como base um maior
Na página 3, mostramos, com
novo estudo, que as metas do milê- Sol foram bem sucedidos e, ao mes- entendimento da complexa ligação en-
nio de redução da pobreza mundial mo, tempo, contribuíram para mitigar tre ela e as mudanças climáticas. Para
pela metade, embora atrasadas, os efeitos dos gases-estufa sobre a cientistas, o aumento da temperatura
podem ainda ser alcançadas desde temperatura global. global terá influência crescente, nas
que os países invistam na chama-
Publicado pela Organização Meteo- próximas décadas, no estado do ozô-
da economia verde.
No artigo das páginas centrais, a rológica Mundial e pelo Pnuma, o su- nio presente na estratosfera, problema
presidente-executiva do Conselho mário-executivo da Avaliação Científica derivado principalmente do longo perío-
Empresarial Brasileiro para o De- sobre a Redução da Camada de Ozô- do de vida das emissões de gases-es-
senvolvimento Sustentável, Marina nio sustenta que o Protocolo de Mon- tufa, principalmente de dióxido de car-
Grossi, fala do lançamento do rela-
treal conseguiu interromper a produção bono associado a atividades humanas.
tório Vision 2050, importante ins-
trumento para a formulação de po- em larga escala e o consumo de subs- Outro problema é que enquanto
líticas públicas e de tomada de de- tâncias destruidoras dessa camada, substâncias como os CFCs foram re-
cisões rumo ao desenvolvimento como os gases CFCs (clorofluorcar- tiradas de circulação, alguns gases
sustentável. bonos), utilizados em sistemas de refri- substitutivos não danosos à camada
Finalmente, na contracapa, pu-
geração e sprays. de ozônio, como os HCFs (hidrofluor-
blicamos reportagem sobre o pro-
grama Metrópoles Saudáveis, do E como muitas dessas substânci- carbonos), cujas emissões crescem
Proam, que inclui debates e ações as são também potentes gases-estu- 8% ao ano, se mostraram gases-estu-
práticas por mais qualidade de vida fa, está sendo gerado um importante fa 14 mil vezes mais potentes do que
nas grandes cidades da América cobenefício ambiental com sua inter- o CO2, precisando, portanto, de serem
Latina e do Caribe, como São Paulo,
rupção de uso: a diminuição do ritmo substituídos.
Buenos Aires e Cidade do México.
de crescimento do aquecimento glo- O relatório científico final estará dis-
Um abraço e até o próximo!
bal. Em 2010, a redução do uso des- ponível no início de 2011. Mais infor-
ses elementos, expressa em emis- mações sobre os dados preliminares
Haroldo Mattos de Lemos sões de CO2 equivalente, de cerca de em www.wmo.int e www.unep.org/
Presidente
10 gigatoneladas por ano, foi cinco ozone/.

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Roberto Messias Franco (presidente do Ibama) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito
Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha
Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Josy Soares da Silva Mendes de Moraes Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes).
Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Impressão: Corbã Conselho Consultivo: Adolpho de
Marinho Pontes (ex-deputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente
da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de
Almeida (diretor-geral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Henrique de Abreu Mendes (ex- Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.
secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (ministro do Meio Ambiente), INSTITUTO
Hélio Saboya (ex -procurador geral do Estado do Rio de Janeiro), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-
www.brasilpnuma.org.br
ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede BRASIL PNUMA COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE
Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), PNUMA
Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira INSTITUTO BRASIL PNUMA
Av. Treze de Maio 13, sala 1.315 – Centro
Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), Márcio O interessado em tornar-se sócio do CEP 20.031-901 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Nogueira Barbosa (vice-diretor executivo da Unesco), Nelio Paes de Barros (ex-diretor adminis- Instituto BRASIL PNUMA e receber Telefax: (21) 2262-7546
trativo do Instituto Brasil Pnuma), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), este informativo deve fazer contato CGC: 40.200.230/0001-19
Paulo Protásio (ex- presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat Emails brasilpnuma@brasilpnuma.org.br
pelo nosso telefone ou pelo email.
(diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), brasilpnuma@gmail.com

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Economia verde reduziria pobreza


Metas do Milênio da ONU ainda podem ser alcançadas com investimentos estratégicos

Arquivo Pnuma
P ara se alcançar –
mesmo que em prazo
água para beber e de nu-
trientes para a agricultura
mais longo – as metas de e para a produção de me-
redução pela metade da dicamentos.
pobreza global até 2015, Ações sustentáveis –
estabelecidas pela ONU O relatório cita boas inici-
na Conferência sobre De- ativas para reverter esse
senvolvimento Sustentá- quadro de degradação,
vel de Johanesburgo, em como o caso da Costa
2002, os países devem Rica, que aumentou suas
incrementar investimen- áreas florestais protegidas
tos em energia limpa, em em 25%, com as entradas
meios de transporte sus- em seus parques nacio-
tentável e em práticas agrí- nais já gerando cerca de
colas ambientais que pre- US$ 5 milhões por ano.
servem as florestas. Já Curitiba (PR) cres-
Esta é uma das princi- ceu mais de seis vezes,
pais conclusões do estu- mas desenvolvendo boa
do A Brief for Policyma- mobilidade urbana e mais
kers on the Green Econo- qualidade de vida: 45% dos
my and the Millennium deslocamentos são feitos
Development Goals, que por transporte público e o
lançado em setembro, em gasto de combustível, de-
encontro da ONU com vido a congestionamentos,
chefes de estado e minis- Para reduzir a pobreza em 50%, os países devem investir é menor 13 vezes do que
em transporte sustentável, energia limpa e agroecologia
tros para avaliar os pro- na Cidade de São Paulo.
gressos em direção às metas do milênio, reúne A China é outro exemplo citado, tendo se tornado
dados preliminares que constarão de relatório com- o segundo país com o maior índice de geração de
pleto sobre economia verde a ser divulgado pelo energia eólica, atrás dos Estados Unidos, e onde
Pnuma em 2011. 10% de suas famílias contam com energia solar para
O relatório cita vários casos em que estratégias aquecimento de água. Além disso, 1,5 milhão de
verdes estão gerando múltiplos dividendos e oportu- chineses já trabalham em setores de energia
nidades que devem ser perseguidos com urgência renovável.
pelos países, pois a crescente degradação ambiental O redirecionamento dos subsídios governamen-
vem agravando o desafio de aprimorar, por exemplo, tais para setores verdes é outro ponto-chave desta-
a saúde materna e as provisões de água potável, para cado, como os US$ 500 bilhões anuais direcionados
combater a fome e doenças. para a produção de combustíveis de origem fóssil.
A taxa mundial de desmatamento, por exemplo, Para especialistas, se esses recursos fossem re-
está diminuindo. Na última década, a perda florestal vertidos totalmente ou pelo menos em parte para
por ano foi de 13 milhões de hectares, um pouco setores de tecnologia de energia renovável, haveria
melhor do que a perda de 16 milhões de hectares a promoção de uma série de empregos verdes,
anuais durante os anos 1990. Mas esta taxa continua acesso mais rápido à energia elétrica, uma equidade
alta, sendo que cerca de 30 países já perderam 90% social mais justa e melhorias nos padrões de vida
de sua cobertura florestal original. Algo preocupante, dos países.
pois as florestas são importantes para a regulação do O relatório pode ser acessado em www.unep.org/
clima planetário e elementos-chave como fontes de greeneconomy/.
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Vision 2050, uma bú MARINA


N os próximos 40 anos, a po- Os líderes das 29 empresas de

Divulgação
pulação do planeta sofrerá um 14 setores industriais e de institui-
acréscimo de 30%, passando ções públicas e da sociedade civil
dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões que participaram do projeto Vision
de habitantes. Se mantivermos o 2050 fizeram algumas recomen-
dações básicas:
mesmo padrão de desenvolvimen-
to e o mesmo modelo de negóci-
os, os serviços ambientais dispo-
. Compreender e lidar com as
necessidades de bilhões de pesso-
níveis – ar respirável, regulação as, possibilitando a elas educação
do clima, terras cultiváveis, pro- e poder econômico, especialmente
dução de alimentos – não atende- no caso das mulheres, e desenvol-
rão à demanda. ver soluções ambientais e compor-
tamentais bem mais eficientes;
A advertência está contida no
relatório Vision 2050, the new agen-
da for business, resultado de um
. Incorporar os custos proveni-
entes de novas práticas, a começar
audacioso projeto do World Busi- pelo carbono, pela água e por novas
políticas para o meio ambiente;
ness Council for Sustainable De-
velopment (WBCSD). Lançado es-
te ano e fundamentado em estu-
Marina Grossi . Dobrar a produção agrícola
sem aumentar a extensão das ter-
dos da ONU e de outras institui- "O primeiro passo é evitar ras agriculturáveis e o consumo
cometer os mesmos erros de água;
ções globais de reputação inques-
tionável, o Vision 2050 servirá como do passado como, por . Dar fim ao desmatamento e
uma espécie de bússola para que exemplo, insistir em tomar potencializar o rendimento das flo-
restas plantadas;
empresas, governantes e gesto-
res da sociedade civil sigam o ca-
minho seguro da sustentabilidade.
decisões unilaterais e com
visão de curto prazo" . Reduzir à metade as emis-
sões de carbono do planeta, to-
O primeiro passo é evitar come- mando como base os níveis de
ter os mesmos erros do passado, 2005, com as emissões de gases
como por exemplo, insistir em to- "O Brasil, mesmo estando do efeito estufa sendo, já por volta
mar decisões unilaterais e com em melhores condições, de 2020, substituídas por modelos
visão de curto prazo. Os autores precisa seguir o mesmo energéticos de baixa emissão de
carbono e de maior eficiência;
do estudo estão confiantes de que
a sociedade global faça a tempo
uma autocrítica. Acreditam que
caminho para assegurar
nas próximas décadas . Possibilitar acesso universal
e incentivar o uso de transportes
caso sejamos capazes de pavi-
sua posição de liderança" de massa com baixas emissões
de gases de efeito estufa;
mentar um entendimento estrutu-
rado e transparente entre líderes
governamentais, empresariais e
básicos, água, energia, moradia e . Potencializar de quatro a dez
vezes a utilização dos recursos e
bens de consumo. Significa tam-
sociais, poderemos chegar à me- bém manter um padrão de vida materiais renováveis.
tade deste século com a capaci- que possa ser sustentado com os Se por um lado já dispomos do
dade de oferecer condições dig- recursos naturais disponíveis e conhecimento, da ciência, das tec-
nas de vida a todos. sem danos à biodiversidade, ao nologias, dos talentos e dos recur-
Viver bem significa manter um clima e aos ecossistemas. Em sos financeiros necessários para
padrão de vida em que as pesso- resumo, será imprescindível uma alcançarmos tais propostas, por
as gozem de boas condições eco- radical mudança da cultura e do outro estamos ainda distantes de
nômicas para ter acesso à educa- comportamento humano ainda adequá-las e imprimi-las na velo-
ção, saúde, mobilidade, alimentos prevalentes na sociedade. cidade correta para vencer os obs-
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ússola para o futuro


GROSSI
táculos iniciais em relação à go- Para os líderes brasileiros – se-
vernança, estruturas globais de jam eles do governo, das empre-
comércio, papéis, responsabilida- sas e das demais organizações
des e riscos. O que hoje vemos é sociais –, o Vision 2050 será uma
o crescimento da população e do ferramenta fundamental para for-
consumo (na maioria dos países) mulação de políticas públicas e
combinados com a inércia oriunda para tomada de decisões. O estu-
de políticas e de modelos de go- do recomenda que nossas esco-
vernança inadequados para lidar lhas devam estar sempre associ-
com este crescimento. O resulta- adas à visão de longo prazo e à
do é a degradação do meio ambi- preocupação central de contem-
ente e da sociedade. plar da forma mais harmoniosa
O Brasil – avaliam os autores do possível as demandas econômi-
estudo – dispõe de todas as con- cas e socioambientais.
dições para liderar esse novo pro- O Conselho Empresarial Brasi-
cesso. As razões são muitas. Nos- leiro para o Desenvolvimento Sus-
so país possui solo abundante; sol tentável (CEBDS) participou da
o ano inteiro; tem a mais rica bio- elaboração do Vision 2050 como
diversidade e a maior reserva de uma das instituições parceiras do
água doce disponível; e é movido desenvolvimento. Temos perdido WBCSD. Agora, está lançando sua
pela matriz energética mais limpa a oportunidade de ampliar o deba- versão em português. A tradução
do planeta. te interno sobre o tema, funda- deste estudo histórico vai além do
Contudo, nós nos percebemos mental para o nosso presente e objetivo de democratizar as infor-
menores do que o mundo nos per- futuro. A campanha eleitoral de mações de seu conteúdo. Viabili-
cebe. Estamos em um patamar 2010, por exemplo, colocou em zará uma sequência de ações do
bem acima das principais econo- plano inferior a discussão sobre CEBDS, pois temos a ambição
mias globais, que agora correm matriz energética, biodiversidade, de “tropicalizá-lo” por meio de de-
contra o tempo para reduzir as governança, educação de quali- bates envolvendo nossos maiores
emissões de gases de efeito estu- dade, maior participação da socie- especialistas de múltiplos setores.
fa de suas matrizes energéticas e dade. E acabou convergindo para As diretrizes contidas no estudo
reconfigurar seus modelos de pro- questões com relevância local. e em seguida adaptadas à nossa
dução e consumo. Países tradicio- Seja como for, há uma crescen- realidade fomentarão a produção
nalmente poluidores, como China, te mobilização para dar escala às de massa crítica necessária para
Estados Unidos e Índia, investem fontes de energia limpas e renová- que o Brasil cumpra, de fato, o
pesado, por exemplo, na área de veis, como também desenvolver seu destino de protagonizar com
energia limpa e renovável na tenta- produtos e serviços sustentáveis, sucesso a construção de um mo-
tiva de conduzir suas economias demonstrando que estamos che- delo de desenvolvimento capaz
para um modelo de baixo carbono. gando, finalmente, ao consenso não só de atingir as metas sociais
O Brasil, mesmo estando em de que o tradicional mundo dos da ONU, mas de assegurar a ma-
melhores condições, precisa se- negócios não nos levará à susten- nutenção dos serviços ambien-
guir o mesmo caminho para asse- tabilidade e à prosperidade soci- tais para esta e para as próximas
gurar nas próximas décadas sua al. No plano teórico, estamos pró- gerações.
posição de liderança. A presente ximos de encontrar o caminho de
década é apontada como decisiva múltiplas oportunidades: fazer Marina Grossi é presidente-exe-
para que as grandes economias mais com menos, criar valor, pros- cutiva do Conselho Empresarial
globais se adaptem para ingres- perar e fazer as condições huma- Brasileiro para o Desenvolvimen-
sar de fato no novo modelo de nas avançarem. to Sustentável

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E S T A N T E

Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca

ABNT. Relatório anual 2009. ABNT: São ITB NEWS. São Paulo: Instituto Trata
Paulo, 2010. 40p. Brasil, ano 3, n.10, ago. 2010.

BASTOS, Marcos; CALLADO, Cátia MALTA, Fernando Ferraz. Os refugiados


Henrique (Org.). O ambiente de Ilha Gran- ambientais como fenômeno: desafios
de. Rio de Janeiro: Uerj/ Ceads, 2009. para o século XXI. 2010. 81f. Monografia
562p. (Pós-Graduação em Gestão Ambiental)
– Escola Politécnica da UFRJ, Instituto
BIO. Rio de Janeiro: Abes, ano 18, n.56, Brasil Pnuma, Rio de Janeiro. 2010. Planeta Protegido
jul./set. 2010.
NOBEL, Carlos A. et al. Vulnerabilidade Agora, pelo site protected
BOLETIM ABNT. São Paulo: ABNT, v.8, das megacidades brasileiras às mu- planet.net, é possível viajar pe-
n.96, ago. 2010. danças climáticas: região metropolitana las 150 mil mais espetaculares
de São Paulo. São Paulo: Inpe, jun. 2010. áreas naturais protegidas do
CASA SUSTENTÁVEL. Rio de Janeiro:
Abril, n.2, 2010. REVISTA ASTRIO. Rio de Janeiro: Asso- planeta. Um esforço conjunto
ciação de Classe dos Servidores do do Pnuma e da União Internaci-
FACTO ABIFINA. Rio de Janeiro: Abifina, Tribunal de Contas do Município do Rio onal pela Conservação da Natu-
ano 4, n.25, jul./ago. 2010. de Janeiro, n.4, jul. 2010. reza, o site visa a incentivar o
FETRANSPOR. Legislação ambiental REVISTA DE POLÍTICA AGRÍCOLA. interesse mundial sobre essas
aplicada ao setor de transporte rodovi- Brasília: Secretaria Nacional de Política regiões, reforçando sua prote-
ário de passageiros. Rio de Janeiro: Agrícola, Companhia Nacional de Abas- ção. De turistas a autoridades
Fetranspor, v.1, 2010, 91p. tecimento, ano 19, n.2, abr./jun. 2010. governamentais, todos estão
FETRANSPOR. Legislação ambiental REVISTA MEIO AMBIENTE INDUSTRI-
convidados a acessar o site,
aplicada ao setor de transporte rodovi- AL. São Paulo: Tocalino, ano 15, n.86, fazendo dele importante instru-
ário de passageiros. Rio de Janeiro: jul./ago. 2010. mento de preservação.
Fetranspor, v.2, 2010, 67p. No protectedplanet.net es-
SANEAMENTO AMBIENTAL. São Paulo:
tão disponíveis, inclusive para
FIRJAN. Manual de conservação e reúso Signus, ano 20, n.149, edição especial,
da água na indústria. Rio de Janeiro: 2010. download, informações sobre
DIM, 2006, 38p. áreas protegidas direcionadas
SEBRAE. Manual de licenciamento am- a organismos governamentais,
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. biental. Rio de Janeiro: Sebrae, 2010. 31p.
cientistas e ONGs que traba-
Descentralização do licenciamento
ambiental no Estado do Rio de Janeiro. SUSTAINABLE MOUNTAIN DEVELOP- lham com a conservação da
Rio de Janeiro: Inea, 2010. 46p. MENT. Nepal: ICIMOD, n. 57, summer, natureza. O site reúne imagens
2010. de satélites de áreas protegi-
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. das, além de dados e fotos de
Faixa marginal de proteção. Rio de Ja- TREVISAN, Cláudia. China: renascimen-
neiro: Inea, 2010. 34p. to do império, São Paulo: Planeta Brasil, espécies dessas regiões de
2006, 236p. fontes como o Global Biodiver-
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. sity Information Facility (GBIF),
Outorga de direito de uso dos recursos VIVERDE NATUREZA. ano 4, n.17, ago./ Wikipedia, Panoramio, Flickr e
hídricos. Rio de Janeiro: Inea, 2010. 31p. set. 2010.
Google Map. E ao dar a oportu-
SEX
TA nidade de se postar fotos e tex-
29 TU
BR
O tos sobre experiências de visi-
OU
AGENDA tantes a áreas protegidas, in-

.
centiva a interatividade, com as
informações podendo ser com-
partilhadas em
XII Fimai/Simai (XII Feira e Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial
redes sociais
e Sustentabilidade) – De 9 a 11 de novembro, em São Paulo (SP). Realização:

.
Ambiente Press – Comunicação Ambiental. Informações pelos tels. (11) 3917-2878 como o Face-
e 0800-77-01-449, pelo email rmai2@rmai.com.br ou pelo site www.fimai.com.br. book, Twitter e
Flickr.
1ºº Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental – De 6 a 10 de dezembro, em Belém
(PA). Realização: Abrasco, Ministério da Saúde e Instituto Evandro Chagas. Informa-
ções pelo site www.abrasco.org.br.

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Mapeando a Limpando o Mundo Ano do Morcego


Biodiversidade Entre 17 e 19 de setembro, cerca A importância da promoção de ações
Em projeto do Pnuma e do Centro de 35 milhões de voluntários espa- pela preservação dos morcegos ao
Mundial para o Monitoramente da lhados por 120 países deram impor- redor do mundo – entre outros motivos
Conservação, com países parceiros, tante exemplo de amor ao planeta ao devido aos seus benefícios ecológi-
estão sendo mapeadas áreas onde participar da campanha Clean Up the cos, como o controle de pestes e a
existem estoques de carbono em World Weekend, criado pelo iatistas dispersão de sementes na natureza –
locais ricos em vida selvagem e im- e construtor australiano Ian Kiernan. é o tema central da campanha Year of
portantes para o sustento de vida de Em sua 18ª edição, a campanha reu- the Bat (Ano do Morcego), a ser pro-
residentes do Camboja, China, Equa- niu várias entidades, movida em 2011 pelo Pnuma.
dor, Honduras, Nigéria e Tanzânia. em parceria com o Das mais de 1.100 espécies de
Projeto que deverá ser estendido para Pnuma, a fim de mo- morcegos até agora documentadas,
a Indonésia e a República Democrá- bilizar pessoas para cerca de metade se encontra sob risco
tica do Congo. limpar e conservar am- de extinção. A destruição de seus
Ao identificar onde investimentos bientes como rios, habitats e distúrbios em seus sítios de
na manutenção desses estoques de mares e florestas. hibernação, por ações humanas, além
carbono podem contribuir para metas As atividades variaram desde a lim- de epidemias estão entre as maiores
conservacionistas da vida selvagem e peza de pequenos povoados até lo- causas que colocam em risco a vida
para a manutenção econômica des- cais maiores, inclusive com o lança- de espécies.
sas comunidades, o projeto dá apoio mento de programas de reciclagem, Liderada pela Convenção sobre a
a esforços internacionais para a con- de plantio de árvores e de atividades Conservação das Espécies Migratóri-
servação de florestas e, assim, para de educação ambiental. No Brasil, por as dos Animais Selvagens da ONU e
mitigar o crescimento do aquecimen- exemplo, integrantes do Instituto Bra- pelo acordo para a conservação dos
to global. sileiro para a Proteção da Natureza se morcegos europeus Agreement on the
Estima-se que aproximadamente juntaram com grupos locais em ações Conservation of Populations of Euro-
18% das emissões de gases de efeito de recuperação do Parque Ecológico peans Bats (Eurobats), a campanha
estufa – equivalente a 6 gigatoneladas do Tietê, em São Paulo. Mais informa- visa a incentivar ações de conserva-
de CO2– estão relacionadas a mudan- ções sobre a campanha anual em ção, pesquisa e de educação ambien-
ças no uso de solos, principalmente www.cleanuptheworld.org. tal sobre os morcegos.
devido à perda florestal – que liberam
carbono para a atmosfera. Um mon- Fogão a carvão mais eficiente
tante, por exemplo, superior às emis-
Arquivo Pnuma

Ao participar do lançamento, em
sões de gases-estufa registradas em setembro, da Global Alliance for Clean
2004 pelo setor de transportes ao Cook Stoves, o Pnuma apoia os esfor-
redor do planeta. ços internacionais para se aumentar a
A conservação de ecossistemas eficiência de cerca de 3 bilhões de
que acumulam grandes estoques de fogões a carvão na África, Ásia e Amé-
carbono continuará a gerar benefí- rica Latina que colocam em risco a vida
cios, do ponto de vista de contabili- de mulheres e a saúde ambiental do
dade econômica de uma economia planeta. Liderada pela Fundação da
verde, como a preservação de fontes ONU, essa aliança é parte da iniciativa
de água, solos férteis e de outros Global Clinton Initiative.
serviços disponibilizados pela natu- Estudos avaliam que fogões inefici-
reza. O projeto está analisando o carbo- entes – basicamente movidos a carvão (ABC) indicam que o carbono negro
no estocado na vegetação e solo de – provocam mortes prematuras anuais também pode ser responsável por um
ecossistemas terrestres desses pa- de 1,6 milhão a 1,8 milhão de pessoas, nível significativo – entre 10% e 40% –
íses, cruzando os dados com outros basicamente de mulheres. Estima-se do aumento da temperatura do plane-
fatores como densidade populacio- ainda que esses fogões sejam respon- ta. Ao incentivar a substituição desses
nal, atividades econômicas, como pro- sáveis por cerca de 25% das emissões fogões por aparelhos movidos à ener-
dução de borracha e mel, e a localiza- do chamado carbono negro, partículas gia solar ou a gás de petróleo, entre
ção de áreas protegidas ricas em mais conhecidas como fuligem – sen- outras fontes de energia, a campanha
biodiversidade. do que 40% dessas emissões são contribuirá para reduzir desmatamen-
Mais informações em www. devidas à queima de madeira. tos, contendo o uso de grande quanti-
unep-wcmc.org e www.carbon- Estudos recentes promovidos pelo dade de madeira e de outras biomas-
biodiversity.net. projeto Atmospheric Brown Cloud sas usadas na produção de carvão.

OUTUBRO/NOVEMBRO 2010 – Nº 115 7


B R A S I L P N U M A

Arquivo Pnuma

Com iniciativas como o Metrópoles Saudáveis, o Proam estimula ações e políticas que melhorem o ambiente de grandes cidades como São Paulo

Por mais qualidade de vida nas cidades


Metrópoles Saudáveis, do Proam, incentiva políticas sustentáveis em centros urbanos
O rganização sem fins lucrativos
fundada em São Paulo (SP), em 2003,
gimento de mais e mais metrópoles
no mundo, o Proam aceitou o desafio
nas. Entre as instituições que partici-
param do processo, Bocuhy destaca
para estimular ações e políticas públi- de gerar informações para a socieda- os ministérios da Saúde e do Meio
cas que tornem o ambiente mais sau- de que instrumentalizem setores res- Ambiente do Brasil e da Argentina.
dável, principalmente em grandes áre- ponsáveis no planejamento e gestão Entre as organizações não governa-
as urbanas, o Proam (Instituto Brasilei- de regiões metropolitanas. “O progra- mentais, o Centro Mário Molina, do
ro de Proteção Ambiental) desenvolve ma Metrópoles Saudáveis proporcio- México, e a Fundación Metropolitana
o programa Metrópoles Saudáveis, que na um privilegiado processo de cons- de Buenos Aires.
agrega visões ambientais, urbanísti- trução coletiva multidisciplinar em As metrópoles de Buenos Aires e
cas e de saúde pública. Atualmente, o busca de novos meios que possam Cidade do México apresentaram, entre
programa proporciona ações práticas garantir a sustentabilidade das gran- outras, as experiências GEO–Cidades
para a restauração dos padrões da des áreas urbanas.” do Pnuma e o Programa Estratégico
qualidade do ar de grandes metrópo- Conhecimento e experiência – de Controle de Poluição Atmosférica
les, como São Paulo e Buenos Aires. Nesse sentido, são promovidas con- da Cidade do México. O Metrópoles
O programa aborda fatores de vul- ferências que enriquecem e agregam Saudáveis conta com apoio institucio-
nerabilidade inerentes às metrópoles, conhecimento e experiência em dire- nal da Organização Pan-Americana
à importância da democracia e da ção a novas ferramentas de gestão de Saúde, integrante da Organização
gestão participativa, do direito à in- de planejamento, com uma visão am- Mundial de Saúde (OPAS/OMS).
formação, das megacidades como es- pliada dos indicadores ambientais de “Os diagnósticos promovidos pelo
paços de convivência, sua função soci- várias regiões metropolitanas. Espe- programa levaram a iniciativas de in-
al e necessidade de desenvolver pro- cia-listas das cidades de São Paulo, troduzir essa agenda na discussão
cessos de inclusão. “A sustentabilida- México e Buenos Aires – as três interministerial do Mercosul e a avan-
de e as necessidades das futuras gera- maiores metrópoles da América Lati- ços na contextualização dos valores
ções são aspectos imprescindíveis na e do Caribe – já se reuniram em indicadores da qualidade do ar para
nessa avaliação”, afirma o presidente São Paulo e na capital argentina para São Paulo e Brasil. Além do início de
da ONG, Carlos Bocuhy, ambientalis- discutir o futuro das megacidades da discussões sobre metodologia para
ta e conselheiro do Conama (Conse- América Latina. compreensão da capacidade de su-
lho Nacional do Meio Ambiente). Os encontros focaram nos desafios porte das regiões metropolitanas bra-
Segundo ele, com a tendência de para a sustentabilidade e para a qua- sileiras, em andamento no Conama”,
concentração de populações e o sur- lidade de vida das regiões metropolita- informa Bocuhy.

Apoio Cultural Impresso em papel ecoeficiente Printmax 90g/m² da Fibria.


Papel produzido com florestas plantadas de eucalipto.
Preservando matas nativas, em harmonia com o meio ambiente.

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