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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - IFES

LICENCIATURA EM QUÍMICA

Relatório da Aula Prática nº 8

CROMATOGRAFIA

AMANDA ALMERINDO RANGEL


DEBORAH DA SILVA PIMENTEL
MILENA AMORIM LANGAMI
QUÉZIA COSTA ROCHA

Disciplina: ​Química Orgânica Experimental I


Professora: ​Ana Brígida Soares

VILA VELHA
2020
1. INTRODUÇÃO
A cromatografia, em todas as suas formas e variações, constitui hoje um dos mais
importantes métodos de separação de misturas, se não o mais importante. A palavra
cromatografia é de origem grega (kromatos – cor; graphos – escrita) e foi usada pela 1º vez
em 1906, pelo botânico russo Michael Tswett, para descrever a separação de pigmentos de
plantas em zonas de cores distintas. A partir de 1906 o uso da cromatografia se tornou
popular como um método de identificação e de separação de substâncias. Apesar deste estudo
e de outros anteriores, que também poderiam ser considerados precursores do uso dessa
técnica, a cromatografia foi praticamente ignorada até a década de 30, quando foi
redescoberta. Atualmente, o método aplica-se também a substâncias incolores, porém o nome
original foi mantido. ​(SARAN, 2015).
Essa técnica é definida como a separação de uma mistura de dois ou mais diferente
compostos ou íons pela distribuição entre duas fases, uma das quais é a fase estacionária, e a
outra é a fase móvel. A cromatografia funciona, em grande parte, com base no mesmo
princípio que a extração com solventes. O método depende da solubilidade ou capacidade de
adsorção diferenciais das substâncias a serem separadas com relação às duas fases entre as
quais elas têm de ser particionadas. A interação dos componentes da mistura com estas duas
fases é influenciado por diferentes forças intermoleculares, incluindo iônica, polar, apolar, e
específicos efeitos de afinidade e solubilidade (ENGEL, 2012).
No processo de adsorção líquido-sólido, a separação se dá pela diferença de afinidade
dos componentes de uma mistura através da migração sobre uma camada adsorvente retida
sobre uma superfície plana, essa é a ​cromatografia em camada delgada (CCD),
representada na (​Figura 1)​. Por ser um método simples, rápido, visual e econômico, a CCD é
predominantemente escolhida para o acompanhamento das reações orgânicas. Mas, conforme
explica Collins ​et al. (2010), ao usar fases estacionárias tratadas pode ocorrer também a
cromatografia por partição ou troca iônica, permitindo ser usada na separação de substâncias
hidrofóbicas e hidrófilas.
Figura 1. ​Esquematização de um cromatograma obtido por CCD.

Fonte: ​DEGANI ​et al., ​1998.


A sílica gel é a fase estacionária mais utilizada, sendo seguida pela alumina, pela terra
diatomácea e pela celulose. De acordo com Degani ​et al. ​(1998), Para a preparação das
placas, faz-se uma suspensão do adsorvente em água, sendo a mesma depositada sobre a
placa manualmente ou com o auxílio de um espalhador. A etapa final da preparação da placa
é sua ativação. A sílica, por exemplo, é ativada a 105-110 °C por 30 a 60 minutos. A placa de
CCD deve ter, geralmente 5 cm de altura e a largura deve variar de acordo com o número de
amostras aplicadas. Já para a preparação das amostras que serão analisadas, devem ser
previamente dissolvidas em um solvente volátil. A aplicação dessa solução sobre a placa
cromatográfica deve ser efetuada a aproximadamente 0,5 cm da base inferior da mesma. A
aplicação pode ser realizada utilizando um tubo capilar, cuja extremidade inferior esteja
uniformemente seccionada.
Depois da aplicação das amostras que serão analisadas, a placa deve ser colocada
numa cuba, onde se encontra a fase móvel (eluente) adequada de acordo com o composto a
ser estudado, uma vez que as fases estacionárias mais usadas são extremamente polares, não
devem ser utilizados solventes pouco polares, que não removeriam os compostos do ponto de
aplicação, nem solventes muito polares, capazes de arrastar os componentes da amostra até o
topo da placa. Em vista disso, melhores resultados são obtidos com misturas de solventes, de
modo a se obter uma polaridade média em relação à polaridade dos componentes da amostra.
As cubas cromatográficas geralmente são de vidro. Para que se obtenha melhores resultados
na CCD, é necessário que a cuba fique saturada com vapores de mesma constituição da fase
móvel. Para isto, as paredes laterais internas da cuba são, geralmente, recobertas com papel
filtro. Este papel ficará, em contato com o eluente, ficando umedecido com o mesmo. A
altura do solvente na cuba não pode ultrapassar a linha de aplicação da amostra. (DEGANI ​et
al., ​1998). Uma vez introduzida a placa na cuba, o solvente ascenderá, por fenômeno de
capilaridade, até a extremidade superior. Ao acender, a fase móvel arrastará mais os
compostos menos adsorvidos na fase estacionária, separando-os dos compostos mais
adsorvidos.
A maioria dos compostos orgânicos são incolores. Com base nisto, um processo de
revelação deve ser realizado, para que se possa identificar as manchas correspondentes aos
compostos presentes na amostra. Existem processos destrutivos e não destrutivos. Segundo
Degani ​et al. ​(1998), O método não destrutivo mais utilizado é o iodo, pelo fato de que o iodo
complexa-se com compostos insaturados, de modo que placas que os contenham, ao serem
colocadas em uma câmara contendo cristais de iodo, apresentarão pontos amarronzados.
Com a revelação é possível ver que determinados compostos percorrem na placa, essa
distância é fixa para cada elemento de acordo com o as condições específicas em que ele foi
empregado. Essa proporção é chamada valor de ​ R​f,​ sendo expresso como:

distância percorrida pela substância


R​f =
​ distância percorrida pela f rente de solvente

Esse valor pode ser usado na identificação de um composto desconhecido, mas por ser
uma única fonte de dados, a confirmação se dá através de mais alguns dados adicionais. Para
calcular esse valor, basta medir a distância que o composto percorreu desde o ponto em que a
mancha foi aplicada. Levando em conta o que foi dito por Engel (2012), se as manchas não
forem muito grandes, basta que meça até o seu centro, mas se forem grandes, a medição deve
ser repetida em uma nova placa, utilizando menos material. Em casos de manchas que têm
caudas, a medição é feita até o "centro de gravidade" dela. Essa primeira medição de
distância é dividida pela distância que a frente de solvente percorreu a partir da mesma
mancha original.
A ​cromatografia em coluna é comumente utilizada para purificação de substâncias
orgânica ou, para remover o material de partida ou isolar o produto desejado de uma reação.
Os adsorventes usados nessa técnica podem servir simplesmente como suporte para uma fase
estacionária líquida, os mais utilizados são sílica-gel SiO​2​.H​2​O também chamada de ácido
silícico, e a alumina, Al​2​O​3​.H​2​O. Esses compostos são utilizados em pó, ou finamente
divididos (geralmente 200-400 mesh ) (ENGEL, 2012).
O princípio de separação na coluna cromatográfica é pelo equilíbrio dinâmico em que
as moléculas são constantemente adsorvidas a partir da solução e simultaneamente
dessorvidas de volta à solução. Nesse método, a mistura de compostos a serem separados é
introduzida na parte de cima de uma coluna de vidro cilíndrica (​Figura 2​), empacotada ou
preenchida com finas partículas (fase estacionária). O adsorvente é continuamente lavado por
um fluxo (fase móvel) passando através da coluna. O fluxo contínuo do solvente elui, ou
extrai os solutos, transportando-os para baixo. À medida que os compostos da mistura são
separados, há formação de bandas. Quando cada uma dessas bandas passa pelo fundo da
coluna, ela é recolhida. O líquido que lava através da coluna é filtrado, e a afinidade entre a
fase estacionária e as substâncias adsorvidas é denominada de Atividade. Quanto mais ativa a
fase estacionária mais fortemente é a substância adsorvida mantida. A separação mecânica na
coluna é o método clássico de cromatografia (ENGEL, 2012).
Figura 2.​ Uma coluna cromatográfica.

Fonte:​ Engel, 2012.

Segundo Engel (2012), a versatilidade da cromatografia em coluna resulta dos muitos


fatores que podem ser ajustados, incluindo: escolha o adsorvente, escolha da polaridade dos
solventes, tamanho da coluna (em comprimento e em diâmetro) relativo à quantidade de
material a ser cromatográfico e taxa de eluição (ou fluxo). Se as condições forem
cuidadosamente escolhidas, praticamente qualquer mistura pode ser separada.
De acordo com o mesmo autor, duas escolhas fundamentais para a separação
cromatográfica são do tipo de adsorvente e o sistema de solvente. Em geral, compostos
apolares passam através da coluna mais rapidamente que os compostos polares, porque eles
têm uma menor afinidade pelo adsorvente. Se o adsorvente escolhido ligar todas as moléculas
de soluto (polares e apolares) mais intensamente, elas não se moverão para baixo na coluna,
Por outro lado, se for escolhido um solvente polar demais, todos os solutos (polares e
apolares) podem simplesmente ser lavados através da coluna, sem que ocorram nenhuma
separação. O adsorvente e o solvente deverão ser escolhidos de modo que nenhuma seja
favorecido excessivamente nos equilíbrios entre as moléculas de solvente e de soluto.
A polaridade do solvente funciona de duas maneiras na cromatografia em coluna.
Primeiro, um solvente polar irá dissolver melhor um composto polar e movê-lo mais
rapidamente para baixo, na coluna. Em segundo lugar, à medida que a polaridade do solvente
aumenta, o solvente propriamente dito deslocará moléculas adsorvidas na alumina ou sílica,
tomando seu lugar na coluna. Por causa desse segundo efeito, um solvente polar eluirá todos
os tipos de compostos, polares e não polares, para baixo na coluna, a uma velocidade mais
rápida do que ocorreria com um solvente apolar (ENGEL, 2012). A Tabela 1 ​relaciona
alguns solventes cromatográficos comuns, com sua capacidade relativa de dissolver
compostos polares.
Tabela 1: ​Solventes (eluentes) para cromatografia.

Fonte:​ Engel, 2012.

Na ​Tabela 2​, são enumerados vários tipos de adsorventes (fase sólida) utilizadas na
cromatografia em coluna. A alumina é o adsorvente mais amplamente usado e é obtido na
forma ácida, básica e neutra. Também é dada a intensidade aproximada dos vários
adsorventes enumerados.
Tabela 2.​ Sólidos adsorventes para cromatografias em coluna.

Fonte:​ Engel, 2012.

2. OBJETIVOS

● Cromatografia em Camada Delgada


Efetuar a extração do ácido acetilsalicílico de um comprimido analgésico e verificar
por cromatografia em camada delgada o R​f​ do composto.

● Cromatografia em Coluna
Separar a clorofila e os carotenóides do espinafre, através da técnica de cromatografia
em coluna.

3. MATERIAIS E REAGENTES
a. Cromatografia em camada delgada.

● Bico de Bunsen; ● Espátula;


● Tubos capilares; ● Béquer;
● Fósforos; ● Metanol;
● Régua; ● Iodo ressublimado PA;
● Gral e pistilo; ● Comprimido de ácido
● Placa de petri; acetilsalicílico;
● Placa cromatográfica de sílica; ● Ácido acetilsalicílico PA;
● Pipeta pasteur; ● Solução mistura de hexano e
acetato de etila (6:4 e 8:2).

b. Cromatografica em coluna.

● Tesoura; ● Proveta;
● Gral e pistilo; ● Béquer;
● Espátula; ● Planta para extração da clorofila e
● Haste; betacaroteno;
● Coluna cromatográfica; ● Hexano;
● Garra; ● Acetona;
● Pipeta pasteur; ● Metanol;
● Sílica-gel.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

a. Cromatografia em Camada Delgada.


Inicialmente, colocou-se o tubo capilar no Bico de Bunsen, até que o mesmo ficasse
com uma ponta bem fina, partindo-o em dois. Com o auxílio de um gral e pistilo macerou-se
o comprimido de Ácido Acetilsalicílico (AAS) e transferiu-se para uma placa petri. Em uma
outra placa de petri, adicionou-se uma ponta de espátula de Ácido Acetilsalicílico PA.
Adicionou-se metanol em ambas placas de petri contendo a amostra.
Preparou-se duas placas de sílica. Com a ajuda de um tubo capilar, aplicou-se a uma
distância de 1 cm uma da outra as duas soluções metanólicas, em duas placas cromatográficas
distintas. Dependendo da concentração desta solução, duas ou três aplicações serão
suficientes. Preparou-se os sistemas de eluentes indicado pela professora. Na primeira
mistura de eluentes, em um béquer, adicionou-se hexano e acetato de etila, na proporção de
8:2. Em um outro béquer adicionou-se os mesmos compostos, na proporção de 6:4.
Colocou-se cada placa cromatográfica dentro de uma béquer. Após a eluição,
retirou-se as placas do béquer e deixou o solvente evaporar. Após a secagem, colocou-se em
uma atmosfera de iodo para revelar as manchas. Em 1-3 minutos, apareceu-se manchas
amareladas sobre as placas. Removeu-se então as placas de dentro do béquer que continha o
iodo, contornando cada mancha com o tubo capilar. Por fim, mediu-se a distância percorrida
por cada mancha e calculou-se o R​f​.

b. Cromatografia em Coluna.
Cortou-se pedaços de uma planta numa cápsula de porcelana, juntamente com 100 mL
de uma mistura (80:20) de hexano e acetona. Para garantir uma boa extração as folhas devem
ser amassadas até que o solvente adquira uma coloração esverdeada.
Preparou-se uma coluna para cromatografia utilizando sílica como fase fixa, da
seguinte maneira: agitou-se com um bastão em um béquer, 10 g de sílica em hexano, até
obter uma pasta fluida, homogênea e sem bolhas de ar incluídas. Encheu-se a terça parte da
coluna cromatográfica com hexano e derramou-se, então, a pasta fluida de sílica, de modo
que ela sedimente aos poucos e de forma homogênea. Controlou-se o nível do solvente
abrindo ocasionalmente a torneira da coluna. Terminada a preparação, o nível de hexano deve
estar 1 cm acima do topo da coluna de sílica.
Distribuiu-se homogeneamente sobre o topo da coluna de sílica, com auxílio de uma
pipeta de Pasteur, 3 mL de uma solução do extrato do espinafre. Após a adsorção pela coluna,
procedeu-se a eluição com hexano, vertendo cuidadosamente o solvente pelas paredes
internas da coluna, tomando cuidado para não causar distúrbios ou agitação na coluna. Ao
mesmo tempo, abriu-se a torneira para escoar o solvente. Após a separação dos carotenóides,
adicionou-se metanol, para eluição da clorofila.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
a. Cromatografia em camada delgada
Nessa prática, utilizou-se o ácido acetilsalicílico (AAS) P.A. e o mesmo composto
referente a um comprimido analgésico, para que fosse comparado o fator de retardo (R​f​), para
isso escolheu-se a realização de uma cromatografia em camada delgada (CCD), essa técnica
consiste em separar os componentes de uma mistura sólido-líquido, onde a fase móvel
(líquida) se desloca sobre a fase estacionária (sólida), também chamada de camada delgada,
onde existe um adsorvente retido em uma superfície plana.
Para a preparação da CCD, o ASS foi macerado e ambos foram colocados sobre uma
placa de petri, para que fossem diluídos, a substância usada para isso foi o metanol, que é um
solvente volátil e apresenta boa solubilidade. Com a micropipeta capilar que fora preparada
anteriormente, as amostras foram aplicadas sobre as placas de sílica e segundo Engel (2012),
nesse momento deve-se assoprar a placa enquanto aplica-se a amostra, para que ajude a
manter a mancha pequena quando o solvente evaporar, a separação é obtida de maneira
satisfatória quando a mancha é menor.
O processo de separação está fundamentado no fenômeno de adsorção, os
componentes da mistura absorvem-se com as partículas de sólido devido a interação de
diversas forças intermoleculares. Na orgânica, as interações mais importantes são as de
compostos polares, sendo do tipo dipolo-dipolo ou as que envolvem alguma interação direta,
como por exemplo, ligação de hidrogênio, coordenação ou formação de sal (ENGEL, 2012).
A amostra ocupa as duas fases, móvel e estacionária, a medida que o solvente avança sobre a
placa de sílica. Dessa forma, a escolha do eluente deve ser feita com cuidado, considerando
que a separação se dará por diferentes polaridades, é necessário analisar suas características
químicas. Para esse experimento, misturou-se o hexano e o acetato de etila em concentrações
diferentes, 8:2 e 6:4, com o intuito de comparar como o ASS se comportaria em contato com
eluentes de polaridades distintas. Conforme descrito por Engel (2012), a característica
principal dos eluentes escolhidos é a polaridade, do hexano por ser um hidrocarboneto e do
acetato de metila por possuir uma carbonila em sua estrutura. Esse atributo influencia na
velocidade de movimento do componente na placa, na grande maioria das vezes, as fases
estacionárias apresentam afinidade por substâncias polares, que são retidas pelo caminho.
Desse modo, podemos afirmar que, quanto mais distante estiver a mancha, menor é a
polaridade da substância.
Após o eluente percorrer por toda placa de sílica, o sistema é desmontado e colocado
sobre uma placa de petri aberta, deixando o solvente evaporar. Nessa etapa pode ocorrer algo
indesejado, segundo Constantino (2011), quando o solvente não evapora de modo correto,
pode ocorrer uma cromatografia por partição, que é quando a fase estacionária se apresenta
como um sólido recoberto, com uma fina camada do solvente que não evaporou. Visto que a
mancha não é tão perceptível, é preciso usar um método de revelação. Para isso, usou-se o
vapor de iodo em um béquer fechado, esse vapor provém de cristais de iodo. Ao posicionar a
placa dentro do béquer aguardamos por alguns minutos. Ao reagir com as substâncias
presentes na placa, o iodo forma complexos na tonalidade do marrom, ficando mais claro o
caminho percorrido pelos compostos. A marcação e a medição de distância da mancha deve
ser feitas com agilidade, pois a coloração que o iodo apresenta sobre a placa não é
permanente, ela desaparece conforme a sublimação desse elemento. Essa marcação é
essencial para o cálculo de R​f​.
Ao compararmos as manchas, temos que, na primeira cujo a concentração do eluente
foi de 8:2, a distância que o solvente arrastou a substância e entre elas foi pequena. Na
primeira marcação temos o AAS P.A, que subiu 0,4 cm, enquanto o AAS analgésico 0,55 cm.
Desse modo, ao calcularmos, obtivemos diferentes valores para R​f​, sendo respectivamente,
01 e 0,1373. Na placa em que utilizamos a proporção de 6:4 de solventes, observamos que a
distância que o solvente arrastou a substância foi maior, mas a distância entre as substâncias
foi ainda menor, podendo ser desconsiderada.
A diferença na distância percorrida nas placas pode ser explicada por Engel (2012), ao
afirmar que se em uma mistura os componentes se movem pouco, pode-se utilizar um
solvente mais polar. De fato, ao utilizarmos uma proporção cujo a presença do acetato de
etila, composto mais polar da mistura, é maior, é possível observar que a distância de arraste
cresce expressivamente.

b. Cromatografia em coluna
A cromatografia em coluna é comumente utilizada para purificação de substâncias
orgânica ou, para remover o material de partida ou isolar o produto desejado de uma reação.
Trata-se de uma técnica de partição entre duas fases, sólida e líquida, baseada na capacidade
de adsorção e solubilidade. (ENGEL, 2012). O sólido utilizado na prática em questão foi a
sílica-gel (SiO​2​), composto polar, recomendado na maioria dos casos, sendo que a mesma
não se dissolve na fase líquida associada. Este adsorvente é levemente ácido, retendo com
maior intensidade compostos básicos. Vale ressaltar que, o tamanho das partículas do
adsorvente afeta o fluxo do solvente através da coluna. Tanto sílica quanto alumina estão
disponíveis em vários tamanhos. O tamanho é dado através do valor de mesh. Quanto maior o
valor de mesh menor o tamanho da partícula.
No preparo da coluna cromatográfica adicionou-se uma certa quantidade de hexano
em 10 g de sílica-gel, até obter uma pasta fluida, homogênea e sem bolhas de ar incluídas.
Em seguida, encheu-se a terça parte da coluna cromatográfica com hexano e a pasta fluida de
sílica gel, de modo que a mesma se sedimente aos poucos e de forma homogênea, batendo-se
suavemente ao longo da coluna para que todo o ar seja expulso, de modo a se obter uma
compactação uniforme. A existência de ar entre as partículas leva à formação de canais na
coluna, os quais alargam as bandas eluídas. Vale ressaltar que, algumas colunas possuem uma
retenção de vidro para prevenir que o adsorvente da fase estacionária passe através da
torneira. A coluna utilizada na prática em questão, não possui esta barreira e precisou utilizar
um chumaço de algodão na sua extremidade inferior. O tipo de barreira ou a quantidade de
algodão podem fazer a velocidade de eluição variar, como mostra na (​Figura 3​).
Figura 3​. Colocação do pedaço de algodão.

Fonte: ​(OLIVEIRA, 2010).

Ao terminar a preparação da coluna, controlou-se o nível do solvente até 1 cm acima


do topo da coluna de sílica gel, a fim de evitar rachaduras e ineficiência da mesma. (​Figura
4​).
Figura 4​. Coluna cromatográfica.

Posteriormente, a amostra foi preparada dissolvendo-a em 100mL de uma mistura


(80:20) de hexano:acetona, e transferida para coluna cromatográfica. À medida que o
solvente desce pela a coluna e atinge o sólido, são estabelecidos novos equilíbrios entre o
adsorvente, os solutos e o solvente. Assim, observou-se uma faixa amarelada correspondente
ao betacaroteno (C​40​H​56​), uma vez que possui afinidade com o eluente utilizado, neste caso o
hexano (fase móvel). De acordo com Fonseca e Gonçalves (2004), isso se deve ao fato de que
essa molécula é um hidrocarboneto insaturado apolar, o que faz com que esse tipo de
molécula tenha uma maior interação com solventes apolares, o que é o caso do hexano.
Segundo Engel (2012), em geral, compostos apolares passam através da coluna mais
rapidamente que os compostos polares, porque eles têm uma menor afinidade pelo
adsorvente. A ​Figura 5 e ​Figura 6 apresenta a estrutura química do betacaroteno e do
hexano respectivamente.
Figura 5​.​ ​Estrutura química do β-caroteno.
Fonte:​ Google Imagens​.

Figura 6​.​ ​Estrutura química do hexano.

Fonte:​ Google Imagens​.

Os carotenóides são tetraterpenóides de 40 carbonos unidos por unidades opostas no


centro da molécula. Ciclização, hidrogenação, desidrogenação, migração de duplas ligações,
encurtamento ou alongamento da cadeia, rearranjo, isomerização, introdução de funções com
oxigênio ou a combinação destes processos resultam na diversidade de estruturas dos
carotenóides.
A cadeia poliênica pode ter de 3 a 15 duplas ligações conjugadas e o comprimento do
cromóforo determina o espectro de absorção e a cor da molécula. Todas são baseadas em 7
diferentes grupos terminais, dos quais somente quatro são encontradas em carotenóides de
vegetais superiores. ​Dentre os isômeros presentes entre os carotenóides o mais importante é o
β-caroteno, que se trata de um produto químico natural pertencente à classe dos terpenos, que
possuem, geralmente, 10, 15, 20 ou 30 átomos de carbono e são derivados de uma unidade de
5 átomos de carbono, o isopreno (2-metil-1,3-butadieno) (OLIVEIRA, 2010).
Posteriormente, utilizou o metanol para extrair a clorofila. ​Assim, sendo um composto
polar, que elui pela coluna durante a adição do solvente, pois ambos são compostos polares.
As ​clorofilas são os pigmentos naturais mais abundantes presentes nas plantas e
ocorrem nos cloroplastos das folhas e em outros tecidos vegetais. Estudos em uma grande
variedade de plantas caracterizam que os pigmentos clorofilianos são os mesmos. As
diferenças aparentes na cor do vegetal são devidas à presença e distribuição variável de
outros pigmentos associados, como os carotenóides, os quais sempre acompanham as
clorofilas (VON ELBE, 2000)​.
A sua estrutura molecular das clorofilas é constituída por quatro anéis pirrólicos, um
átomo central de magnésio ligado a quatro átomos de nitrogênio e uma longa cadeia lateral de
isoprenóide, um álcool fitol esterificado (​Figura 7​). A estrutura de anel contém alguns
elétrons fracamente ligados e é a parte da molécula envolvida em transições de elétron e
reações de redução. Já a cadeia lateral serve para ancorar a clorofila à porção hidrofóbica de
seu ambiente. A clorofila ​a se caracteriza por apresentar um grupo metil ligado ao carbono 3
do anel 2, enquanto que a clorofila ​b​, este grupo metil é substituído por um grupo aldeído. A
clorofila ​b é convertida em clorofila ​a através de uma enzima chamada clorofila ​a oxigenase,
que catalisa a conversão do grupo metil ao grupo aldeído. ​(​Taiz & Zeiger, 2004)​.
Figura 7. ​Estrutura da molécula de clorofila a e clorofila b.

Fonte: ​(​Taiz & Zeiger, 2004)​.

6. CONCLUSÃO

Quando se tem a necessidade de identificação e/ou separação de componentes em


uma mistura, a técnica de cromatografia é indicada, pois nesse procedimento os compostos
migram de acordo com as diferentes interações das substâncias com as fases estacionária e a
fase móvel. Com esse experimento, adquiriu-se uma concepção mais adequada sobre a
técnica de cromatografia em coluna e camada delgada, como: os fatores e parâmetros que
podem influenciar na separação dos compostos, os cuidados no preparo e realização de cada
técnica, e a importância da escolha dos solventes/eluentes em relação a fase móvel
considerando a polaridade e afinidade de cada um.

ANEXOS

A ​cromatografia em papel é uma técnica simples de análise de amostras em pequena


quantidade. Esse método se baseia no mecanismo de partição líquido-líquido, pois as
substâncias são particionadas ou distribuídas entre as fases líquidas, sendo que as duas fases
são a água retida nos poros do papel de filtro e a outra fase é uma fase móvel que passa
através do papel. Quando essa fase móvel se movimenta, a separação da mistura ocorre e os
compostos da mistura se separam com base nas diferenças de afinidade com os solventes das
fases estacionária e, móvel sob a ação capilar dos poros no papel.
Neste método, o papel constituído de celulose pode absorver até 22% de água, dessa
forma a água funciona como a fase estacionária. A celulose é formada por várias unidades de
glicose que possuem hidroxilas, interagindo, por ligação de hidrogênio, com as moléculas de
água. Já a fase móvel corresponde aos solventes orgânicos que, em geral, são menos polares
que a água (Collins et al., 2010).
Para esse experimento, a fase móvel foi o etanol 70º e a fase estacionária foi um
pedaço de papel. Para realizar o experimento, desenhou-se num certo ponto do papel com
canetas coloridas e, mergulhou-se papel no solvente. A separação acontece durante a
passagem da fase estacionária e a fase móvel em movimento no papel. Abaixo apresentamos
alguns dos resultado obtidos ao fazer esse experimento.

Aluno 1
ANTES DEPOIS

Aluno 2
ANTES DEPOIS

Para que o experimento seja satisfatório é importante lembrar que o eluente não pode
entrar em contato direto com a marca da amostra e por estar usando um solvente volátil, é
indicado que o sistema fique fechado. Assim como deve-se desenhar com uma distância
significativa, pois com o decorrer do arraste as manchas podem se encontrar, como visto no
experimento do primeiro aluno, e isso poderia causar interferências na visualização dessa
técnica.
Observamos com esse experimento o funcionamento da cromatografia em papel. O
álcool faz sua trajetória pelo papel devido a capilaridade e ao encontrar com as amostras,
nesse caso, manchas de canetas coloridas, as cores são arrastadas juntamente com o eluente
que continua subindo pela placa utilizada. Desse modo, os corantes que são misturadas para
formar as tintas das canetas são identificadas. Isso ocorre porque alguns corantes interagem
mais fortemente com o solvente e se movimentam com ele e já outros interagem melhor com
o papel, permanecendo parados.

REFERÊNCIAS

1. COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S. (Orgs.). ​Fundamentos de


Cromatografia​. Campinas: Editora da Unicamp. 2010
2. CONSTANTINO, Maurício Gomes; SILVA, Gil Valdo José da; DONATE, Paulo
Marcos.​ Fundamentos de química experimental.​ 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2011.
3. DEGANI, A. L. G.; CASS, Q. B.; VIEIRA, P, C. ​Cromatografia: um breve ensaio.
Química Nova na Escola,​ São Paulo, n. 7, p. 21-25, 1998. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc07/atual.pdf. Acesso em: 29 nov. 2020
4. ENGEL, Randall G. et al. ​Química orgânica experimental: técnicas de escala
pequena​. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
5. FONSECA , Sebastião F ., Caroline C .S. Gonçalves . ​Extração de pigmento do
espinafre e separação em coluna de açúcar comercial​, Química nova na escola,
2004, acessado em nov. 2020, disponível em qnesc.cbq.org.br
6. SARAN, Profa . Dra . Luciana Maria. ​FUNDAMENTOS DA
CROMATOGRAFIA​, 2015. Disponível em:
https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/tecnologia/LUCIANAMARIASAR
AN/quimicaanalitica/fundamentos-de-cromatografia-2.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
7. VON ELBE J.H. Colorantes. In: FENNEMA, O.W. ​Química de los alimentos​. 2.ed.
Zaragoza : Wisconsin - Madison, 2000. Cap.10, p.782-799.

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