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LICENCIATURA EM QUÍMICA
OBTENÇÃO DE BIODIESEL
VILA VELHA
2020
1. INTRODUÇÃO
A busca por combustíveis alternativos vem ganhando destaque nas últimas décadas. A
substituição dos combustíveis fósseis tem sido motivada por fatores ambientais, econômicos
e sociais, uma vez que toda a sociedade depende de seu uso. Nesse contexto, uma alternativa
que se tem destacado é o uso de biocombustíveis.
Pode-se definir biocombustível como todo produto útil para a geração de energia,
obtido total ou parcialmente de biomassa (TOLMASQUIM, 2003). Na Tabela 1, são
apresentados os principais exemplos de biocombustíveis, dentre os quais está o biodiesel, um
dos principais combustíveis obtidos a partir de óleos vegetais e gorduras.
Tabela 1. Principais exemplos de biocombustíveis.
Na Tabela 3, são mostradas composições típicas em ácidos graxos para diversos
óleos e gorduras de origem vegetal. O grau de insaturação e o tamanho da cadeia estão
diretamente relacionados com as propriedades físicas e químicas desses compostos. Um bom
exemplo é o ponto de fusão (ver Tabela 2), que diminui drasticamente com o aumento do
número de duplas ligações. Assim, os tri-acilglicerídeos saturados são sólidos à temperatura
ambiente, como aqueles que compõem o sebo animal; já os insaturados ou polinsaturados são
líquidos à temperatura ambiente, como os que compõem o óleo de soja. A diferença entre
gorduras e óleos é apenas a sua aparência sólida ou líquida, respectivamente, na temperatura
de 20 ºC.
Tabela 3. Composição em ácidos graxos de alguns óleos e gorduras de origem vegetal.
Segundo Engel (2012), o biodiesel é uma mistura de ésteres de ácidos graxos com
monoálcoois de cadeia curta, como o metanol ou o etanol. Essa mistura é produzida a partir
da reação de transesterificação catalisada por uma base. A Transesterificação é um termo
geral usado para descrever uma importante classe de reações orgânicas onde um éster é
transformado em outro através da troca do resíduo alcoxila. Quando o éster original reage
com um álcool, o processo de transesterificação é denominado alcoólise (Figura 1a). Esta
reação é reversível e prossegue essencialmente misturando os reagentes. Contudo, a presença
de um catalisador (ácido ou base) acelera consideravelmente esta conversão, como também
contribui para aumentar o rendimento da mesma.
Figura 1. a) Equação geral para uma reação de transesterificação; b) equação geral da
transesterificação de um triacilglicerídeo.
2. OBJETIVO
Obtenção do biodiesel a partir do óleo de soja (in natura).
3. MATERIAIS E REAGENTES
● Balança analítica; ● Condensador de bolas;
● Espátula; ● Agitador magnético;
● Haste universal; ● Erlenmeyer;
● Garra para funil de separação; ● Solução saturada de Cloreto de
● Funil de separação; Sódio (NaCl);
● Béquer; ● Óleo de soja;
● Balão de fundo redondo; ● Hidróxido de potássio (KOH);
● Chapa de aquecimento; ● Sulfato de Sódio Anidro (Na2SO4).
● Proveta;
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
m 20,726g
densidade do metanol = v
→ 0, 79 g/mL = v de metanol
→ 26, 23 mL de metanol
Vale ressaltar que a reação do hidróxido de potássio com o álcool leva à formação de
água e, na presença do catalisador básico, poderá levar à hidrólise de algum éster produzido,
com conseqüente formação de sabão (Figura 4). Esta saponificação indesejável reduz o
rendimento do éster e dificulta consideravelmente a recuperação do glicerol, devido à
formação de emulsão. Além disso, o consumo do catalisador reduz a eficiência da reação.
Portanto, para uma transesterificação catalisada por bases, ambos os óleos e álcool devem ser
isentos de água. Um baixo teor de ácidos graxos livres no óleo também é necessário se o
processo de alcoólise ocorrer por catálise básica. Óleos vegetais que contenham alto teor de
ácidos graxos livres ou água devem ser processados via catálise ácida (SCHUCHARDT,
1998).
Figura 4. Principal reação secundária durante a transesterificação: Reação de saponificação.
Em seguida, a solução foi transferida para um funil de separação e lavada 3 vezes com
10mL de uma solução saturada de cloreto de sódio (NaCl), sem muita agitação para evitar a
formação de uma emulsão, a fim de extrair a glicerina da solução.
A utilização de uma solução salina provoca a desestabilização da emulsão, uma vez
que a presença dos íons da solução competem pela água de hidratação da parte apolar do
surfactante, o que desestabiliza energeticamente a emulsão, favorecendo a coalescência da
fase de óleo dispersa. A adição de um eletrólito diminui a solubilidade de sabões em soluções
aquosas; este fenômeno é comumente conhecido como "salting-out". Na produção de
biodiesel, substâncias como sais de ácidos graxos (sabões), mono- e diglicerídeos e
fosfolipídeos podem atuar como surfactantes, o que resulta em problemas como o maior
tempo de espera para a separação de fases, conforme discutido na seqüência (RINALDI et al,
2007).
Tabela 4. Teor de óleo de oleaginosas e gordura animal com potencial de uso energético.
5,6587 g ×100
Rendimento do biodiesel em % = 30,405 g
= 18,61%
6. CONCLUSÃO
O fato do biodiesel ser proveniente de uma fonte renovável, matéria prima abundante
no Brasil, torna seu estudo interessante, desde a consideração do aspecto social, como
principalmente o aspecto econômico. O resultado desse experimento se mostra satisfatório,
com um rendimento de aproximadamente 18% e em comparação com a literatura usada, se
prova a boa utilização do óleo de soja como matéria prima na transesterificação básica para
obtenção de diesel. O valor da taxa de conversão depende diretamente da maneira que a
reação de transesterificação é conduzida, bem como das condições do processo e a possível
presença de glicerina livre, glicerídeos não reagidos, sabões, álcool residual, resíduos de
catalisadores e água.
7. ANEXOS
Fonte: Autoral
Em seguida, separou a solução do corpo de fundo, passando-a para outro copo. Após
três semanas de espera, foi possível observar a formação de cristais no fundo do copo, como
mostra a (Figura 2).
Fonte: Autoral.
REFERÊNCIAS
1. ENGEL, Randall G. et al. Química orgânica experimental: técnicas de escala
pequena. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
2. KRAUSE, L. C. Desenvolvimento do Processo de Produção de Biodiesel de
Origem Animal. 2008. f. 147 tese (Doutorado em Química) – Universidade Federal
de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, 2008
3. MORETTO, E. e FETT, R. Tecnologia dos óleos e gorduras vegetais. Rio de
Janeiro: Varela, 1989.
4. QUESSADA, Talita P. Obtenção de biocombustíveis a partir de óleo vegetal
utilizando diversos catalisadores. 2007. Relatório (Graduação em Química –
Habilitação Bacharelado – opção em Química Tecnológica) – Universidade Estadual
de Londrina.
5. QUÍMICA NOVA. Biodiesel: Possibilidades e Desafios. Disponível em:
http://zeus.qui.ufmg.br/~qgeral/downloads/material/biodiesel.pdf. n° 28, MAIO 2008.
Acesso em: 20 nov. 2020.
6. RINALDI, R. et al. Síntese de Biodiesel: Uma proposta contextualizada de
experimento para laboratório de química geral. Quim. Nova, Vol. 30, No. 5,
1374-1380, 2007. Disponível em Acesso em 16 nov. 2020.
7. SCHUCHARDT, U.; SERCHELI, R.; VARGAS, R. M.; J. BRAZ. Chem. Soc. 1998,
9, 199
8. TOLMASQUIM, M.T. Fontes renováveis de energia no Brasil. Rio de Janeiro:
Interciência, 2003.
9. VOLLHARDT, K. P. C.; SCHORE, N. E.; Química Orgânica: Estrutura e Função,
Bookman: Porto Alegre, 2004.