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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE

CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS COLEGIADO DO CURSO DE


DIREITO

ÉTICA DO ADVOGADO:
RESPONSABILIDADE CIVIL.

MONALISA FREITAS DE LIMA DE JESUS

CAMAÇARI
2018
MONALISA FREITAS DE LIMA DE JESUS

ÉTICA DO ADVOGADO:
RESPONSABILIDADE CIVIL.

Pesquisa redigida como requisisto para


nota parcial da disciplica ètica
Profissional, do Curso de Direito da
Universidade do Estado da Bahia –
UNEB.
Professora: Ana Maria

CAMAÇARI
2018
ÉTICA DO ADVOGADO

A Constituição Federal do Brasil estabelece no seu art. 133 que o advogado “O


advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. O estudo da ética constitui
extrema relevância ao profissional do direito por existir uma série de situações passíveis de
orientação moral para que a atividade seja desempenhada com o senso de justiça que se
espera.

A profissão do advogado apresenta um múnus social, devendo este prestar


compromisso com a sociedade, agindo com base no que dispõe as normas que regem a
profissão.

A palavra ética deriva do grego Ethos, que trata da parte da filosofia que estuda os
valores morais e os princípios ideais da conduta humana; podem ser definidas também como
o conjunto de normas e princípios morais que devem ser respeitados no exercício de uma
profissão (MICHAELIS, 2002, p. 327).

No Direito, quando se fala em ética jurídica, seriam o conjunto de normas que regulam
a atividade jurisdicional, com objetivo de estruturar o exercício da profissão e do próprio
profissional da área jurídica. O advogado, no exercício da profissão, deve prezar sempre pelos
seus princípios, conforme já preleciona Eduardo Jorge Couture, “a advocacia (...) ao mesmo
tempo arte e política, ética e ação. Como ética a advocacia é um exercício constante de
virtude. ” (COUTURE, 1999, P. 10)

Quando a ética profissional passa a ser objeto de regulamentação legal, os topoi


convertem-se em normas jurídicas definidas, obrigando a todos os profissionais. No
caso da advocacia brasileira, a ética profissional foi objeto de detalhada
normatização, destinada aos deveres dos advogados, no Estatuto anterior e no
Código de Ética Profissional, este datado de 25 de junho de 1934. O Estatuto da
Advocacia e da OAB de 1994 (Lei n. 8.906/1994) preferiu concentrar toda a matéria
no Código de Ética e Disciplina, editado pelo CFOAB em 1995 e revisto em 2015.
Revista Jurídica da Escola Superior de Advocacia da OAB-PR Edição 01 - Agosto
de 2016 No capítulo da Ética do Advogado, o Estatuto da Advocacia e da OAB
enuncia princípios gerais, balizando a regulamentação contida no Código de Ética e
Disciplina. (LOBO, 2016, p. 3)

O advogado deverá agir de forma respeitosa perante a classe da advocacia, de acordo


com o que dispõe o Código de Ética e Disciplina e o Estatuto da advocacia.
O Estatuto da advocacia, no seu art. 31, dispõe que:

Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e
que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer
circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de
incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.

A independência é um dos pressupostos da advocacia, sem ela não há a advocacia


propriamente dita, para que haja confiabilidade do cliente ao seu advogado, é necessário que
este último não limite a sua atividade jurisdicional, “a independência do advogado está
estreitamente ligada à independência da Ordem, que não se vincula nem se subordina a
qualquer poder estatal, econômico ou político. É grande e permanente a luta dos advogados,
em todo o mundo, para preservar sua independência diante das arremetidas autoritárias
frequentes dos donos do poder.” (LOBO, 2016, p. 8)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO

A responsabilidade civil do advogado assenta-se nos seguintes elementos: a) o ato (ou


omissão) de atividade profissional; b) o dano material ou moral; c) o nexo de causalidade
entre o ato e o dano; d) a culpa ou dolo do advogado; e) a imputação da responsabilidade civil
ao advogado (LOBO, 2016).

O Estatuto da OAB, no seu art. 32, dispôs que “o advogado é responsável pelas
atividades que praticas com dolo ou culpa”, isto nos faz chegar à conclusão que a
responsabilidade civil do advogado é subjetiva, exigindo a verificação da culpa , cabendo ao
advogado provar além das hipóteses de exclusão da responsabilidade, que não agiu com
culpa (MACHADO, 2017).

O advogado tem obrigação de prudência (obligation de prudence). Incorre em


responsabilidade civil o advogado que, imprudentemente, não segue as
recomendações do seu cliente nem lhe pede instruções para segui-las. Na hipótese de
consulta jurídica, de acordo com Moitinho de Almeida, o conselho insuficiente deve
ser equiparado à ausência de conselho, sendo também imputável ao advogado a
responsabilidade civil (1985, p. 18). É exceção à regra de não cabimento de
responsabilidade civil em razão de exercício de consultoria jurídica, consagrada no
STF: “O parecer meramente consultivo não possui caráter vinculante e não justifica,
portanto, a responsabilização do advogado que o assina” (MS 30.892).
Dentre os dispositivos no ordenamento jurídico que tratam da responsabilidade civil
aplicada ao advogado, podemos citar o art. 186 do Código Civil que dispõe que “Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ”

A perda da ação, por decisão judicial, não implica responsabilidade civil do advogado,
salvo se a ele possa ser imputado dolo ou culpa. Mas a perda negligente de prazo gera
responsabilidade civil por danos morais e materiais, em virtude da teoria da perda de chance
(STJ, REsp 1.079.185)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO. Suposta conduta negligente na


prestação dos serviços de advocacia. Julgamento antecipado da lide.
Inadmissibilidade. Início de prova documental apontando para o nexo de
causalidade entre a conduta do Réu e os danos experimentados pela Autora.
Necessidade de dilação probatória para aferição do nexo de causalidade e da
extensão dos danos. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. (TJ-SP - APL:
01926745920108260000 SP 0192674-59.2010.8.26.0000, Relator: Berenice
Marcondes Cesar, Data de Julgamento: 10/06/2014, 27ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 30/06/2014)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988

COUTURE, Eduardo Jorge. Mandamentos do advogado. Trad Ovídio A. Baptista e Carlos


Otávio Athayde. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1999, p. 10.
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Notas Introdutórias à Ética Jurídica. São Paulo: Desafio
Cultural, 2002.
MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos,
2002.
BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1a edição
Paulo Lôbo - Revista Jurídica da Escola Superior de Advocacia da OAB-PR Edição 01 - Agosto de
2016

MACHADO, Paulo. 10 em Ética. 4ª edição. Editora Armador: Salvador, 2017.

http://admin.oabpr.org.br/imagens/revistajuridica/artigos/1/4.pdf

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