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5ª aula – FILODOFIA DA EDUCAÇÃO

FOUCAULT, A FILOSOFIA ANTIGA E A EDUCAÇÃO

Qual a relação de Foucault com a educação? Uma relação óbvia é


posta pelo tema do poder. Foucault estudou e descreveu práticas
disciplinares. A escola é um lugar chave para “disciplinas”. Assim,
estudar o poder na escola, o que se faz nas práticas pelas quais o
poder que se faz sentir no âmbito escolar, é algo tem tudo a ver com
Foucault.  A questão é saber por qual razão se faz isso?

A melhor razão ainda é a do próprio Foucault. E isso é visível quando


perguntamos a Foucault no que ele esteve interessado.

A resposta de Foucault sobre seus interesses foi só uma: o sujeito. A


modernidade se preocupou com o sujeito como instância na qual o
conhecimento se dá. Caso tenhamos que estudar o conhecimento,
então, para os modernos o melhor seria estudar, antes, aquele que
conhece – o sujeito. Os filósofos modernos, todos eles, elaboraram o
seu desenho de sujeito – o seu mapa do eu. Assim, se há falhas no
conhecimento, elas devem ser procuradas antes na instância que
conhece que propriamente na narrativa que mostra o conhecido.
Foucault entendeu muito bem esse objetivo dos modernos. Mas ele
reconsiderou o problema da seguinte maneira: talvez eu não tenha
que me preocupar com o sujeito como o local do conhecimento e o
elemento que criva o que é o verdadeiro e o falso ou, ao menos, dá o
crivo para julgar o verdadeiro e o falso, mas tenha mesmo de saber
como é que criamos a figura do sujeito.

Foucault buscou contar a história da subjetividade. Para tal, procurou


ver a constituição do indivíduo e, então, a partir daí, contar como a
filosofia, por abstração, montou seu conceito de sujeito moderno. A
hipótese de Foucault foi a seguinte: os mecanismos de poder, ou
seja, as práticas disciplinares, ao longo de toda uma história da
cultura e da civilização, buscaram fazer o que Nietzsche chamou de
processo de tornar o homem um animal capaz de prometer e cumprir
o prometido. Sendo assim, são as práticas disciplinares que forjam
aquele que é “consciente de seus pensamentos e responsável pelos
seus atos”, o sujeito, aquele que promete e cumpre. O homem assim
promete porque a vida social implica em promessas. Cumpre por
receios, medos, condicionamentos e, principalmente, culpa e angústia
diante do possível arrependimento. Tudo isso, que é tipicamente o
que preenche uma subjetividade, é o que se fez por meio de práticas
disciplinares. Na escola, então, isso é mais que visível, uma vez que
toda a educação moderna é, explicitamente, uma educação voltada
para a criação do sujeito no indivíduo.
As práticas disciplinares passaram de violentas para sutis e, então,
foram mais eficazes. Isso Foucault mostrou na sua visão história da
modernidade. Essas práticas mostraram o que Foucault chamou de
positividade do poder. O poder molda, é claro, mas não reprime no
sentido do não deixar fazer; o poder se exerce no sentido de tornar o
agente mais ativo do que é, fazendo o que é necessário para sua
produtividade social enquanto sujeito que se constitui. A construção
da identidade, dos sentimentos, das formas de consciência e dos
modos de responsabilidades, ou seja, tudo que constitui um sujeito, é
algo que, na escola, encontra um ambiente propício para acontecer.

Chegamos, então, na razão pela qual se pode estudar a escola, na


ótica de Foucault, e ao mesmo tempo não sair dos objetivos pelos
quais se estuda o poder, inclusive na escola. Foucault está
preocupado com os processos de subjetivação. O exercício do poder,
inclusive e sobretudo na escola, mostra esse panorama.

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