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RESENHA COERÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES:

Aprender a se esquivar, e basicamente relacionado ao o que acontece


com o indivíduo caso ele faça ou não faça algo. O sujeito de laboratório,
aprende por meio da esquiva de choques, tudo o que o rato fizer, fará com que
ele leve um choque, até que ele aprenda que deve pressionar a barra de
esquiva. Ao pressionar a barra, o sujeito de laboratório desligará o próximo
choque, para este sujeito, o ato de pressionar a barra é o único que não será
seguido por um choque. Desta forma, o sujeito aprenderá rapidamente que
apenas o pressionar a barra, é seguro, ou seja, o único comportamento que
não será punido.

O sujeito de laboratório aprenderá a pressionar a barra no momento


certo. Mesmo sem sinais de aviso, ou seja, apenas o punindo por tudo que ele
fizer, o sujeito aprenderá da mesma forma. A mesma ocorre com sujeitos fora
do ambiente laboratorial, nós aprendemos qual é o caminho mais seguro, ou
com sinais de aviso, ou com punições sem aviso.

Aprender como este processo coercitivo funciona é mais fácil no


ambiente laboratorial, visto que fora dele, o processo é mais lento, como por
exemplo, uma mulher pode sofre abuso físico durante anos pelo marido, e só
depois, descobrir que ir embora, é a sua única barra segura. Além de que, a
variedade de choques, as formas de esquiva, o número de pessoas envolvidos
e o período de tempo são muitos, ao ponto de tornar-se o estudo laboratorial
mais prático.

Nós emitimos muito comportamento de esquiva, em todos os sentidos e


situações da vida, quando estudamos, estudamos para não ir com nota baixa,
e não para termos notas boas, por exemplo. A maior parte da população
mundial, trabalha não para obter bens materiais de entretenimento, mas para
evitar a fome, o frio e a sede. Da mesma forma que vivemos em um mundo
coercitivo, nós praticamos a coerção nos outros também, mesmo sem
perceber, e o modo mais comum é a coerção por meio da esquiva, como por
exemplo “faça o que eu digo, se não...”.

Quando não há sinais de avis, a desistência é muito comum, quando há,


o sujeito ainda tem liberdade, fazendo outras coisas e só voltando para
pressionar a barra quando é necessário, quando não há avisos, o sujeito fica
preso no ritual de pressionar a barra.

Ameaças constantes, podem acabar com o potencial de aprendizagem


do sujeito, é claro, o sujeito aprende com a esquiva, mas não muito mais do
que isso. Se um sujeito, neste caso fora do ambiente laboratorial, cresceu
aprendendo por meio da esquiva, ele será capaz de realizar apenas aquilo que
lhe é proposto, e não será capaz de se arriscar. Algumas populações, passam
a vida aprendendo pela esquiva, dessa maneira, elas nunca saíram do básico:
a sobrevivência.

Indivíduos que crescem aprendendo pela esquiva, se tornam aqueles


que não tentam coisas diferentes, para eles, quanto menos opções, mais
seguro ele ficara, assim como não tomar nenhuma decisão errada, apenas não
tomando nenhuma decisão. “Não” é mais seguro do que “Sim”.

Quando ocorre a coerção social, é complicado lidar com ela, nós temos
forte exemplo da coerção social: os terroristas, indivíduos que não tem nada e
que sua existência é basicamente pressionar a barra de esquiva, ou seja, o
básico: sobreviver. E de repente, eles assistem na TV pessoas felizes, cuja
qualidade de vida é boa, e cuja barra de esquiva não é tão pressionada, para
os terroristas, a esperança de ter algo é tão grande, que acabam por ameaçar
os que tem, como quem diz “dê-me o que eu quero, ou eu tirarei de ti tudo o
que tens”. Eles ameaçam a vida de outras pessoas, mas se tirarmos a única
coisa que eles acreditam, não lhes sobrará nada.

APRENDIZAGEM LENTA

É comum a aprendizagem por esquiva ser lenta quando a punição é


infrequente, ou seja, quando há falhas na punição, o indivíduo pode demorar
para perceber que está sendo sucedido ou não em pressionar a barra.

A esquiva, pode ser extremamente forte quando já aprendida, mas


também é extremamente frágil quando está no processo de aprendizagem,
desta forma, é mais fácil que o indivíduo espere pelo choque para então reagir
com fuga, do que reagir antes que isto ocorra, por exemplo, construímos
inúmeros prédios com fortes demandas elétricas, mesmo com as fontes de
energia se esgotando, continuando assim até que toda fonte se esgote, ao
invés de pesquisarmos alternativas para evitar o esgotamento da fonte de
energia.

A esquiva tem a aprendizagem muito lenta, mais lenta do que a fuga, por
exemplo, um indivíduo aprender que cigarro faz mal e parar de fumar apenas
pela fala do médico, é mais lento do que este aprender quando ter uma parada
cardíaca. Podemos dizer que a medida que os choques diminuem, a esquiva
começa a ser menos necessária, desta forma, é necessário que tenhamos
experiências vividas para que saibamos da importância de pressionar a barra
de esquiva.

SUPERTIÇÕES

Contingências de esquiva, quando há falta de precisão, podem ensinar


mais do que é desejável, tornando o indivíduo sobrecarregado. É comum que
fortalecemos um comportamento bem antes do indivíduo receber um reforçador
ou seja, criamos superstições, por exemplo, bater na madeira para não ter má
sorte.

EVITANDO O INEVITÁVEL

Há um paradoxo quando estamos falando de esquiva, quando,


finalmente nos tornamos bem-sucedidos na esquiva, desaprendemos, e então
precisaremos reaprende-la.

Se o sujeito do laboratório obtiver choques infrequentes, de maneira que


ele não consiga mais distinguir o que é seguro e o que não é, certamente ele
não irá fazer mais nada, a não ser pressionar a barra de esquiva, isso ocorrerá
mesmo quando o comportamento de pressionar a barra de esquiva não será
mais necessário, já que os choques viram da mesma forma. É enorme o poder
de controle de uma punição indiscriminada, e seus praticantes, são seres
brutais e desumanos. Um exemplo disso, é o comportamento dos carcereiros
nos campos de concentração, durante a segunda guerra mundial, onde os
carcereiros escolhiam os prisioneiros conforme o comportamento deles, para
nunca mais voltar, porém, com o passar do tempo, para que os carcereiros não
precisassem mais observar o comportamento dos prisioneiros, passaram a
escolher aleatoriamente. Se os choques fossem apenas dolorosos, os
prisioneiros poderiam ter tido como fuga, a própria morte, mas como o choque,
era a própria morte, a contingência era a própria morte.

A mudança de comportamento dos carcereiros se deu, pois os


prisioneiros, a partir da punição por conta de um comportamento inaceitável,
passaram a se comportar de maneira “dócil”, por conta disso, os carcereiros
exerceram neles choques não contingentes, para que os prisioneiros
mantivessem este comportamento.

É raro encontramos o controle por punição não-contingente sendo


praticado no nosso dia-a-dia, apenas quando pensamos naqueles lugares onde
pessoas indesejadas ficam, como por exemplo: hospitais psiquiátricos, escolas
para deficientes mentais, casas de repousos para idosos, entre outros. Isso
ocorre quando primeiramente com a esquiva, para tornar o trabalho dos
guardiões mais fácil, e depois, a punição é aplicada não-contingentemente para
manter o comportamento dessas pessoas.

FUGA DA ESQUIVA

Quando falamos de um aluno de uma escola especial que fugiu,


pensamos nele como um coitado, mas nós não sabemos realmente, se este foi
o seu comportamento mais racional, pois ninguém sabe se o seu ambiente
educacional não é coercitivo. Ou quando falamos de um prisioneiro que fugiu
da prisão, pensamos que esse é um comportamento depravado, pois quem
imaginaria viver lá fora, como um “animal caçado” ao invés da segurança da
prisão? Muitas vezes, a própria prisão não é tão segura.

A análise do comportamento, embora não possa mudar este mundo


coercitivo, pode ao menos, mostrar para nós, qual o resultado deste. Quando
há dúvidas, a análise do comportamento pode tentar encontrar as respostas.
Da mesma forma que para o governo a “ignorância da lei não é desculpa” para
a análise do comportamento, a “ignorância dos efeitos de nossas decisões
sobre os outros é indesculpável”.

CAPÍTULO 10 – COMO NOS ESQUIVAMOS?


Existem várias faces da esquiva, as que serão apresentadas, é de
extrema importância para seu entendimento.

ESQUIVA ADAPTATIVA

Uma pessoa que se esquiva, é tida como “prevenida” e que “mantem o


controle”, ela pode se esquivar de diversas formas, como por exemplo, uma
pessoa pode evitar o fracasso ao treinar seu discurso, ela pode também evitar
ficar com frio ao colocar roupas quentes, mas quando falamos de uma pessoa
prevenida. Falamos das características de personalidades, e estas não
explicam nossas ações, nosso comportamento pode ocorrer possivelmente
devido as contingências de esquiva arranjadas por conta do nosso ambiente.
Desta maneira, uma pessoa “prevenida” provavelmente já obteve instrução
verbal, ou já recebeu um choque, ao qual hoje, se esquiva efetivamente. Mas é
comum ver, também, que há choques tão raros, que até esquivas úteis para o
sujeito, não é aprendido, como por exemplo, obesidade, mesmo ela sendo
relacionada com diabetes e hipertensão, obesidade ainda é comum no mundo.

PERMANECENDO FORA DO MUNDO

Podemos chamar de um ato de esquiva, quando um sujeito foge de


todos os ambientes coercitivos e mantêm distância, fazendo tudo o que pode
para impedir que ele se encontre neste ambiente novamente. Um bom exemplo
é quando um jovem desiste de sua comunidade original, onde ele é julgado,
para ir para um local empobrecido, fora do alcance dos olhares julgadores.
Porém o local que ele encontra, por mais que no início possa parecer bom, ou
seja, que tenha reforçadores positivos, mais tarde, o jovem percebera que essa
comunidade antes maternal, é agora, um outro ambiente coercitivo, muito mais
perigoso que o anterior, e pode acontecer, de quando o jovem emitir um
comportamento de fuga, pode ser tarde demais. Ao ouvir histórias como essas,
podemos pensar que a culpa é do segundo ambiente, mas na verdade, a culpa,
é da coerção que permeia as interações sociais normais. Se pretendemos
mudar esta realidade, devemos primeiramente, admitir que o comportamento
destes jovens perdidos é de esquiva, para então compreender as origens
desta.

NÃO É PROBLEMA MEU


Muitas vezes, nos esquivamos de maneira que não assumimos
responsabilidade alguma, por exemplo, uma grande parte da população não
leva a sério a política, desta maneira, tiram sarro, não comparecem a
audiências públicas, e não acompanham o andamento político nacional, desta
menira, os políticos virão o público como insignificante, e então, eles cuidarão
apenas deles mesmos, e repetirão “Deixe que eles se defendam sozinhos” e
isso causará uma catástrofe nacional. Mas seria mais fácil se apenas
evitássemos que isso acontecesse apenas cuidando da política nacional.

Mesmo quando não tomamos uma decisão, estamos tomando uma


decisão, por exemplo, se um executivo não se manter informado acerca de
seus funcionários, estará dizendo “façam o que vocês quiserem”. Mas porque o
não-envolvimento está acontecendo? Se analisarmos mais de perto este
comportamento, veremos que este é um tipo de esquiva, pois, ao interagirmos,
podemos ser atingidos por vários choques, como quando temos nossa paz
perturbada ou nossa rotina quebrada.

QUEM PORÁ A BOCA NO TRAMBONE?

Comumente, nós nos negamos a “pôr a boca no trombone”, é mais fácil


fingir que não viu. Por exemplo, quando uma entidade publica decide punir um
cidadão que possa infligir a proteção público, mas se isso vier a público poderá
acabar com a imagem desta entidade, então ela priorizará sua imagem. E as
pessoas que põe a boca no trombone, acabam por ser punidas, e então é
comum que as pessoas vejam estas pessoas serem punidas e pensarem
“botar a boca no trombone é errado”.

SE VENDE, DEVE SER BOM

Hoje se você tiver algo, e este algo não tiver a qualidade necessária
para venda, tal como utilidade, entre outros, se você conseguir vender o
produto, você e seu algo serão valorizados, mas, se você não o vender,
ambos, não terão nenhum valor. Hoje, se prioriza não a qualidade do produto,
mas a venda tbm.

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