Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANÁPOLIS–GO
2012
EUGÊNIO DE SOUZA VIANA
ANÁPOLIS–GO
2012
EUGÊNIO DE SOUZA VIANA
BANCA EXAMINADORA
ii
Á Deus, pelas alegrias, pelo convívio, pelos amigos e pelos professores que
tive ao longo da minha vida, os quais contribuíram para definir meu caráter,
minha personalidade e esperança em algo melhor;
Em especial à minha família, que sempre esteve em todos os momentos de
minha vida, e é por ela que procuro esquecer a distância que nos separa
tentando buscar a realização dos meus objetivos.
iii
AGRADECIMENTOS
iv
RESUMO
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 10
vi
4.2 O MÉTODO .................................................................................................................... 41
4.3 DADOS PRELIMINARES ............................................................................................ 42
4.4 DELIMITAÇÃO DA BHD ............................................................................................ 42
4.5 CÁLCULO DO VOLUME ESCOADO ANUAL MÉDIO ( VESC). ................................ 43
4.5.1 Determinação do L600 Padrão. ............................................................................... 44
4.5.2 Determinação dos fatores de correção.................................................................. 45
4.5.3 Estimativa da pluviometria média anual. ............................................................ 47
4.5.4 Determinação dos coeficientes C e A. ................................................................... 48
4.5.5 Cálculo do volume escoado anual médio. ............................................................. 49
4.6 CÁLCULO DA VAZÃO MÁXIMA DA CHEIA DE PROJETO ................................... 49
4.6.1 Determinação da superfície de contribuição de cheia (Sc) ................................. 49
4.6.2 Fator de Correção (FC).......................................................................................... 50
4.7 DIMENSIONAMENTO DO AÇUDE ............................................................................ 50
4.7.1 Cálculo dos coeficientes geométricos α e K .......................................................... 50
4.7.2 Volume e cota máxima da represa ....................................................................... 52
4.7.4 Dimensionamento do canal extravasor................................................................. 54
4.7.5 Amortecimento de cheias ...................................................................................... 56
4.7.6 Altura final da barragem ....................................................................................... 58
4.7.7 Largura da crista e comprimento da projeção dos taludes ................................ 59
4.7.8 Estimativa do volume de terra e m função da altura da barragem ................... 60
4.8 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DO POÇO
ARTESIANO ........................................................................................................................ 61
4.8.1 Dimensionamento do conjunto motobomba ........................................................ 62
4.9 ESCOLHA DAS CULTURAS E DIMENSIONAMENTO DA SUPERFÍCIE DO
PERÍMETRO IRRIGADO.................................................................................................... 67
4.9.1 Cálculo do volume disponível ................................................................................ 68
4.9.2 Cálculo do volume de abastecimento .................................................................... 69
4.9.3 Cálculo do volume por hectare.............................................................................. 69
4.9.4 Cálculo do volume de perdas ................................................................................. 71
4.9.5 Cálculo final da superfície potencial do perímetro ............................................. 72
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 74
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 84
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 85
ANEXO................................................................................................................................. 90
viii
1 INTRODUÇÃO
A formação de lagos artificiais através do barramento constitui uma das mais antigas
técnicas de aumentar as disponibilidades hídricas para atendimento de demandas por águas
pelas sociedades. São dotadas de mecanismos de controle com a finalidade de obter a
elevação do nível de água ou criar um reservatório de acumulação ou de regularização de
vazões (ATLAS DIGITAL DAS ÁGUAS DE MINAS, 2011).
Ainda segundo Atlas Digital das Àguas de Minas, 2011, a sustentabilidade da
agropecuária, na maior parte das propriedades agrícolas, é dependente da reserva de água para
uso em períodos de escassez, o que é geralmente resolvido com a construção de pequenos
reservatórios. Em áreas rurais utiliza-se a construção da barragem de terra para uma série de
finalidades, destacando-se a irrigação, seguida de: abastecimento da propriedade, piscicultura,
recreação, dessedentação de animais, dentre outras.
A escolha de um determinado tipo de barramento de água para uma determinada
seção é um problema tanto de viabilidade técnica quanto de custo. Entretanto, no meio rural
há um predomínio das barragens de terra, em consequência da facilidade de construção e
valor da obra. Em uma definição mais comum as barragens de terra nada mais são que muros
de retenção de água suficientemente impermeáveis, construídos de terra e materiais rochosos
,segundo misturas e proporções adequadas em locais onde a topografia se apresente
suavemente ondulada e onde existam áreas de empréstimo de material argiloso/arenoso
suficiente para construção do maciço compactado, e em local próximo e de fácil acesso
(CARVALHO, 2008).
Em várias propriedades é comum encontrar construções dessa natureza sem nenhum
tipo de dimensionamento técnico e sem obedecer a aspectos básicos de segurança com o
intuito de reduzir os custos da obra. No entanto a construção de uma barragem de terra
necessita de um projeto que contemple os vários conhecimentos de engenharia incluindo os de
preservação ambiental.
Os lagos artificiais brasileiros, formados por represamento de rios ou águas
subterrâneas, recebem diferentes denominações, tais como: represas, reservatórios, açudes,
etc., que nada mais são que sinônimos, uma vez que eles têm a mesma origem e finalidade.
O fato de a maioria das propriedades rurais não possuírem cursos d’água dentro de
suas terras, faz com que o uso dos recursos subterrâneos se torne o único meio de se produzir
uma cultura irrigada. Quando a vazão requerida pelo perímetro a ser irrigado é maior que
aquela que um poço fornece, pode-se optar pelo represamento da água do mesmo.
9
2 OBJETIVOS
10
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
11
3.2 IRRIGAÇÃO
12
O Censo de 2006 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas-
IBGE mostrou que o Brasil irrigava 4,45 milhões de hectares, um aumento significativo de
1,8 milhão desde o Censo, de 1996, quando a área era de 2,66 milhões de hectares. O gráfico
da Figura 1 mostra a evolução da irrigação brasileira em cada região do país.
Dados mais atuais dizem que a área irrigada no Brasil corresponde a apenas 6% da
área plantada, mas em contrapartida, a produção advinda da irrigação é responsável por mais
de 16% da produção e por 35% do valor econômico gerado pelo setor agrícola.
13
Tabela 1. Estimativa da Evolução do Produto Interno Bruto no Nordeste por Sub-Regiões.
3.3 AÇUDES
14
3.3.1 Açudes no Brasil
O Brasil possui a maior rede de açudes do mundo sendo que a grande maioria
encontra-se na região nordeste do país com quase 70.000 reservatórios e com um volume
armazenado de cerca de 37 bilhões de m³ de água. Os açudes multiplicam-se com métodos
construtivos cada vez mais avançados feitos com aprimoramento e rigor técnico por
engenheiros brasileiros (S.O.S RIOS DO BRASIL, 2010)
15
FIGURA 2. Vista superior do maciço, espelho d’água e canal extravasor.
Fonte: Atlas digital das águas de Minas, 2011.
3.3.3.1 Taludes
16
Tibau (1977) citado por Landerdahl (2010) afirma que o talude de montante, é mais
extenso e, por consequência, mais inclinado, oferece maior superfície à pressão da água no
reservatório, cujo efeito é aumentar a estabilidade da barragem, anulando a tendência ao
deslizamento e proporcionando simultaneamente maior resistência à infiltração. O talude de
jusante, além da função de aumentar a estabilidade, concorre para que a projeção da linha de
infiltração (linha que água percorre dentro do aterro) se mantenha dentro do corpo da
barragem, pois do contrário, provocaria a sua queda.
Corresponde a parte mais alta do aterro. É a parte superior da barragem. Sua largura
depende da altura da obra, não devendo nunca ser inferior a 3,0 m. No caso de servir também
de estrada deve ter largura de 6,0 m. Aumentando-se a largura da crista, aumenta-se a
estabilidade da barragem, porém aumenta-se também o custo de construção. A altura do açude
por sua vez é a distância entre a base e a crista.
Borda livre ou folga, é a distância mínima entre a superfície da água quando o açude
estiver no nível máximo e a crista. Determina-se a borda livre de um açude, levando em conta
a altura, a velocidade máxima das ondas e a aceleração da gravidade local.
Muitas vezes para efeito de segurança e com o objetivo de diminuir a infiltração, usa-
se colocar no centro do aterro um núcleo (miolo) de terra boa (argilosa), como se fosse um
muro ou uma parede; esse núcleo diminui o caminhamento da água no corpo do aterro
(CARVALHO, 2008).
17
3.3.3.5 Extravasor ou sangradouro
3.3.3.6 Fundação
(a) Abertura da vala (b) solo argiloso (c) compactação com rolo
FIGURA4. Detalhes da construção da fundação Barragem de terra no Semiárido mineiro,
construída pela Ruralminas - bacia do Jequitinhonha, município de Medina – MG.
Fonte: Atlas digital das águas de minas ,2011.
18
3.3.4 Aspectos técnicos para construção de açudes
19
3.3.4.3 Topografia
20
3.3.4.6 Vegetação
Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de captação natural da água da chuva
que escoa superficialmente para um corpo de água ou seu contribuinte (SEMA-RS, 2010). Os
limites da bacia hidrográfica são definidos pelo relevo, considerando-se como divisores de
águas as áreas mais elevadas. O corpo de água principal, que dá o nome à bacia, recebe
contribuição dos seus afluentes, sendo que cada um deles pode apresentar vários contribuintes
menores, alimentados direta ou indiretamente por nascentes (Figura 5).
21
A bacia hidrográfica geralmente apresenta grande extensão, por isso dificilmente se
procede ao seu levantamento a campo. A área da bacia pode ser obtida por meio de carta
topográfica do IBGE (exemplo na Figura 6), ou fotografias aéreas da região que será
estudada, ou ainda, por meio de um levantamento planialtimétrico do perímetro da bacia
(CARVALHO, 2008). A área de captação é um parâmetro fundamental a se saber, pois é
necessário conhecer o volume de água produzido a fim de verificar se o mesmo atende a
demanda de um açude a ser construído tendo como fonte de abastecimento a bacia em estudo.
22
ao levantamento topográfico plani-altimétrico, levantamento das características do solo e da
cobertura vegetal.
3.3.4.9 Hidrologia
23
3.3.4.10 Impactos ambientais
24
3.4 APROVEITAMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA.
Segundo Rebouças (2000) citado por Campos ( 2001), nos Estados Unidos, cerca de
25% da água doce disponível é de origem subterrânea e 95% da população rural abastece-se a
partir de poços. No Brasil embora não tenha estatísticas precisas nesse aspecto, há exemplos
de grandes cidades abastecidas por águas subterrâneas. A cidade de Natal no Rio Grande do
Norte com população de 700.000 habitantes é abastecida a partir de 123 poços tubulares, com
profundidade média de 80 metros, produzindo até 200 m³/h.
Há um acréscimo contínuo do número de empresas privadas e órgãos públicos com
atuação na pesquisa e captação de recursos hídricos subterrâneos. Mais que uma reserva de
água, as águas subterrâneas devem ser consideradas como um meio de acelerar o
desenvolvimento econômico e social de regiões extremamente carentes, e de todo o Brasil.
No Brasil, as secas são fenômenos frequentes que acarretam graves problemas
sociais e econômicos, como no Polígono das Secas, e também nas regiões Centro-Oeste, Sul e
Sudeste. Desta forma, a exploração de águas subterrâneas tem aumentado significativamente.
Vários núcleos urbanos abastecem-se desse recurso de forma exclusiva ou complementar.
Indústrias, propriedades rurais, escolas, hospitais e outros estabelecimentos utilizam água de
poços rasos e artesianos (PORTAL AMBIENTE BRASIL, 2012). Importantes áreas de
irrigação são mantidas com recursos hídricos subterrâneos, como na região da Chapada do
Apodi (RN e CE), o oeste baiano, região de expansão dos cerrados, dentre outras.
Em 2004, já se contabilizava no Brasil um total de 70.660 outorgas de direito de usos
construtivos dos recursos hídricos para fins diversos, em águas de domínio dos estados e da
união, totalizando uma vazão outorgada de 2.044 m³/s, sendo 1.955 m³/s de águas superficiais
e 89 m³/s de águas subterrâneas (COELHO, 2007). Apenas um dos reservatórios subterrâneos
encontrados na região Nordeste do país possui um volume de 18 trilhões de metros cúbicos de
água para o abastecimento humano. Isso é suficiente para abastecer a população brasileira
atual por, no mínimo, 60 anos. Os sistemas aquíferos brasileiros (Figura 8) armazenam
importantes excedentes de água doce e desempenham um importante papel socioeconômico,
devido à sua potencialidade hídrica.
25
FIGURA 8: Representação esquemática dos principais aquíferos brasileiros
Fonte: Portal São Francisco, 2012.
A água no interior do solo não existe apenas acima da camada impermeável, mas
também no interior ou abaixo da mesma, que é onde estão localizados os maiores lençóis de
água subterrânea, chamados de artesianos. A formação dos lençóis artesianos encontra-se
associada ao processo de formação da crosta terrestre. Através do material que deu origem a
camada rochosa podendo esse apresentar uma considerável porosidade permitindo a passagem
de água da chuva até o seu interior, e, através do posicionamento dos blocos rochosos
separados por falhas ou fendas interligadas a grandes galerias existentes no interior de rochas
localizadas em maiores profundidades ( PORTAL SÃO FRANCISCO, 2012).
Retirar água doce do subsolo por meio de poços é uma alternativa usada quando as
fontes superficiais são inexistentes ou insuficientes. Segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, Citada por Portal Ambiente Brasil, 2012, no Brasil, estima-se que existam
mais de 200.000 poços tubulares em atividade (irrigação, pecuária, abastecimento de
indústrias, condomínios, etc.), mas o maior volume de água ainda é destinado ao
abastecimento público.
26
A utilização de poços artesianos viabiliza economicamente uma propriedade rural
além de agregar valor à mesma. As vantagens da irrigação com poços artesiano são: aumento
da produção e do faturamento em mais de uma ou duas safras ao ano; diminuição da
dependência das condições climáticas (ocorrência de chuva), tanto no início quanto no final
da colheita; garantia de água com qualidade; e custo reduzido de distribuição de água.
Os poços artesianos captam água de aquíferos subterrâneos que por sua vez são
abastecidos pela água das chuvas e em alguns casos também pela neve (Figura 9).
27
3.5.2 Poços artesianos e semi-artesianos
Para não serem confundidos com os poços freáticos rasos, que em algumas regiões
do Brasil são conhecidos como cisternas, os poços freáticos tubulares são chamados também,
de poços de semi-artesianos ou pocinhos (MARKOWICZ et.al., 2006).
Ao contrário dos poços semi-artesianos, que são abastecidos apenas com água do
lençol freático, os artesianos captam água armazenada dentro ou abaixo da camada rochosa.
Nos lençóis artesianos são encontradas as maiores quantidades de água subterrânea e sua
formação está associada ao processo de formação da crosta terrestre (MARKOWICZ et.al., 2006).
Quando existirem o subsolo camadas de rochas que são permeáveis a passagem de
água, da mesma forma que acontece com o solo, as águas das chuvas que infiltram e chegam
até essa camada poderão chegar ao seu interior e formar um reservatório do tipo artesiano.
Outra maneira é através de falhas ou fendas existentes em grandes blocos rochosos que estão
interligados a grandes galerias localizadas a grandes profundidades. Geralmente os poços
artesianos podem ser perfurados em uma faixa de 50 a 400 m de profundidade.
28
FIGURA 10: Poço artesiano não- jorrante.
Fonte: MARKOWICZ et.al., 2006.
Os poços artesianos jorrantes (Figura 11) por sua vez, acontecem quando existe uma
diferença de carga ou energia entre a saída do poço e a parte mais alta do lençol artesiano que
o abastece. Nesse caso a energia hidráulica da água armazenada na parte mais alta do lençol
forçará, com certa pressão, a água a jorrar pela saída do poço.
29
FIGURA 11: Poço artesiano jorrante.
Fonte: MARKOWICZ et.al., 2006.
30
FIGURA 12: Fontes de contaminação de águas subterrâneas: fossa; plantação tratada com
agrotóxico; depósito de lixo; esgoto a céu aberto; leito de rio e instalação para animais.
Fonte: MARKOWICZ et.al., 2006.
.
Na escolha do local correto deve-se adotar uma distância mínima dessas fontes de
contaminação das águas e garantir que a construção ocorra em uma cota superior a esses
prováveis focos. Outra observação a ser feita, é que não se deve perfurar poços em leitos de
rios devido ao risco de infiltração de águas contaminadas.
31
O perigo de salinização segundo os técnicos do laboratório de salinidade dos Estados
Unidos citado por Teissedre (2011) é baseado na condutividade elétrica (CE) como indicadora
do perigo de salinização do solo e classificado de acordo com sua concentração total de sais
solúveis em:
C1 - Água com salinidade baixa, podendo ser usada na maioria das culturas e na
maioria dos solos com pouca probabilidade de ocasionar salinidade sendo necessária alguma
lixiviação (remoção por meio de água) o que ocorre em práticas normais de irrigação.
C2 - Água de salinidade média pode ser usada sempre que houver um grau moderado
de lixiviação. Nessas condições, plantas com moderada tolerância aos sais podem ser
cultivadas na maioria das vezes sem práticas de controle da salinidade.
C3 - Água com salinidade alta. Não pode ser usada em solos com deficiência de
drenagem e mesmo naqueles com drenagem adequada, podem precisar de práticas especiais
de controle, o que às vezes se torna inviável devido ao alto custo. Só pode ser usada em
culturas com boa tolerância aos sais.
C4 - Água com salinidade muito alta. Não é adequada para irrigação sob condições
normais, mas pode ser usada em condições muito restritas. Nesse caso os solos deverão ser
muito permeáveis com boa drenagem e devendo ser aplicadas grandes lâminas de irrigação
para que ocorra lixiviação. A água só pode ser usada em culturas que são bem tolerantes aos
sais.
Além disso, a qualidade da água se aplica também aos equipamentos de irrigação.
Certas águas apresentam tendência em corroer os equipamentos de irrigação, os rotores da
bomba, alargar o orifício dos aspersores etc. Outras apresentam propriedade de depositar
escamas de cal e/ou sílica e outros materiais levando ao entupimento dos sistemas de
irrigação.
Do ponto de vista químico a água de poços artesianos é geralmente de boa qualidade
com baixos teores em sais, exceto águas de grandes profundidades e em regiões semiáridas
que possuem concentração de cloretos e sulfetos, etc. que danificam o solo e prejudicam a
absorção por vegetais. Do ponto de vista biológico, raramente sofre contaminação por rejeitos
urbanos e industriais (TEISSEDRE, 2011).
32
seguintes partes: tubulação metálica, colocada na camada de aluvião; selo sanitário,
construído na superfície do solo (MARKOWICZ et.al., 2006).
3.5.5.1 Furo
Deverá ser instalada na camada de aluvião, ou seja, na parte que vai da superfície do
solo até a rocha. Deve ficar encabeçado no material rochoso e se estender até 60 cm acima da
superfície do solo (Figura 13).
Deve ser feito de concreto da superfície do solo até uma profundidade de quatro
metros. A função desse item é impedir a entrada de água das chuvas ou qualquer outro
material dentro do poço. Na construção do selo sanitário deve-se construir uma laje em volta
do tubo (Figura 14)
33
FIGURA 14: Esquema da disposição do selo sanitário na entrada do poço.
Fonte: MARKOWICZ et.al., 2006.
34
Porém esse material com o passar do tempo deve ser reposto devido à acomodação
da areia. E, para isso constrói-se uma tubulação de recarga de 50 mm de diâmetro conforme
mostrado na Figura 16.
Esse tipo de poço artesiano ocorre quando o subsolo for formado por material menos
consistente, como aluvião, areia e algumas rochas sedimentares já em decomposição. O
revestimento evitará que a água ao escoar através dos poros atinja a parede do poço e
provoque desmoronamento e comprometa o funcionamento do mesmo (MARKOWICZ et.al.,
2006).
Os dois primeiros metros a partir do fundo poço devem ser revestidos com tubo cego
devendo ser fechado na parte inferior evitando a entrada de areia. Nos trechos onde existe
água, o poço deve ser formado por filtros e onde não houver, por tubos cegos (Figura 17).
O ideal é que os filtros sejam instalados desde o início de cada camada armazenadora
de água até dois metros abaixo desta, ou seja, que eles entrem dois metros na rocha. Isso
maximiza a captação de água mesmo com o rebaixamento do lençol em épocas de seca.
(Figura 17).
35
FIGURA 17. Poço artesiano revestido e posição recomendada para os filtros.
FONTE: MARKOWICZ et.al., 2006.
No local onde se instala a moto bomba utiliza-se um tubo cego de quatro metros de
comprimento com a finalidade de evitar aspiração de areia pra dentro do poço e possíveis
desmoronamentos decorrentes do fluxo da água. (Figura 18).
Para que a água seja levada do subsolo até a superfície, é preciso dimensionar
corretamente a motobomba. Para isso é necessário conhecer alguns parâmetros.
37
3.5.10.1 Nível estático do poço
Corresponde ao nível em que a água chega dentro do poço quando essa está
submetida ao bombeamento. Para cada vazão bombeada, o nível dinâmico terá uma
profundidade diferente, até que vazão máxima do poço seja atingida (Figura 21). Para
determinar esse parâmetro a empresa perfuradora utiliza uma bomba de teste bombeando uma
vazão desejada e um registro que permita variar essa vazão anotando o nível dinâmico do
poço para cada uma delas (MARKOWICZ et.al., 2006).
38
3.5.10.3 Altura manométrica
39
FIGURA 23: Medição da vazão de um poço recém-aberto.
Fonte: MARKOWICZ et.al., 2006.
40
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 O PROJETO
4.2 O MÉTODO
41
A precisão dos resultados obtidos por este método indireto é evidentemente inferior a
de um estudo hidrológico clássico e completo da bacia; entretanto deve-se levar em
consideração o custo e a demanda de tempo (vários anos de observações) que o estudo
clássico exige, o método indireto pode ser utilizado quando necessita-se de informações em
tempo menor, para pequenos aproveitamentos hídricos.
Os dados para realização do projeto foram obtidos através de órgãos oficias dos
governos federal e estadual. Foram usados, dados fornecidos pela Superintendência de
Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), além do uso da ferramenta Google Earth para obtenção da área da bacia com
maior precisão.
A propriedade está em uma altitude de 441m acima do nível do mar, localizada na
latitude 10º52´13.87´´(Sul) e longitude 43º32´56.46´´(Oeste) a 18 km da cidade de Buritirama
na região Oeste do estado da Bahia, distante 867 km de Salvador. O clima da região é do tipo
Semiárido com longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas em poucos meses do ano. A
pluviometria média anual fica entre 800 e 900 mm anuais e será mais precisamente calculada por
interpolação de isoietas presentes no mapa de pluviometria da região (Anexo A).
As formações geológicas da propriedade são constituídas a partir de
conglomerados/brechas; depósitos eluvionares e coluvionares; filitos; quartzitos e xistos. Para
classificação do solo é sempre aconselhável que se faça uma análise do mesmo. Aqui foi
determinado através do mapa exploratório de reconhecimento dos solos de Buritirama-Ba
tendo como base as coordenadas do local.
O relevo da propriedade é composto pelas formações do tipo depressão do São
Francisco, Serras Setentrionais do Planalto do Espinhaço, do tipo ondulado ou suave
ondulado e a vegetação da BHD caracteriza-se por ser uma zona de contato entre Cerrado
Arbóreo Aberto sem Floresta-de-Galeria, e Caatinga.
FIGURA 25. Fotografia aérea do local do açude com a delimitação da bacia hidrográfica de
contribuição.
FONTE: GOOGLE EARTH, 2004.
( )
( ) ( )
Em que:
L(p) = lâmina escoada da bacia, em mm;
C = fator de correção climática do local do barramento determinada a partir do mapa
de zoneamento climático (Anexo B);
A = fator de correção que varia em função do L600 corrigido;
43
p = pluviometria média anual estimada, em mm;
L600 = coeficiente que caracteriza a capacidade de escoamento de uma bacia se esta
fosse situada num local com precipitação anual média de 600 mm, na zona climática “Sertão”,
em mm.
De acordo com tabela tem-se Latossolo vermelho amarelo (VE) indicando L600 = 10
mm, e, Planossolo (PLS) indicando L600 = 70 mm. No cálculo do L600 padrão relaciona-se o
tipo de solo com o percentual da área que ele ocupa. Dessa forma o L600 padrão pode ser
expresso pela Equação 2:
44
( )
Em que:
SVE = percentual de área do Latossolo vermelho amarelo (VE) versus o L600
correspondente a esse tipo de solo;
SVA = percentual de área do Planossolo (PLS) versus o L600 correspondente a esse
tipo de solo.
Para o caso em estudo com SVE = 0,8 x 10; SPLS= 0,2 x 70 e tendo por base os
valores da tabela acima para os referidos tipos de solo, verificou-se um L600 padrão igual a 22
mm.
O valor final do L600 deverá ser corrigido em função do tipo de vegetação da bacia
hidráulica, a possível presença de outros açudes a montante e a presença de solos arenosos
profundos nos leitos dos rios e nas partes baixas das vertentes. O L600 corrigido foi calculado
pela Equação 3:
( )
Em que:
CV = fator de correção que considera o tipo de vegetação da BHD;
CA = fator de correção que considera a presença de outros açudes a montante;
CL = fator de correção que considera a presença de solos arenosos profundos nos
leitos dos rios e nas partes baixas das vertentes.
Os valores de CV variam entre 0,5 e 2, segundo o grau de conservação da vegetação.
O fator de correção (CV) pode ser obtido na Tabela 3.
45
TABELA 3 – Fator de correção do estado de conservação da vegetação CV.
Estado da cobertura vegetal Solos com 50 Solos com L600
mm < L600 < < 20 mm ou L600
20 mm >50 mm
CA <1 1 1,6
Fonte. Molle e Cadier ,1992.
46
solo presente e a escolha do fator é definido a partir da importância do volume absorvido por
essas áreas.
Para o caso em estudo verificou-se através do valor de L600 padrão um fator CV igual
a 1,00. Devido à ausência de açudes na bacia de alimentação, adotou-se 1,6 como o valor de
CA. A importância da retenção ao longo da bacia foi observada como normal por isso adotou-
se 1 como sendo o valor de CL. Assim utilizando a Equação 2, foi encontrado o valor de L600
corrigido igual a 35,2 mm.
( ) ( )
( )
Em que:
X = valor a ser somado a isoieta de menor volume, em mm;
Db = distância do local do açude até a isoieta de menor valor, igual a 4 Km;
D (ab) = distância entre as duas isoietas, igual a 24 km;
(a-b) = diferença de volume entre as isoietas, igual a 100 mm.
A soma de X com a isoieta a é igual à precipitação média anual P da região que neste
caso é igual a 820 mm.
De posse dos dados, de L600 corrigido = 35,2 mm; da pluviometria média anual P =
820 mm; do coeficiente C=1 e do coeficiente A= 0,0033, e utilizando a Equação 1 foi obtida
a lâmina escoada anual média da bacia hidrográfica que é igual a 72,75 mm.
48
4.5.5 Cálculo do volume escoado anual médio.
O volume que escoa por ano na bacia em m³, pode ser calculado utilizando a
Equação 5:
( ) ( )
Onde:
Vesc = volume escoado anual médio, em m3 .
S = superfície da Bacia Hidrográfica de Drenagem, em Km²;
L(P) = Lâmina anual média da bacia, em mm.
O volume escoado anual médio calculado foi igual a 64.021,00 m3 .
( )
Onde:
Q x = vazão máxima de cheia de projeto, em m³/s;
Sc = Superfície de contribuição de cheia, em Km²;
Fc = fator de correção.
( )
Onde:
S1 = superfície (em Km²) de solos com L600 < 4 mm;
S2 = Superfície (em Km²) de solos com 5 mm< L600 < 30 mm;
S3 = Superfície (em km²) de solos com L600 >30
49
Nesse caso Sc foi obtido tendo-se Sc = 0,5xS2 (solos com 30 mm > L600 >5mm) + S3
(solos com L600 > 30mm) . O valor encontrado para Latossolo vermelho amarelo (VE) com
L600 = 10 mm e Planossolo (PLS) com L600 = 70 mm foi igual a 0,528 Km2 .
( ⁄ )
( )
( ⁄ )
Em que:
α = coeficiente de forma;
S1 e S2 = áreas da curva de nível 1 e curva de nível 2 respectivamente;
H1 e H2 = alturas das curvas de nível 1 e curva de nível 2 respectivamente.
50
( )
( )
Em que:
K = coeficiente de abertura.
FIGURA 27: Curvas de níveis da bacia hidráulica utilizadas para obtenção dos coeficientes
geométricos.
.
O perfil topográfico da bacia hidráulica em três dimensões pode ser visualizado
através da Figura 28.
O volume escoado médio da bacia foi estimado em Vesc = 64.021,00 m3 . O açude foi
dimensionado de forma a otimizar economicamente o investimento. Um açude com
capacidade maior do que o volume escoado médio (Vx > Vesc) raramente encherá e, assim,
não valorizará o acréscimo no investimento que foi necessário para deixá-lo com esta
capacidade; dessa forma, para pequenos açudes o volume da represa Vx , deve ficar entre 50%
e 60 % de Vesc. Pode-se através disso também, garantir que o açude sofra sangria na ordem de
40 a 50% do volume escoado na bacia evitando a salinização do mesmo.
A cota máxima da represa é o nível máximo que a água chegará antes de sangrar, ou
seja, é a altura normal da água sendo igual à altura da soleira do sangradouro. A mesma foi
obtida através da Equação 10:
( )
( ) ( )
Onde:
Vx = volume do açude, em m3 ;
Hx = cota máxima da represa, em m.
A fim de verificar se os cálculos estão corretos, obteve-se o valor Vx a partir de Hx ,
K e α usando a equação 11:
( )
52
FIGURA 29: Esquema de um sangradouro lateral de formato retangular.
Fonte: Adaptada de Molle e Cadier, 1992.
( )
Onde:
Hv = altura de lâmina d’água máxima admissível acima da soleira, em m;
Lsang = largura do sangradouro, em m.
53
4.7.3.2 Proteção do sangradouro
O canal extravasor (Figura 31) tem a função de escoar a água depois do sangradouro
e deve permitir, no mínimo, o escoamento da vazão admissível no sangradouro. O
dimensionamento consiste em determinar a largura da base necessária para escoar um volume
d’água com uma altura HV.
54
FIGURA 31: Canal extravasor escavado no solo com escada de dissipação de energia.
Fonte: Atlas Digital das Águas, 2012.
( ) ( ) ( )
Onde:
Q x = vazão máxima de cheia de projeto em m3 ;
n = coeficiente de rugosidade de Manning (Tabela 7);
b = largura da base em m;
i = declividade em m/m.
O coeficiente de rugosidade n foi obtido a partir da tabela 7 como mostrado a seguir:
( ) ( )
O aterro do canal deve ser feito com terra compactada, ao contrário deve ser
prioritariamente coberto de vegetação para diminuir os riscos de erosão. Deve-se verificar se
o fluxo da água logo depois da soleira do sangradouro trecho AB (Figura 32) não é freado,
pois o mesmo não deve encontrar obstáculos ou estreitamento.
No trecho BC, a água tem, geralmente, muita força erosiva e acaba levando a terra do
fundo do canal: será necessário colocar pedras grandes ou construir pequenas quedas.
Toda represa amortece ou diminui a vazão de pico da cheia que a atravessa, pois,
uma parte da vazão que entra na represa apenas contribui para elevar o nível da água. Tendo-
se calculado as características geométricas do açude e do sangradouro, pode-se levar em conta
a redução da vazão devido ao amortecimento das cheias no açude.
56
( )
Onde:
X0 = coeficiente intermediário, adimensional;
S = superfície da Bacia Hidrográfica de Drenagem (BHD), em ha;
SAmort = superfície dos espelhos d’agua que podem amortecer as cheias, em há.
Quando a superfície total Slag dos açudes, lagoas ou depressões que existem dentro da
BHD é nula o que corresponde a esse caso, SAmort é calculado a partir da superfície máxima
SX do açude; para sua obtenção utilizou-se a Equação 16.
( )
( )
( )
( )
57
4.7.6 Altura final da barragem
( )
Onde:
H = altura da barragem em m;
f = folga em m.
A folga foi calculada em função da profundidade do açude e da extensão do espelho
d’água como mostrado na Tabela 8.
√ √ ( )
Em que:
h0 = altura da onda, em m;
L = maior dimensão da represa a partir da barragem, em km.
58
4.7.7 Largura da crista e comprimento da projeção dos taludes
( ) ( )
Em que:
c = largura da crista da barragem em m;
Z1 = inclinação do talude de montante;
Z2 = inclinação do talude de jusante;
H = altura da barragem em m.
A inclinação dos taludes foi determinada de acordo com o material utilizado no
aterro e a altura do mesmo (Tabela 10)
59
FIGURA 34: Seção transversal do maciço.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
( ) ( ) ( ) ( )
Onde:
L = comprimento total da barragem, em m;
f = comprimento do fundo, em m;
C = largura da crista, em m.
O comprimento do fundo e o comprimento total da barragem podem ser
exemplificados como mostra a Figura 35.
60
FIGURA 35: Esquema demonstrativo da altura (H), o comprimento de fundo (f) e o
comprimento total (L) da barragem.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
Os dados para o estudo do poço foram obtidos através das características de poços
para região por meio das coordenadas geográficas da propriedade e usando informações do
Instituto de Gestão das Águas e Clima-INGÀ do estado da Bahia.
O sistema aquífero no qual o poço foi perfurado está localizado na província São
Francisco no domínio dos metassedimentos (Figura 36). Os Metassedimentos são aquíferos
fissurais livres, rasos e de baixa capacidade de armazenamento. Suas águas são, normalmente,
de boa qualidade e a capacidade média de produção dos poços é de 6,94 m³/h. A maioria das
áreas deste domínio está em regiões com precipitações pluviométricas acima de 800 mm/ano
o que corresponde a esse caso que possui precipitação média de 820 mm anuais. As
profundidades são muito variáveis, com média em torno de 120 m.
61
FIGURA 36: Domínios Hidrogeológicos do Estado da Bahia.
Fonte: Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia, 2010.
A vazão a ser bombeada é a vazão fornecida pelo poço, nesse caso tendo por base a
vazão média para poços da região adotou-se um valor um pouco abaixo do encontrado
considerando uma margem de segurança. O valor adotado foi 6 m3 / h. Assim sendo,
considerando um bombeamento constante por 24 horas pode - se armazenar um volume de
144 m3 / dia.
62
4.8.1.3 Reservatório
A água do poço será bombeada para um reservatório a partir do qual a mesma será
captada para os devidos fins. A diferença de nível entre (DN) entre a superfície do solo e a
entrada da água no reservatório adotada foi de 30 m.
A altura manométrica para um poço artesiano pode se obtida pela Equação 22:
( )
Onde:
Hm = altura manométrica em m.c.a;
N D = profundidade de nível dinâmico em m;
DN = diferença de nível entre o reservatório e o solo em m;
HT = perda de carga total em m.
A perda de carga total foi obtida somando- se os valores da perda de carga contínua
Hf com as perdas localizadas em função de peças especiais ao longo da tubulação H c.
A perda de carga contínua é obtida usando-se a formula de Hazem Willians
conforme a Equação 23:
( ) ( )
Onde:
L = comprimento total da tubulação em m;
D = diâmetro da tubulação em m;
Q P = vazão do poço em m3 /s;
C = coeficiente de rugosidade do material da tubulação.
O diâmetro da tubulação foi determinado em função da vazão como mostrado na
Tabela 11.
63
TABELA 11 – Diâmetros comerciais de tubos para poços artesianos em função da
vazão.
Diâmetros - bitolas comerciais
Vazão em L/h
Tubos roscáveis Tubos soldáveis (mm)
De 0 a 1.000 3/4'' 25
De 1.000 a 2.000 1'' 32
De 2.000 a 4.000 1 ¹/4'' 40
De 4.000 a 8.000 1 ¹/2'' 50
De 8.000 a 15.000 1 ¹/2'' 60
De 15.000 a 30.000 2'' 75
De 30.000 a 60.000 3'' 85
De 60.000 a 120.000 4'' 110
De 120.000 a 200.000 5'' 140
Fonte: Catálogo de motobombas Schneider, 2011 modificada.
64
FIGURA 37: Esquema típico de instalação de motobombas submersas em poços profundos.
Fonte: Catálogo de motobombas Schneider, 2011.
65
FIGURA 13: Perdas de carga localizadas em conexões, considerando-se os comprimentos
equivalentes em metros de canalização.
Fonte: Catálogos de bombas Schneider 2011.
( )
Onde:
P = potência requerida para a realização do trabalho desejado, em cv;
Hm = altura manométrica, em m.c.a;
0,37 = constante para adequação das unidades.
η = rendimento esperado da bomba, ou fornecido através da curva característica da
mesma, em percentual (%).
66
4.8.1.6 Escolha do conjunto motobomba
67
TABELA 12 – Valores de eficiência dos principais sistemas de irrigação.
Método Sistema Eficiência(%)
Sulco 40-70
Corrugação 40-70
Superficial
Faixa 50-75
Inundação 50-70
Lençol freático fixo 40-70
Subsuperficial
Lençol freático variável 40-70
Convencional portátil 60-75
Convencional semi portátil 60-75
Convencional fixo 70-80
Aspersão
Autopropelido 60-70
Pivô central 75-90
Deslocamento linear 75-90
Gotejamento 80-95
Localizada
Microaspersão 80-90
Fonte: Adaptada de EMBRAPA, 2011.
( )
( )
Onde:
SPot = superfície potencial irrigável, em ha;
Vdisp = volume disponível, em m3 ;
Vabas= volume de abastecimento da propriedade, em m3 ;
Vperdas= volume de perdas, em m3 ;
Vha = volume que será utilizado por hectare, em m3 .
( ) ( )
Onde:
Dias/ciclo = quantidade de dias que dura o ciclo de desenvolvimento da cultura.
68
O volume inicial corresponde á máxima altura que água poderá chegar na barragem
(Hx ) e o volume final ao nível se pretende deixar o açude (Hfinal), dessa forma utilizando os
coeficientes geométricos do açude α e K chega-se na Equação:
( ) ( )
O volume de abastecimento é aquele destinado a outros fins que não seja a irrigação
do perímetro e deve ser subtraído do volume disponível.
Foi considerado que na propriedade não se desenvolve nenhuma atividade agrícola
além da que se propõe aqui, portanto o abastecimento refere-se ao consumo humano por dia
estimado em 200L/ pessoa e que no local residem 7 indivíduos.
Calculou-se o consumo ao longo do ciclo das culturas pela Equação 28:
( )
( )
Em que:
Vabas /p.irr = volume total utilizado no abastecimento durante todo o período que a
cultura será irrigada, em m3 ;
QTDpess = quantidade de pessoas na propriedade;
CONSper = consumo de água diário por pessoa, em L.
69
TABELA 13 – Evapotranspiração diária para cada mês do município de Barra-Bahia.
Eto ( mm) - cidade de Barra - BA
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
6,3 6,0 5,4 4,9 4,6 4,2 4,2 4,9 5,9 6,7 6,8 6,1
Fonte: Adaptada de Molle e Cadier, 1992.
70
Sem considerar possíveis chuvas, calculou- se a lâmina de irrigação necessária por quinzena
sendo essa igual ao valor da evapotranspiração versus o valor do Kc por quinzena. O volume
necessário á irrigação de um hectare é expresso pela Equação 29:
( )
( )
Onde:
Ef = eficiência do sistema de irrigação.
( )
Onde:
O vale do açude é considerado como normal. Com uma superfície do espelho d’água
estimado em 1,31 ha, adotou-se como coeficiente C 1 o valor de 0,90.
O coeficiente C 2 é obtido a partir de uma avaliação de campo observando a
inclinação das encostas e a incidência do vento no espelho d’água. Classifica-se como:
Classe 1 - açudes de pouca infiltração: C2 = 1.10
Classe 2 – açudes de infiltração média: C 2 = 1.25
71
Classe 3 - açudes de infiltração alta: C 2 = 1.63.
Para esse projeto considerou- se infiltração média e portanto o coeficiente C 2 é igual
a 1,25.
O volume de perdas calcula-se a partir do valor EVINF, estimado como indicado
anteriormente, e da superfície média. Essa superfície é igual, a (SInical + SFinal)/2 e
correspondem a altura inicial Hx e altura final que se pretende deixar o açude Hfinal. Assim, o
volume de perdas pode ser determinado utilizando-se a Equação 31:
( ) ( )
( ) ( )
( )
( )
Onde:
Sperim = superfície real do perímetro;
CR =coeficiente de redução.
72
FIGURA 39: Determinação do coeficiente de redução da superfície potencial irrigável.
Fonte: Molle e Cadier ,1992.
73
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
74
Obteve-se o coeficiente intermediário, usando-se a Equação 15, igual a 67. Através
do ábaco da Figura 33 verifica-se um coeficiente de amortecimento K amort igual a 0,88; de
posse do valor encontrado, corrigiu-se a vazão da cheia de projeto Qx usando-se a Equação
17 para 8,98 m3 /s.
O canal extravasor assim como o a sangradouro foi escavado no solo e não será
revestido com nenhum material específico, sendo a proteção do fundo ou aterro feita através
da compactação do mesmo a fim de evitar erosão ao entrar em contato com a água da sangria.
Com essas informações e considerando a qualidade das paredes do canal como boa encontra-
se na Tabela 7 o coeficiente de rugosidade (n) igual a 0,020.
A declividade do canal calculada através da Equação 14 foi igual a 0,0178 m/m, ou
seja, deve ter uma inclinação de 1,78 cm a cada metro de canal. A largura da base (b)
necessária para escoar o volume d’água que passa no sangradouro foi calculada por meio da
equação 13 e o valor encontrado foi igual a 6 m.
A passagem da água do sangradouro para o canal extravasor se dará por meio de
estreitamento da seção de 16 m (sangradouro) para 6m (extravasor). O mesmo deverá ser
feito de forma gradual a fim de evitar que água que passa pela soleira seja freada pela redução
súbita da seção; o canal será escavado até uma distância em que não haja mais perigo das
águas ameaçarem a estrutura do aterro.
75
5.1.6 Altura final da barragem
A barragem terá o fundo na cota 440 m. A largura do fundo (f) para essa altura e foi
medida através das curvas de nível com um valor de 48 m. Para atingir uma altura (H) de 5,4
m o aterro deverá ir até a cota 445,4 m; o comprimento do aterro (L) corresponde à distância
que vai de um lado a outro do vale nessa altura (Figura 40). O valor calculado desse
comprimento é igual 300 m.
76
FIGURA 40: Dimensões do aterro medidas através das curvas de nível.
77
TABELA 17 – Perdas de carga localizadas em comprimentos equivale ntes.
Peça Quantidade Comp. equivalente total (m)
Válvula de retenção vertical metálica 2 9.6
Luva de junção (PVC) 1 0,4
Curva de 90° (PVC) 3 3.6
União de PVC 1 0,1
Tê de passagem direta metálico com manômetro 1 0,9
Válvula de retenção horizontal metálica 1 3,2
Registro de gaveta metálico 1 0,3
Total em perdas localizadas 18,1
78
5.3 DIMENSIONAMENTO DA SUPERFÍCIE DO PERÍMETRO IRRIGADO
O volume que o poço disponibiliza por dia é o volume máximo que a bomba
consegue extrair bombeando durante 24 horas, nesse caso 5,6 x 24 igual a 134,4 m3 /dia. O
volume disponível do açude considerando que o mesmo deve manter o nível mínimo de 0,5 m
a partir do fundo e utilizando a primeira parte da Equação 27 foi estimado em 33.995,69 m3 .
O cálculo do volume total disponível é feito para a quantidade de dias do ciclo da
cultura; nesse caso como serão duas sendo uma delas perene, calculou-se o volume disponível
de água para irrigar durante um ano considerando 365 dias irrigáveis utilizando a Equação 27.
O volume anual disponibilizado pelas duas fontes sem considerar o período de chuvas é igual
83.051,69 m3 .
Considerou aqui que a época do plantio da cebola ocorreu depois da estação chuvosa
da região, no mês de julho. A lâmina de irrigação necessária foi calculada por quinzena
considerando a evapotranspiração versus o Kc e o volume total por hectare determinado pela
Equação 29. Para o sistema de irrigação por gotejamento foi considerada uma eficiência
média entre os valores apresentados na Tabela 12 igual a 87,5%; o Kc para cada estádio de
desenvolvimento conforme a Tabela 14 e ainda utilizando a ETo de Hargreaves para o local
(Tabela 13). Os resultados estão dispostos na Tabela 18.
79
TABELA 18 - Cálculo das necessidades de água por hectare para cultura da cebola.
Mês Julho Agosto Setembro Outubro Total
Eto/dia 4,20 4,20 4,90 4,90 5,90 5,90 6,70
Eto qinzenal (mm) 63,0 63,0 73,5 73,5 88,5 88,5 100,5 550,5
Kc. Cebola (105 dias) 0,70 0,80 0,75 0,85 0,90 1,00 0,60
Lamina de irr(mm) 44,1 50,4 55,1 62,5 79,7 88,5 60,3 440,6
Consumo m³/ha 441,0 504,0 551,3 624,8 796.5 885,0 603,0 4.405,5
Vha (m³/ha) irrigação por gotejamento ( Ef = 0,875) = 4.405,5/0,8755 5.034,857
80
TABELA 19 - Cálculo das necessidades de água por hectare para cultura da laranja.
Mês Jan Fev Mar Abril Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total (ano)
Eto/dia (mm) 6,3 6,0 5,4 4,9 4,6 4,2 4,2 4,9 5,9 6,7 6,8 6,1
Eto mensal (mm) 195,3 168,0 167,4 147,0 142,6 126,0 130,2 151,9 177,0 207,7 204,0 189,1 2.006,2
Kc da laranja 0,95 0,95 0,95 0,95 0,90 0,90 0,85 0,85 0,90 0,90 0,90 0,95
Lamina de irr(mm) 185,5 159,6 159,0 139,7 128,3 113,4 110,7 129,1 159,3 186,9 183,6 179,6 1.834,8
Consumo m³/ha 1.855,35 1596 1.590,3 1.396,5 1.283,4 1.134 1.106,7 1.291,15 1.593 1.869,3 1.836 1.796,5 18.348,15
Vha (m³/ha) irrigação por Aspersão convencional semiportátil ( Ef = 0,675) = 18.384,15/0,675 27.182,44
81
5.3.5 Cálculo do volume de perdas
Como dito antes, a cultura da cebola apresenta um ciclo curto e o seu plantio se dará
logo depois do período chuvoso quando o açude está teoricamente cheio. O cultivo da cebola
apresenta um risco menor para o produtor em relação ao pomar de laranja se este fosse
irrigado pelas águas da represa, além disso, os prejuízos econômicos ocasionados por déficit
hídrico são maiores em culturas perenes.
A propriedade será abastecida pelo poço artesiano, pois a qualidade da água desse é
superior a do açude; portanto a Equação 25 para o dimensionamento da superfície potencial
da cebola fica:
( )
( )
( )
( )
83
6 CONCLUSÃO
84
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, J.N. B. Política de Águas. In: Studarte, T.M. C e Campos,J. N. B. (Org). Gestão
das Águas: Princípios e Práticas. Porto Alegre. Associação Brasileira de Recursos Hídricos.
Porto Alegre, 2001.
CARVALHO, D.F. Fundamentos de Hidráulica- Pequenas barragens de terra. P.122.
Novembro. 2011. Disponível em:
<http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/daniel/Downloads/Material/Graduacao/IT%20503/IT5
03%20cap%209%20-%202011s.pdf>. Acesso em: 20. Ago.2012.
85
COELHO, R. D. Contribuição para irrigação pressurizada no brasil. Escola superior de
agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2007. 192p.
COMPUTER AIDED DESIGN. Autocad 2013 (Release 19.0).Autodesk, Inc 2012. Versão
demostrativa. Disponível em <http://usa.autodesk.com/autocad/trial/>. Consultado em 20.
Set.2012.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4.ed. São Paulo, Atlas, 1994. 207 p.
GOOGLE EARTH. Programa Google Earth versão 6.0. Google Inc. Mar .2011.
86
em:<http://ag20.cnptia.embrapa.br/Repositorio/irrigacao_000fl7vsa7f02wyiv80ispcrr5frxoq4.
pdf>. Acesso em: 13. Ago. 2012.
LIMA, J.R. DE; BARBOSA, M.P; NETO, J. D. Avaliação do incremento de açudes e sua
relação com o uso do solo, através do uso de imagens tm/landsat-5: estudo de caso. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.2, n.2, p.243-245,
1998.
MAIA GOMES, G; VERGOLINO, J. R.O. A Macroeconomia do Desenvolvimento
Nordestino: 1960/1994. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. P. 92-93. Brasília. Mai.
1995.
MARKOWICZ, F.J; LIMA, F.Z; LOPES, J.D. S; GOMES, J.A. Perfuração de poços
artesianos e semi-artesianos. Viçosa-MG, Centro de Produções Técnicas, 222p, 2006.
MOLLE, F. Geometria dos pequenos açudes. SUDENE, DPG. PRN. HME, Recife, 1994,
P.74 -75.
PAZ, V.P. S.TEODORO, R.E. F & MENDONÇA, F.C. Recursos hídricos, agricultura
irrigada e meio ambiente. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.4, n.3,
p.465-473, 2000 Campina Grande, PB, DEAg/UFPB.
88
ANEXO
89
ANEXO B – Mapa de zoneamento climático do Nordeste.
90
ANEXO C1 - Mapa exploratório de reconhecimento dos solos de Buritirama-Ba
91
ANEXO C2 - Mapa exploratório de reconhecimento dos solos de Barra-BA
92
ANEXO D – Catálogo de motobombas submersas Schneider.