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Nidiberto Inocêncio Alberto Mutemba

Aspectos da Motivação do Aluno em Relação a Aprendizagem de Matemática


Motivação: Ponto de vista Didáctico e Metodológico

Licenciatura em Ensino de Matemática

Universidade Save
Chongoene
2021
Nidiberto Inocêncio Alberto Mutemba

Aspectos da Motivação do Aluno em Relação a Aprendizagem de Matemática


Motivação: Ponto de vista Didactico e Metodológico

Licenciatura em Ensino de Matemática

Trabalho de pesquisa a ser apresentado ao


Departamento de Ciências Naturais e Matemática,
para efeito de avaliação na cadeira de Didáctica de
Matematica III, sob orientação do Prof. Dr.
Paed.Alberto Halar.

Universidade Save
Gaza
2021
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Resumo
A relação entre o professor e o aluno nem sempre esteve em foco nas discussões do campo da Educação. Todavia,
nas últimas décadas, tem sido um tema assíduo nas concepcções de ensino - aprendizagem das abordagens
pedagógicas. Com o intuito de verificar e analisar as relações entre a motivação dos alunos para a aprendizagem da
Matemática e as suas percepcções sobre o clima na sala de aula em função das variáveis desempenho escolar e
comportamentos disruptivos, e a relação entre motivação, o comportamento do professor pode em alguns casos
gerar, no aluno, desmotivação ao aprendizado.

Palavras - chave: Relação interpessoal professor-aluno, Motivação, Aprendizagem, Comportamento.


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0.0. Introdução

A desmotivação é algo que se encontra presente dentro das salas de aula, visível não apenas nos
alunos, mas também em alguns professores. Neste contexto que surgi o presente trabalho que
aborda claramente aspectos da motivação do aluno em relação em relação a aprendizagem da
matemática, visando convidar o aluno a participar activamente no processo de ensino –
aprendizagem. Como referência, o psicólogo e educador Lev Vigotsky, espera-se que sirva de
incentivo para metodologias semelhantes, que unam o ambiente escolar com o espaço público, o
interior da sala com o interior do sujeito.

O trabalho é constituído por dois temas: aspectos da motivação do aluno em relação em relação a
aprendizagem da matemática em duas grandes vertentes: (no ponto de vista didáctico e
metodológico), e tipos de motivação (intrínseca e extrínseca) a tecnologia. Está organizado em
títulos e subtítulos. A nossa maior atenção esta voltada a descrição das principais estratégias de
despertar o aluno a ter o interesse na aprendizagem da matemática.
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0.1. Objectivos:

0.1.2. Objectivo geral

Compreender as diferentes estratégias da motivação do aluno em relação a aprendizagem da


matemática.

0.1.3. Objectivo específicos

 Definir motivação;
 Explicar os aspectos motivacionais do aluno em relação em a aprendizagem da matemática no
ponto vista metodológico;
 Mencionar os aspectos motivacionais do aluno em relação a aprendizagem da matemática no
ponto vista metodológico;
 Identificar os tipos de motivação (intrínseca e extrínseca);
 Descrever os dois grandes tipos de motivação.

0.2. Metodologia

Segundo HEGEMBERG citado por MARCONI e LAKATOS (2000) ‘método é o caminho


pelo qual se chega a determinado resultado ainda que esse caminho não tenha sido fixado de
antemão de modo reflectido e deliberado’.

Para elaboração deste trabalho recorreu-se a observação indireta, através das consultas e leituras
bibliográficas assim como os endereços eletrónicos que facilitaram a recolha de dados cujas
referências estão patentes na última página deste trabalho.

1.0. Didáctica de matemática


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Antes, porém, da descrição acerca da motivação dos alunos na aprendizagem de matemática, é


útil trazer ao primeiro plano o domínio no qual essas ideias se inserem e formam base para o
surgimento da teoria de nosso interesse: a Didáctica da Matemática. Esta é uma área, que
estuda:
O processo de transmissão e aquisição de diferentes conteúdos desta ciência, particularmente na
situação escolar e universitária. Propõe-se a descrever e explicar os fenômenos relativos às
relações entre seu ensino e aprendizagem da matemática. Não se reduz somente a buscar uma boa
maneira de ensinar uma noção fixa, mesmo quando espera, ao finalizar, ser capaz de oferecer
resultados que lhe permitam melhorar o funcionamento do ensino (ENCICLOPAEDIA
UNIVERSALIS, POMMER, 2013).
Na perspectiva de Brousseau (1996), o processo de transmissão na Didática da Matemática,
deve se centrar nas atividades didáticas que têm como objectivo o ensino que priorize,
especificamente, os saberes matemáticos. Dentro desta concepcção, a Didática da Matemática
deve:
 Oferecer explicações, conceitos e teorias, assim como meios de previsão e análise e;
 Incorporar resultados relativos aos comportamentos cognitivos dos alunos (fazendo referência
a certos aspectos da obra de Piaget (fases do desenvolvimento humano), D’Amore (2007).
Em suma a Didáctica de Matemática se ocupa no estudo das metodologias específicas para
elaborar generalizações em torno dos conhecimentos e tarefas docentes comuns e fundamentais
ao ensino e aprendizagem da matemática.
2.0. Conceito de motivação
Genericamente, a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação
ou a faz mudar o curso. (BZUNECK, 2009);
Segundo Fita (1999,) “a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam
em determinado sentido para poder alcançar um objetivo”.
Para Barbosa, D, (2005, p. 21) “a origem da motivação é o desejo de satisfação de necessidades
e um conjunto de factores que determinam a conduta de um indivíduo”. Assim, depreende-se que
a motivação é um comportamento causado por necessidades, direcionado aos objetivos de
satisfação das mesmas;
Valente (2001, p. 71) contribui dizendo que “motivar ou produzir motivos significa predispor a
pessoa para a aprendizagem”. Para ele, o aluno estará motivado a aprender e adquirir
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conhecimento em dois momentos: quando está disposto a buscar e continuar o processo de


aprendizagem e outro quando o objeto de estudo é de seu interesse.
Motivação é um processo psicológico e energético, interno e profundo que impele o indivíduo
para a ação determinando a direção do comportamento. E um fenômeno pessoal que depende da
experiência prévia de cada aluno e do seu nível de aspiração. Por isso, o professor não pode
motivar o aluno a aprender, mas pode incentivá-lo, isto é, estimulá-lo externamente, captando e
polarizando sua atenção e despertando o seu interesse. Para isso, pode e deve usar recursos e
procedimentos incentivadores, aproveitando os fatores ambientais, não apenas no início da aula,
mas durante todo o seu decorrer.
No entanto, a motivação é o processo pelo qual o professor convida / incentiva o aluno a
participar a activamente na aula.
Ao analisarmos estas considerações sobre motivação à aprendizagem, somos levados a nos
perguntar o que realmente é um aluno motivado, ou seja, quais características e atitudes
podemos notar nos alunos que nos mostram que eles estão motivados. Para isto, utilizaremos o
conceito de aluno motivado/desmotivado de Bzuneck:
O aluno motivado consistem em ele envolver-se ativamente nas tarefas pertinentes ao processo
de aprendizagem, o que implica em ele ter escolhido esse curso de ação, entre outros possíveis e
ao seu alcance. Tal envolvimento consiste na aplicação de esforço no processo de aprender e com
a persistência exigida para cada tarefa. Aluno desmotivado (este é um conceito puramente
descritivo) e aquele que não investe seus recursos pessoais, ou seja, que não aplicar esforço,
fazendo apenas o mínimo, ou se desistir facilmente quando as tarefas lhe parecerem um pouco
mais exigentes. (BZUNECK, 2009, p.11)

3.0. Aspectos da motivação do aluno em relação em relação a aprendizagem da


matemática
Na prática docente, o professor tem duas funções básicas, como já a função incentivadora e a
função orientadora. Ora, a autoridade que ele exerce na sala de aula decorre dessas duas funções
inerentes à sua atividade docente. Trata - se, portanto, de uma autoridade incentivadora e
orientadora.
Aluno a continuar estudando e fazendo progressos na aprendizagem (autoridade incentivadora);
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Orienta o esforço do aluno no sentido de alcançar os objetivos por ambos desejados, visando a
construção do conhecimento (autoridade orientadora).
Neste contexto a utilização de novas e adequadas estratégias em sala de aula, vai recuperar a
motivação dos alunos, mas em alguns casos com problemas mais sérios, torna se necessário fazer
se a menção de aspectos de motivação em relação a aprendizagem da matemática em duas
grandes vertentes: a motivação no ponto de vista didáctico e metodológico.
3.1. Motivação no ponto de didáctico
3.1.1.A Relação Professor - Aluno
Na abordagem cognitivista, o professor deve conviver com os alunos, observando seus
comportamentos, conversando com eles, perguntando, sendo interrogado por eles, e realizar,
também com eles, suas experiências, para que possa auxiliar sua aprendizagem e
desenvolvimento.
Barbosa, V (2010) enfatizam que o aluno se espelha muito no professor; e “se ele sabe estar
acessível ao aluno e aceita a troca de ideias, terá resultados muito mais benéficos em seu trabalho
porque conquista a confiança do aluno, e existirá um melhor relacionamento”. Assim haverá um
ambiente mais propício para a construção do conhecimento por parte dos alunos.
Por isso, o professor pode influenciar, de acordo com sua conduta na sala de aula para com os
alunos, a importância que estes darão aos conteúdos. A teoria da autodeterminação propõe que
para haver motivação intrínseca e formas autodeterminadas da motivação extrínseca, o aluno
precisa de satisfazer três necessidades psicológicas básicas: de competência (sentir-se útil,
reconhecer valor em si mesmo); de autonomia (liberdade para executar uma atividade à sua
“maneira”) e de vínculo (ter ligações afetivas a alguém, sendo que esse alguém se importa com
mais do que apenas com a atividade).
A teoria da autodeterminação propõe que para haver motivação intrínseca e formas
autodeterminadas da motivação extrínseca, o aluno precisa de satisfazer três necessidades
psicológicas básicas: de competência (sentir-se útil, reconhecer valor em si mesmo); de
autonomia (liberdade para executar uma atividade à sua “maneira”) e de vínculo (ter ligações
afetivas a alguém, sendo que esse alguém se importa com mais do que apenas com a atividade).
A teoria da autodeterminação propõe que para haver motivação intrínseca e formas
autodeterminadas da motivação extrínseca, o aluno precisa de satisfazer três necessidades
psicológicas básicas: de competência (sentir-se útil, reconhecer valor em si mesmo); de
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autonomia (liberdade para executar uma atividade à sua “maneira”) e de vínculo (ter ligações
afetivas a alguém, sendo que esse alguém se importa com mais do que apenas com a atividade).

Pommer (2013) cita que para modelar a situação didáctica, Brousseau (1996a) propõe o triângulo
didático (figura 1), composto por três elementos - o aluno, o professor e o saber, partes
constitutivas de uma relação dinâmica e complexa - a relação didática - que leva em consideração
as interações entre professor e alunos (elementos humanos), mediadas pelo saber (elemento não-
humano), que determina a forma como tais relações irão se desenvolver.

Referindo-se ao diálogo na prática pedagógica, assim se expressa Maria Teresa Nidelcoff: "Ao
trabalhar corretamente com o problema das subculturas, o professor procura captar toda a riqueza
que as crianças trazem, para de fato aprender com elas. Portanto, não se relaciona com os alunos
como se fosse o único que tem algo a ensinar, nem vê as crianças como seres nulos que devem
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aprender tudo; ao contrário, sabe que ele e as crianças têm que se relacionar dentro de um mútuo
intercâmbio de ensinar - aprender".

3.1.2.Disciplina na sala de aula


Em relação ao ensino, disciplina é um conjunto ou corpo específico de conhecimentos com suas
características próprias e métodos particulares de trabalho. Nesse sentido, corresponde à matéria
de ensino, conteúdo ou componente curricular.
Em relação ao indivíduo, disciplina é uma regra de conduta ou um conjunto de normas de
comportamento que podem ser impostas do exterior (hétero - disciplina), ou que podem ser
aceitas livremente pelo indivíduo, regulando o seu comportamento (autodisciplina).
Sheviakov e Redl afirmam que, no que se refere ao comportamento, disciplina é a organização de
nossos impulsos para a obtenção de um objetivo. Do ponto de vista do grupo, a disciplina é a
subordinação dos impulsos dos indivíduos que o integram, com o fim de se alcançar um objetivo
comum.
Nas escolas, o professor faz um trabalho no sentido de estabelecer padrões de comportamento em
conjunto com os alunos, percebe – se que estes, por incrível que pareça, são mais rígidos e
exigentes do que os próprios professores, quando se trata de propor normas de conduta. Pois eles
sabem, melhor do que ninguém, que um aluno indisciplinado e bagunceiro atrapalha os colegas
que querem estudar e aprender. Verifica se também que, quando os alunos têm a oportunidade de
participar da elaboração de um código de comportamento, eles tendem a respeitar e assumir o que
foi proposto em conjunto pelo grupo, acatando e adotando mais facilmente as regras na prática
cotidiana da sala de aula. Incentive e permita que os alunos participem ativamente da organização
escolar e da dinâmica da sala de aula. Quando o aluno está motivado e participa ativamente do
processo ensino-aprendizagem, ele se concentra mais e aprende melhor, e, em geral, não
apresenta problemas de disciplina. "Enquanto participa, ele concentra todas as suas energias na
situação de aprendizagem. E assim mantém seu interesse, sem ter tempo de ser indisciplinado.
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3.1.3.Uso de recompensas
O uso de recompensas ou incentivos como estratégia motivacional é muito utilizado pelos
professores na sala de aula. Mas, quando utilizada de forma sistemática e sem critérios, deixa de
funcionar como motivadora. Para funcionar como motivadora, deve despertar o interesse do
aluno, pois, de acordo com Guimarães (2004), a recompensa pode não ser significativa para todos
os alunos.
Uma recompensa pode funcionar em determinado contexto e para alguns alunos e não ter
qualquer atrativo ou interesse para outros. Só terá efeito motivador se o aluno considerar que tem
possibilidade de a receber, ou seja, se ele considerar que tem possibilidades de realizar a tarefa
com sucesso. Se a recompensa for apenas para alguns alunos, por exemplo para os que
terminarem primeiro, pode funcionar como desmotivadora para o aluno que não se sente capaz de
realizar a tarefa proposta (Ruiz 2004, p.18).

3.2. Motivação no ponto de vista


metodológico
Na abordagem comportamentalista, Skinner diz que é de responsabilidade do professor assegurar
a aquisição do comportamento. Os comportamentos desejados dos alunos serão armazenados e
mantidos por condicionantes e reforçadores arbitrários, tais como: elogios, graus, notas, prêmios,
reconhecimentos do mestre e dos colegas, prestígio, etc., os quais, por sua vez, estão associados
com uma outra classe de reforçadores mais remotos e generalizados, tais como: o diploma, as
vantagens da futura profissão, a aprovação final no curso, possibilidade de ascensão social,
monetária, status, prestígio da profissão, etc. Vemos que Skinner se refere sempre a factores
extrínsecos de controle de motivação dentro da sala de aula.
3.2.1.Procedimentos metodológicos que podem ajudar no processo de incentivação da
aprendizagem
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a) Faça a articulação e a correlação do que está sendo ensinado e aprendido com o real. Assim,
ao introduzir um novo conteúdo ou iniciar uma unidade didática, comece pelos fatos e
situações reais relacionados ao ambiente imediato (físico ou social) e próximos da
experiência e da realidade vivencial do aluno. A partir da correlação com o real, chega-se à
abstração, à generalização e à elaboração teórica, por meio da mobilização dos esquemas
operatórios do pensamento, que geram a reflexão e o raciocínio. Em seguida, faça os alunos
aplicarem novamente aos fatos, o conhecimento já organizado e sistematizado a partir do real.
b) Apresente os novos conteúdos partindo de uma questão problematizadora ou situação
problema, para a qual os alunos devem encontrar, individualmente ou em grupos, uma
explicação ou solução. Através do processo da descoberta (que envolve ensaio e erro) e de
procedimentos, como a pesquisa, o diálogo e a análise das informações expostas pelo
professor, o aluno coleta dados que, aplicados à situação-problema apresentada, ajudam a
esclarecê-la, explicá-la ou resolvê-la.
c) Use procedimentos ativos de ensino - aprendizagem, condizentes com a faixa etária e o nível
de desenvolvimento dos alunos. Isto quer dizer que, para incentivar a aprendizagem, convém
propor aos alunos atividades desafiadoras, que estimulem sua participação e acionem e
mobilizem seus esquemas operativos de cognição (sejam eles sensório - motores, simbólicos
ou operatórios). Os alunos devem vivenciar situações de ensino-aprendizagem ativas, onde
possam observar, comparar, classificar, ordenar, seriar, fazer estimativas, realizar operações
numéricas a partir da manipulação de material concreto, localizar no tempo e no espaço,
coletar e analisar dados, sintetizar, propor e comprovar hipóteses, chegar a conclusões,
elaborar conceitos, avaliar, julgar, enfim, onde possam agilizar e praticar as operações
cognitivas.
d) Incentive o aluno a se autos - superar gradualmente, através de atividades sucessivas de
progressiva dificuldade. Proponha pequenas tarefas e prepare os alunos para realizá-las,
proporcionando - lhes as condições necessárias para assegurar o seu êxito imediato. Elogie e
reforce o sucesso por eles alcançado no desempenho da atividade, pois, em geral, os alunos
demonstram interesse por aquilo que conseguem realizar bem.
e) Planeje as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe. Explique aos alunos os
objetivos de cada atividade, e o que se espera deles ao término de cada uma, para que saibam
o que devem fazer e qual a expectativa em relação ao seu desempenho.
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f) Esclareça o objetivo a ser atingido com a realização de certa atividade ou o estudo de


determinado conteúdo, relacionando esse objetivo à realidade imediata do aluno. Quando
aluno conhece a finalidade da atividade, tende a realizar esforço voluntário para alcançar o
objetivo. Mas é praticamente inútil tentar incentivar os alunos informando-lhes,
simplesmente, sobre o valor e a importância do conteúdo ensinado e das vantagens remotas
de sua aprendizagem. O que ajuda a incentivar o aluno é o fato de ele perceber e verificar que
aquilo que aprende tem uma relação com a sua realidade imediata e apresenta vantagens para
sua vida real e presente. Os projetos de ação que apresentam metas mais imediatas são mais
significativos e têm uma carga motivadora mais forte. É preciso aproveitar a predisposição
que o aluno possui para aprender aquilo que é significativo para ele.
g) Mantenha um clima agradável na sala de aula, estimulando a cooperação entre os membros
da classe, pois as relações humanas que se estabelecem na sala de aula influem na
aprendizagem. Oriente e supervisione os trabalhos, acompanhando e assistindo os alunos\
quando necessitarem. Elogie o esforço realizado por cada um e o progresso alcançado,
inspirando-lhes confiança e segurança na própria capacidade de aprender e fazer progressos.
Quando for o caso, mostre-lhes, com compreensão, formas de melhorar o seu desempenho
nos estudos. Convém lembrar que a expectativa que o professor tem em relação ao
desempenho do aluno, isto é, o que o professor espera dele, tem um papel decisivo em seu
aproveitamento escolar.
h) Informe regularmente os alunos dos resultados que estão conseguindo, analisando seus
avanços e dificuldades no processo de construção do conhecimento. Estimule-os a continuar
progredindo e incentiva - los a encarar os erros, de forma construtiva, isto é, como uma
maneira de aprender e de se aperfeiçoar. Aqui a autoavaliação será muito útil. Por isso,
estimule os alunos a se autoavaliarem, verificando seus pontos fortes e fracos, seus avanços e
dificuldades, os aspectos em que apresentaram um bom desempenho, e aqueles em que
precisam melhorar ainda mais.
i) Procure enfatizar os progressos realizados pelos alunos no seu processo de construção do
conhecimento e valorizar o esforço que cada um empreendeu. Procure, também, salientar os
comportamentos adequados do ponto de vista do convívio grupal, porque os elogios e a
valorização do comportamento desejado ajudam mais a motivar o aluno do que críticas e
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punições. Não repreenda publicamente um aluno de forma humilhante, pois isto seria
degradante, nem castigue a classe inteira pela falta cometida por um só, pois isto seria injusto.
j) Distribua funções e divida tarefas de modo a permitir que os alunos participem mais
activamente da dinâmica da sala de aula e cooperem em suas atividades rotineiras. Assim,
estabeleça um sistema de auxiliares do dia ou da semana, no qual os alunos fique
responsáveis, em rodízio, por certos encargos, como apagar o quadro de giz, recolher os
cadernos, distribuir material, arrumar a sala após a aula.

3.2.2.Contextualização do ensino
Para Vigotski, boa instrução (ensino) é a que se antecipa e mantém o foco na próxima etapa do
desenvolvimento, ao despertar e provocar “toda uma série de funções que se encontram em
estado de maturação na zona de desenvolvimento próximo (VYGOTSKY, 2007, p. 360), guiando
o processo de desenvolvimento. Pode-se afirmar, assim, que a didática tem como especificidade
epistemológica o processo instrucional que orienta e assegura a unidade entre o aprender e o
ensinar na relação com um saber, em situações contextualizadas, nas quais o aluno é orientado
em sua atividade autônoma pelos adultos e colegas para apropriação dos produtos da experiência
humana na cultura e na ciência, visando o desenvolvimento humano.
Este processo é, também, designado mediação didáctica, isto é, mediação das relações do aluno
com os objetos de conhecimento (processo de ensino - aprendizagem), em contextos sociais e
culturais concretos, em que se articulam o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento.
Reconhece-se aí, na perspectiva histórico - cultural, o caráter social do ensino em que está
presente a intencionalidade de orientação da atividade dos alunos e, ao mesmo tempo, a atividade
pessoal do aluno em sua relação com o processo de conhecimento, implicando especialmente um
processo de mudança, de reorganização e enriquecimento do próprio aluno, na dependência de
sua participação ativa nesse processo. Sendo assim, a didática assegura a unidade entre o ensino e
a aprendizagem, articulando dialeticamente condicionantes socioculturais da atividade de ensino
e processos internos da atividade de aprendizagem.
3.2.3.Metodologia activa
Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para que o aluno mobilize seus
esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem,
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observando, lendo, escrevendo, experimentando, propondo hipóteses, solucionando problemas,


comparando, classificando, ordenando, analisando, sintetizando etc.
Por sua vez, o termo método vem do grego (méthodos = caminho para chegar a um fim) e se
refere a um caminho para atingir um fim. Walter Garcia define método como sendo uma
"sequência de operações com vistas a determinado resultado esperado". Logo, método de ensino
é um procedimento didático caracterizado por certas fases e operações para alcançar um objetivo
previsto.
Quanto à palavra técnica, Piletti a define como sendo "a operacionalização do método".
Atualmente, é empregado também o termo estratégia de ensino, para designar os procedimentos e
recursos didáticos a serem utilizados para atingir os objetivos desejados e previstos.
Os métodos e técnicas não são neutros, pois estão baseados em pressupostos teóricos implícitos.
Além do mais, sua escolha e aplicação dependem dos objetivos estabelecidos.
Por isso, ao escolher um procedimento de ensino, o professor deve considerar, como critérios de
seleção, os seguintes aspectos básicos:
 Adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem;
 A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se;
 As características dos alunos, como, por exemplo, sua faixa etária, o nível de
desenvolvimento mental, o grau de interesse, suas expectativas de aprendizagem;
 As condições físicas e o tempo disponíveis.
Nota, torna se necessário a utilização dos métodos activos ou participativos como a elaboração
conjunta, trabalho em grupo, ilustrativo, trabalho independente entre outros, este convidam o
aluno a participar efectivamente na aula.
3.2.4.Limitações no Uso de Estratégias Motivacionais
Para o professor conseguir êxito em motivar seus alunos ele deve conhecer os mecanismos
psicológicos inerentes a eles, dominar uma grande variedade de técnicas e saber utilizá-las com
flexibilidade e senso criativo. As situações de sala de aula são muito complexas e imprevisíveis,
por isso é impossível ter receitas prontas.
Stipek (1996 apud BZUNECK, 2009a, p. 30) acredita que as diferentes técnicas para motivar os
alunos podem atuar de maneira interdependentes. Exemplificado: a estratégia de deixar os alunos
fazerem a escolha das tarefas e que contribui para a motivação intrínseca.
3.2.5.Situação de ação
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Nesta fase os alunos analisam o estado da competição, tomam as decisões e ao fim de alguns
passos, observam o resultado. Ao longo do jogo/problema desenvolve novas estratégias e toma
novas decisões (algumas intuitivas). Observa-se que são necessárias várias partidas (jogo), até
que o aluno seja capaz de formular uma tática, justificá-la e, finalmente, tirar conclusões. A
sucessão de situações de ação constitui o processo pelo qual o aluno vai aprender um método de
resolução de problema.
Essa situação de ação consiste em escolher diretamente os estados do meio antagonista em
função de suas próprias motivações. Assim, a aprendizagem é o processo em que os
conhecimentos são modificados, esses conhecimentos permitem produzir e mudar essas
antecipações. Desta forma, a manifestação observável é um padrão de resposta explicado por um
modelo de ação implícito.

4.0. Tipos de Motivação


Na aprendizagem
Todos os ambientes oferecem uma discriminação entre comportamentos desejáveis e
comportamentos indesejáveis;
Os ambientes também tendem a recompensar os comportamentos adequados e a punir os
comportamentos inadequados;
Os seres humanos tendem a se comportar de modo a se aproximar do prazer (tendências
hedonistas) e a evitar o desprazer (sofrimento).
O processo de internalização/socialização mostra aos seres humanos quais os comportamentos
que geram a recompensa e quais os que são punidos.

4.1. Motivação Intrínseca


Motivação intrínseca, também designada de pessoal ou inconsciente, que representa o desejo
interior de atingir algum objetivo ou de satisfazer uma determinada necessidade, ou seja, é a força
psíquica que possuímos. Para Guimarães (2004), “a motivação intrínseca é compreendida como
sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse individual e
exercitar suas capacidades, buscando e alcançando objetivos ótimos”.
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Um aluno motivado
 Refere-se à propensão interna da pessoa, que surge espontaneamente, em se comprometer
com seus próprios interesses, exercitar suas próprias capacidades.
Vinculada às necessidades psicológicas de autonomia e competência.
Quando as necessidades psicológicas são satisfeitas, geram sensação de bem-estar e alimentam a
motivação intrínseca.
 Vinculada à satisfação de realização da atividade em si. Ex.: leitura, pintura, resolver um
desafio, etc.
Para Bergamini (1990), "a motivação passa a ser compreendida como um esquema de ligação
Estímulo - Resposta (...) e que o homem pode ser colocado em movimento por meio de uma
sequência de hábitos que são o fruto de um condicionamento imposto pelo poder das forças
condicionantes do meio exterior".
Na abordagem cognitivista, os motivos intrínsecos são os que têm maior importância, pois o
comportamento do aluno está sujeito ao pensamento do indivíduo sobre si mesmo e sobre o seu
ambiente.
4.2. Motivação Extrínseca
Para Guimarães (2004), motivação extrínseca, carateriza-se por fatores externos e é conhecida
também como motivação ambiental ou consciente. A motivação extrínseca é, em grande parte, da
responsabilidade do professor, pois a este compete-lhe criar um clima que desperte o interesse
dos alunos.
Mas, além da motivação do aluno, também o professor deverá encontrar-se motivado, pois “a
tarefa de ensinar depende do professor. Todavia, ele não conseguirá fazê - lo se não estiver
motivado para isso” (Pozo 2002,).
Assim, é necessário que o professor reflita no seu modo de ensinar, de modo a interferir no
sucesso do processo de aprendizagem dos seus alunos, uma vez que professores desmotivados
terão muitas dificuldades em o conseguir.
 Nem sempre as pessoas conseguem gerar a sua motivação a partir de si mesmas;
 As pessoas voltam-se para o ambiente em busca de uma motivação externa (Extrínseca):
Incentivo externo com o objetivo de viabilizar um determinado comportamento;
Exemplos: notas, elogios, remuneração, risco de desemprego, etc.
 Surgem de alguma consequência proveniente do meio e distinta da atividade em si.
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Ex.: “Faça aquilo e receberá isto”; “O que eu ganho com isto?”


4.2.1.Funcionamento da Motivação Extrínseca
Condicionamento operante: modo como a pessoa aprende a operar de modo eficiente no seu
ambiente.
Adotar comportamentos que produzem consequências atrativas;
Adotar comportamentos que previne consequências desagradáveis.
4.3. Tipos de motivação extrínseca
 Incentivos – precedem o comportamento; excitam ou inibem a iniciação do comportamento.
 Consequências – sucedem o comportamento; aumentam ou diminuem a persistência do
comportamento.
Incentivos evento ambiental que atrai para um comportamento ou a repele para longe;
a) Positivo: sorriso, companhia de amigos, aroma atraente, pagamento, etc;
b) Negativo: careta, presença de inimigos, aroma desagradável, etc.
c) Não causam o comportamento, mas afetam a probabilidade de sua ocorrência.
Pista situacional que assinala se o comportamento terá consequências compensadoras ou
punitivas (que á aprendida através da experiência no mundo).
Consequências
Os tipos de consequencias são: reforco positivo ou negativo e as punições
a) Reforço positivo
Estímulo ambiental que, quando apresentado, aumenta a probabilidade futura de ocorrência do
comportamento desejado.
Exemplos: dinheiro, elogio, atenção, notas da escola, bolsas de estudos, comida, troféu,
reconhecimento público e privilégios.
b) Reforço positivo
Definições: (segundo a análise motivacional)
– Estímulo que diminui o impulso. Ex. fome;
– Estímulo que diminui a excitação. Ex. ansiolítico para acalmar a ansiedade;
– Estímulo que intensifica a excitação. Ex. concerto de Rock;
– Objeto ambiental atraente. Ex. dinheiro;
– Estimulação cerebral hedonicamente prazerosa.
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– Oportunidade de realizar um comportamento habitual. Ex. realizar o dever de casa para


depois ver televisão.
c) Punições
Estímulo ambiental que, quando apresentado, diminui a probabilidade de ocorrência do
comportamento indesejado.
Tem como objetivo controlar o comportamento do indivíduo.
Exemplos: críticas, encarceramentos, exposição ao ridículo público.
4.4. Custos ocultos das recompensas
A imposição de uma recompensa extrínseca em uma atividade motivada intrinsecamente,
enfraquece a motivação intrínseca.
Ou seja, a recompensa não é positiva quando há uma motivação intrínseca com relação a um
determinado comportamento.
Diminuem a capacidade a longo prazo da auto-regulação autônoma de um comportamento.
Ex. comportamento autônomos, se recompensados, aos poucos deixam de ser autônomos e
passam a ser condicionados pela recompensa.
Recompensas esperadas – enfraquecem a motivação;
Recompensas inesperadas – não possuem este efeito;
Recompensas tangíveis (dinheiro, brinquedo, etc.) – tendem a enfraquecer a motivação
intrínseca;
Recompensas verbais (elogio), simbólicas ou abstratas – não diminuem a motivação intrínseca.
5.0. Diferença entre a motivacao intrinseca e extrinseca
Diferença na fonte que energiza e direciona o comportamento.
Motivação intrínseca: surge das necessidades psicológicas e da satisfação espontânea que a
atividade oferece;
Motivação extrínseca: surge dos incentivos e das consequências do comportamento.
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6.0. Conclusão
Finda a realização do trabalho pude notar que motivação é um processo psicológico e energético,
interno e profundo que impele o indivíduo para a ação determinando a direção do
comportamento. Por isso, professor não pode motivar o aluno a aprender, mas pode incentiva –
lo, isto é, estimula – lo externamente, captando e polarizando sua atenção e despertando o seu
interesse. Para isso, pode e deve usar recursos e procedimentos incentivadores, aproveitando os
fatores ambientais, não apenas no início da aula, mas durante todo o seu decorrer.
A motivação tem um papel importante para a mobilização do aluno, para a realização das
atividades e para a manutenção da conduta. Pode ser influenciada ou estimulada por diferentes
fatores no processo de aprendizagem, de acordo com a abordagem adotada.
22

7.0. Referência bibliográfica


BROUSSEAU, G. Introdução ao estudo das situações didáticas: conteúdos e métodos de
ensino. São Paulo: Ática, 2008.
BROUSSEAU, G. Fundamentos e Métodos da Didáctica da Matemática. In: BRUN, J. Didática
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Bzuneck, J. A. 2004. A motivação do aluno: aspectos introdutórios. In Boruchovitch, E. e
Bzuneck, J. A. A motivação do aluno. Petrópolis: Editora vozes, 2004a, p.9-36.
Bzuneck, J. A. 2004. A motivação do aluno orientado a metas de realização. In Boruchovitch, E.
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HAYDT, Regina Célia Cazaux. Crise na educação: por quê? Thot - Revista da Associação Palas
Athena, n. 22, São Paulo, dezembro de 1980.
NÉRICI, Imídeo G. Didática Geral dinâmica. São Paulo, Atlas, 1987.
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