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O Controle Integrado de Pragas no

Contexto da Segurança Alimentar:


Dificuldades, Implementação e
Condutas

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ÍNDICE

1. Dificuldades para a Implementação do Controle Integrado de Pragas


2. Controle Integrado de Pragas
2.1 Definição
2.2 Objetivo
2.3 Meta
2.4 Responsabilidade
2.5 Locais de Execução
3. Procedimentos para Implementação do Controle Integrado de Pragas
3.1 Auditoria Preliminar
3.2 Treinamentos
3.3 Levantamento dos Níveis de Criticidade da Área
3.3.1 Critérios utilizados para determinar pontos críticos
3.4 Levantamento dos pontos críticos
3.5 Medidas de Controle Físico ou Mecânico
3.5.1 Exemplos de barreiras físicas ou mecânicas
3.6 Controle Químico
3.6.1 Determinação dos níveis para o uso de praguicida
3.7 Monitoração
3.7.1 Esquema da periodicidade por área e atividade
3.7.2 Resultado das inspeções periódicas
3.8 Auditorias sazonais de manutenção
4. Métodos de Aplicação de Produtos Químicos
4.1 Aplicação localizada
4.2 Aplicação direcionada
4.3 Aplicação UBV espacial
4.4 Aplicação ambiental
4.5 Polvilhamento de alto e baixo volume
4.6 P.I.P. – Postos de Iscagem Permanente
4.7 Armadilhas atóxicas
5. Registros
6. Produtos
6.1 Cuidados necessários no preparo dos produtos químicos
6.2 Inseticidas
6.2.1 Tipos de Inseticidas
6.2.1.1 Inorgânicos
6.2.1.2 Botânicos
6.2.1.3 Sintéticos
6.2.1.3.1 Piretróides
6.2.1.3.2 Organofosforados
6.2.1.3.3 Carbamatos
6.2.1.3.4 Hidrometilonas e Fenilpirazol
6.2.1.3.5 Fumigantes
6.2.1.3.6 Interferidores de crescimento
6.3 Toxidade dos Inseticidas
6.3.1 Tabela das classes dos inseticidas e sua toxicidade

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6.4 Formulações dos Inseticidas
6.4.1 Tipos de formulações
6.4.1.1 Concentrados emulsionáveis
6.4.1.2 Soluções concentradas
6.5 Raticidas
6.6 Antídotos
7. Boas Práticas de Fabricação
8. Pragas
8.1 Barata Alemã
8.2 Barata Americana
8.3 Rato Urbano
8.4 Mosca Varejeira
8.5 Mosca Domestica
8.6 Mosquito da Febre Amarela (Dengue)
8.7 Mosquito do Mangue
8.8 Pulga do Gato
8.9 Pulga do Rato
8.10 Pulga do Homem
8.11 Formiga do Fogo
8.12 Traças de Grãos
8.13 Vespas Sociais
8.14 Tesourinhas
8.15 Escorpiões
8.16 Pombos
9. Conclusões
10. Referências Bibliográficas

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Lista de Tabelas e Figuras

1- Critérios utilizados para determinação dos pontos críticos 7

2- Determinação dos níveis para o uso de praguicida 9

3- Esquema da periodicidade de monitoramento por área e suas


atividades para a determinação das intervenções ou os níveis
de infestação 10

4- Tabela das classes dos inseticidas e sua toxicidade 18

5- Tabela dos principais antídotos dos inseticidas por grupos químicos 19

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Introdução

Tendo como ponto de partida, a grande diversidade de produtos que


encontramos hoje no mercado, a localização das unidades de produção, as
novas exigências legais e dos consumidores, no tocante à qualidade dos
produtos alimentícios, associados à falta de informações técnicas para o
profissional ligado ao controle de pragas, colocamos neste trabalho, as principais
informações práticas, técnicas e legais necessárias, aos prestadores de serviços
desta área. Tais informações complementadas por ações de responsabilidade de
todos os envolvidos da empresa, servirão para minimizar os sérios riscos de
contaminação, sejam elas físicas, químicas ou biológicas que as pragas impõem
aos alimentos.
O trabalho inicia-se com o resumo das principais, mais comuns e maiores
dificuldades encontradas na implementação do Controle Integrado de Pragas,
seguindo-se dos procedimentos para assegurar a qualidade dos produtos, e
preservar-se a imagem das empresas processadoras de alimentos a fim de livrá-
las das tão onerosas e desgastantes reclamações dos consumidores e outros
tantos desgastes causados por má conduta.
O trabalho é concluído com conhecimentos básicos sobre os hábitos de conduta,
biologia e controle das principais pragas encontradas nas indústrias de alimentos.

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1 - Dificuldades para Implementação do Controle Integrado de Pragas

Antes da implementação do Controle Integrado, deve-se ressaltar as


principais dificuldades que serão enfrentadas, a saber:
- Falta de Credibilidade no Programa: pode ocorrer por falta de informação
e formação das pessoas que gerenciam o mesmo;
- Prioridades dos contratantes, pois o controle integrado sempre será o
último das listas;
- Adaptabilidade das unidades tratadas, sejam pelas construções
inadequadas, localização, impossibilidades estrutural ou tempo de
respostas às solicitações;
- Econômicos, pois para adaptar uma unidade às necessidades do
controle integrado uma soma considerável de recursos será necessário;
- Na integração e envolvimento, departamentos responsáveis serão
cobrados mas em poucos casos receberão ajuda;
- Normatização: deve-se primeiro corrigir as não conformidades em boas
práticas de fabricação;
- Pela responsabilidade do programa, em raríssimos casos o programa é
gerenciado por pessoa com força hierárquica;
- Serviços de terceiros, não se faz nem se vê a co-responsabilidade nos
serviços de limpeza, refeições, transporte, etc;
- Com a manutenção do programa, quando os primeiros resultados
começam a surgir ocorre um relaxamento indesejado.

2 - Controle Integrado de Pragas

2.1- Definição

Tem como premissa básica a utilização de todas as medidas técnicas


legais possíveis, sejam elas preventivas corretivas ou curativas, que visam o
controle de pragas de uma determinada área.
Essas medidas sempre serão apoiadas e mensuradas através de
relatórios ou laudos que possam identificar a eficiência do controle bem como
as medidas necessárias para os controles físicos, mecânicos e químicos,
quando e porque serão utilizadas tais medidas nas diferentes áreas,
possibilitando a correta monitoração das ocorrências e multiplicando também o
conhecimento das pragas alvo junto aos colaboradores, das técnicas de
controle para o local, e a importância que as normas de Boas Práticas de
Fabricação têm para o resultado final do programa.

2.2 - Objetivo

O Controle Integrado, visa manter a população de pragas em níveis


aceitáveis, tais que não provoquem danos não infestem ou contaminem
produtos, matérias primas, áreas de produção ou armazenamento, sempre
com o menor uso de praguicidas possível.

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2.3 - Meta

A integração entre o prestador de serviço e seu contratante de tal forma


que, possam ser implementadas rapidamente e a baixos custos, todas as
ações conjuntas necessárias além de aplicar os diferentes métodos de
controle para se obter em curto prazo, a maior eficiência e o menor risco de
reinfestações e/ou contaminações .

2.4 - Responsabilidade

O Controle Integrado de Pragas, deveria ser responsabilidade de todos


os envolvidos, de diferentes setores e graus hierárquicos, e sobre as gerências
do departamento de qualidade assegurada da unidade tratada.

2.5 - Locais de Execução

Por se tratar de um sistema em que pouquíssimo praguicida será


utilizado se corretamente desenvolvido, o mesmo não sofrerá restrições
ambientais, podendo ser aplicado em:
Indústrias de Alimentos e seus Segmentos;
Hospitais;
Supermercados;
Refeições Coletivas, Cozinhas Industriais;
Catering, Empresas de Transporte, Aeronaves;
Condomínios Residenciais e Comerciais, etc.

3 - Procedimentos para Implementação do Controle Integrado de Pragas

3.1 - Auditoria Preliminar

Deverá ser realizada no início dos trabalhos, visando encontrar na


unidade a ser tratada todas as não conformidades, sejam elas de procedimento
nas Boas Práticas de Fabricação, estruturais, comportamentais, de layout e
condução paisagística, entre outras, que possam direta ou indiretamente interferir
na eficiência e tempo do controle.
Essa auditoria, dependendo da autorização do cliente, deverá ser fotográfica e ter
como mínimo os seguintes quesitos:
a. Identificação do local, setor, departamento, equipamento;
b. Identificação da não conformidade e a sua relação com o controle;
c. Sugestões das ações corretivas necessárias em relação à praga alvo;
d. Identificação e levantamento dos pontos de vulnerabilidade da unidade;
e. Identificação e levantamento dos focos e tipos pré-existentes de pragas;
f. Levantamento dos pontos de alojamento e trânsito interno de pragas;
g. Resumo de prioridades.

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3.2 - Treinamentos

De posse do levantamento e definição das prioridades junto à empresa


das prioridades, será formado com colaboradores dos diferentes setores da
empresa, que tenham força hierárquica um grupo multiplicador, e a esse serão
dados vários treinamentos que abordarão técnicas de controle, biologia e hábitos
das pragas alvo da unidade.
O grupo terá a função depois de capacitado, de fornecer as informações
necessárias para a condução do programa.

3.3 - Levantamento dos níveis de criticidade da área

O levantamento dos níveis de criticidade é necessário pois aí serão


avaliados os riscos e peculiaridades que uma área apresenta para o
desenvolvimento, instalação e permanência das pragas. Também são analisados
os riscos de possíveis contaminações do produto acabado, assim como suas
matérias primas, pelos agentes químicos utilizados durante as desinsetizações
ou desratizações, que possam vir a ser necessárias e realizadas na área.

3.3.1 - Critérios utilizados para determinar pontos críticos

Quanto ao desenvolvimento Quanto à contaminação do


de Pragas produto ou M. prima

Nível A Locais que possam abrigar, Locais onde o risco de


Crítica permitir a entrada, contaminação é alto, seja
instalação, nidificação e ou pelo manuseio,
servir como abrigo. volatilização, tipos de
formulação ou equipamento
necessário.

Nível B Local com poucas Locais onde é menor o


Moderadamente Critica possibilidades para o risco de contaminação por
desenvolvimento, entrada, volatilização, formulação e
instalação e abrigo de equipamento necessário.
pragas.

Nível C Locais sem condições ou Locais produtos ou


Não Critica com perfeitas instalações, matérias primas
onde o risco de devidamente
desenvolvimento de pragas acondicionados e onde não
é mínimo. haja o risco de ser
contaminado por manuseio,
volatilização de praguicida.

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3.4 - Levantamento dos pontos críticos

Pontos críticos são os diferentes locais de risco que uma mesma área
pode ter, considerando a possibilidade de melhor alojamento, alimentação, assim
como a dificuldade de acesso para higienização, falta de obstáculo ao transito
das pragas e etc. Esses locais serão determinados através de levantamentos
específicos e nessas áreas serão dadas as recomendações de melhoria que
sempre serão realizados durante as visita de manutenção. No levantamento
deve-se levar em conta:

- O grau de disponibilidade de alimento por deposição, período de


higienização, manutenção preventiva do equipamento.
- Impossibilidade de acesso para sanitizar, higienizar e desinsetizar
existentes no local ou equipamento.
- Construções inadequadas sob o aspecto de higiene, operacional,
paisagístico ou de prevenção às pragas
- Procedimentos sócio-culturais, educacionais ou de hábitos regionais
inadequados.

3.5 - Medidas de controle físico ou mecânico

Servem para evitar o acesso indesejável e dar proteção às áreas e/ou


produtos. Os métodos preventivos devido a inadaptabilidade das unidades a
serem tratadas, são os que mais oneram o controle, mas ao longo do tempo se
consolidam como os mais eficazes. A simples instalação de um equipamento
ou correção de estrutura por si só, não asseguram o sistema, temos que
verificar suas especificações técnicas para, só assim, obtermos os melhores
resultados. Assim, para nos assegurarmos da prevenção que queremos ter,
devemos:

- Inspecionar regularmente os ambientes da fábrica para a identificação


de novos pontos críticos tais como frestas ou trincas, janelas e portas
danificadas, instalações elétricas e mecânicas sem vedação, limpeza
de parede, esgoto e etc.
- Garantir condições de ordem limpeza e arrumação, para diminuir a
oferta de alimento e abrigo às pragas seguindo as normas contidas
nos sistemas da qualidade.
- Observar sempre os locais em que, por inadaptação ou defeitos de
layout, sejam depositados alimentos que possam servir como abrigo
das pragas.
- Inspecionar toda e qualquer entrada de produtos, equipamentos
matérias primas e veículos de transporte vindos de terceiros.
- Colocar em locais estratégicos as armadilhas ou pontos de iscagem
permanente e mantê-las com acesso permanente.
- Inspecionar periodicamente as armadilhas e anotar todas as não
conformidades contidas.

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3.5.1 - Exemplos de barreiras físicas ou mecânicas

Todas as barreiras físicas devem ser utilizadas em extremos ou seja,


altas e baixas temperaturas, alta e baixa luminosidade, colunas de ar etc.
Barreiras físicas: Cortinas de ar, lâmpadas com vapor de sódio,
armadilhas luminosas de adesão, refrigeração etc.
As barreiras mecânicas são utilizadas para evitar a nidificação acesso e
manutenção das pragas. Elas são molas para fechamento, sensor ótico, telas,
flexdoors.

3.6 - Controle Químico

Seguindo a legislação pertinente do nosso país, só deverão ser


realizados os controles químicos quando as vistorias assim determinarem e
quando nenhum outro método preventivo puder ser usado. Esse tipo de controle
consiste no uso de diferentes produtos químicos de um mesmo grupo ou não,
para o controle curativo e corretivo emergencial das pragas nas diferentes áreas
a serem tratadas. Nesse só serão utilizados os produtos registrados e
aprovados pelos órgãos competentes, seguindo a legislação atual e a
normatização da empresa.
O controle deverá ser determinado sempre através das planilhas de
monitoração (anexo1), e, quando for necessário a mesma possuirá ainda
diferentes níveis para a utilização de praguicidas.

3.6.1 - Determinação dos níveis para o uso de praguicidas

Nível Mínimo É caracterizado pela não emergência e não visualização


das pragas, sua presença só é notada quando são
utilizadas armadilhas de atração. Tem caráter preventivo e
visa combater as pragas com o menor número de
intervenções químicas.
Nível Médio Já é caracterizado pela visualização dos sinais de
pragas,nos pontos críticos pré-identificados, mas ainda não
são vistas nem emergem nas áreas fabris.
É de caracter curativo e deverá ser utilizado antes que o
número ultrapasse os níveis aceitáveis. Deve-se manter os
mesmos procedimentos do nível mínimo porém com os
ajustes necessários para cada caso.

Nível Máximo Nesta fase a visualização das pragas alvo já é constante


não mais se restringindo aos pontos críticos. Deverá ser
usado o praguicida adequado para o controle corretivo e
curativo porém todos os procedimentos de controle
deverão ser revistos para que se encontrem as possíveis
falhas e que se façam as devidas correções.

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3.7 - Monitoração

É realizada para se ter o acompanhamento da dinâmica populacional das


pragas, fazer os ajustes de controle, observar e quantificar os resultados
obtidos através dos diferentes métodos aplicados, sazonalizar e tipificar as
pragas pelos locais e épocas de infestação.
São colocados na monitorização, através das fichas de acompanhamento
todas as correções e não conformidades observadas durante as visitas de
serviço.

3.7.1 - Esquema da periodicidade de monitoramento por área e


suas atividades para a determinação das intervenções ou níveis de infestação.

Local Periodicidade Atividade

Portaria Mensal Inspeção Visual

Escritório Bimestral Inspeção Visual

Restaurante Semanal Inspeção Visual

Jardins Mensal Poda

Ensacamento Semanal Limpeza

Almoxarifado Quinzenal Inspeção Visual

Rede de Esgoto Quinzenal Inspeção Visual

Rede Pluvial Mensal Inspeção Visual

Rede de Esgoto Quadrimestral Limpeza

3.7.2 - Resultado das inspeções periódicas

Os resultados obtidos servirão também para que se determine:


- O grau de infestação, sua localização e sua sazonalidade;
- Os pontos críticos suas correções e acompanhamento;
- Identificação dos focos iniciais e possibilidade de tratamento imediato;
- Quantificação da freqüência e rotação necessária dos praguicidas;
- Se há pontos falhos que possam estar facilitando a instalação por
infestação passiva de pragas;
- Correção e aceleração das ações coletivas quanto à metodologia,
produtos ou equipamentos.

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3.8 - Auditorias sazonais de manutenção

Devem ser realizadas, periodicamente pois com o efeito inicial de


controle que o programa proporciona, podem começar a ocorrer pequenas
falhas que se não relatadas ou relembradas poderão comprometer, todo o
resultado final de controle.
Nessas deverão ser aplicados os mesmos princípios da Auditoria
Preliminar, procurando relatar as não conformidades sem correção, e
procurando sempre pelos quatro “As“ Acesso, Abrigo, Alimento, Água.

4 - Métodos de aplicações de produtos químicos

Integrar e realizar os diferentes controles implica na análise e avaliação


de todos os métodos de aplicação, produtos e equipamentos que conduzam a
maior eficiência sempre com o menor risco de contaminações e reinfestações.
Hoje há equipamentos que cumprem totalmente as diferentes
necessidades das aplicações que são:

4.1 - Aplicação localizada

É comum na estrutura de qualquer edifício, a existência de numerosas


fissuras, trincas e outros pequenos espaços nos quais vários insetos podem se
abrigar. A aplicação localizada é utilizada para formar uma película sobre e
dentro das fissuras, trincas ou espaços, bem como para deixar o produto
exposto para que outros insetos venham a se contaminar.
Esse tipo de aplicação é também adequado para áreas onde a
presença dos praguicidas químicos podem gerar problemas como por exemplo
UTI hospitalares, CPD’s, Biotérios etc. Os equipamentos indicados são os
pressurizados de baixo volume com jatos direcionados, de bicos injetores ou gel
aplicadores

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4.2 - Aplicação direcionada

É recomendada para áreas especificas, que necessitem ser tratadas de


um modo isolado sem que haja acesso e comprometimento de outros setores.
Os equipamentos indicados nesses casos são pressurizados de alto ou baixo
volume com os bicos direcionadores de jato continuo ou cone cheio e gel
aplicadores.

4.3 - Aplicação UBV espacial

Permite o tratamento indiscriminado de áreas atingindo frestas, interior


de equipamentos, rede de esgoto, rede pluvial, eletro calhas, telhados etc., com
a vantagem de serem utilizados produtos solubilizados em óleo que não
promoverão resíduos no ambiente. Os equipamentos nesses casos são os
termonebulizadores ou fogging.

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4.4 - Aplicação ambiental

É utilizada com soluções aquosas em áreas extensas, onde se deseje


depositar uma película de praguicida na estrutura.Usado para grandes
ambientes, em arbustos paisagísticos e seu alcance máximo em condições
controladas é de 12 metros. Nestes casos são indicados os pulverizadores
motorizados de baixo volume.

4.5 - Polvilhamento de alto e baixo volume

Quando a soluções aquosas ou oleosas podem comprometer o


funcionamento de painéis e redes elétricas, centrais de comando ou eletrovias
podem ser utilizados os inseticidas de contato na formulação pó seco, sendo
que para esse tipo de aplicação deve-se utilizar as polvilhadeiras manuais de
baixo volume ou as motorizadas de alto volume.
Esse tipo de aplicação deve ser vetado, devido ao risco que apresenta
durante o procedimento de higienização, em áreas onde o processo gere ou
produza produtos em pó.

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4.6 - Postos de iscagem permanentes

As substâncias químicas raticidas quando utilizadas, nas suas diferentes


formas, devem ser dispostas em comedouros. Estes devem promover a
segurança contra o derramamento e violação, ser mapeados e formar um anel
sanitário externo que impeça a entrada de roedores.

4.7 - Armadilhas atóxicas

São sempre utilizadas como parte ativa dos controles, seja para
monitoração ou para controle efetivo, quando não se permite a utilização de
praguicidas nas áreas a serem tratadas. Podem ser utilizados atrativos sexuais
(feromônios) ou olfativos que são colocados em placas adesivas ou cápsulas de
captura.

5 - Registros

Cumprem as exigências legais e dão todas as informações necessárias


referentes às visitas. Tornam se um histórico da unidade tratada, contendo
informações sobre:
- Ocorrência de Praga;
- Tipos de controles efetuados (físico, mecânico,químico etc);
- Mudanças estruturais realizadas e a realizar;

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- Auditorias;
- Estatística do volume de inseticida usado;
- Tempo de realização dos serviços, etc.

6 - Produtos

Neste capítulo veremos os diferentes grupos de produtos


(praguicidas),autorizados e os cuidados necessários para sua utilização.
Se fôssemos pensar em como seria o praguicida ideal, este deveria ter
as seguintes características:
- Rápida ação de morte em todas as fases e formas da praga;
- Ser seletivo para a praga alvo;
- Não promover resistência;
- Ser totalmente inofensivo ao homem, animais domésticos, silvestres e
meio ambiente;
- Não modificar sua estrutura com a temperatura;
- Ter residual ativo somente com a presença da praga;
- Ser inodoro, não-inflamável e não corrosivo;
- Ter total degradação por luz, temperatura e pela microbiota do solo;
- Agir por contato, repelência, ingestão, fumigação e desalojamento.
Infelizmente esse praguicida ideal não existe, por isso devemos ter total
responsabilidade e conhecimento quando sua utilização for necessária, pois
direta ou indiretamente estaremos interferindo no equilíbrio ecológico, agredindo
irreversivelmente o meio ambiente e afetando diretamente a condição de vida e
saúde das pessoas.

6.1 - Cuidados necessários no preparo, manuseio e aplicação dos


praguicidas.

Tanto nas preparações dos praguicidas, quanto nas aplicações e


manuseio desses, sempre deveremos utilizar equipamentos de proteção e
adotar as condutas que dependendo dos riscos podem ser:
- Usar luvas de Látex, meio cano;
- Vestir-se com calça e camisa de manga comprida e de algodão;
- Usar máscara com filtros contra vapores orgânicos;
- Botas de PVC ou hidrofugada;
- Óculos ampla visão;
- Boné tipo legião estrangeira, que proteja a nuca e orelhas;
- Protetor auricular;
- Evitar inalação e contato com a pele;
- Tomar banho e trocar a roupa após a aplicação;
- Não aplicar em locais onde poderá haver trânsito imediato de
pessoas;
- Evitar contaminação de utensílios, alimentos, embalagens etc;
- Não aplicar soluções aquosas em aparelhos ou painéis elétricos,
mesmo que desligados;
- Preparar as soluções em locais arejados, protegidos e identificados;

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- Não guardar sobras de solução;
- Não fumar nem comer durante as aplicações;
- Fazer a tríplice lavagem das embalagens;
- O local de armazenagem dos produtos deverá receber todos os
avisos de segurança, e ficar em local afastado, protegido e bastante
arejado.

6.2 - Inseticidas

Dentre o grupo de inseticidas encontram-se hoje registrados no Brasil,


para uso específico em controle de pragas urbanas, piretróides,
organofosforados, carbamatos, hidrometilonas e fenis-pirazóis.

6.2.1 - Tipos de Inseticidas

6.2.1.1 - Inorgânicos

Alguns os chamam de inseticidas minerais. Um desses inseticidas é o


ácido bórico, que isoladamente não atrai insetos, ou seja, sempre precisa ser
associado a um produto de atração, como chá de cebola, massa de trigo.

6.2.1.2 - Botânicos

Conhecidos como inseticidas naturais, o mais conhecido deste grupo é o


pirétro, substância oleosa extraída de certas variedades de crisântemo, utilizada
na forma de pó; outro exemplo é a nicotina.

6.2.1.3 - Sintéticos

6.2.1.3.1 - Piretróides

Durante os últimos anos, os químicos determinaram que o pirétro natural


se constitui de seis estruturas moleculares similares. De posse desta
informação foram sintetizadas estruturas químicas similares ao pirétro natural,
chamados hoje de piretróides sintéticos.
Os piretróides sintéticos possuem em vantagem, maior estabilidade,
residual, maior poder desalojante e um melhor e mais rápido efeito morte, sem
perder sua característica de baixa toxicidade aos mamíferos.
Eles agem no sistema nervoso central e sistema muscular dos insetos,
levando-os à morte por paralisia funcional ou colapso múltiplo dos órgãos vitais.

6.2.1.3.2 - Organofosforados

Citado por alguns pesquisadores como clorofosforados, pois em sua


estrutura química possuem uma ou mais moléculas de cloro.
São os mais utilizados hoje em substituição aos clorados por possuírem
um poder residual ativo bastante longo (dependendo do grupo e formulação),
quando incorporados ao solo ou aderidos a estruturas celulares.

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Sua ação tóxica primária está na inibição da enzima que processa ou
decodifica os impulsos nas células nervosas a acetil-colinesterase.
Quando essa enzima é inibida, cessa a comunicação dos impulsos
nervosos entre as células, levando assim à falência dos órgãos vitais e à morte
do inseto.

6.2.1.3.3 - Carbamatos

Foram descobertos entre as décadas de 50 e 60 e possuem quase as


mesmas características e modo de ação dos fosforados. Também agem na
acetil-colinesterase.
Há hoje no mercado formulações que agregam aos produtos um maior
poder residual, e que possuem também em vantagem aos fosforados uma
menor toxicidade.
Foram amplamente utilizados no mercado de controle de pragas
urbanas nos finais dos anos 60 a meados dos anos 80, por ter largo espectro de
ação, baixa toxicidade e diferentes formulações prontas para o uso.

6.2.1.3.4 - Hidrometilonas e Fenilpirazol

Tiveram a sua liberação de uso no Brasil, na forma de gel, para o


controle de pragas urbanas no final dos anos 90. São produtos que usam
substâncias atrativas que induzem a ingestão do agente químico letal; quando o
inseto morre junto à colônia, o mesmo é canibalizado pelos outros indivíduos de
sua espécie, que por sua vez, morrerão devido ao ativo do produto que
permanece em seu corpo (caso específico das baratas ao qual o produto se
destina).
Eles agem tanto no sistema fisiológico como no sistema nervoso do
inseto, inibindo o ácido Gama Amino Butólico, que é o regulador da passagem
de íons na membrana celular e por super excitá-lo, leva os insetos que
ingeriram o ativo à morte.

6.2.1.3.5 - Fumigantes

São gases ou vapores que têm uma ação penetrante e tóxica. A naftalina
é um exemplo de um fumigante, pois a Fosfina e o Brometo são gases tóxicos e
que requerem aplicação especial.

6.2.1.3.6 - Interferidores do crescimento

Não são propriamente inseticidas. Eles interferem no processo normal de


crescimento dos insetos. (muda o esqueleto)

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6.3 - Toxidade dos Inseticidas

DL 50 ou LD 50

É o numero correspondente à dosagem que terá chance de matar ou


intoxicar 50% dos indivíduos expostos ao produto.
- Se o DL 50 for Baixo, o produto é Muito tóxico;
- Se o DL 50 for Alto, o produto é Pouco tóxico.

6.3.1 - Tabela das classes dos inseticidas e sua toxicidade

Classe I Vermelho Extremamente tóxico

Classe II Amarelo Altamente tóxico

Classe III Azul Mediamente tóxico

Classe IV Verde Pouco tóxico

6.4 - Formulações dos Inseticidas

A maioria dos inseticidas precisam ser diluídos, para serem utilizados.


Essa diluição poderá ser feita em água ou óleo, dependendo da sua formulação
e utilização.
São indesejáveis as misturas entre os inseticidas que compõem a calda,
pois poderá se formar um terceiro composto altamente tóxico e não
devidamente pesquisado.
As soluções aquosas (calda) não são inflamáveis, mas são excelentes
condutoras de eletricidade. Por isso nunca deve ser pulverizada diretamente
sobre painéis ou instalações elétricas, tais como: casas de força, quadros de
eletricidade, tomadas, etc.

6.4.1 - Tipos de Formulações

6.4.1.1 - Concentrados Emulsionáveis (C E)

São preparados que contém o princípio ativo e outras substâncias


especiais como por exemplo um emulsificante que dá condição ao inseticida de
misturar com água (milhões de gotículas oleosas).

6.4.1.2 - Soluções Concentradas (Microencapsulados)

São moléculas de inseticida revestida por nylon ou látex, essas


moléculas variam entre 10 a 30 micras (um micra é a milésima parte do
milímetro).

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São destruídos nos termonebulizadores devido às altas temperaturas.
Após aplicação, a água que envolve a película séca, rompe-se a cápsula e o
inseticida é liberado, lentamente.

6.5 - Raticidas

Infelizmente ainda hoje no Brasil, principalmente no interior dos estados,


alguns produtos extremamente tóxicos estão à disposição para a
comercialização e uso indiscriminado pela população.
Esses produtos além do risco tóxico que oferecem ao homem, muitas
vezes não possuem antídoto e nem registro oficial, o que leva a uma grande
mortandade advinda de ingestão acidental, principalmente de crianças.
Os produtos hoje autorizados para a utilização no controle de roedores,
são os de ação anticoagulante, que levam o animal à morte, ao interromper os
mecanismos de coagulação, inibindo a síntese da vitamina K.
Podemos então separar os coagulantes autorizados em:
- Dose múltipla, são os raticidas em que o animal precisará repetir a
ingestão por até 5 dias para atingir a dose letal.
- Dose única, são os raticidas onde basta ingerir uma pequena e única
quantidade para atingir a dose letal. Este efeito não está relacionado
à concentração de ativo na isca e sim a não necessidade do efeito
cumulativo.

6.6 - Antídotos

Quando e se ocorrer algum acidente deverão ser verificados os


procedimentos e condutas contidos nas fichas de emergência dos produtos que
devem ser fornecidos por ocasião da realização dos serviços.
O serviço médico de emergência deverá receber os rótulos dos produtos
utilizados e que sejam suspeitos de estar causando a intoxicação.
A tabela abaixo serve somente para apresentar os principais antídotos
por grupo químico, mas sua aplicação deverá ser feita por corpo médico
capacitado.

Grupo Químico Antídoto

Organofosforados Sulfato de Atropina

Piretróides e Carbamatos Tratamento Sintomatológico

Hidrametilona e Fenilpirazol Tratamento Sintomatológico


sem antídoto específico

Raticidas Vitamina K1 Injetável

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7 - As Boas Práticas de Fabricação

A higiene é de vital importância quando se fala em controle de pragas, é


também é imprescindível para se garantir um alimento seguro.
As boas práticas devem ser aplicadas durante todo processo visando
eliminar riscos de acesso, abrigo e fornecimento de alimento ou água às
pragas. Elas definem o conjunto de critérios e condições sanitárias a serem
aplicadas como ação preventiva.
Basicamente devem seguir os seguintes critérios mínimos:
- Levantamento das áreas que devem ser separadas fisicamente;
- Definição do melhor acondicionamento e destino para o lixo;
- Como projetar e construir as edificações e equipamentos;
- Como conduzir o paisagismo nas áreas externas;
- Quais os cuidados com as áreas de processamento;
- Deveres e condutas dos colaboradores;
- Normatizações de transporte, armazenagem e distribuição;
- Condutas para o recebimento de matérias primas e embalagens;
- Procedimentos para as inspeções nos fornecedores.

8 - Pragas

8.1 - Barata Alemã (Blattella germânica)

Descrição

Os adultos dessa barata possuem 1,3 cm de comprimento e coloração


marrom-pálida ou bronze com duas riscas pretas paralelas no pronotum
(segmento em forma de escudo atrás da cabeça). Os machos adultos são
relativamente mais estreitos do que as fêmeas quando vistos de baixo.
As ninfas dessas baratas possuem 0,3 mm de comprimento quando
eclodem e são quase uniformemente escuras, exceto por uma área clara nas
costas do segundo e terceiro segmento. Quando elas crescem essa área clara
se torna maior até que as ninfas adultas tenham duas riscas pretas paralelas
separadas por uma área bronze clara.

Biologia

As baratas alemãs são os insetos domésticos comumente encontrados


no Brasil. Esta praga é geralmente encontrada infestando as cozinhas, mas tem
a capacidade de viver em qualquer parte de qualquer estrutura aquecida. Elas
são

20
são geralmente encontradas em áreas de abrigo escuras e isoladas (armários,
atrás de gabinetes, espaços em paredes e casas de máquinas).
As fêmeas adultas produzem de 4 a 8 ootecas de coloração
amarronzada durante a vida, sendo que cada uma possui 0,7 cm de
comprimento e contém de 30 a 40 ovos. A fêmea carrega a cápsula de ovos
parcialmente dentro de seu abdômen até pouco antes das ninfas estarem
prontas para eclodir. Se uma cápsula de ovos é derrubada prematuramente as
baratas em seu interior morrerão de desidratação.
As ninfas eclodem da cápsula dentro de 28 a 30 dias e se alimentam e
vivem nas mesmas áreas que os adultos. As ninfas passam por 6 ou 7 mudas
antes de se tornarem adultas. Existem de 3 a 4 gerações por ano e cada
geração vive em média 103 dias. Baratas se alimentam de todos os tipos de
comida e também de qualquer outra coisa com valor nutricional encontrada na
casa.
Baratas alemãs são insetos noturnos. Elas ficam escondidas em áreas
de abrigo isoladas e escuras durante o dia. Se elas forem vistas durante o dia
certamente é um sinal da existência de uma população imensa. Baratas gostam
de se agrupar em seus abrigos, mas se a população se torna muito grande elas
são forçadas a sair dos seus esconderijos seguros.

Controle

A higiene é a pedra fundamental de um controle efetivo e duradouro


dessas baratas. Os alimentos devem ser eliminados e áreas de abrigo devem
ser seladas sempre que possível.
Às vezes são necessários inseticidas quando aplicados na forma de
spray, UBV ou nebulização, às vezes são necessários para controlar as
populações existentes e para ajudar a prevenir a sua reinfestação. Armadilhas e
gel, também são indicados para o controle.

8.2 - Barata Americana (Periplaneta americana)

Descrição

As baratas americanas quando adultas, têm 4,8 cm de comprimento,


coloração vermelho-amarronzada e são caracterizadas por asas totalmente
desenvolvidas que cobrem completamente o abdômen. O pronotum (área em
forma de escudo atrás da cabeça) possui uma faixa em forma de halo ao redor
de sua extremidade.

21
As ninfas possuem 6 mm de comprimento quando eclodem dos ovos e
são cinza-amarronzadas a princípio. Com o desenvolvimento elas se tornam
mais vermelho-amarronzadas e o halo amarelo se torna mais saliente no
pronotum.

Biologia

As baratas americanas não são pragas comuns na maioria das casas.


São muito abundantes em esgotos e são geralmente encontradas em
grande número nas mercearias, prisões, restaurantes, porões, embarcações,
prédios públicos e garagens de apartamentos.
Estas pragas gostam de habitar lugares quentes e úmidos e são
geralmente encontradas aos milhares em túneis de vapor e salas de
aquecimento. Elas não são boas voadoras, mas podem migrar de um prédio
para outro com suas asas.
Cada fêmea pode produzir uma média de 60 ootecas durante a vida,
cada uma possuindo 0,7 cm de comprimento e coloração de marrom a preta. As
ninfas eclodem em aproximadamente 60 dias. Elas passam por até 13 mudas
antes de se tornarem adultas, o que pode levar de 285 a 616 dias. Os adultos
vivem por 400 dias em média. Essas baratas podem se tornar muito
abundantes em locais isolados apesar de seu longo ciclo de vida; pelo fato de
produzirem tantas cápsulas de ovos.

Controle

Assim como no controle do outro tipo de barata, higiene é muito


importante no controle das baratas americanas. A redução da população é mais
efetiva se os alimentos e áreas de refúgio forem eliminados sempre que
possível.
Grandes populações podem ser reduzidas ou eliminadas com aplicações
cuidadosas de inseticidas, mas muitos destes se decompõem rapidamente em
locais quentes, úmidos, e muito lavados, onde essas baratas podem proliferar.

8.3 - Rato Urbano (Camundongo, Rato de telhado e Ratazana)

22
Descrição

Podemos considerar ratos urbanos as três espécies citadas. Seu


tamanho na fase adulta pode variar de 8 a 27 cm e sua coloração de pelagem
pode ir do vermelho acastanhado ao preto acinzentado. Possuem estrutura
corporal de delgado musculoso a robusto corpulento.

Biologia

Espécie introduzida no país através dos colonizadores europeus, vindos


nas expedições.
Possuem alto poder de reprodução e maturação bem rápida, não
passando dos 90 dias. Período médio de gestação próximo a 20 dias.
Extremamente adaptados a qualquer situação desfavorável que
encontrem, são onívoros com preferências cerealista ou vegetariana,salvo a
ratazana que tem preferência por carnes. São predadores entre si e muito
territoriais defendendo seus nichos até a morte.
Podem habitar qualquer local onde possam conseguir comida, mesmo
em situações extremas de temperatura. Têm grande sucesso de sobrevivência
nos centros urbanos ou industriais, devido ao excesso de alimentos e
esconderijos encontrados nesses locais. Atualmente são os responsáveis pela
disseminação de várias doenças ao homem, aleluias de criadouros e prejuízos
enormes a produtos armazenados ou edificações.
É, sem duvida, a praga de maior dificuldade para o controle, quando
encontra fontes alternativas de alimento. Possuem sentidos e habilidades
apuradíssimos, que os ajudam na manutenção de sua colônia , sobrevivendo
das inúmeras sobras que disponibilizamos.

Controle

É vital para o controle desta praga que sejam seguidas todas as etapas
do Controle Integrado de Pragas, associadas ao saneamento e higienização da
área para evitar fatores de favorecimento à praga.
Como base de controle podemos seguir os seguintes passos:
1. Auditoria para identificação dos pontos problemáticos;
2. Identificação da espécie;
3. Saneamento da área;
4. Instalação de bloqueios mecânicos;
5. Eliminação das fontes alternativas de alimentos;
6. Colocação de armadilhas na área interna, vias de trânsito e acesso;
7. Colocação de iscas raticidas nas áreas externas e tocas;
8. Monitoração constante para evitar reinfestações;
9. Verificar presença de pulgas e, em caso positivo promover o
tratamento.

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8.4 - Moscas Varejeiras

Descrição

Existem muitas espécies de varejeiras que podem ser encontradas


infestando casas. Elas são facilmente identificadas como grupo por um brilho
azul, verde ou amarelo amarronzado metálico de seus corpos negros. Elas
variam em tamanho de 7 mm (varejeira preta) até mais de 1,2 cm (mosca
varejeira azul).
Estas moscas são muito ativas e geralmente vistas zunindo em janelas.
Elas têm um aparelho bucal esponjoso e um par de asas.

Biologia

As varejeiras raramente são grandes problemas em residências, mas


podem incomodar bastante com seu zumbido persistente. As fêmeas botam até
600 ovos em carne, peixe ou carniça e também são atraídas por estercos, lixos,
vegetais ou matéria orgânica úmida em apodrecimento.
As larvas são grandes, atingindo até 2 cm quando adultas e se
desenvolvem rapidamente no meio de crescimento.
Deixam o meio de crescimento para pupar. Essas moscas são
freqüentemente encontradas se desenvolvendo em corpos em decomposição
de roedores ou outros animais que foram mortos ou morreram dentro de sótãos,
buracos de parede ou chaminés de residências, soro de leite, frutas, etc.

Controle

Os adultos são facilmente controlados usando-se aerossóis com


piretrina. Entretanto quando há uma infestação persistente isso pode significar a
existência de algum animal morto ou matéria orgânica em decomposição, que
esteja servindo de origem para esses insetos.
O material infestado deve ser encontrado e eliminado para se resolver o
problema. Esta solução é muito mais permanente que o uso de inseticidas para
controlar as larvas e adultos.

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8.5 - Mosca Doméstica

Descrição

A mosca domestica tem de 5 a 8mm de comprimento, coloração cinza-


clara com quatro listas escuras nas costas do tórax (segmentos atrás da cabeça
onde as pernas e asas estão inseridas).
A cabeça é dominada por grandes olhos compostos de coloração
vermelho-amarronzada, circundados por uma lista dourada clara. Antenas
curtas surgem entre os olhos.
Elas têm aparelho bucal esponjoso.
As larvas desta mosca têm forma de carretel e coloração creme
esbranquiçada. Elas têm presas escuras no final da cabeça e aberturas de
respiração na ponta da cauda que parecem uma letra W ondulada. As larvas
têm até 11 mm de comprimento quando mudam para o estágio pupal em forma
de semente amarronzada.

Biologia

As fêmeas botam seus ovos em matéria úmida, em apodrecimento, em


fermentação, incluindo esterco animal, aparas de grama, lixo, sobras de ração
ou solo contaminado com qualquer desses itens.
Os ovos são postos de uma vez em grupos de 75 a 150 unidades. Uma
fêmea pode botar mais de 500 ovos durante a vida.
Os ovos eclodem após um dia e as jovens larvas se escondem no meio
para terminar seu desenvolvimento no prazo de 3 dias a várias semanas,
dependendo da temperatura e qualidade do material.
As larvas que se encontram prestes a pupar migram para áreas mais
secas do meio onde permanecem como pupas de 3 dias a 4 semanas antes de
saírem como adultas. Sob condições ideais estas moscas podem completar
todo seu ciclo de vida em menos de 7 dias.
Os adultos migram para áreas não infestadas até 30 km de distancia mas
a maioria permanece até 1 ou 4 km do local de seu nascimento. Os adultos têm
um apetite muito genérico e se alimentam de excremento e até de comida
humana.
Eles se alimentam de líquidos mas podem consumir sólidos que são
liquefeitos com os fluidos regurgitantes do seu trato digestivo.

25
Elas têm sido associadas a um grande número de doenças relacionadas
à sujeira.
Controle

O controle eficiente destas moscas só pode ser conseguido com um


programa coordenado que inclua:
1. Higiene;
2. Controle mecânico;
3. Uso correto de inseticidas.
Higiene é essencial para se remover ou eliminar os locais de procriação.
Materiais onde as moscas possam se desenvolver, devem ser removidos
ou indisponibilizados para o desenvolvimento das moscas através de secagem
ou que sejam acondicionados em forma líquida.
Boa higiene elimina um grande número de moscas o que ajuda a tornar
os inseticidas mais eficientes.
Medidas de controle mecânico como telas, portas antimoscas e
armadilhas elétricas ajudam a eliminar ou impedir que moscas adultas entrem
nos edifícios. Inseticidas devem ser aplicados em forma líquida no local de
repouso das moscas.

8.6 - Mosquito da Febre Amarela (Dengue)

Descrição

Os adultos são facilmente diferenciados de outros mosquitos pela


presença de listas amarelo-esbranquiçadas ou prata- esbranquiçadas em seus
corpos pretos.
Eles têm um conjunto de listas atrás do tórax (segmentos onde as asas e
patas estão conectados) que se parece muito com um diapasão.
Os cinco últimos seguimentos das pernas também têm listas brancas.

Biologia

Esses mosquitos se reproduzem facilmente em recipientes, com água


coletada em latas velhas, sarjetas, bebedouros de pássaros, pneus
abandonados e outros recipientes contendo água.
A fêmea põe os ovos após se alimentar de sangue e os deposita na
lateral do recipiente acima da água.

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Quando o recipiente se enche, os ovos eclodem e as larvas se
desenvolvem. Em condições ideais esses mosquitos podem completar seu ciclo
de vida em 10 dias.
Esses insetos estão vastamente distribuídos no Brasil. São insetos
tropicais que não podem sobreviver em clima mais frio, e são capazes de
transmitir a febre amarela mas com a participação ativa da comunidade.

Controle

O controle efetivo e duradouro desse mosquito só será conseguido com


um programa de controle de mosquitos por toda a comunidade que incorpore
redução dos locais de procriação através da remoção de recipientes adequados
para o desenvolvimento das larvas, eliminação das larvas sempre que possível
e controle de adultos com inseticidas.
Soluções de curto prazo para residências podem ser conseguidas
através do uso de telas e de repelentes de pele para afasta-los, nebulizações
ao redor de prédios e de outros locais que sirvam como abrigo para esses
mosquitos.

8.7 - Mosquito do Mangue

Descrição

Esses mosquitos são insetos delgados, de pernas longas, com duas asas
que variam de comprimento e diferente de outros mosquitos possuem suas
asas e corpos cobertos com escamas.
Suas asas são longas e estreitas, alinhando-se com as costas quando
repousam.
A cabeça é muito redonda, com aparelho bucal longo e delgado que as
fêmeas usam para sugar sangue.
Os machos podem ser rapidamente diferenciados das fêmeas pela sua
antena espessa.
As larvas ou agitadores são aquáticos e têm uma cabeça bem
desenvolvida, um tórax inchado não segmentado e um abdômen de oito
segmentos que geralmente termina em tubo de respiração alongado.
As pupas ou acrobatas também são aquáticas e ativas. Sua cabeça e
tórax são encerrados em uma grande massa oval com o abdômen delgado
conectado.

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Aedes solicitans têm listas brancas nos segmentos da ultima perna e
uma lista através do meio do aparelho bucal.
O abdômen tem faixas na maioria dos segmentos e uma lista branca do
meio até o final do abdômen.
Aropheles taeniorhynchus possui todas essas marcas exceto a lista
branca no meio do abdômen.

Biologia

Esses mosquitos procriam em água salgada, geralmente próxima ao mar,


mas também em terra firme em faixas alagadas ou em outras áreas com água
salobra ou sulfurosa.
As fêmeas botam seus ovos um a um em solo úmido, onde eles eclodirão
após secos e inundados com água.
As larvas podem terminar o desenvolvimento de 7 a 10 dias e como os
ovos eclodem em virtude de inundação, um grande numero desses mosquitos
pode emergir como adultos de uma só vez.
Eles são picadores inclementes e podem voar grandes distâncias à
procura de sangue.

Controle

O controle duradouro e efetivo desse mosquito só será conseguida com


um programa de controle de mosquitos por toda a comunidade que incorpore
redução dos locais de procriação, eliminação das larvas sempre que possível e
controle de adultos com inseticidas.
Soluções de curto prazo para afastá-los da residência podem ser
conseguidas através do uso de telas e repelentes.

8.8 - Pulga do Gato e do Cachorro

Descrição

Pulgas de gato e cachorro são geralmente encontradas juntas e têm


aparência muito semelhante.Essas pulgas são insetos pequenos e sem asas

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medindo aproximadamente 3 mm de comprimento, dispondo de um eficiente
aparelho bucal perfurante e sugador.
A cabeça da fêmea da pulga de gato é duas vezes maior que sua altura,
possui uma linha de espinhos muito pesados em frente à cabeça e na parte de
traz do primeiro segmento do corpo.
As larvas quando totalmente desenvolvidas têm 4 mm e se parecem
muito com larva de mosca. Elas têm 13 seguimentos e uma coloração branco-
pardo, com pêlos que se projetam para trás em cada seguimento do corpo e
têm também um par de apêndices em forma de anzol no ultimo segmento do
abdômen.

Biologia

Essas pulgas passam por uma metamorfose completa. As fêmeas põem


de 4 a 8 ovos após se alimentarem de sangue, os ovos caem no ninho do
hospedeiro ou onde quer que o animal esteja neste momento, e esses ovos
eclodirão em aproximadamente 10 dias. As larvas se alimentam de sangue
seco, restos de fezes e outros tipos de alimentos. Elas passam por 3 mudas
que vão de 7 dias a vários meses, dependendo da temperatura.
Quando maduras, tecem casulos sedosos dentro dos quais elas pupam,
sendo que seu estágio pupal pode durar de 7 dias a 1 ano.
A pulga do gato geralmente fica no casulo até que vibrações a
estimulem a emergir, as adultas se alimentarão de sangue através de seu
aparelho bucal perfurante e sugador.
As pulgas do cão e do gato preferem seus hospedeiros, mas na ausência
destes, se alimentarão do homem, se necessário.

Controle

O controle mais eficiente irá requerer um bom entrosamento entre


clientes e operadores. Os principais passos são:
1. Tratamento do animal infestado;
2. Higiene completa da casa e do seu entorno;
3. Aplicação de inseticidas em área total;
O ambiente deverá ser completamente aspirado para a remoção de
larvas , pupas, ovos e alimento e a cama dos animais deverá ser lavada com
água quente e sabão.
Em seguida, deverão ser aplicados no ambiente de preferência
inseticidas residuais microencapsulados. Reguladores de crescimento de
insetos também poderão ser ministrados no animal para suplementar o controle.
É aconselhável também que se faça uma consulta veterinária em caso de
infestação dos animais domésticos, para se verificar a presença do verme
Dipylidium caninum.
As áreas externas quando existentes e freqüentadas pelos animais
precisam ser tratadas sendo que o ideal é repetir essa operação por três vezes
com intervalos de 15 a 21 dias no máximo.

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8.9 - Pulga do Rato

Descrição

As pulgas do rato são pequenas, sem asas, possuem orifício de sucção


perfurante, de cor escura com corpos estreitos e patas bem desenvolvidas
ajustadas para saltos.
Essas pulgas são semelhantes às pulgas humanas no que se refere a fila
de espinhos localizadas na cabeça e na parte traseira do primeiro seguimento
do corpo, que são comuns nas pulgas do gato e do cachorro também.
São distintas das pulgas humanas pois possuem uma cerda
característica na frente do olho, sua larva também parece com a da mosca,
quando adulta têm a cor esbranquiçada e pode ser transmissora de doenças ao
homem.

Biologia

A presença da pulga do rato pode ser uma indicação de uma infestação


de roedores pois podem também infestar outros animais incluindo nesses os
coelhos e esquilos. São eficientes disseminadoras da peste bubônica e do tifo
Têm ciclo metamórfico completo, preferem e procuram locais com temperatura
quentes, são bem distribuídas em todas as regiões brasileiras, as fêmeas põem
de 4 a 8 ovos por ciclo e em 12 dias eclodem os ovos, as larvas se alimentam
de fragmentos orgânicos que existem em abundancia nos ninhos de seu
hospedeiro.
Passarão por três mudas e atingirão o estado de filhote em períodos que
vão de 12 a 84 dias e durante esta fase tecerão um casulo sedoso onde ficarão
de 7 a 180 dias para atingirem então a fase adulta, e poderão viver a partir daí
por mais 100 dias.

Controle

O controle da pulga do rato irá requerer um programa coordenado que


inclua os seguintes pontos:
1. Saneamento completo da área;
2. Controle de roedores, caso seja identificada sua presença;
3. Aplicação de inseticida microencapsulados como premissa importante.

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No saneamento da área deverão ser removidas todas as fontes de
alimento para as larvas, assim como a dos ratos hospedeiros.
Como os ratos são os hospedeiros preferidos, é extremamente
importante que se faça o tratamento (desratização) quando sua presença for
verificada repetidamente.
Tocas e rotas dos roedores também devem ser tratadas e o tratamento
contra as pulgas deve ser estendido para os tapetes, móveis, pisos, etc.
Nunca se esquecer de verificar os animais de criação quando detectada
a presença de pulgas ou de roedores.

8.10 - Pulga do Homem

Descrição

As pulgas do homem são insetos pequenos e sem asas com


aproximadamente 4 mm de comprimento, seu aparelho bucal é do tipo
perfurador sugador. Elas têm coloração escura, de marrom-avermelhada a
preta, seu corpo é muito fino com pernas traseiras bem desenvolvidas o que as
tornam grandes saltadoras.
Seu corpo é recoberto por espinhos que se projetam para trás e têm
grande utilidade quando elas se movem entre os pêlos dos hospedeiros.
Diferentemente das pulgas do gato e do cão, elas não possuem a linha de
espinhos pesados em frente à cabeça, nem a que fica na parte de trás do
primeiro seguimento do corpo.
A pulga do homem pode ser diferenciada da pulga do rato porque ela tem
uma cerda distinta diretamente abaixo de cada olho, suas larvas também se
parecem com larvas de moscas e quando totalmente desenvolvidas terão 3 mm
de comprimento.
As larvas têm aparência branco-parda e treze segmentos no corpo com
pelos que se projetam para trás em cada um desses segmentos, possuem
também um par de apêndices em forma de anzol no ultimo segmento
abdominal.

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Biologia

A pulga do homem é encontrada em todo o mundo e infesta não só


humanos como também animais como porcos, cachorros e os gatos. Elas se
desenvolvem muito bem em criações de porcos e com isso, são freqüentemente
com isso levadas para as residências das pessoas que lá trabalham.
A pulga do homem também tem metamorfose completa, as fêmeas
colocam aproximadamente 2 ovos por dia e podem produzir até 448 ovos
durante a sua vida adulta.
Os ovos eclodirão em aproximadamente 12 dias e o seu estágio larval
poderá ter de 15 dias até 6 meses, dependendo da temperatura ambiente. As
larvas deste inseto se alimentam de restos orgânicos e passarão por três
mudas antes de tecerem o seu casulo pupal. No estagio pupal o inseto poderá
ficar de poucas semanas até a um ano dependendo para isso a disponibilidade
dos seus hospedeiros. Isso explica a grande emergência de adultos quando da
chegada do homem em novas residências.
As pulgas adultas emergem em respostas a estímulos mecânicos
(vibrações) e procuram um hospedeiro para se alimentar de sangue. Elas
preferem se alimentar várias vezes ao dia passando pouco tempo em seu
hospedeiro. Em sua fase adulta, elas poderão chegar a viver por até 513 dias,
se todas as condições forem ideais e se conseguirem alimento todos os dias.

Controle

Para o controle desse inseto deverão ser seguidas todas as


recomendações de controle já descritas para as outras espécies de pulgas.

8.11 - Formiga do Fogo (Lavapé)

Descrição

As formigas são insetos sociais facilmente distinguíveis de outros insetos


porque suas regiões do corpo são bem definidas por conecções muito estreitas.
O abdômen é ligado ao tórax e os segmentos que mantém as pernas ligadas ao
corpo são chamados de pecíolos.

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As formigas podem ter uma ou duas saliências (nódulos) no pecíolo
dependendo da espécie, elas possuem cabeças grandes com antenas
articuladas, olhos bem definidos e aparelho bucal mastigador.
O primeiro segmento do seu corpo é longo, ligado normalmente também
ao restante da sua antena que é segmentada e poderá terminar em forma de
clava. As formigas usam os seus aparelhos mastigadores para construir seus
ninhos, preparar sua comida e também defender a colônia contra outros insetos
invasores ou não.
Sua alimentação pode ser especializada ou não, as operárias podem ter
tamanho de 1 mm até mais de 1 cm, sua coloração pode ir do marrom-
esbranquiçado ao preto, seus olhos estão localizados sempre próximo à base
das antenas dando a impressão de estarem olhando para frente.

Biologia

Essas formigas são encontradas em todos os estados brasileiros,


preferencialmente nas regiões onde não ocorrem diferenças significativas de
temperatura, seus ninhos são construídos ao ar livre mas são grandes
saqueadoras na área interna na busca por alimento. Existem várias espécies de
formiga que recebem este nome por causa da dor ardente e intensa que a sua
picada produz sobre a vitima. Seus ninhos são grandes montes de terra
desarranjados em pequeno ou grande número, e por esta característica podem
prejudicar severamente plantações de gramado ou culturas. Há relatos de
ataques em animais de criadouros principalmente aves.
Essas formigas são onívoras e se alimentam praticamente de tudo
incluindo na sua dieta insetos, seiva de plantas,sementes, suco de frutas,
manteiga, carnes , etc. Elas irão também roem roupas principalmente se
estiverem sujas e até cabos elétricos.

Controle

Estas formigas poderão ser parcialmente controladas através da


aplicação de inseticidas microencapsulados na forma spray no perímetro das
edificações, mas esse tipo de tratamento não é tão efetivo quanto o tratamento
sobre o formigueiro.
Dependendo da infestação provavelmente haverá necessidade de se
tratar a área várias vezes durante o ano, especialmente se os ninhos forem
grandes e estabelecidos há bastante tempo.
As áreas internas das estruturas deverão ser completamente tratadas
também com inseticidas residuais microencapsulados principalmente nos locais
onde as formigas transitam. Pode-se usar também iscas a base de
hidrametilona.

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8.12 - Traças de Grãos

Descrição

As traças adultas têm 1,3 cm de envergadura, as asas têm coloração


variando do cobre-queimado arroxeado indo até faixas acinzentadas. As larvas
são lagartas pequenas,com pernas definidas nos três primeiros segmentos e
quatro pares de pernas falsas no abdômen.
Elas são de cor branca, parda, rosa, marrom, verde claro ou
acinzentadas, variam de 7 mm a 1 cm de comprimento; a cabeça e o primeiro
segmento na cor predominantemente marrom.

Biologia

As traças são umas das pragas mais comuns dos grãos e produtos
armazenados. As larvas preferem se alimentar na farinha grossa, mas também
são encontradas se alimentando de grãos inteiros, frutas secas, nozes,
chocolates, biscoitos e alimentos para cachorros ou gatos.
As larvas produzem uma rede sedosa sobre a superfície dos materiais
dos quais elas se alimentam, que é preenchida com as suas fezes.
As fêmeas adultas depositam seus ovos sobre os alimentos,chegando a
produzir 400 ovos em médias em até 18 dias. As larvas, ao eclodirem irão para
dentro dos grãos ou não onde se alimentarão até a fase final de
desenvolvimento, quando normalmente se afastam do material infestado para
pupar em fendas e rachaduras das estruturas.
Se todas as condições de temperatura, umidade e alimento disponível
forem favoráveis haverá no local infestado de 4 a 6 gerações por ano.

Controle

O controle deverá ser iniciado numa criteriosa limpeza das estruturas do


telhado, silos, paredes, pisos, etc, a fim de se retirar todo o material sedoso
existente. As fendas, rachaduras e outros locais potenciais de abrigo das pupas
e suas formas jovens deverão ser tratadas com jatos de aerossol e depois
vedadas. Todas as unidades de processamento e ou armazenagem deverão ter
rígidos e intensivos programas de higienização tanto no ambiente como em
equipamentos.

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8.13 - Vespas Sociais

Descrição

Todas as vespas sociais têm o corpo bem típico, a cabeça é muito


distinta com o aparelho bucal mastigador, antenas curtas e grandes olhos
compostos. O tórax e o abdômen podem ter cores brilhantes como o amarelo, o
vermelho ou ser totalmente preto, estas possuem 4 asas translúcidas com
coloração marrom clara ou opaca.
Elas têm uma ligação curta e estreita entre o tórax e o abdômen e este
tem a forma de carretel terminando sempre com um forte ferrão.
As vespas sociais amarelas são marcadas com desenhos bastante
característicos onde misturam as cores pretas e amarelas brilhante, não têm
pelos pelo corpo e medem aproximadamente 2,5 cm de comprimento.
A Vespa careca é muito parecida, apenas modificando-se a cor e o
tamanho que atinge no máximo, 1.5 cm e as cores são preta e branca.
A vespa do papel pode ser distinguida das outras por possuir abdômen
encurtado na extremidade do ferrão e no ponto onde ele se conecta ao tórax.

Biologia

Essas vespas possuem ninhos grandes com três tipos de indivíduos, os


machos, as operárias e as rainhas, que emergem da colônia no final do verão.
Ao emergirem se acasalam com vários machos e a rainha fertilizada passará o
inverno em local protegido. Na primavera ela procurará um local apropriado
para construir um ninho que é feito de fibras de madeira mastigadas. Os ovos
são postos em células e as larvas jovens se alimentam do material mastigado
pela rainha, e depois pelas operárias.
Seus ninhos podem ser achatados em pilhas envolvidas por película
celulósicas. Podem também construir seus ninhos debaixo do solo, ocos de
árvores, trincas de paredes, estrutura protegida dos telhados, etc.
As vespas sociais só utilizarão seus ninhos por uma temporada, são
muito protetoras e defenderão seus ninhos com ferroadas doloridas, podem
produzir colônias muito grandes, podendo chegar a ter facilmente mais de 30
mil indivíduos. São considerados insetos benéficos pois as larvas são
alimentadas com uma grande variedade de insetos capturados pelas operárias,
mas podem ser uma incômoda e dolorosa praga quando constroem seus ninhos
próximos a locais movimentados.

35
Controle.

Quando se torna necessário controlar as vespas sociais é imprescindível


garantir a segurança do pessoal envolvido nos procedimentos, roupas de
proteção com máscaras faciais e luvas devem ser utilizadas.
Seus ninhos deverão ser tratados à noite, garantindo assim a presença
de todos os membros da colônia.
Pulverizações de inseticidas com grande efeito de choque, são
recomendados para evitar a fuga e ataque das vespas, recomenda-se também
a retirada dos ninhos após o tratamento.

8.14 - Tesourinha

Descrição

Tesourinhas adultas medem 1,6 cm de comprimento, cor marrom escura


com cabeça vermelha e pata marrom amarelada. Geralmente têm dois pares de
asas sendo que nas fêmeas as asas frontais duras são totalmente
desenvolvidas e dobradas abaixo das menores.
As tesourinhas possuem ainda um apêndice em forma de pinça ou
alicate no final do abdômen chamado fórceps que é utilizado na captura de
outros insetos.

Biologia

As fêmeas da tesourinha se distinguem de outros insetos pelo curioso


instinto maternal, elas protegem seus ovos e crisálidas imaturas como uma ave
até que atinjam a segunda muda.
Os ovos são depositados em um ninho abaixo da borda numa cavidade
produzida por ela, esses eclodem em 72 dias no inverno e em apenas 20 dias
no verão.
As formas jovens da tesourinha sofrem 4 mudas antes de se tornarem
adultas que podem demorar até 68 dias, habitam locais protegidos e se
alimentam próximo às plantas.
Podem algumas vezes invadir as casas durante a noite atraídas pela luz,
permanecendo escondida durante o dia entre as fendas e rachaduras de
paredes ou interior de luminárias.

36
Controle

A melhor maneira de evita-las é manter limpa as áreas ao redor das


edificações, livre de vegetação arbustiva.
Aplicações com inseticidas residuais microencapsulados ou soluções
concentradas são recomendadas, preferencialmente com piretróides sintéticos.

8.15 - Escorpiões

Descrição

Os escorpiões são parentes distantes das aranhas possuem corpo largo


e achatado com 4 pares de patas. São facilmente identificáveis pelos
pedipalpos localizados à frente do corpo, e pelo seu ferrão na extremidade da
cauda.
Podem variar sua cor indo do mostarda-amarelado ao escorpião preto e
podem ainda apresentar pintas ou listras bronzeadas nas costas.

Biologia

São freqüentes em todo o país, encontrados sob rochas, pedras, pilhas


de madeira, cascas de árvores, fendas em muros, sótãos, porões e fundações.
Ao invadir uma residência é comum serem encontrados próximo aos banheiros
onde procuram água.
Todos os escorpiões são venenosos, a glândula venenosa fica no ultimo
segmento da cauda. Muitas espécies são perigosas sendo que a mais mortal é
a espécie Centruroides sculpturatus.
A mãe-escorpião produz em média 32 descendentes, que ela carrega
nas suas costas por 15 dias. Leva de 3 a 4 anos para a maioria das espécies
atingir a maturidade.
Escorpiões são predadores, alimentando-se de insetos e aranhas. São
capazes de sobreviver sem comida por 6 meses.

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Controle

Limpeza e remoção de vegetação é uma medida eficaz para reduzir a


população de escorpiões. Pilhas de lixo, e material usado deverão ser
eliminados, troncos e lenhas devem ser corretamente armazenados em locais
apropriados, ventilados e secos se possível.
Inseticidas residuais microencapsulados ou soluções concentradas
podem ser aplicadas como complementação do controle.

8.16 - Pombos

Descrição

São aves cosmopolitas, têm tamanho médio adulto de 25 cm, sua


coloração é bastante variada devido aos incessantes cruzamentos entre as
espécies, sendo mais comuns as brancas, preto acinzentadas, bronze
avermelhadas e as verde púrpuras. Elas não constroem ninhos específicos de
aves, usam apenas uns poucos gravetos junto às estruturas de prédios para se
aninhar.

Biologia

São encontradas em centros urbanos ou áreas rurais, são monogâmicos,


vivendo em grandes bandos com um numero praticamente igual entre machos e
fêmeas. Se reproduzem o ano inteiro e o tamanho final do bando vai depender
da disponibilidade de alimentos da área, se alimentam geralmente de grãos ou
pequenos insetos do solo.
Alcançaram índices muito grandes de população nos centros urbanos,
devido à proteção dada pelo homem e por não encontrarem aqui no Brasil
inimigos naturais.
O macho guarda sua fêmea e o ninho, dos outros casais, os filhotes
nascem em média 18 dias após a colocação dos ovos que podem ser em
número de dois por cobertura, abandonam o ninho após 5 ou 6 semanas, e a
fêmea poderá colocar novos filhotes ainda no mesmo ninho.
Os pombos podem viver por até 15 anos, mas o comum nas grandes
cidades e que vivam até 4 anos em média.

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Pesam na fase adulta aproximadamente 450 gramas e necessitam de
15% de seu peso por dia em alimento para se manterem.
Poderá ficar alguns dias sem alimentos, porém jamais sem água.

Controle

É proibido por lei ambiental qualquer tipo de controle que leve à morte
desta praga, ou ainda que lhe cause danos físicos. Portanto somente métodos
mecânicos preventivos poderão ser utilizados, estes deverão evitar que as
edificações forneçam áreas para a nidificação o pouso e aninhamento dos
mesmos e deve-se evitar, a qualquer custo o fornecimento de alimento fácil pois
com esta atitude a população já começará a ser reduzida.

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9 – Conclusões

De posse de todas estas informações, que deverão ser complementadas


com as diferentes características das unidades e das pragas alvo onde o
Controle Integrado de Pragas será implementado, e pensando na análise
de perigos, estaremos eliminando um ponto crítico de controle, que pode
ocorrer pode ser de difícil visualização ou pouco simples de detectar-se,
pela falta de vivência e fontes para consulta no tocante às pragas.
Para termos um ambiente seguro, livre de infestantes e com a qualidade
que esperamos, devemos ter em mente a definição de pragas que segundo
o nosso Código Sanitário Estadual é:
“Todo e qualquer organismo, seja ele animal, vegetal ou
microbiológico, que interfere no processo normal de um ambiente, nas
características de um produto e saúde dos indivíduos.”

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10 – Referências Bibliográficas

Arruda, Gillian Alonso – Manual de Boas Práticas - Vol. I


Hotéis e Restaurantes, Editora Ponto Crítico – 1998

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