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Vistos etc.
Inaceitável tal preliminar, uma vez que é sabido que o procedimento nos Juizados
obedece aos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade. Desta forma, não há que se levantar tal preliminar, que
objetiva, apenas, perturbar o processo, senão vejamos o que dispõe o art. 14, § 1º, II,
da Lei nº 9.099/95:
Assim, sem necessidade de maior fundamentação, visto que o artigo de lei acima
transcrito é bastante elucidativo, rejeito a preliminar aqui analisada.
PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE ATIVA.
DECIDO.
MÉRITO.
Mais adiante, no seu art. 39, o CDC enuncia, de modo exemplificativo, proibições de
conduta ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre os quais podem ser colocadas
sob relevo: prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor (inciso IV),
exigir-lhe vantagem manifestamente excessiva (inciso V).
Assim, no sistema do CDC, leis imperativas e alto cunho social, irão proteger a
confiança que o consumidor depositou no vínculo contratual, mais especificamente
na prestação contratual, na sua adequação ao fim que razoavelmente dela se espera,
normas que irão proteger também a confiança que o consumidor deposita na
segurança do produto ou do serviço colocado no mercado. Busca-se, em última
análise, proteger as expectativas legítimas dos consumidores.
Ora, cabe ao julgador, com os olhos voltados para a realidade social, utilizar os
instrumentos que a lei, em boa hora, colocou a nosso alcance para, seja de maneira
preventiva, punitiva ou pedagógica, realizar o ideal de justiça no mercado de
consumo. Apesar disso, o Juiz deve basear-se nas provas dos autos, já que conforme o
mestre Pontes de Miranda, a falta de resposta pela outra parte estabelece, se as provas
dos autos não fazem admitir-se o contrário, a verdade formal da afirmação da parte.
(in Comentários ao C.P.C. Rio de Janeiro- Ed.Forense, pág. 295).
In casu, afirmou a autora ter sido vítima do descaso e desrespeito da empresa ré, o
que gerou danos de ordem moral e material passíveis de indenização.
Alegou a autora que no dia vinte e quatro de abril de dois mil e oito adquiriu, um
pacote de viagem junto à MSC Cruzeiros cujo itinerário começaria em salvador no
dia 18 (dezoito) de fevereiro de 2009, passaria por Búzios no Rio de Janeiro em 20
(vinte) de fevereiro e terminaria em Santos, no dia 21 (vinte e um) de fevereiro de
2009.
Por fim, informou que não aceitou a compensação oferecida pelo MSC Cruzeiros
haja vista que, não lhe pareceu justa.
A ré, por seu turno, alega que devido as diversas atrações oferecidas dentro do
cruzeiro, este não é um meio de transporte, mas, um meio de hospedagem que possui
várias atividades para o lazer dos seus hóspedes. Sendo assim, uma mudança no
itinerário não constituiria uma falha na prestação do serviço.
Alega, por fim, que em face da existência de uma cláusula no contratual que
prevendo a mudança no itinerário, teria a empresa o direito de alterá-lo.
Nem é preciso uma análise mais apurada dos autos para notar que assiste razão à
parte autora.
Vê-se, de logo, que a acionada agiu em total desarmonia com as normas de defesa do
consumidor, eis que alterou, sem prévio aviso, o itinerário.
Torna-se claro o caráter abusivo da conduta da ré, devendo, portanto, arcar com o
ônus de tal desídia.
O Código Civil, por seu turno, preceitua, em seu art. 186, que:
Todo o mal causado ao ideal das pessoas, resultando mal-estar, desgostos, aflições,
interrompendo-lhes o equilíbrio psíquico, constitui causa eficiente para a obrigação
de reparar o dano moral:
Em relação à forma de fixação do valor de indenização por danos morais, o Des. Luiz
Gonzaga Hofmeister do TJ-RS no proc. 595032442, esclarece, de forma meridiana:
Assim, não resta qualquer dúvida que a prática adotada pela acionada é considerada
abusiva, causando transtornos, constrangimento e frustração ao autor, que devem ser
ressarcidos, a título de danos morais.
Quanto aos danos materiais pleiteados, não vislumbro a ocorrência dos mesmos.
Pelo exposto, e por tudo que constam nos Autos, JULGO, POR SENTENÇA,
PROCEDENTE, EM PARTE, A AÇÃO, nos termos do Art. 6° da lei n° 9.099/95
c/c art. 269, I, C.P.C., para condenar a empresa RÉ (MSC CRUZEIROS DO BRASIL
LTDA.) a pagar à autora a importância de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a título de
danos morais, levando-se em conta critérios de razoabilidade e moderação, a ser
devidamente acrescido de juros e correção monetária, a partir deste preceito, em
conformidade com a Súmula 362, do STJ.
Após o prazo recursal arquivem-se os presentes autos, com cópia autentica desta
sentença. Não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e havendo
solicitação do (a) interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à
execução, dispensada nova citação.
Vistos, etc.,
Afasto a preliminar suscitada pelas Acionadas, tendo em vista que a presente lide
observou os requisitos de admissibilidade, à luz do art. 282 do CPC, bem assim da lei deste micro sistema
processual, pelo que fica indeferida a preliminar alegada.
DO MÉRITO
Declara a Autora que contratou os serviços das Acionadas para viagem de
Cruzeiro no navio MSC Melody pelo valor de R$ 2.990,40, efetuando o pagamento através da emissão de
um cheque à vista de R$ 1.500,00 e mais dois de R$ 745,20.
Informa, ainda, a Acionante que logo que percebeu que emitiu os cheques errados,
procurou a Flytour para trocá-los pelos corretos. Entretanto, em 06/02/2010 ficou sabendo que seu nome fora
incluído no Cadastro de Cheques sem Fundo posto que as Rés teriam efetuado os depósito de ambos os
cheques.
Sendo assim, chego à conclusão de que a parte autora cumpriu com o seu ônus de
realizar prova sobre o fato constitutivo do seu direito, posto que carreou aos autos documento comprobatório
de real inscrição do seu nome CPF nos Cadastro de Emitente de Cheques sem Fundos, consulta nº
00500000547, realizada em 01/03/2010, bem como notificação do Banco Real/Grupo Santander Brasil acima
mencionada.
Com efeito, a situação fática demonstra sem sombras de dúvidas que, muito
embora possam ter ocorrido equívocos na atuação das rés, cabível é a responsabilidade das prestadoras dos
serviços, visto que o CDC prevê que a responsabilidade do fornecedor de serviço será objetiva, não se
discutindo a ocorrência de culpa.
?Haverá a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.?
?A indenização pelo dano moral deve ter caráter punitivo, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte
empresarial das partes, Às suas atividades negociais, com atenção às peculiaridades (STJ, REsp n. 173.366-
SP, 4ª T., rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 3-12-1998); ?A indenização por dano moral objetiva
compensar a dor moral sofrida pela vítima, punir o ofensor e desestimular este e a sociedade a
cometerem atos dessa natureza?. (STJ, REsp 332.589-MS, 3º T., tel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. 8-
12-2001).? (GRIFOS NOSSOS)
032.2010.019.811-1 ver