Você está na página 1de 10

1

Soares Samuel Muchava

Licenciatura em Ensino de Química

Antropologia Cultural de Moçambique

Casamento como símbolo da procriação na cultura Ndau

Universidade Licungo
Beira
2021
2

Soares Samuel Muchava

Licenciatura em Ensino de Química

Antropologia Cultural de Moçambique

Casamento como símbolo da procriação na cultura Ndau

Docente: Msc. João Tavares Guerra

Universidade Licungo
Beira
2021

Índice
3

Introdução...............................................................................................................…..............04

Casamento como símbolo da procriação na cultura ndau........................................................05

Origem e a etnologia do povo Ndau.........................................................................................05

Localização Geográfica e Número de Falantes da língua Ndau...............................................05

Divisões dos grupos Ndau........................................................................................................06

Casamento dos Ndau................................................................................................................06

Lobolo.......................................................................................................................................07

O casamento tradicional...........................................................................................................07

Objectivos do casamento ( a procriação) .................................................................................08

Conclusão.................................................................................................................................09

Referências bibliográficas........................................................................................................10
4

Introdução
Neste trabalho hei de falar sobre o casamento como símbolo da procriação na cultura Ndau.
Os Ndau são um grupo éticos que habitam o vale do Zambeze, do centro de Moçambique ate
ao seu litoral, e leste do Zimbabwe ao sul do Mutare.

Os ancestrais dos Ndaus eram guerreiros da Suazilândia que se juntaram com a população
local, constituída etnicamente por Manikas, Tewes, Barwes nas províncias de Manica e
Sofala. A população local do Zimbabwe, antes da chegada dos Nguni, descenderia
primordialmente de Mbire próxima actual Hwadza.

Os Ndau praticam o casamento exogamico entre bvumbu, pois”as pessoas não podem casar
dentro do mesmo mutupu”. No entanto, actualmente, esta regra é frequentemente
desrespeitada, sobre tudo entre a população mais urbanizada das vilas-sede de distrito, e
casamento entre indivíduos com o mesmo mutupu, ou pertencendo ao mesmo bvumbu.

No que respeita ao casamento Ndau, este é oficializado quando evolve o pagamento do


lobolo. Denominado kulola em Cindau, que actualmente consiste numa quantia monetária que
pode variar entre 10 e 50 mil de mts, enquanto na época pré-colonial consistia
maioritariamente em capulanas.
5

Casamento como símbolo da procriação na cultura ndau

Origem e a etnologia do povo Ndau

As origens do povo Ndau não são fáceis de traçar devido a escassez de fontes e as
contradições existentes. Contudo, parece seguro afirmar que as origens do grupo se encontram
ligadas é fragmentação dos reinos do Muenemutapa e Dom Pire aos ciclos expansionistas de
grupos linhageiros Shonas-Caraga, os Rozvi, dos planaltos centrais do Zimbabwe na direcção
da costa litoral do indico.

Os Ndau são um grupo éticos que habitam o vale do Zambeze, do centro de Moçambique ate
ao seu litoral, e leste do Zimbabwe ao sul do Mutare.

Os ancestrais dos Ndaus eram guerreiros da Suazilândia que se juntaram com a população
local, constituída etnicamente por Manikas, Tewes, Barwes nas províncias de Manica e
Sofala. A população local do Zimbabwe, antes da chegada dos Nguni, descenderia
primordialmente de Mbire próxima actual Hwadza.

Os ndaus falam um idioma que pertencem a família linguística xona, o ndau.

Localização Geográfica e Número de Falantes da língua Ndau

A língua Ndau é falada nas províncias de Sofala, Manica e na zona Setentrional de


Inhambane. Também é falado na República de Zimbabwe. Segundo Martinho (2004) o povo
Ndau localiza-se na região sul do continente africano na região central de Moçambique, pois,
na província de Sofala encontram se mais aglomerados nos distritos de Chibabava, Buzi,
Machanga, Gorongosa, Nhamantada, cidade da Beira e Dondo.

Na província de Manica estão nos distritos de Machazi, Mussorizi e na Cidade de Chimoio e


parte setentrional da província de Inhambane vão desde de Machacama à Mambone.

Quanto ao número de falantes é de referir que: há cerca de 581.000 falantes de Ndau em


Moçambique segundo os dados do Censo populacional de 1997.

São vários os autores que postulam que o nome Ndau foi atribuídas a estes populações pelos
invasores Nguni e deriva da observação da forma de saudação costumeira perante um rei
Chefe, ou mesmo um estrangeiro desta e populações Ndau, que é a de se sentar no chão, ou
ajoelharem, e bater as palmas gritando “Ndau uie uie, Ndau uie uie” (Junod, 1934,Rita
Ferreira, 1982).
6

Esta forma tradicional de saudação foi descrita pela primeira vez por Frei João dos Santos na
sua obra ethiopia oriental, de 1609. Não é claro, a partir de que fonte este autor retirou esta
informação ou se ela não passa de especulação; contudo, é certo que esta concepção sobre a
origem do etnónimo Ndau esta na actualidade amplamente enraizada e aceite por estas
populações.

Segundo Vijfhuizen (1998) o termo Ndau significaria literalmente, “lugar” associado a uma
forma tradicional de saudação. No entanto, segundo esta autora o termo Ndau já teria
utilizado muito antes da chegada dos europeus, informação essa que a autora retira da obra de
Rennie Keith (1987).

Divisões dos grupos Ndau

1. Os Shangas: estes habitam principalmente a faixa costeira entre os rios Save e Buzi e cujo o
clã totémico principal, é o Simango. Simango foi o Mambo mais poderoso desta região, vivia
em Chiloane.

2. Os gova, que habitam as terras baixas situadas entre os rios Buzi e Save , cujo o mutupu o
mais importante é o Nkomo.

3. Os Danda, que habitam a região fronteira ao Zimbabwe e cujo mutupu principal e


igualmente o Nkomo.

4. Os Tombodji, que habitam as terras altas do maciço central, junto da fronteira, entre o rio
Save e o maciço chiamanimani. O mambo mais importante dos tombodji era o mutema
nkomo, que vivia numa região do actual zimbabwe.

5. Os Teve, ligados ao reino de Quiteve (Junod 1934), no entanto,é bastante problemático


considerar os teve um subgrupo Ndau. Apesar terem origens comuns, parece ser grupos
diferentes, com aspectos da sua organização social que são distintos, com diferenças
linguísticas, significativas.

Casamento dos Ndau

Segundo a lei da família nº 10/2004, o casamento e a união voluntária e singular entre um


homem e uma mulher com o propósito de constituir uma família mediante comunhão plena de
vida.
7

Para Martinez (2009), diz que o casamento é a união consensual com afinidade entre um
homem e uma mulher de famílias diferentes com o objetivo de viver em plena comunhão de
vida.

Os Ndau estão organizados em grandes unidades sociais, com base no sistema de


descendência patrilinear. As unidades mais vastas são os grupos familiares mais extensos, clãs
totémicos, designados por bvumbu ou dzinza, em que o totem é designado por mutupu.

Os Ndau praticam o casamento exogamico entre bvumbu, pois”as pessoas não podem casar
dentro do mesmo mutupu”. No entanto, actualmente, esta regra é frequentemente
desrespeitada, sobre tudo entre a população mais urbanizada das vilas-sede de distrito, e
casamento entre indivíduos com o mesmo mutupu, ou pertencendo ao mesmo bvumbu.

No que respeita ao casamento Ndau, este é oficializado quando evolve o pagamento do


lobolo. Denominado kulola em Cindau, que actualmente consiste numa quantia monetária que
pode variar entre 10 e 50 mil de mts, enquanto na época pré-colonial consistia
maioritariamente em capulanas.

Lobolo

O ato de lobolar – é quando o jovem conversa com os pais da moça sobre sua intenção de
casar. No caso de crentes, os presbíteros, anciões e outros influentes na igreja são convidados
para testemunhar ou liderar esta reunião.

O lobolo é tradicionalmente considerado como de elevada importância principalmente para os


aspectos sociais, legais e económicos do casamento.   

O casamento entre os Ndaus inicia com a identificação das necessidades de casamento da


parte do noivo ou dos seus familiares, identificação da futura noiva pelo jovem e̸ ou
familiares, apresentação da proposta de casamento, pagamento do lobolo e termina com o
acompanhamento da noiva para casa do noivo. 

No período pré-colonial, os Ndau praticavam também uma forma de casamento directo, que
não implicava o uso do lobolo. Exemplo: Quando alguém pretendesse uma mulher levava a
sua filha para fazer tipo troca. Deixava a sua filha e levava a filha do outro como esposa. Isto
por falta de dinheiro. Ou no casamento a forma predominante de residência e a de virilocal;
contudo, ocasionalmente, era possível optar por uma forma uxorilocal temporário, ou seja,
quando um homem não podia lobolar uma mulher prestava serviços durante um tempo em
8

casa dos sogros antes de constituírem o seu agregado familiar nas terras do pai, costume que
ainda hoje e praticado.

O casamento tradicional

É aquela união que é legitimada pelos líderes tradicionais. Acontece tanto nas zonas rurais
assim como na periferia de cidades e vilas.

Segundo Copans (1971), o casamento pode ser preferencial ( quando um rapaz por iniciativa
própria prefere uma rapariga de determinada categoria social). Ou pode ser prescrito, quando
o casamento é preestabelecido onde as pessoas nascem já comprometidas com outras pessoas
tendo em vista a um casamento futuro.

O casamento tradicional é aquele que é celebrado entre os familiares dos noivos e consiste na
observância das regras tradicionais sobre o casamento. No nosso país distinguem-se duas
situações de casamento: matrilinear e patrilinear. Os Ndaus praticam o sistema patrilinear.

Neste casamento (Patrilinear) a mulher sai da casa dos seus pais e vai para casa do seu
marido, os filhos gerados neste casamento pertencem a clã do marido. Ela em casa dos sogros
não terá direito a herança nem a filhos. Os irmãos nascidos dum patriarca, observam uma
hierarquia por ordem de idade, obedecendo aos mais velhos e cuidando dos mais novos.

No casamento patrilinear a herança dos bens se transmite directamente para o filho varão.
Este casamento está ligado a aldeia paterna e a criação do gado bovino ou caprino.
O primeiro filho gerado neste casamento é responsável pelos bens de toda família trabalho e
sustentando toda família. Em caso da morte do pai torna-se herdeiro por isso quando casa-se
não sai da casa dos pais cabendo a mulher vir morar com ele.

Objectivos do casamento ( a procriação)

O casamento tem vários objectivos mas na cultura Ndau o principal objectivo é a procriação,
que é a manutenção da espécie humana com o reconhecimento social. Por isso nos Ndaus
praticam o levirato (kunguina utaka). Este costume é constante para os "Va-ndau" e é um
processo pelo qual uma viúva casa com um irmão do falecido marido. A viúva não é
permitida casar fora da família do seu marido a não ser mediante autorização dos parentes
destes. Devido ao lobolo que o marido pagou no caso da morte deste a família tem o direito de
substituir o marido original por qualquer parente masculino do mesmo grau de idade para
entrar na palhota da mulher e fazer germinar a semente em nome do homem.
9

Conclusão

Neste trabalho de pesquisa de campo de antropologia cultural vde Moçambique falei sobre o
casamento como símbolo da procriação na cultura Ndau. Onde vimos que o casamento no
povo Ndau pode ser preferencial ( quando um rapaz por iniciativa própria prefere uma
rapariga de determinada categoria social). Ou pode ser prescrito, quando o casamento é
preestabelecido onde as pessoas nascem já comprometidas com outras pessoas tendo em vista
a um casamento futuro.

Também vimos que os Ndaus tem praticado o levirato (kunguina utaka). Este costume é
constante para os "Va-ndau" e é um processo pelo qual uma viúva casa com um irmão do
falecido marido. A viúva não é permitida casar fora da família do seu marido a não ser
mediante autorização dos parentes destes. Devido ao lobolo que o marido pagou no caso da
morte deste a família tem o direito de substituir o marido original por qualquer parente
masculino do mesmo grau de idade para entrar na palhota da mulher e fazer germinar a
semente em nome do homem.
10

Referências bibliográficas

NHANCALIZE, Domingos et al, Canção, Dança e Instrumentos de Musica Tradicional nos


distritos de Búzi, Beira: Dondo, e Marromeu: Província de Sofala-1,Casa Provincial 95.
ADAS, Melhem, Geografia Geral: Quadro político e Económico do Mundo Actual, 8ᵃ série 1º
grau são Paulo ed. Moderna, 1979

BICA, Ismael A. Ismael Firoza, Tempos e espaços, Porto editora, 6ᵃ classe, porto editora.
Portugal

FLORÊNCIO, Fernando, Ao Encontro dos Mambos, 1ᵃ edição, imprensa de ciências sociais,


Lisboa 2005.

MARTINEZ, Francisco Lerma, Antropologia Cultural, 5ᵃ edição, Maputo, 2007

Você também pode gostar