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ADRIANA CABELLO
Campinas/SP.
2008
II
ADRIANA CABELLO
Campinas/SP.
2008
III
Agradeço a Arlete, que nos norteou o tempo todo na execução desse trabalho;
agradeço a Vera Saldanha minha mestra, que foi a grande inspiração para iniciar esse
estudo; agradeço a meus pais, que me dão apoio incondicional em todos os meus
empreendimentos; agradeço a meu marido, pela sua paciência nesse processo de
aprendizagem.
IV
SUMÁRIO
Sumário ........................................................................................................................ IV
Resumo ......................................................................................................................... IX
Introdução .................................................................................................................... 01
1. Contextualização ..................................................................................... 10
1. Sistematização ...................................................................................... 26
jovens .........................................................................................................87
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
percebemos que cada vez mais se descortina diante do homem e das sociedades a
momento este que está colocando em jogo o destino do ser humano e do próprio
paradigma1.
Temos observado uma cultura emergente que propõe a renovação social por
meio da transformação dos seres que a compõem, por meio de mudanças profundas na
mentalidade. Surge uma cosmo visão que integra conquistas atuais da ciência, com
religiosas.
1
Paradigma é um modelo ou padrão. Segundo Moraes; la Torre (2004), um paradigma rege a maneira
como pensamos e o modo como usamos nossa lógica. São os parâmetros que regem nossos pensamentos
e ações.
2
sociedades.
maior de seres busca a unidade essencial do ser, visando despertar seus valores
Riane Eisler (1994) nos fala sobre o momento atual em termos de valores
masculino e feminino de uma forma que pode perfeitamente ser extrapolada para todos
os níveis atuais: “É uma época empolgante – uma época de crise e oportunidades, uma
século XX, impôs se como disciplina autônoma e foi reconhecida no meio acadêmico.
2
Ver Weil, P. et al. Pequeno tratado de psicologia transpessoal. Petrópolis : Vozes, 1978, p. 29.
3
Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.187.
4
Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.2.
3
oficializada por Abram Maslow,Vitor frankl, Stanilav Grof, James Fadiman e Antony
Sutich, em 1968 e este evento foi anunciado por Antony Sutich em seu artigo
Transpersonal Psychology.
transpessoal é uma transformação do ser para uma pessoa melhor, contribuindo assim
considera o que é, o que foi e o que será, trazendo para o universo da psicologia um
novo paradigma. “Um novo Paradigma implica um princípio que sempre existiu, mas
5
Ver FRICK B. W. Psicologia Humanista. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.
6
Transdisciplinaridade definido por Assmann (1998, p 182) como enfoque científico e pedagógico que
torna explícito o problema de que um diálogo entre diversas disciplinas e áreas científicas implica
necessariamente uma questão epistemológica (Silva, 2004, p. 70). Segundo Nicolescu (1999), o prefixo
“trans” indica ao mesmo tempo entre, através e além de qualquer disciplina.
4
aprender obedece a um fluxo. Segundo Moraes e la Torre (2004) cada viajante descobre
pensamento converge para o novo paradigma da Educação no século XXI, que será
de Transpessoal, coordenado pela Dra. Vera Saldanha, está em consonância com este
novo paradigma e destina a formar profissionais de diferentes áreas. Além de ser uma
questão:
Transpessoal?
7
Ver gráfico nº 11: Didática Transpessoa (Saldanha, 2006, p. 226).
5
O que ouvimos a seguir, como resposta a questão proposta, foi uma enxurrada de
saudáveis.
este projeto.
explorar esta questão. Formou-se então uma equipe constituída por: Adriana Cabello,
Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo, Marly Adame, Nora
1 - pesquisa bibliográfica;
2 - coleta de dados;
3 - análise de conteúdo;
durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que
6
haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas foram compartilhadas entre
encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado
entre todos.
para explorar e conhecer os efeitos produzido nos educando pela Abordagem Integrativa
humano/divino .
Integrativa Transpessoal de Vera Saldanha, para que não seja considerada esotérica ou
mística pela sociedade “normótica”. Uma vez que, a jovem abordagem busca
resposta a um novo tempo, com novas exigências, frente a uma realidade expandida e
Nossa intenção é que a aplicação dessa abordagem seja cada vez mais difundida,
1. Objetivo geral:
2. Objetivos específicos:
8
Ver MASLOW A. H.. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca, [s.d.], p.189.
8
apresentada aos depoentes fora: Descreva como você se percebe ao final do Curso em
Psicologia Transpessoal.
técnicas utilizadas.
Woolger e Maturana.
aos valores humanos que norteiam diferentes sociedades. Trata-se de um contexto onde
social.
Já no capítulo VI, com base nos dados obtidos pela análise de conteúdo,
CAPÍTULO I
PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
1. Contextualização
Enunciado pela primeira vez, na área da Psicologia, por Carl Gustav Jung, em
Psychology”.
11
ser excluído em sua importância, mas sim ampliado. O prefixo “trans”9 vem justamente
pontos de vista e que a definição fica muito melhor se vista como integradora dos “três
que a diferencia das outras disciplinas onde se define em um desses aspectos e ignora o
resto.
9
O prefixo “trans” indica aquilo que está ao mesmo tempo, entre, através e além (Nicolescu, 1999, p. 46).
12
Vera Saldanha, em sua tese de doutorado (2006), cita a definição de Pierre Weil
que não pode ser mensurável, replicável ou observável pelos cinco sentidos.
inconsciente por Sigmund Freud onde ele utilizava a analogia do iceberg, onde sua parte
ser humano e era justamente essa parte submersa que Freud chamou de inconsciente.
crescimentos individuais, ampliando assim seu enfoque perante as teorias acima citadas.
self que não foram contaminados por desejos “egóicos” e por hierarquias de poder e, por
isso, mantêm-se até os dias de hoje, com certa “pureza” de valores espirituais.
espirituais, tanto ocidental quanto oriental, foi o que provocou a perda do seu sentido
14
transcendental original. Levando a uma inversão de valores, uma vez que, aquele que
nos princípios originais das tradições espirituais, é motivado pela constatação da própria
ciência que, no princípio, desenvolveu-se numa linha materialista e que à medida que
(Tabone, 1988).
Transpessoal.
2. Abraham Maslow
evitar a responsabilidade que seria exigida por uma maior conscientização e expressão
patológicos, mas também por bloquearmos esses elementos saudáveis inerentes a todo e
de atualizarmos nossos potenciais como ser humano realizado, traz como conseqüência
somos”, que seja respeitado por nós próprios e as que nos entreguem num novo sentido
Essa é uma reflexão que podemos dizer ser bem atual, basta olharmos a situação
habilidades. Não seriam pessoas perfeitas, mas aquelas que apesar das limitações
Não existem seres humanos perfeitos! Pode-se encontrar pessoas que são
boas. Realmente muito boas, na verdade excelentes. Existem, na realidade,
criadores, videntes, sábios, santos, agitadores e instigadores. Este fato, com
certeza, pode nos dar esperança em relação ao futuro da espécie, mesmo
considerando que pessoas desse tipo são raras e não aparecem às dúzias. E,
ainda assim, estas mesmas pessoas às vezes podem ser aborrecidas,
irritantes, petulantes, egoístas, bravas ou deprimidas. Para evitar a desilusão
com a natureza humana, devemos antes de mais nada abandonar nossas
ilusões a este respeito (Maslow in Fadman, 1986, p. 264).
experimentam a vida de modo intenso, pleno, desinteressado, com plena atenção e total
conceitual na psicologia, pois é fato que até então a psicologia não reconhecia
massa.
fundamental na atitude do ser, afeta a visão de mundo, emerge uma consciência mais
iminência da morte.
são as mais importantes de suas vidas, denotam caráter holísco, unitivo, são inovadores,
que ele denominou “doenças de carência”. Por outro lado, a satisfação dessas
verdade, etc. e busca satisfazer tais necessidades. É o tipo de motivação mais comum
carência de satisfação das metanecessidades. Tais queixas revelam que o ser humano
luta pelo seu crescimento e saúde, ao mesmo tempo, que podem ser um termômetro para
de mudar o estado atual de algo por estar insatisfatório ou frustrante para o indivíduo.
(D) tem seus objetivos voltados para satisfazer necessidades para atingir objetivo
resultante. Quando estas necessidades são fortes, o indivíduo tende a orientar sua
Por outro lado, na cognição do Ser (S) o indivíduo na sua percepção permanece
desprovido de interesses pessoais, não julga, compara, avalia e nem distorce, é mais
rica, plena e completa. Existe um senso de valorização do que é com uma postura
alterar a realidade.
humana. Nas experiências culminantes ocupam o lugar dos valores pessoais e são
j) amor de Deficiência e do Ser: amor de Deficiência (D) é o amor por aquele que supre
10
Advindos da natureza interior do indivíduo.
20
estima, sexo, atenção, gratificação, etc. Enquanto que o amor do Ser (S) é pela essência
k) eupsiquia: termo utilizado por Maslow para designar uma sociedade “ideal”,
l) sinergia: termo foi utilizado inicialmente por Ruth Benedict, professora de Maslow e
resulta num efeito global maior que se os elementos ou indivíduos separados. Também
resgatar o sagrado na educação, uma vez que esta deve ser mais do que uma somatória
3. Pierre Weil
21
Psicologia Transpessoal, dentre eles Pierre Weil, um dos percussores desta abordagem
no Brasil.
Pierre Weil é um ser notável, especial para nós. Primeiro, pela extensão e
profundidade de sua obra na Pedagogia; na Psicologia das organizações, do
trabalho, das relações humanas, dos testes, das avaliações; do Psicodrama;
da Transpessoal; da Tanatologia (abordagem sobre morte) e da educação
para paz. (Saldanha, 2006, p. 79).
Transpessoal, pois, com certeza, Pierre Weil produziu conhecimento, que é hoje,
Em sua trajetória, Weil criou vários testes como o Inventário de Inteligência não
primeiros livros com o prefácio do próprio Moreno. Foi um dos redatores na fase do
universidade.
Weil [...] “a esfinge seria um modelo de estrutura do ser humano e das ciências
22
humanas [...] a esfinge clássica é composta de quatro partes: o boi, o leão, a águia e o
desse novo ramo da Psicologia, a transpessoal. Foi convidado a lecionar essa disciplina
Jean Yves Leloup, psicólogo, Phd em Transpessoal, autor de inúmeros títulos nessa
área.
A trilogia integrativa de três aspectos da Paz, propostas por Weil nos seus
superiores.
Podemos sugerir que, talvez, o sétimo centro vital esteja relacionado ao que
unidade ou consciência cósmica, e elas são prioridades em suas vidas, assim como a
Weil (1989) afirma que, de acordo com o estado de consciência, cada indivíduo
forma diferente, o que gera crenças, valores e atitudes distintas em relação a si próprias
e ao mundo externo.
[...] o mundo chamado exterior físico, biológico e social podem ser vividos
em esdado de consciência de vigília ou em estado de consciência de sonho.
Em estado de vigília os níveis de realidade serão percebidos tais quais os
conhecemos; no estado de sonho, um latido de cachorro se transforma em
uma sirene [...] (Weil, 1989, p. 33).
humano. Longe de ser uma teoria concluída e hermética, é uma disciplina jovem e com
certeza faz parte das pesquisas de ponta sobre o desenvolvimento da mente humana,
Assim sendo, não podemos deixar de citar a grande contribuição que Vera
Psicologia Transpessoal, entre eles Maslow, Weil, Stanislav Grof, Charles A. Tart
Assagioli, Moreno, Fadman, Jean-Yves Leloup, entre muitos outros11, Vera Saldanha
onde contempla em seu aspecto dinâmico os eixos evolutivo (sete etapas) e experiencial
11
Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006).
25
(R.E.I.S) e no aspecto estrutural nos traz o Corpo Teórico Transpessoal, com seus cinco
CAPÍTULO II
A Brisa do alvorecer tem segredos para lhe contar, não volte a dormir. Você
tem de pedir o que realmente deseja. Não volte a dormir. As pessoas estão
cruzando o limiar da porta onde os dois mundos se tocam... A porta está
totalmente aberta... Não volte a dormir. Rumi.
pessoal e profissional de Vera Saldanha, que após 15 anos ministrando cursos no Brasil
saúde, nas instituições, na área clínica, educacional e que também permitisse clarear
novos conceitos que já estavam implícitos, porém não evidenciados. Dentre eles o eixo
transcendência12.
O prefixo "trans" significa "através de" e "muito além de", assim o principio de
12
Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006).
27
humanidade do ser, a própria pulsão da vida, de morte e para além delas. O princípio de
1. Sistematização
estrutural e o dinâmico.
Conceito de Unidade
Estados de Consciência
Cartografia da
Consciência
sustentados pelo conceito de unidade. Todo processo terapêutico visa resgatar a unidade
do ser.
Enquanto aspecto dinâmico é composto por dois elementos, sendo eles: eixo
evolutivo.
Eixo Evolutivo
Eixo Experiencial
Terapeuta
Teoria Técnica
fragmentação do ser, de onde partem e para onde convergem todos os recursos desta
serenidade e harmonia.
visão não fragmentada do ser, mostra que o todo contém as partes e que as partes
contêm o todo. Nós contemos o todo e estamos contidos nele. “Ken Wilber adota o
termo absoluto para designar essa Unidade. [...] pode ter diferentes nomes, tais como:
Segundo Saldanha (1999) Jung dizia que as religiões se desenvolvem como meio
verdadeira estrutura da psique humana, ao que ele denominou arquétipos. Victor Frankl
Quando o indivíduo ignora que ele faz parte da unidade, ele se apega aos objetos
de prazer e passa a ter medo de não tê-los, medo de perdê-los ou medo de não reavê-los,
com a rotina diária como sendo a única realidade, permite ao indivíduo vivenciar esse
sentimento de unidade e desenvolver uma percepção mais ampla e adequada para a sua
vida.
vivencia o sentimento de unidade com o cosmo, isto gera um estado mais harmonioso e
O que é vida? Segundo Pierre Weil é um pulsar contínuo no qual nascer, morrer
evolutivo com eterna continuidade. “[...] a matéria viva é ela mesma um transformador
de energia [...]. O corpo vivo é uma máquina que transforma a soma de energia
Conceituar vida é algo complexo, pois não sabemos definir onde, exatamente,
Sob o aspecto psicológico, a vida é pautada por duas etapas inerente a todo ser
vivo em seu processo de evolução que são a morte e o renascimento. Morrer e renascer,
a vida é pautada desta verdade, morre a flor para nascer o fruto, morre a lagarta para
nascer a borboleta, morre o rio para renascer no mar. “Em Transpessoal a morte é a
Kubler Ross, a qual nos apresenta em cinco etapas as experiências em vida dos
1. Negação, não-aceitação.
2. Revolta, sofrimento e cólera.
3. Barganha: na tentativa de nos enganarmos, agarramo-nos a algo que nos
pareça importante, fazemos propostas de trocas entre vida e morte,
debatemo-nos.
4. Depressão: por constatarmos que algo se esvai, exaure irreversivelmente.
5. Aceitação: ao elaborarmos a morte, vivenciando-a com todas os seus
matizes e a sutilezas, a magia se dá (Saldanha, 1999, p. 47-8).
Observamos que o conceito de vida nos convida a entrar em contato com tudo
que a vida pode nos oferecer, e nesse contexto, todas as experiências estão a serviço do
além das aparências, além dos fatos circunstanciais; algo que, simplesmente,
é, com presença, força e poder; inerente em todo processo de aprendizagem,
inclusive na morte, a qual testemunha permanentemente o caráter efêmero
da existência humana ao mesmo tempo que nos desperta a procurar o que
não está submetido ao nascimento e a morte (Saldanha, 2006, p.113).
ilusório, que tem a tendência de solidificar a energia mental em uma barreira, a qual
nasça o novo ser, aquele que é sábio, aquele que vivencia a unidade cósmica. Ele sente
que faz parte dela e que ela está contida nele e que há uma interdependência entre as
coisas e os seres no universo. É nessa ruptura com a dualidade rígida que permite
clareza quanto a esse processo de morte, pois, trata-se de uma profunda transformação
verdade essa reconecção que se faz com o ser essencial. Muitas vezes esse processo de
13
Processo primário e secundário são termos da teoria psicanalítica (Brenner, 1987).
33
morte do ego, é confundido, e o indivíduo entende que é preciso destruí-lo, onde ocorre,
Leloup (1997) diz que quando o ser é capaz de transitar entre luz e sombra, ele
integra as polaridades e Maslow (s.d.), afirma que o que nos faz adoecer é a negação de
passam a ter uma importância relativa, seu aspecto interior adquire maior valor, e o
chamado de "unidade indiferenciada", que é esse espaço amplo, livre, luminoso que está
se dá em cinco etapas:
Além das cinco etapas temos o subproduto do ego que é a auto-imagem, que
ocorre da identificação do ego com a emoção que se estrutura e se solidifica e que passa
ego e ele vai se impregnando da auto-imagem, ela não é mais ela. Passa a agir como se
mundo a sua volta fica limitada. Há uma fragmentação e o indivíduo não acessa o
Um ego rígido, que alimenta uma auto-imagem forte, por melhor que esta
seja, tornará o indivíduo robotizado, uma pessoa que se identifica com a
idéia de si mesmo e, não, com a realidade dos seus sentimentos, experiências
e ações. A vida fica dividida entre imagem e realidade, entre o que se pensa
que é e o que se é de fato (Saldanha, 2006, p. 117).
fragmentos do ser e trabalhar no desapego das imagens que ele criou. Isso possibilita o
desenvolvimento humano.
Um indivíduo em contato com ele mesmo vive de forma flexível a vida como ela
é não tem a necessidade da auto-imagem ou de um ego rígido que lhe diga o que fazer e
o que ele é. Se sua mente está sem idéias rígidas, preconceito ou ordens, ela está em
contato direto com a experiência real do mundo, vive o momento presente, sente, pensa
se expressa pelo o universo e por tudo o que existe. Nós somos um campo infinito de
pesquisa e trabalha com esses diferentes níveis, os percebe como parte da natureza
humana.
nível e outro ocorrem vários estados, sendo que podemos destacar como facilitador do
processo transpessoal o estado de devaneio que fica entre o estado de vigília e o sono
ondas cerebrais beta, de14 a 26 ciclos por segundo em média. Aqui as funções do ego
suas emoções, seus cinco sentidos. É aquele estado em que estamos despertos,
trabalhando.
b) estado de consciência devaneio: neste estado o EEG registra ondas cerebrais alfa de 9
neste estado o indivíduo está totalmente aberto para perceber o agora, está propício à
livre associação, e suas idéias devem ser anotadas imediatamente, pois podem
movimentos rápidos dos olhos, momento em que o indivíduo está sonhando. Temos em
média quatro sonhos por noite. Freud foi um dos primeiros a se dedicar a estudar os
sonhos, tudo o que ele pesquisou veio a ser confirmado por Kleitman e seu discípulo
Aserinsky nas pesquisas em neurologia. Para ele todo o conteúdo trazido ao consciente,
são motivações e desejos do inconsciente, e aquilo que for manifestado por vir de seu
manhãs o grupo se reúne para contar seus sonhos, o que é ouvido atentamente por todos,
pois eles acreditam que enquanto dormem podem ajudar os membros doentes da tribo a
se curarem14.
d) estado de consciência sono profundo: o cérebro emite neste estado ondas delta de 1 a
4 ciclos por segundo; aqui o indivíduo entra num estado de inconsciência total, ele
registro de ondas delta em pleno estado de vigília, ele estava desperto e consciente de
tudo o que se passava ao seu redor. Ele afirmou que existem outros estados de expansão
de consciência mais sutis e que não são detectáveis por aparelhos encelográficos até o
desidentificação deste indivíduo com aquilo que ele projeta; suas emoções, sua mente,
transpessoal são alguns dos recursos utilizados para levar o ser a este estado de
despertar.
14
Ver Macieira, 2004, p.135-152.
38
samádhi, satori, nirvana, sétimo céu, sétimo paládio (cabala sepher hazolar), sétima
compreende que tudo vem do criador, e não do ser criado. É experienciar ser todo
2) Biofeedback;
3) Treinamento autógeno;
4) Música e canto;
8) Hipnose e auto-hipnose;
39
11) Seminários destinados a romper o transe cultural e a abrir o indivíduo para novas
escolas;
12) Diário a respeito dos sonhos: os sonhos são os melhores modos de se obter
mudanças de paradigma;
16) Inúmeras disciplinas e terapias corporais como: hatha Yoga, Tai-Chi-Chuan, Ai-
18) Visualizações.
níveis de consciência, pois, quando o indivíduo expande sua consciência para além do
e à solução dos mesmos, aprende a não excluir nem supervalorizar, mas sim integra-los.
como fantasia, embora ele reconhecesse em seus escritos que havia uma relação muito
Jung incorporou em sua teoria, aspectos que chamou de inconsciente coletivo, além do
Podemos olhar este trabalho como para uma estrutura piramidal, do alto para base, onde
Superconsciente
encontramos regiões pessoais e
Inconsciente Extraterreno
Inconsciente pessoal
41
transpessoal.
com elementos que transcendem o ego; identificação com outras pessoas ou tipos
cultural e de educação que nada tem haver com a educação e cultura dele no presente
momento.
do corpo; encontro com seres espirituais. Podem ocorrer também relatos de fenômenos
i) Vácuo: é o estado de o puro ser; não há palavras para definir esta vivencia; é a fusão
da pequena mente com a mente cósmica. Saldanha ao citar Gof nos diz: [...] “o vácuo é
vivenciado como subjacente a todo criação, além do tempo e do espaço, além do bem e
permitindo que um interpenetre o outro, e nos mostre, que inconsciente e consciente são
consciência.
43
Transpessoal, dois eixos, o experiencial composto pelo REIS – razão, emoção, intuição
e sensação e pelo evolutivo que abordaremos ainda neste capítulo. Há uma inter-relação
entre esse aspecto dinâmico e o estrutural, em diferentes níveis e graus, que dá o suporte
intuição e sensação (REIS). Imagine uma linha horizontal com uma linha vertical que se
cruzam ao meio, a linha vertical diz respeito ao eixo evolutivo e a linha horizontal, ao
elementos de forma vivencial, ou seja, é a vivência dessas quatro funções que dão o
caráter experiencial que é uma das características básicas desse enfoque, além do
fato; na intuição ele faz livre associação, insights e na sensação, o indivíduo descreve
como o corpo sente o fato, qual o sintoma, e ele é o sintoma. Esse processo de
universo interno e externo através de idéias e conceitos, ex: isto é branco ou preto
que deve ser integrada a outros níveis no processo de desenvolvimento deste indivíduo.
Para Jung:
diferentes domínios de relações e segue dizendo que “todo sistema racional emerge
como um sistema de coordenação, tendo como base as emoções vividas no instante que
estamos pensando”, e que não é a razão e sim a emoção que nos leva a ação. (Maturana
in Saldanha, 2006, p. 130). Ainda segundo Maturana, o amor é uma emoção, sem a qual
INTUIÇÃO (I), em sua etimologia, in-tueri significa ver dentro, abertura do olho
interno, aquele que permite ver aquilo que a visão normal não percebe. Para Jung a
específica da intuição, e também uma outra forma de conhecimento que vai além do
racional. Para ele “[...] a intuição mais que a qualidade do objeto, capta a essência do
nos transformamos no corpo, pois é nesse corpo que evoluímos, que a cultura se
experiencial.
transcendência. Sem corpo não há alma, pois esta necessita deste para expressar-se e
46
sem alma o corpo biológico não tem animação, em ambas as hipóteses não é ser
psíquicas ou fica identificado com elas, sua percepção fica limitada e o leva a um estado
independente da área de aplicação, nos aponta que aos estimularmos o eixo experiencial
do eixo evolutivo.
indivíduo ascende da dualidade para a unidade. Surge uma nova percepção, ele
consegue dar uma nova resposta para suas questões, há uma ascensão rumo à Ordem
Mental Superior.
Eixo Evolutivo
Unidade
psíquicas (R.E.I.S.), e essa congruência estimula o eixo evolutivo que promove uma
ampliação das percepções de si mesmo, do outro e do ambiente. Surge o que o ser tem
cortada ao centro por uma linha vertical, eixo evolutivo terá o formato de uma cruz
formando quatro quadrantes, cada um representando uma fase ou estágio. Essas fases
lembrar que essa representação tem função meramente didática para facilitar a
acessar um nível superior para encontrar novas respostas. A transpessoal traz inúmeros
recursos para que o próprio indivíduo possa acessar esses recursos dentro de si, desta
Para Maslow (s.d), além das necessidades básicas, este indivíduo necessita
buscar seus aspectos transcendentais, algo que está dentro dele, e isto faz parte do
uma expressão muito limitada do ser ilimitado que é. É como se esse “ser” se
estabelece os vínculos.
transcendência, pois sua postura é percebida pelo aprendiz, o que pode causar um
15
Ver Saldanha, 2006.
49
conteúdos do inconsciente nos vários estados de consciência, um dos trabalhos que mais
acontecendo, constitui num momento da mobilização interna que pode ser desencadeada
por fatores internos e/ou externos. Nesta fase o terapeuta acolhe o paciente, promove
Como? Onde? Com quem? Para que? Para quem? O que? A emoção é intensificada
uma passagem para a próxima etapa. Ate aqui didaticamente, foi vivenciado o eixo
experiencial (R.E.I.S).
51
neste instante conflito e da solução. O individuo cria condições por meio de insights e
com muito mais abertura, mudança de crenças e até de valores, há um novo olhar e um
Estas etapas podem ocorrer de forma bem definida tais como foram apresentadas
acima. Todavia elas podem acontecer de forma concomitante; outras vezes o individuo
está tão identificado com determinado núcleo exigindo muito mais sessões para termos
resolução. Além disso, todas estas etapas estão presentes em cada uma delas, ou seja,
Eixo Evolutivo
Transmutação
Desidentificação
Transformação
Eixo Experiencial Sentido da Experiência
52
mesmo após a alta do tratamento recursos de significativa importância uma vez que
mental;
b) concentração: é um direcionamento do foco mental para uma coisa só, este foco de
atenção pode ser a própria respiração, batimentos cardíacos, uma imagem externa,
figura geométrica, objeto, etc. A realização deste exercício permite um maior controle e
53
vivenciar o eixo experiencial, passando pelas sete etapas quando emerge o eixo
evolutivo que possibilita o acesso a aspectos da ordem mental superior, trazendo a tona
CAPÍTULO III
mais clara e mais eficiente da realidade; mais abertura a experiência; maior integração,
capacidade de amar.
O princípio Feminino foi arrancado não apenas dos reinos mitológico, social
e político, mas também da vida interior dos indivíduos, onde poderia ter o
poder de proporcionar o Eros, a capacidade de relacionamento, a
alimentação e criação e um tipo de autoridade que vem da alma. Por esta
razão, o Feminino muitas vezes está ausente também de nossas vidas
interpessoais, no espaço sagrado que há entre nós e aqueles a quem amamos.
(STEIN, R M. in Zweig, 1990, p. 65)
psique humana, presente tanto em homens quanto em mulheres. Zweig (1994) usa o
termo arquétipo para designar a presença de uma força divina dentro da alma humana
homens e mulheres.
16
Ver Sharp, 1993, p. 28-29.
55
que tem características ou qualidades que condizem ou são adequadas a esse gênero,
arquétipo, passaremos a grafar o que for relativo ao gênero com letra minúscula e
conectando com essas características do arquétipo, que está presente tanto em homens
invés de buscar sua integração. Da mesma forma acontece com o arquétipo Masculino,
e assim, temos uma dissociação que gera conflitos, dúvidas e não respeita a inteireza do
ser essencial.
numa sociedade que prega a sobrevivência do mais forte, mais agressivo, mais
17
Ver Sharp, 1993, p. 18-26.
56
individualista, numa sociedade que mede o sucesso e o valor do indivíduo pelo que ele
discorremos no capítulo II, é o eixo de onde partem ou para onde convergem todos os
que não pode ser dividido, é o todo onde não existe tempo ou espaço, é o fim das
capacidades.
recíproca:
[...] O Feminino nos permite perceber que qualquer método útil de terapia,
educação ou organização social precisa, portanto, atender e reverenciar cada
nível da existência, bem como a relação instável e sensível entre eles.
A receptividade paciente e sem críticas do Feminino permite que as partes
reprimidas, negadas, dissociadas e inconscientes da alma ascendam para a
consciência. Convida-nos a abandonar a visão patriarcal do corpo e da
matéria como instrumentos a serem manipulados e explorados no interesse
do conhecimento e da autonomia do ego, ou temidos como atoleiro do
sofrimento inconsciente e instintivo, o mistério e a escuridão. O Feminino,
pelo contrário, nos permite recepcionar, reverenciar, desfrutá-los como o
reflexo e correspondência instintiva da alma e espírito, as vestimentas da
nossa divindade. Torna-nos sensíveis as distintas imagens da alma para que
possamos sentir e receber na consciência de nossas feridas e fomes
emocionais – que enterradas por décadas, ou mesmo por toda a vida,
obstruem o livre fluxo de energia e inibem nossa capacidade de entender,
nos relacionar e amar (Colegrave in Zweig, 1990, p. 45-6).
recompensada e que quanto maior a sinergia na sociedade, nos subgrupos, nos casais ou
dentro de si mesmo, mais próximo se está dos valores do Ser. Em sua síntese dos
valores do Ser nas experiências culminantes ele inclui a plenitude como unidade;
natureza divina.
58
Zweig (1990) traz as contribuições de Riane Eisler que faz uma análise relacionada ao
remonta à era cataclísmica da nossa pré-história. [...] “quando o sistema dominador foi
imposto pela primeira vez – quando tanto as mulheres, como o Cálice (como símbolo
Feminino nos assuntos humanos, certamente não é novo, e que [...] “o aspecto mais
excitante deste enérgico movimento está no seu aspecto mais criativo: a criação
60).
mulheres.
sobre as mulheres sejam óbvias e é preciso ser transcendida, este não é o ponto central
nosso ser universal e temporal. Esse espectro da consciência é um dos cinco elementos
habilidades.
beneficiado.
Esta questão tem sido amplamente explorada por vários autores, estabelecendo,
diversas culturas.
arquetípico. Todos se referem ao Feminino sagrado, seja sob a forma dos arquétipos das
mulheres.
“adversariedade” onde parece que vivem não como parceiros, mas como adversários em
conversações, que realizam outras tantas maneiras diversas de viver humano como
Pertencer a uma cultura deve ser uma condição operacional, não uma condição
constitutiva ou atributo intrínseco dos seres humanos que a realizam. Portanto, qualquer
ser humano pode pertencer a diferentes culturas, em diversos momentos do seu viver,
num sistema atual de vida condizente com a cultura patriarcal européia, em seu mais
forte matiz, entrelaçado com nuances de uma outra cultura que a precedeu, e que foi
pelo desejo de conservar nossa infância matrística e satisfazer os deveres de uma vida
adulta patriarcal. E por isso precisamos de auxílio para recuperar nossa saúde psíquica e
que provocam nos homens está afetando claramente todos os aspectos de nossa vida e
de nossas idéias. Todos os nossos pressupostos sobre nós mesmos, nossos valores, nossa
política, nossos relacionamentos, nosso lugar no universo, estão sendo contestados por
esse despertar.
Psicologia do Feminino, que favoreça o retorno às suas raízes originais; uma psicologia
feminina vista, por exemplo, por meio dos Arquétipos das “Deusas”, o que nos foi
63
Trabalhar com essa nova linguagem do feminino não comporta apenas novas
corajoso com essas forças femininas, que vive em nós e por nosso intermédio. Temos de
aprender a conhecê-las como presenças espirituais e psicológicas que Carl Gustav Jung
consciência.
homens e mulheres, em imagens e ícones que povoam nossa cultura. Dependendo das
características da força psíquica desse complexo, dão origem a uma das inúmeras
“Deusas” (arquétipos).
Encontramos em Woolger (1987, p.15), as características básicas dos seis tipos são:
artes.
64
atraída pelo mundo espiritual, pelo oculto, pelas experiências místicas e visionárias, e
4. A mulher-Ártemis que é regida pela deusa das selvas; ela é prática, atlética,
mulheres.
5. A mulher-Deméter que é regida pela deusa das colheitas; ela é uma verdadeira mãe-
terra que gosta de estar grávida, de amamentar e de cuidar de crianças; está envolvida
6. A mulher-Hera que é regida pela deusa dos céus; ela se ocupa do casamento, da
A teoria junguiana nos contempla, com os arquétipos das deusas, como fontes de
desejo, sexualidade, tudo o que nos impulsiona à união, à coesão social, à comunhão,
Sabe-se que não só apenas os gregos, mas diversas culturas antigas tinham
percepções dessas forças (energias) não como abstrações destituídas de almas, porém,
com forças espiritualmente vitais que perenemente exercem influencias sobre nossas
levou Jung a comentar: “Há um deus ou uma deusa no âmago de todo complexo”. A
intimidações aos homens. Mas quando conquistam o seu respeito, a mulher-Atena pode
ser a mais leal das companheiras, de caráter amigável e fonte inesgotável de inspiração.
Juntamente com sua parceira, na roda das deusas, Ártemis, constituem a díade da
independência.
setor do mundo paternal. Tem caráter defensivo e é altamente confiante, ama a coragem
e a inventividade.
de Atena encontra-se no coração, uma armadura no seu âmago. Expor a essência nua e
para resgatar os aspectos perdidos de seu Feminino. Esse também é o ponto de encontro
Bem no fundo, Atena perdeu o contato com as duas deusas do amor: o amor
próprios corpos e que, por sua meiguice e vulnerabilidade, estão dispostas a arriscar
adolescência, onde irrompe com grande intensidade; o que faz com que a mesma possa
vir a ter dificuldade na travessia da ponte para a sua maturidade; dificuldade essa que já
Feminilidade é uma expressão que a deixa pouco a vontade, quando não a deixa
profissionais bem sucedidas, tudo cobiçado pelo ego masculino. A mulher-Ártemis ama
animais, preocupa-se com o meio ambiente e tem atenção rigorosa aos estilos de vida
É uma deusa deslocada no mundo moderno; não se sente bem adaptada à vida
urbana com seu ritmo acelerado e altamente tecnológico e seus valores de ascensão
social; onde se mostra mais tímida, esquiva e reservada. Tem semelhanças com Atena
e às vezes literalmente vivendo às margens da sociedade. Seu amor pela liberdade, seu
67
esvoaçantes, jóias e adornos de todos os tipos. Nada lhe dá maior deleite do que a
das ameaças à sociedade patriarcal pelo seu caráter sedutor, pelos seus valores à
Apesar da sua capacidade de brilhar, de inspirar com seu Eros e criatividade, ela
como todas as deusas tem suas chagas profundas na nossa cultura. Grandes partes
dessas chagas estão relacionadas com o fato de ela estar alienada das outras deusas, e
vivendo numa sociedade de valores patriarcais, que, via de regra, a condena, a hostiliza
e a desaprova. O sistema encontra-se num paradoxo: não pode viver sem ela, mas não
consegue viver com ela, pois seus dons estáticos, quase místicos de amor e prazer são
constantemente ansiados por todos, porém, nem sempre assumidos claramente. Sem
Viver plena e honestamente com Afrodite e com a sua chaga é tarefa difícil e
muitas vezes dolorosa para a mulher moderna, uma tarefa que remonta a
incontáveis gerações. Sob muitos aspectos, é mais seguro viver confiante e
bem protegida em Atena, mais seguro retirar-se e viver sozinha com
Ártemis, mais seguro tornar-se mãe de todas as criaturas como Deméter ou
esposa de um empresário como Hera, do que enfrentar as chagas
dilacerantes da deusa do amor (Woolger, 1987, p. 138).
a igreja proibia que os homens cultuassem uma mulher de carne e osso; uma mulher real
sempre, dos demais. A consciência de Hera é mais bem percebida em mulheres mais
mostrará bem vestida e terá uma presença “maciça” nessa tradição familiar, geralmente
parceria e igualdade.
fundo, ela quer viver e agir exatamente como homem num mundo de homens. Quando
rejeitada é sentida como profunda chaga narcisística em sua auto-estima, uma chaga em
citação:
não-simultânea.
modesta. Uma parte dela podemos até pressentir, está em outro lugar. Todavia, ao
mesmo tempo, ela é tão intuitivamente ‘ligada’, que parece estar presente até mesmo em
pressentimos um anseio por afeição e intimidade, embora não saibamos se tal anseio se
situações onde há ‘possíveis mortes psíquicas’, enorme vazio, ermo, vazio emocional.
Freud caracterizava toda depressão como um tipo de luto pela perda de algum objeto
amado.
psicológico sem igual. Para sobreviver, ela aprende a recolher-se para dentro de si e
uma falta fundamental de elo com a mãe, que no mito grego essa mãe é Deméter, é a
filha que perdeu a mãe cuja vida real é vivida em outra parte, para completar a sua
descida para o mundo avernal, para o inconsciente e o seu verdadeiro salvador não é
Outra saída é tornar-se exatamente o que ela perdeu: uma mãe mais do que
dependentes que ela, com carência de amor e atenção. Para evitar isso, Perséfone
precisa antes, como todos os que pretendem curar alguém, é curar-se a si mesma. Sua
Precisa de ajuda externa, caso contrário vai atrair para si reflexos de sua própria
vitimização não resolvida. Por ser aberta ao inconsciente seu e do outro, ela está
atrai.
acaba lançando uma sombra muito escura, que é uma raiva enorme e uma ânsia
desmesurada pelo poder absoluto. Perséfone sente medo de Hades e da mãe negra, que
outra não é senão a rainha poderosa do mundo avernal que ela não quer reconhecer em
si mesma. A verdadeira questão de Perséfone é o poder que recusa para si e projeta para
os outros.
Deméter: Mãe de todos nós. É aquela rodeada de crianças, e imersa nos afazeres
que a maternidade exige. Ela é mais que uma simples mãe biológica. Não é ter filhos
18
Ver Sharp, 1993, p. 118-21.
73
que faz uma verdadeira mãe, é uma atitude, uma maneira instintiva de cuidar de tudo
Deméter.
Cada uma das deusas cuidou de seu filho de modo diferente: a Afrodite é uma
mãe sensual e leniente, que adora vestir os filhos e mima-los com gostosuras e de ir ao
cinema com eles; Atena, mal pode esperar que os seus filhos aprendam a falar e possam
expressar para conversar com eles e estimular a sua educação e aprimoramento mental;
Perséfone também é profundamente envolvida com os filhos, mas de uma maneira mais
psíquica e intuitiva do que em termos do bem-estar físico deles; Hera é tão cheia de
regras, censuras e expectativas que resta pouca ternura na sua maneira de criar os filhos.
Afrodite o outro é um ser amado adulto, ao passo que para Deméter é a criança.
VITAL – Uma Deméter saudável estará sempre ligada à realidade física; as realidades e
que é Divino como masculino, estando de alguma forma “lá em cima” no céu. Como
pisamos como sagrada, como verdadeiramente a nossa mãe, como local onde habitam
deusas e deuses.
74
mente, ou melhor, de seus instintos, a mãe aprenderá uma maneira inédita de (estar) ser
pessoas, é na realidade invertida. Para a maioria dos adultos, o barulho das crianças,
com os filhos, nos quais vive, se move e justifica sua existência. Sua maior satisfação é
ver os lindos frutos de seu ventre bem criados e transformados em jovens adultos e
felizes.
uma nítida divisão foi lentamente se acentuando entre os Deuses e Deusas urbanos
pela ética protestante de Atena (trabalho duro e realizações materiais) e pelas pretensões
denegridos.
mulher que já deu a luz - foi o maior acontecimento da minha vida. E, no entanto, uma
75
função que há milênios era competência natural das mulheres, passou a ser, no mundo
moderno, cada vez mais assumido pela sociedade na figura do médico, professor e dos
no século XIX, substituindo o trabalho de parteiras por um número cada vez mais
quanto de cada uma delas encontra-se atuando em nossa psique, com seus atributos e
suas chagas. O resgate de alguns desses arquétipos do feminino, foi oportunizado pelo
possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de consciência, refletindo numa
melhor qualidade de vida, co-criando uma nova realidade planetária, tão sonhada, tão
Yves Leloup vai buscar nos evangelhos, figuras femininas na vida de Jesus.
Trabalharemos a seguir, dentro dos arquétipos apresentados por Leloup (1996), os sete
desorientados. Este emerge por não sabermos o que queremos e quem somos. Isso
ocorre porque desempenhamos tantos papéis em nossas vidas, que muitas vezes nos
da pecadora, com um psiquismo que não distingue qual é o “sujeito” do seu desejo.
Pecado, neste contexto, vem de um termo grego, Harmatia, que quer dizer, mirar
o alvo para não acerta-lo, ou seja, nossos desejos são desorientados por não sabermos
estar aos pés de Jesus, escutando e contemplando sua fala enquanto que Martha, sua
silêncio e a palavra.
é orientado para o Ser e nos permitimos, escolhemos e fazemos aquilo que é necessário
nossa vida.
Arquétipo da Intercessão, que nos mostra a sua capacidade de interceder pelos doentes e
moribundos. Porém, ao mesmo tempo em que se volta “para o outro”, faz um mergulho
77
na profundidade do seu ser, e por isso se torna capaz de ajudar o próximo. Percebemos
comum, estados ampliados de consciência que nos permite pressentir o futuro, devido a
proféticas.
Para Leloup (1996), o fato de Maria Madalena ter usado em Jesus um perfume,
que deveria ser guardado para o momento de sua morte, significa que ela “profetizou”
sua morte. Trata-se de uma atitude feminina, embora não denuncie o saber com palavras
Jesus está à beira da morte, aos pés da cruz, quando Maria Madalena nos mostra
não termos medo das nossas emoções, do desconhecido, da vida nem da morte. Só
assim o nosso corpo pode liberar a negatividade que ficou nele e manifestamos a
coragem do coração.
que ficará em luto, pois todas as toxinas ficarão impregnadas nele e o destruirão.
19
Ver conceito de unidade no cap. II p. 27.
78
medo da morte, manifesta o movimento de mergulho nela e para além dela. Mostra-nos
a dimensão da coragem do Feminino em cada um de nós, daquela que não tem medo de
olhar de frente para a morte, porque não tem medo de entrar na dimensão de si mesma.
Por ter essa coragem, ela é a primeira a testemunhar a Ressurreição de Cristo. Esse
arquétipo nos mostra que não fugindo da morte, caminhamos para além dela, ou seja,
anunciá-la aos seus irmãos, os apóstolos, que Jesus apareceu para ela. A partir desse
momento, ela se torna como que o arquétipo da iniciadora, aquela que inicia o
evangelho. Ou seja, após passar por todas as etapas de mergulhos interiores, ela integra
toda a sua aprendizagem, e assim está pronta para ensinar os outros. Leloup (1996) cita
Pedro disse a Maria: “minha irmã, nós sabemos que o Salvador te amou
mais do que às outras mulheres. Dize-nos as palavras que ele te fez
conhecer, que ele disse a ti e que nós não escutamos1” E Maria responde:
“O que foi escondido a vós, e vos anunciarei.” (Tomé in Leloup, 1996, p.
155).
com as Sete Etapas da Abordagem Integrativa de Vera Saldanha descrita no capítulo II.
diante do novo, e o encontro com Jesus permite o encontro consigo mesma, há um novo
20
Segundo Leloup (1996, p. 150) ressurreição é uma palavra grega que significa entrar na dimensão de si
mesmo.
79
deixa se levar por seus processos internos vive a sua vontade. Mobiliza a identificação
inclusive naqueles que estão à sua volta, como Maria que se angustia por estar
com a desidentificação. Maria Madalena volta-se para o outro, começa a valorizar novos
aspectos da vida humana, começa a surgir uma nova dinâmica para se transformar e
contexto de vida.
Profética, quando surge uma visão não comum, emergem estados não ordinários da
postura ética do problema e da solução, nada é certo ou errado, bem ou mal. As funções
escolhas.
80
que entra na dimensão de si mesma, que nos mostra a coragem de viver o Feminino;
está além dos paradigmas de tempo/espaço, tal qual como na elaboração. Relacionamos
vai anunciar aos seus irmãos a ressurreição, há uma integração do seu processo no
não é mais a mesma, além de um novo olhar se faz presente um novo fazer lhe permite
observar o quanto de cada um deles, encontra-se atuando em nossa psique com os seus
individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de
realidade planetária, tão sonhada, tão almejada por seres em um tempo de terceiro
milênio.
81
CAPÍTULO IV
de valores, que fosse o mais próximo possível da natureza do homem. Mas até hoje
nenhum dos sistemas se mostrou fiel à nossa verdadeira natureza. Nas palavras de
elas (as teorias) são falsas, inadequadas, incompletas ou, de uma forma ou de outra,
com que Maslow buscasse nas novas descobertas nos campos das Ciências e da
psicológico. Ele nos diz: “Parece evidente que todos os organismos são mais auto
1996, p. 183).
sempre conseguem fazer boas escolhas e seguir um caminho de equilíbrio interno. Para
uma melhor avaliação, Maslow baseou seus estudos em pessoas sadias, seus valores e
representam seus valores e necessitam ser expressos. Tais valores são intrínsecos ao ser
humano.
fisiológicas e psicológicas “[...] que devem ser satisfeitas de forma ótima pelo meio
ambiente, a fim de evitar doença e o mal estar subjetivos” (Maslow, 1996, p185). Essas
qual passa cada ser humano, como amor, fome, segurança entre outros21.
Parece que há um único valor básico para a humanidade, um objetivo que todos
Para Maslow, o ser humano vive em busca dessa plenitude e, quando alcança um
é que “o céu [...] aguarda-os ao longo da própria vida” (Maslow, 1996, p186). Pois
sustentação para seguirmos adiante além do fato de que podem ser acessados sempre
individuação, a sua própria identidade, por meio de bons valores como a serenidade,
21
Ver cap. I p. 17
83
corporações. Percebeu que essas pessoas eram muito mais saudáveis, felizes e sábias do
que o normal eram abertas para a vida e criavam seu próprio destino. Acreditavam nisto,
bem como no valor do Self, ao qual se recorria quando enfrentavam algum problema. A
solução estava dentro de si mesmo na maioria das vezes. Eram pessoas, não mais que
1989, p. 130).
uma pessoa em dez milhões encontra a cura para o câncer ou para a aids, devemos
portanto, integrar esses valores ao longo do processo. É essa unidade, essa rede de
84
quando a pessoa fica psicologicamente doente, que leva o indivíduo aos valores de
Leonardo Boff (2003) explica essa dimensão dualista do ser humano no nível
crimes num momento de intensa ira, por exemplo. Este fato justifica a preocupação de
.Maslow (1996) também nos fala das necessidades secundárias, que nos levam a
Poderíamos viver felizes e realizados, como “homens medianos” por muito tempo. Mas
Buscamos o sentido maior da vida que nos remete à espiritualidade com retorno
aos valores mais superiores, sem a qual toda tecnologia e avanços científicos serão em
compaixão, ética e outros valores que caracterizam o ser saudável, (Maslowm 1996).
85
condição humana, nem ensinado para ser humano. Segundo ele o meio ambiente apenas
elevar ao nível das melhores pessoas que já produzem, a saúde perfeita se tornará uma
realidade” (2002, p. 130). Para Chopra, o “ser saudável” é aquele que identifica seus
talentos únicos e pode expressá-los com todo o seu potencial criativo. Diz ainda que,
imunológico.
orientais de sabedoria (fontes consideradas por Maslow como básicas para o trabalho
futuro em Psicologia), pelas novas descobertas científicas e por sua experiência pessoal
influência que nossos pensamentos exercem sobre nosso corpo. A ciência hoje nos diz
nosso corpo físico como uma rede de informações que não se limitam a mandar
impulsos em linhas retas pelos axônios, mas, circulam. “[...] inteligência livre através
- Por que um maior número de pessoas não realiza seu pleno potencial de vida?
em suas potencialidades. O modelo mais útil para resolver este problema é o velho
expressão real. Existiriam bloqueios, defesas que se interpõem durante este caminho até
a plena realização. O medo de crescer, por exemplo. Mas, hoje em dia temos novos
nobres impulsos. Por exemplo: em nossa sociedade existe um tabu generalizado sobre
compaixão. Podemos ver nos meninos adolescentes este comportamento, pois não
querem parecer afeminados, iniciando atitudes mais rudes e frias no contato social, o
que nos remete às Barreiras Grupais, que constituem oposição ao crescimento, como o
(provocação de um grupo sobre o outro, como no filme “Um Amor Para Recordar”).
87
prática.
Sem dúvida temos que ter muito amor próprio, a fim de podermos alcançar
nossas metas e realizar nossos potenciais. As pessoas que não desenvolvem esse amor
próprio tornam-se neuróticas, reprimidas, pois são as que mais se impressionam com a
Jonas foi chamado por Deus para exercer o dom da profecia, ou seja, pregar a
palavra divina, mas teve medo de fazê-lo. Tentou fugir, mas não havia como se
esconder de sua tarefa. Ao final, entendendo que teria que aceitar seu destino teve que
realizar o que estava sendo chamado a fazer. “Vá pregar a palavra d’Aquele que É ao
vestiram-se de sacos, desde o maior até o menor. E neste dia, eles ficaram todos iguais,
Assim como Jonas, todos nós recebemos uma tarefa particular que combina com
nosso modo de ser. Cada vez que nos afastamos deste chamado interior, provocamos
88
que o ser se integra e se liberta dos conflitos e divisões internas, melhorara sua
comunicação com o meio exterior. É interessante frisar sua frase a seguir: “As partes
rejeitadas não deixam de existir, não morrem por melhor que se sepultam” (Maslow
1994 p.157).
fácil no trato, honesta em seus princípios, tendo uma percepção melhor de si mesma e
integração com seus pares e nos apresenta educação como um meio que favoreça o
atentos ao nosso mundo interior assim como ao gozo, à poesia e sensações do mundo
realizadas.
deve-se dar atenção especial aos valores superiores e facilitar sua emergência. Os
ele denominou de criatividade primária, aquela que surge do inconsciente, que é a fonte
aprendizagem. Pois, para ele, todo ser humano tem em sua natureza um impulso ao
crescimento e à transcendência.
90
2. Educação Sathya Sai Baba: sobre Valores Humanos para crianças e jovens
e de Maslow podemos observar que ambos têm uma visão humanista e a preocupação
em criar uma sociedade melhor, dando sempre prioridade a descoberta e incentivo dos
Segundo Priddy (2002), Sathya Sai Baba educador indiano, premiado em 2000
como Homem da Paz do Ano pela UNESCO, nos diz que a educação é uma preparação
para a eterna busca por auto-conhecimento e pelo sentido da vida. Isso envolve viver de
acordo com o que é certo, bom, verdadeiro e belo ao invés de ser preparado primeiro
para ganhar dinheiro. Educar para que se produzam bons cidadãos e uma boa
As pessoas tidas como educadas e diplomadas pelo modelo cartesiano, com uma
formação universitária, não tem nem sinal do auto-conhecimento e nem qualidades que
com a comunidade, o que o faz reconhecer o parentesco que existe entre ele e os outros.
Para Sai Baba a educação espiritual não é uma disciplina distinta e separada, mas sim
Deve-se indagar: Por que é que com a educação superior sendo mais acessível
no mundo todo, do que em qualquer outra época, muitos problemas humanos terríveis e
vigente. A Educação deve reforçar as fontes de alegria, amor e paz de espírito que são
Destes milhares de alunos do Programa Sathya Sai Baba sobre Valores Humanos
implantados em 157 países, muitos estão para assumir posições de influência e poderão
doenças morais. Eles abrirão caminho para o resto do mundo em uma nova era de paz e
desenvolvimento espiritual.
homem, que se viu como centro do universo, mostrou também sua imensa capacidade
massa em nome de ideais religiosos. Este mesmo ser, detentor de ilimitada criatividade,
foi capaz de levar seu planeta a uma devastação sem precedentes na história da
humanidade.
dimensões opostas [...] numa lógica dialógica que se realiza estabelecendo conexões
barreiras físicas, já sentimos a teia de que somos formados. Devemos, pois, passar à
Somos filhos e filhas da Terra, com a qual temos, ao longo desses 15 bilhões de
anos, misturado nossas matérias mais básicas. Fazemos parte de um todo, do qual
Segundo Leonardo Boff (2003), o novo ser deverá criar condições materiais, culturais e
humanidade. Nesse sentido, sentimos que a educação para o ser integral pode nos trazer
áreas tornando acessível a Psicologia Transpessoal para todos que buscam o “terceiro
esse enfoque constituído por cinco elementos que são: conceito de unidade, conceito de
curricular, onde não bastava apenas integrar conteúdos, mas buscar envolvimento,
informação, de interagir de forma crítica e ativa, com o meio físico e social; trabalhar as
22
Ver cap. II.
94
temas transversais como ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, orientação
importante da educação em todos os níveis. Esse sistema traz uma pedagogia real de
contato do aprendiz com a natureza que, desde os seus primórdios sustenta a vida, hoje
como tema do presente e do futuro, sinalizando para uma educação que prepare o ser na
Estes postulados nos levam a considerar o mundo quântico em que nos situamos
ser, que amplia seus cinco sentidos para o desenvolvimento das percepções de sua
95
conhecimento.
Educação para o século XXI, Jacques Delors (2000) aponta para Os Quatro Pilares da
de refletir, conectar idéias e ter visão crítica, desenvolvendo habilidades para atuar em
compreensão do outro e a percepção das interdependências. “Ah! outro: esse difícil, este
lado de mim que não sou eu. Como olhar-te, outro e te querer neste rosto que eu sou, e
23
O pensamento sistêmico se fundamenta nas inter-relações de seres vivos e meio ambientes numa
perspectiva de redes (Silva, 2004, p. 66).
96
estimular esta rede de trocas. Acerca do papel do professor nos convém refletir sobre:
”Se nos encontramos, hoje, num sistema arcaico de ensino, baseado no velho
paradigma cartesiano, onde a distância entre professor e aluno é tão grande, há que se
professores atuais procurem ao menos seus grupos de apoio, enquanto estamos na fase
tornando as críticas mais afetivas, dando sentido às práticas do dia a dia, permeando um
ser.
Para Maturana (2003), o aprendizado deve ser pautado pela biologia do amor,
assim o aluno estará mais apto a estabelecer metas e fazer escolhas baseadas na ética,
numa corporeidade que permeia não só a si mesmo, mas também o caminho do outro,
dentro de um processo terciário, que vivencia prazer e consciência. “Se quiser conhecer
97
para que assim, possam ser satisfeitas plenamente as necessidades dos seres do terceiro
sintam-se livres para se tornarem pessoas com sorriso amplo e bom humor e
preencham todos os espaços dessa escola com alegria” (Silva, 2004, p. 93).
nível do ser, ao mesmo tempo em que ele pode buscar essa transformação em direção ao
possibilitam essa educação que vai além, através e entre as disciplinas existentes, e é
movimento para a saúde psicológica, para a paz espiritual e harmonia social, ou seja
CAPÍTULO V
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
do ser.
necessidades.
1. Coleta de dados
formas e níveis, foi o vínculo que uniu uma parte do grupo na realização de um trabalho
uma vez que somente a vivência dessas teorias e práticas poderia certificar a eficiência e
a participação como sujeita da pesquisa foi opcional e não obrigatória. Dos 29 que
constituída por: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima
Araújo, Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de
1 - pesquisa bibliográfica;
2 - coleta de dados;
3 - análise de conteúdo;
durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que
haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas seriam compartilhadas
entre todos da equipe, com comunicação e envio de material produzido no período entre
um encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado
entre todos.
todos os trabalhos seriam constituídos dos mesmos capítulos e com os mesmos dados de
pesquisa.
Psicologia Transpessoal”. 24
Essa questão foi colocada de uma forma bem ampla para possibilitar que as
respostas fossem os mais abrangentes possíveis e sem nenhum tipo de indução, para que
depoentes que respondessem à questão num tempo relativamente curto para que
No final do verso da página25 pedimos alguns dados que foram utilizados para
individual.
24
Ver apêndice 1.
25
Ver apêndice 2.
102
sexos, na sua maioria do sexo feminino, com idades variando entre 35 e 60 anos, todos
de nível superior completo, classe média em geral, onde a grande maioria declara
cada sujeito pelo número do depoimento respectivo (D1, D2 [...] D29) mantendo, assim,
2. Análise de conteúdo.
Segundo Bardin, análise de conteúdo tem como objeto a palavra. Ela nos diz a
respeito disso:
Seguindo a metodologia de Bardin, essa análise de conteúdo passa por três fases
distintas:
2.1. Pré-análise
É a fase de organização dos dados. É uma fase intuitiva mas fundamental para
que se trace um programa que seja flexível para que, possivelmente sejam introduzidos
103
[...] a pré-análise tem por objetivo a organização, embora ela própria seja
composta por atividades não estruturadas, <abertas>, por oposição ‘a
exploração sistemática dos documentos (Bardin, 1977, p. 9).
b) escolha dos documentos, que nada mais é que a demarcação do universo a ser
analisado. Muitas vezes essa escolha implica numa seleção que deve seguir a algumas
b.1) regra da exaustividade: nenhum elemento que compõe o universo a ser analisado
deve ser deixado de fora por qualquer razão que não seja justificada no plano do rigor;
b.2) regra da representatividade: qualquer análise pode ser feita através de uma
inicial;
b.4) regra da pertinência: os documentos devem ser fonte adequada de informação para
explorar e pesquisar.
104
fiquem de fácil acesso e organizados da forma mais conveniente para que possam ser
de acordo com, e em função das regras previamente estabelecidas para a análise dos
documentos.
perspectiva qualitativa.
2.4. Codificação
brutos do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permitem
analista acerca das características do texto, que podem servir de índices. Essa agregação
b) unidades de contexto: são maiores que as unidades de registro e dão sentido aos
acordo com critérios pré-estabelecidos, de acordo com referências comuns presentes nas
unidades de contexto.
metodologia.
recomendação de Bardin (1997), que diz que para facilitar o processo de leitura para
análise cada depoimento deve ser digitado numa seqüência sem parágrafos.
leituras seguidas e pausadas facilitam a fluência do texto de forma que idéias contextos
e sensações possam emergir vindo à tona sob a forma de palavras, frases ou sentenças
essas unidades através das unidades de contexto. Elegemos como unidades de registro
opinião.
de acordo com elementos que foram surgindo. Após essa categorização inicial
que resultam desses seguidos reagrupamentos até sairmos do relativamente geral para o
mais específico.
CAPÍTULO VI
b) sentimento de renascimento;
d) sentimento de segurança/confiança;
f) sentimento de mudança;
h) manifestação da intuição;
i) ampliação da auto-percepção/consciência;
k) valorização do grupo;
m) mudança e transformação;
q) sentimento de gratidão;
ai) sincronicidade;
identificada cada uma das classificações. Este quadro surgiu a partir de um quadro
Quadro da classificação
Classificação Depoimentos
s) importância da teoria/ curso como elemento organizador 6, 7, 12, 15, 24, 25, 28
e estruturante
integração), eixo experiencial e evolutivo propostos pela 1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 29
abordagem transpessoal relacionada a processo de
desenvolvimento;
ai) sincronicidade 4, 25
aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em 4, 12, 13, 18, 23, 26
Psicologia transpessoal
apresentadas abaixo, que foram enumeradas com números naturais em ordem crescente:
112
14) Experiência com as sete etapas, eixo experiêncial (REIS) e evolutivo relacionados a
categoria prévia.
identificadas cada uma das categorias prévias. Este quadro surgiu a partir de um quadro
inicial (anexo 3) onde está indicado quais as classificações que deram origem a cada
categoria prévia, bem como encontra-se transcrita a unidade de contexto com indicação
Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (aj, am) 4, 12, 13, 18, 23, 26
11) importância da teoria (curso) como elemento
organizador e estruturante (s) 6, 7, 12, 15, 24, 25, 28
13) relações com processo de aprendizagem (ae, ah, an, 2, 4, 6, 18, 20, 21
as)
16) desenvolvimento da percepção com ação do Eu 1, 16, 19, 20, 21, 25, 26,
observador (i, ap, at) 29
18) expressão de mais força, confiança, segurança (d, ac) 4, 5, 6, 7, 11, 17, 18, 23,
27
19) sentimentos positivos em relação ao futuro (t) 3, 4, 7, 8, 11, 15, 17, 21,
26
24) conexão com o sagrado e evolução espiritual (w, aw) 3, 8, 9, 14, 17, 25
27) conexão com o feminino (x) 12, 17, 19, 21, 22, 23, 26
em ordem crescente:
16:i,ap,ay);
12:ao,ar; 13:al,ah,an,as);
números, que se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as
quadro inicial (anexo 4) onde está indicado quais as classificações que deram origem a
cada categoria prévia e quais categorias prévias deram origem as categorias finais, bem
classificada.
5) validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia 6, 7, 12, 15, 18, 23, 24, 25,
Transpessoal (8:l; 11:s; 12:ao,ar; 13:al,ah,an,as) 27, 28, 29
6) referências à abordagem integrativa transpessoal (sete 1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 27,
etapas, eixo experiencial e evolutivo) relacionada a 29
processo de desenvolvimento (14:ag, 23:v);
10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição 4, 5, 12, 17, 19, 21, 22, 23,
(27:x; 28:h,ai) 25, 26, 27,29
11) emergência de valores e cognição S (ser) e expressões 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 17,
afetivas validando a aprendizagem da Psicologia 18, 22, 23, 25, 26, 27
Transpessoal (10:aj,am; 18:d,ac; 21:q; 22:p,y; 23:v)
Obs.: os dados entre parênteses ao final de cada categoria equivalem aos números, que
se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as letras, se
referem à classificação que deu origem as categorias prévias.
conexão interior, resgate do que reconhece como ser essencial em si para uma vida mais
[...] sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir [...]
ocorreu um reencontro com a minha essência [...] existe um olhar mais
tolerante, mais amoroso que julga e critica menos [...] (D2).
118
[...] voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em
mim e nos outros [...] sinto-me resgatada [...] (D5).
[...] não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais
influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este
período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra
completamente diferente, pudesse nascer [...] sinto-me com outra qualidade
de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e
conseqüentemente, com a vida [...] é apenas um processo de crescimento, já
que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores,
nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS [...] (D7).
[...] morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para
mim que renasci sempre num nível mais elevado [...] foi realmente um
renascimento para uma vida mais saudável e plena [...] (D20).
[...] resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade
simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso [...]
(D8).
[...] e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me
conhecendo, e transbordando este amor ao mundo [...] (D9).
[...] sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu
viver [...] (D24).
humanização e amorosidade.
119
[...] de um retorno à minha essência [...] sinto que o amor será e é o guia
condutor em todas as áreas do meu viver [...] (D24).
[...] sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano! [...] (D25).
[...] todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu
recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta [...] e
muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de
Luz [...] (D27).
[...] consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude [...]
(D29).
criança ferida. Maslow (s.d.) sugere que a contenção dessa criança ferida impediria a
[...] cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando
para trás e me abrindo para o novo [...] (D19).
maneira geral, como podemos observar nos depoimentos abaixo, desencadeou-se uma
[...] me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no
“aqui e agora” [...] me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois
vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para
trilhar o meu caminho evolutivo [...] (D1).
[...] fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como
oportunidade de crescimento [...] (D1).
[...] sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve,
enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse
momento [...] (D2).
e o auto-conhecimento e crescimento.
[...] quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente
grande”, assumir meu lugar em minha vida [...] descobri também que sou
aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de
quem é [...] sei que em alguns momentos me lembrare