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MATERIAL 01 - DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (Direito do

Trabalho):

Ementa: Direito coletivo do trabalho: origens históricas dos sindicatos. As


especificidades dos sindicatos na sociedade brasileira. Conceito, características e
natureza sócio-jurídica do contrato coletivo de trabalho. Contrato coletivo de trabalho e
formas de solução dos conflitos trabalhistas: convenção, acordo, negociações coletivas e
formas alternativas de resolução de conflitos. A extensão do campo da negociação
coletiva nas sociedades contemporâneas. Conflitos do trabalho e direito de greve na
sociedade brasileira.
- Falar sobre possibilidade de ao final entrarmos em direito individual – Remuneração e
Rescisão do Contrato de Trabalho.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO:


- Conceito: é o segmento do Direito do Trabalho, encarregado de tratar da
organização sindical, num sentido amplo da relação de trabalho, da negociação coletiva,
contratos coletivos e representação dos trabalhadores e da greve.
- Divisão do Direito do Trabalho:
.Direito Individual – Contrato do Trabalho;
. Direito Coletivo – Regulamenta direito da categoria/grupo de
trabalhadores (Não possui autonomia);
- Regulamenta regras coletivas:
. Relações coletivas;
- Sujeitos (constituído da relação jurídica):
. Trabalhadores x Empregadores;
- Divisão:
. Categorias (Por meio do Sindicato):
- Categoria Profissional: Trabalhadores;
- Categoria Econômica: Empregadores;

Direito Coletivo e dividido em Grupos;

Grupos são divididos em Categorias;

Categorias são divididas em:

- Categoria Profissional = Trabalhadores

- Categoria Econômica = Patronal/Empregadores.


- Sindicato:
- Conceito: é a associação de pessoas físicas ou jurídicas que tem
atividades econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses coletivos e
individuais de seus membros ou da categoria. É uma associação espontânea entre as
pessoas
- Natureza Jurídica:
. Direito Privado (pois não pode haver interferência ou intervenção no
sindicato)
- Atuação direta (intensa) – função representação:
. Interesse da categoria;
. Direito Individual;
. Repercussão no V.E./CT;

I – Representação dos Trabalhadores:


- Possibilidade:
. Organização em grupos;
- Finalidade:
. Reivindicar direitos;
. Melhorias de condições de Trabalho;
- Delimita/cria/extingue (Poder de regulamentação):
. Direitos/obrigações;
- Possibilidade conferida ao grupo (organizado em categoria):
. Criar suas próprias regras (são capazes de identificar quais seriam as
melhores condições de trabalho);

II – Divisão:
- Organização Sindical:
. Natureza Jurídica (privada)/Proteção à Sindicalização/Órgãos
Sindicais/Eleições/Conflitos/Soluções dos conflitos/ACT/CCT (Negociação
coletiva)/Greve;

III – Reconhecimento:
Convém esclarecer que o sindicalismo encontra suas origens nas corporações de
ofício de artesãos e construtores que surgiram durante a Idade Média, a partir do
século XII, principalmente na França e na Grã-Bretanha, e tomou força na época da
Revolução Industrial, no século XVIII, até ser proibido pelos Estados em função do
idealismo liberalista advindo da Revolução Francesa de 1789 (Lei Le Chapellier de 1791).
O fato de associar-se para formar um sindicato chegou a ser considerado como crime,
como definia o Código Penal de Napoleão (1810), pois se entendia que se tratava de uma
forma de conspiração por parte dos trabalhadores. Durante a Segunda Guerra Mundial
(1939/1945), os ideais comunistas e socialistas afloraram, e com isso a revitalização do
sindicalismo.

Segundo Avilés (1980), a organização sindical passou pelas seguintes fases: fase
da proibição, fase da tolerância e fase do reconhecimento do direito sindical, esta
última subdividindo-se em reconhecimento sob o controle do Estado, como no
corporativismo e no sistema soviético, e em reconhecimento com liberdade
caracterizada pela desvinculação entre a organização sindical e o Estado, em maior ou
menor grau.

No Brasil, o direito de associação, do qual deriva o direito de associação sindical,


foi garantido desde a Constituição Federal de 1891 (art. 72, § 9º). Posteriormente, a
pluralidade sindical chegou a ser garantida pela Constituição Federal de 1934,
consagrada no seu art. 120, parágrafo único: “A lei assegurará a pluralidade sindical e a
completa autonomia dos sindicatos”[1]. A Constituição de 1937, por sua vez, sob a
inspiração do Estado Novo e do seu regime político, estabeleceu diretrizes
diametralmente opostas, restringido sobremaneira a liberdade sindical.

Durante a década de 1930, com Getúlio Vargas, fortemente inspirado na Carta


del Lavoro da Itália (1927), o sindicalismo foi considerado como um processo de
produção, uma função de interesse nacional que vincularia o capital e trabalho,
competindo ao Estado a organização das categorias dos trabalhadores, tudo conforme
definia a Lei dos Sindicatos (Decreto nº 19.770, de 1931), posteriormente incorporada
pela Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943).
Dessa forma, os sindicatos passaram a serem meras organizações organizadas de
trabalhadores e hierarquicamente submetidas às regulamentações do Estado.

IV - Principio da Liberdade Sindical:


Conceito: é o direito dos trabalhadores e empregadores de se organizarem e
constituírem livremente as agremiações que desejarem, no número por eles idealizado,
sem que sofram qualquer interferência ou intervenção do Estado, nem uns em relação
aos outros, visando à promoção de seus interesses ou dos grupos que irão representar.

- Aspectos da Liberdade Sindical (Art.8º, caput, incisos I e V, CF):


. Amplo:
- Criar/Extinguir/filiar-se/Desfiliar-se (a qualquer tempo);
- Sem intervenção Estatal;
- Organização interna: Edição de Estatutos/Fusão/Cisão de
sindicatos;(Explicar fusão e cisão)
Somente com advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
é que as organizações sindicais deixaram de se submeter a esse total intervencionismo
estatal e ter viés corporativista. Conforme refere Nascimento (2011, p. 1243), os
princípios da Constituição de 1988 relativos às organizações sindicais são os seguintes:

a) o direito de organização sindical e a liberdade sindical; b) a manutenção do sistema


confederativo com os sindicatos, federações e confederações, sem menção às
centrais sindicais; c) a unicidade sindical com a autodeterminação das bases
territoriais, não sendo, todavia, admitida a criação de um sindicato se já existente
outro na mesma base e categoria; a base territorial fixada pelos trabalhadores não
poderá ser inferior à área de um Município; d) a livre criação de sindicatos sem
autorização prévia do Estado; e) a livre administração dos sindicatos, vedada
interferência ou intervenção do Estado; f) a livre estipulação, pelas assembleias
sindicais, da contribuição devida pela categoria, a ser descontada em folha de
pagamento e recolhida pela empresa aos sindicatos, mantida, no entanto, sem prejuízo
da contribuição fixada em lei; g) a liberdade individual de filiação e desfiliação; h) a
unificação do modelo urbano, rural e de colônias de pescadores; i) o direito dos
aposentados, filiados ao sindicato, de votar nas eleições e de serem votados; j)
a adoção de garantias aos dirigentes sindicais, vedada a dispensa imotivada desde o
registro da candidatura até um ano após o término do mandato; l) o direito de
negociação coletiva; m) o direito de greve, com maior flexibilidade; n) o direito de
representação dos trabalhadores nas empresas a partir de certo número de empregados
[grifei]

- Liberdade Institucional (compreende):


. Vontade dos membros da categoria;
- Autonomia Sindical: é a possibilidade de atuação do grupo
organizado em sindicato e não de seus componentes individualmente considerados;
- (Não há o) Pluralismo Sindical: que é a possibilidade de cada categoria poder
criar seu sindicato representativo, desde que seja respeitado a base territorial definida
na constituição, não define qualquer regra que enquadre essa situação em pluralismo
sindical;
OBS.: Segundo a doutrina, que baseia-se por preceitos da OIT, a autêntica
liberdade sindical, somente será efetiva quando for permitido pela legislação a
aplicabilidade do pluralismo Sindical.
- Submete ao Princípio da Unicidade Sindical:
. Conceito: trata-se ao ponto de que ante a liberdade sindical, gerar
restrição da criação de mais de um sindicato de uma mesma categoria em uma mesma
base territorial;
- Base Territorial:
. Município (no mínimo) – Art. 8º, II, CF c/c Art.516, CLT (Vide Art.517,
CLT – não recepção);
. Podendo ser:
- Municipal/Intermunicipal/Estadual/Interestadual;
- Regras contidas na Constituição:
. Não recepcionou vários dispositivos da CLT
- Convenção OIT nº.87/48:
. Versa sobre Liberdade Sindical e proteção do direito de associação;
. Finalidade:
- Proteção da liberdade sindical contra ingerências do Estado;
. Não foi ratificada pelo Brasil (espera a 60 anos, haja vista que aguarda
pela reforma sindical, pois entende que ainda há interferência estatal – definindo
algumas regras, como imposto sindical, pois esta convenção defende uma
liberdade plena).
A grande discussão levada a efeito é referente a liberdade sindical promovida
pela Convenção nº 87 da OIT e o seu conflito com o princípio da unicidade sindical que
ainda impera no nosso ordenamento jurídico com fundamento no artigo 8º, da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Tem-se que a liberdade sindical
é de suma importância, pois somente com uma entidade sindical livre, sem subordinação
aos empregadores ou às limitações e intervenções estatais, é que os trabalhadores
poderão lutar pelos seus direitos.

No Brasil, as entidades sindicais (sindicatos, federações e confederações)


foram regulamentadas na década de 1930, mas com um viés corporativista e fascista.
Eram instituições totalmente controladas pelo Estado, ineficazes para a garantia dos
direitos dos trabalhadores. A questão mudou com o advento da Constituição Federal de
1988, que garantiu a vedação ao Poder Público à interferência e à intervenção na
organização sindical. Todavia, o inciso II, do art. 8º da CF/88 trouxe uma norma que
impede a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa
de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de
um Município.

Nesta perspectiva, construíram-se questões acerca da discussão do que é o


princípio da unicidade sindical? O que se entende por liberdade sindical promovida pela
Convenção nº 87 da OIT? De que forma o princípio da unicidade limita a liberdade
sindical? O que é mais benéfico? A unicidade ou a pluralidade sindical?

Vários autores discutem a necessidade de que essa Convenção seja ratificada


pelo Brasil em prol da liberdade sindical. Consoante Amauri Mascaro Nascimento, “a
intervenção e a interferência do Estado no movimento sindical, invalida, também, a sua
naturalidade, na medida em que o submete aos modelos estabelecidos pelo Estado em
detrimento da sua livre organização e ação” (NASCIMENTO, 2011, p. 1232).

A liberdade de associação sindical é um direito fundamental assegurado por


nossa Constituição Federal de 1988, que decorre da liberdade de associação (art. 5º,
incisos XVII a XXI). Está assegurada no art. 8º, caput, e inciso V, da Carta Magna.

A Constituição Federal de 1988 acolheu, em parte, a Convenção nº 87, de 1948,


[2]
da OIT , relativa à liberdade sindical e à proteção do direito de sindicalização, ou seja,
não garantiu a plena liberdade sindical. Essa Convenção é considerada o primeiro tratado
internacional que consagra, com o princípio da liberdade sindical, uma das liberdades
fundamentais do homem.

Conforme a Convenção nº 87 da OIT, quatro garantias básicas caracterizam a


liberdade sindical: o direito de fundar sindicatos, o direito de administrar sindicatos
(elaborar seus próprios estatutos e regulamentos administrativos, a eleição livre dos
seus representantes e a auto-organização da gestão), o direito de atuação dos
sindicatos e o direito de filiação ou desfiliação de um sindicato[3]. Em resumo, proclama a
autonomia sindical, dispondo que:

Artigo 2

Os trabalhadores e os empregadores, sem nenhuma distinção e sem autorização


prévia, têm o direito de constituir as organizações que estimem convenientes, assim
como o de filiar-se a estas organizações, com a única condição de observar os estatutos
das mesmas.

Artigo 3

1. As organizações de trabalhadores e de empregadores têm o direito de redigir


seus estatutos e regulamentos administrativos, o de eleger livremente seus
representante, o de organizar sua administração e suas atividades e o de formular seu
programa de ação.
2. As autoridades públicas deverão abster-se de toda intervenção que tenha
por objetivo limitar este direito ou entorpecer seu exercício legal. [grifei].

Artigo 8

1. Ao exercer os direitos que lhes são reconhecidos na presente Convenção, os


trabalhadores, os empregadores e suas organizações respectivas estão obrigados, assim
como as demais pessoas ou coletividades organizadas, a respeitar a legalidade.

2. A legislação nacional não menoscabará nem será aplicada de forma que


menoscabe as garantias previstas nesta Convenção. [grifei].

A liberdade sindical significa ainda a posição do Estado perante o sindicalismo,


respeitando-o como manifestação dos grupos sociais, sem interferências maiores na sua
atividade enquanto em conformidade com o interesse comum. Nesse caso, liberdade
sindical é o livre exercício dos direitos sindicais.

O princípio da liberdade sindical, encontra-se na estrutura do Direito Coletivo


do Trabalho da atualidade, pautado pela democracia e pluralismo nas relações sindicais.
“Não mais se sustenta o modelo sindical controlado pelo Estado, impondo regras que
acabam sufocando a atuação dos autores sociais nas relações coletivas de trabalho”
(DELGADO, 2010, p. 1220).

A Convenção nº 87 da OIT, todavia, ainda não foi ratificada e promulgada pelo


Brasil. E os principais entraves para a sua ratificação são: a) a manutenção do sistema
confederativo com os sindicatos, federações e confederações e sua organização por
categorias; b) e a unicidade sindical com a autodeterminação das bases territoriais, e
vedação da criação de mais de uma associação sindical, em qualquer nível, representativa
de certa categoria em uma mesma base territorial.

Esse modelo organizacional que autoriza a existência de apenas uma entidade


representativa de categoria profissional ou econômica dentro de determinada base
territorial trata-se do princípio da unicidade sindical. Consoante os artigos 8º, inciso V,
da CF/88 e 516 da CLT, respectivamente:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

[...] II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer


grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados,
não podendo ser inferior à área de um Município;

Art. 516 - Não será reconhecido mais de um sindicato representativo da mesma


categoria econômica ou profissional, ou profissão liberal, em uma dada base territorial.

Tem-se que a unicidade sindical ocorre quando a norma exige a existência de um único
sindicato representativo dos correspondentes obreiros, seja por empresa, seja por
profissão, seja por categoria profissional, vendando-se a existência de entidades
sindicais concorrentes ou de outros tipos sindicais.
O modelo de unicidade sindical atinge, indistintamente, qualquer organização
sindical, em qualquer grau – sindicatos, federações ou confederações –, implicando
absoluto monopólio de representatividade em determinada base, que jamais poderá ser
inferior a um Município nem superior ao espaço territorial da nação.

Importante ressaltar, que a categoria, ao pretender fixar a base territorial de


sua representação, deverá, obrigatoriamente, observar o princípio da unicidade sindical
(CF/88, art. 8º, II). Eventual pretensão de estender a base territorial anteriormente
existente dependerá de não haver, na nova base, sindicato que represente a categoria,
sob pena de caracterizar conflito de representação. “Ocorrendo esse conflito, deverá
prevalecer a representação da entidade que há mais tempo a exerce naquela base
territorial” (STF, RR 199, 142, 2ª T., rel. Min. Nelson Jobim), considerando a data de
sua fundação ou de início de representação da categoria no Ministério do Trabalho e
Emprego – agora Ministério da Justiça, e não de obtenção de sua personalidade jurídica
junto ao cartório de registro de títulos e documentos ou pessoas jurídicas. A
competência para dirimir eventual conflito de representação, por força do art. 114, III,
da CF, será da Justiça do Trabalho.

A quem entende o contrário senão vejamos: Conforme ressalta Nascimento


(2011), a Convenção nº 87, ratificada por mais de cem países, por meio da qual permite a
livre escolha, pelos próprios interessados, do sistema que julgarem melhor para a
realização dos seus interesses, enseja a pluralidade sindical, permitida na França, na
Itália, na Espanha entre outros países. Para o referido autor, o princípio da unicidade é
contraditório à liberdade sindical, e se caracteriza como uma afronta à democracia. A
Constituição Federal de 1988, ao conservar a unicidade ou monismo sindical, não teria
acompanhado a evolução do sindicalismo dos países democráticos. Seria contraditória ao
manter o princípio da unicidade sindical ou da proibição de mais de um sindicato de igual
categoria na mesma base territorial, “herdado da Consolidação das Leis do Trabalho,
esta, por sua vez, fundada nos princípios do corporativismo” (NASCIMENTO, 2011, p.
1273).

Nesse ponto, vale destacar que a jurisprudência do Tribunal Superior do


Trabalho, embora considere constitucional o princípio da unicidade sindical, considera-o
retrógado, pois conserva, “até os dias atuais, o espírito corporativista inspirado na Carta
del Lavoro”. (TST, AIRR-252800-54.2008.5.02.0068. 8ª T., Ministra Relatora Dora
Maria da Costa, 25/09/2013).

Segundo o Procurador do Trabalho Cristiano Otávio Paixão Araújo Pinto (2012),


o Brasil já possui uma história institucional de defesa de direitos fundamentais do
trabalho. Isso permite a análise mais apurada de um quadro de contradição entre a
unicidade sindical e todos os dispositivos constitucionais que se contrapõem a ela, como a
liberdade sindical prevista no artigo 8º da Constituição. Para o autor, a unicidade “ainda
produz efeitos, mas está caindo em certa obscuridade”.

De qualquer forma, sabe-se que esse dispositivo, na prática, não é observado


com rigor extremado. Em desacordo com a lei, surgiu, empiricamente, uma estrutura
sindical pluralista, tanto na cúpula, onde há cinco centrais sindicais, como na base da
pirâmide, em que há cerca de dezesseis mil sindicatos, muitos, disfarçadamente,
concorrendo com outros que representam o mesmo ramo ou indústria, em bases
territoriais municipais, intermunicipais, estaduais e, por exceção, nacional. Ademais,
esse princípio tem sido contornado com o desmembramento de sindicatos. O Supremo
Tribunal Federal entendeu que o desmembramento de uma das categorias representadas
por confederação, criando uma nova, não fere o princípio da unicidade sindical.

Grande parte da doutrina entende que o princípio da unicidade sindical restringe


a livre constituição de sindicatos pelos interessados, de modo que aqueles que
pertencem ao grupo não têm outras opções, ainda que em desacordo com as diretrizes
sindicais, tendo, assim, a sua liberdade tolhida. A representação dos interesses fica
canalizada para um único sindicato, não havendo alternativas para os sindicalizados em
desacordo com as diretrizes da diretoria do sindicato, a não ser influir nas eleições para
a sua renovação.

A unicidade sindical não é reconhecida no Direito Internacional do Trabalho, e


afronta a Convenção nº 87 da OIT, já que não permite a expressão de diferentes
correntes filosóficas e políticas, sujeitando grupos minoritários à vontade do grupo
predominante. Refere que “a OIT verificou que, em diversos países, a instalação de um
governo pluralista e democrático significou a abolição da unicidade sindical e a
substituição de um regime que permite o pluralismo sindical” (MERÍSIO, 2011, p. 50).

A unicidade se identifica à segmentação e redução da sociedade a padrões


classistas, corporativistas e tribalistas [...] só podendo ser defendida por arquétipos
antiliberais, presentes no corporativismo, fascismo ou comunismo soviético. É a negação
da democracia, da liberdade e do próprio direito de associação, que é a base da
liberdade sindical. (MERÍSIO, 2011, p. 50-51).

Na mesma corrente segue Saraiva (2011, p. 372): “em verdade, a unicidade


sindical imposta pela CF/1988 limita e restringe a plena liberdade sindical, pois
impossibilita a livre criação de vários sindicatos representativos da mesma categoria em
idêntica base territorial”.

Para reforçar esse entendimento, refere Martins (2011) que essa exigência
legal de que só pode haver um único sindicato em dada base territorial, que não pode ser
inferior à área de um município, é herdade do regime corporativista de Mussolini. “Um
único sindicato era mais fácil de ser controlado, tomando-se obediente. Nasce o
sindicato por imposição do Estado, de cima para baixo. Não foi criado espontaneamente.
Os líderes sindicais não surgiram, mas eram nomeados”. (MARTINS, 2011, p. 743).

Já a argumentação daqueles autores que defendem o princípio da unicidade


sindical (MORAES, 1978; VIANA, 1943), é que ele promove melhor a unidade do grupo,
solidifica-o e faz a união indispensável para que as suas reivindicações, maciçamente
manifestadas, tenham condições de influir. Para eles, o princípio da pluralidade sindical
divide o interesse coletivo e diminui o poder de reivindicação. Surgiria, além disso, uma
dificuldade técnica por ocasião das reivindicações gerais do grupo, e que exigiriam
atuação comum: a determinação do sindicato mais representativo e que procederá à
negociação em nome de todo o grupo.
A solução apontada por Chiarelli (1980), que garante a liberdade sindical, é a que
a unidade surja da pluralidade sindical. Para o autor, a unicidade gera uma exclusividade
de representação classista que assegura certa acomodação das lideranças antigas, que,
muitas vezes, na pluralidade, correm o perigo da concorrência renovadora. Já a
pluralidade fraciona em vários segmentos representativos, sendo que será mais fácil ao
poder econômico enfrentá-los. Conforme ressalta o autor, os países em que há maior
vigor reivindicatório e maior capacidade de mobilização sindical são aqueles que
ostentam a pluralidade entre as prerrogativas constitutivas da liberdade sindical em si;
não existe a proposição da obrigatoriedade da pluralidade, pois esta vale como
prerrogativa, como direito. Se os trabalhadores, apesar de terem a faculdade,
preferirem agrupar-se em representações unitárias, estar-se-ia diante do ideal: a
unidade na pluralidade.

Russomano (1984) também segue a mesma corrente de pensamento: “O sindicato


único deve nascer da pluralidade sindical, ou seja, deve perdurar a unidade da categoria
profissional ou econômica à margem da possibilidade, espontaneamente abandonada, de
formação dos sindicatos dissidentes” (RUSSOMANO, 1975, p. 34).

O que estes últimos autores referem, trata-se da unidade prática, que,


conforme Delgado (2010, p. 1239) “resulta da experiência histórica de sindicalismo, e
não de determinação legal”. Esse sistema de liberdade sindical plena é o que defende a
Convenção nº 87 da OIT, de 1948, ainda não subscrita pelo Brasil. Para o referido autor,
o sistema de liberdade sindical plena não sustenta que a lei deva impor a pluralidade
sindical. De modo algum: sustenta, apenas, que não cabe à lei regular a estruturação e
organização internas aos sindicatos, cabendo a eles eleger, sozinhos, a melhor forma de
se instituírem.

Embora a Convenção nº 87 da OIT tenha sido encaminhada ao Congresso


Nacional pelo Presidente da República em 1949, e no Congresso, objeto de um projeto de
Decreto Legislativo, em trâmite desde 1984, como se pode verificar, a sua ratificação e
promulgação esbarra em questões que somente serão resolvidas com a efetiva
implantação de uma reforma sindical, o que encontra resistência por parte do Governo e
dos sindicatos[5].

Dessa forma, temos que o Brasil, desafortunadamente, em que pese tenha


evoluído muito na garantia dos direitos sindicais com a Constituição Federal de 1988,
esbarrou no momento em que ainda impede a plena liberdade de associação sindical por
meio da unicidade sindical, regra derivada de um regime corporativista e fascista da
década de 1930, isso para alguns doutrinadores, porém ainda defende a doutrina
majoritária, o modelo definido pela Constituição, haja vista a questão de que a liberdade
não pode ser plena.

- Convenção OIT nº.98/49:


. Dispõe: (sobre)
- Direito Sindical e a Negociação Coletiva; (em rigor complementa a
Convenção nº.87)
- Canaliza a proteção:
. Questões referentes a relação entre empregadores e
trabalhadores;
A Convenção 98 da OIT, sobre o Direito de Sindicalização e de
Negociação Coletiva, foi aprovada na 32ª reunião da Conferência Internacional do
Trabalho (Genebra — 1949) e entrou em vigor no plano internacional em 18.7.51.
No Brasil, sua aprovação se deu por meio do Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52,
do Congresso Nacional e sua ratificação aconteceu em 18 de novembro de 1952.
Entrou em vigor no plano interno em 18 de novembro de 1953 (Decreto n. 33.196,
de 29.6.53).
Não raro, observa-se no cotidiano certa confusão entre os objetos
da sobredita Convenção e a de número 87, acerca da Liberdade Sindical e
Proteção ao Direito de Sindicalização. Contudo, têm alcances e destinatários
distintos. Enquanto o objeto da Convenção n. 87, de 1948, é garantir a liberdade
de associação em relação aos poderes públicos, a Convenção sobre o direito de
organização e negociação coletiva (n ° 98) tem a preocupação de salvaguardar os
direitos sindicais em relação aos atores sociais e, mais precisamente, em relação
aos empregadores e suas organizações.
Assim, a Convenção n. 98 diz respeito, em primeiro lugar, à
prevenção de política de discriminação no emprego. Evita-se com que o
empregador coloque diante do empregado a alternativa de escolher entre o
ativismo sindical e a sua subsistência, ou seja, o contrato de trabalho. Por isso,
prevê expressamente que os trabalhadores devem se beneficiar de proteção
adequada contra atos de discriminação destinados a atacar a liberdade sindical.
Essa proteção é aplicada especialmente, no momento da contratação de um
trabalhador, mormente quando se tenta subordinar a avença contratual à condição
de o empregado não ingressar em um sindicato ou deixar fazer parte dele.
O acordo também especifica que a proteção contra a
discriminação antissindical deve estender-se à dispensa do trabalhador e outros
atos que pretendem prejudicá-lo em razão de sua associação ou participação no
sindicato. Uma segunda preocupação da Convenção foi a de impedir que
empregadores ou organizações empresariais tentem controlar sindicatos de
trabalhadores, intervindo em sua administração ou os apoiando financeiramente.
Por esse motivo, o artigo 2 da Convenção estabelece que as
organizações de trabalhadores empregadores devem se beneficiar de proteção
adequada contra todos os atos de interferência de um para o outro, diretamente
ou através de seus membros ou agentes, em seu treinamento, operação e
administração.
A criação de organizações de trabalhadores é assimilada a atos de
interferência controlado financeiramente ou mantido por outros meios. Para
garantir a aplicação dessas disposições, o artigo 3 da Convenção recomenda a
instituição, em caso de necessidade, de organizações apropriadas às condições
nacionais.
Por outro lado, para impedir que a ação sindical seja paralisada no
caso de empregadores e organizações empresariais recusarem sistematicamente
iniciar negociações coletivas com as organizações da trabalhadores, o artigo 4 da
a Convenção estabelece que, quando necessário, sejam adotadas medidas
adequadas às condições nacionais para estimular e promover o desenvolvimento e
uso completos de procedimentos de negociação voluntária de contratos coletivos
entre empregadores e suas organizações, por um lado, e organizações
trabalhadores, por outro lado, a fim de regulamentar condições de emprego.
No que diz respeito, finalmente, ao âmbito do Acordo, este prevê,
como a Convenção 87, que a medida a que se aplica às Forças Armadas e a Políc ia
serão determinadas pela legislação nacional. Prevê também para não lidar com a
situação dos funcionários públicos na administração do Estado e não pode, de
forma alguma, ser interpretado de maneira que prejudicar seus direitos.
Justamente em razão desse campo de aplicação foi que a OIT, na
sua 108ª Reunião, realizada no ano de 2019, entendeu que a Reforma Trabalhista
brasileira de 2017 (Lei nº 13.467 de 2017) está em desconformidade com a
Convenção 98, quando, por exemplo, permite com que determinados tr abalhadores
(art. 444, parágrafo único, da CLT) possam estipular acordos individuais de forma
contrária e prejudicial ao disposto em normas coletivas.
Com a aprovação da convenção, os trabalhadores deverão gozar de
proteção adequada contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em matéria
de emprego. Tal proteção deverá, particularmente, aplicar-se a atos destinados a:
a) subordinar o emprego de um trabalhador à condição de não se
filiar a um sindicato ou deixar de fazer parte de um sindicato;
b) dispensar um trabalhador ou prejudicá-lo, por qualquer modo,
em virtude de sua filiação a um sindicato ou de sua participação
em atividades sindicais, fora das horas de trabalho ou com o
consentimento do empregador, durante as mesmas horas.
As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de
proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer
diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação,
funcionamento e administração. Serão particularmente identificados a atos de
ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de
organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de
empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios
financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um
empregador ou de uma organização de empregadores.
Organismos apropriados às condições nacionais deverão, se necessário,
ser estabelecidos para assegurar o respeito do direito de organização definido nos
artigos precedentes. Deverão ser tomadas, se necessário for, medidas apropriadas às
condições nacionais, para fomentar e promover o pleno desenvolvimento e utilização
dos meios de negociação voluntária entre empregadores ou organizações de
empregadores e organizações de trabalhadores com o objetivo de regular, por meio de
convenções, os termos e condições de emprego.

V – Organização Sindical:
- Natureza Jurídica:
. Personalidade Jurídica
- Direito Privado (pois não sofre intervenção estatal, bem como cria
normas privadas entre seus representados);
- Associação:
. Civil/Natureza Privada/Autônoma/Coletiva.
1. Criação e Registro Sindical:
- Decorre do Art.8º, I:
. Liberdade Sindical (não interferência estatal);
- Norma Jurídica exige:
. Registro em Órgão Competente; (Exige-se apenas o registro, pois vedado
exigir autorização)
- Forma:
. Ato vinculado (Não discricionário, considerado ato administrativo)
- Subordinado;
- Verificação dos pressupostos legais;
- Fins cadastrais;
- Dirigido ao Ministério da Justiça, com depósito do Estatuto do
Sindicato
. Finalidade:
- Verificação da Unicidade Sindical;
- Reconhecimento da personalidade Sindical;
. Requerimento eletrônico:
- Dirigido ao Ministério da Justiça – CNES (Cadastro Nacional de
Entidades Sindicais);
- Vedada a remessa via postal (documentos):
. Requerimento assinado pelo representante legal da
entidade;
. Edital de convocação dos membros da representação
pleiteada para a assembleia geral de fundação ou ratificação da
fundação da entidade, do qual constem a área de abrangência e
representação pretendidas, publicado no Diário Oficial da União
com antecedência mínima de cinco dias da realização da assembleia;
. Atas da assembleia geral de fundação da entidade e da
última eleição, apuração e posse da diretoria, com a indicação do
número de filiados na data da eleição, número do Cadastro Pessoas
Físicas - CPF dos representantes legais da entidade requerente;
. Lista de presença das assembleias de fundação da entidade
e da última eleição da diretoria;
. Estatuto social, aprovado em assembleia geral e registrado
em cartório, que deverá conter os elementos identificadores da
representação pretendida, em especial o grupo representado e a
área de abrangência, ou seja, Os estatutos deverão conter: a) a
denominação e a sede da associação; b) a categoria econômica ou
profissional ou a profissão liberal cuja representação é requerida;
c) a afirmação de que a associação agirá como órgão de colaboração
com os poderes públicos e as demais associações no sentido da
solidariedade social e da subordinação dos interesses econômicos
ou profissionais ao interesse nacional; d) as atribuições, o processo
eleitoral e das votações, os casos de perda de mandato e de
substituição dos administradores; e) o modo de constituição e
administração do patrimônio social e o destino que lhe será dado no
caso de dissolução; f) as condições em que se dissolverá associação;
. Certidão de inscrição do solicitante no Cadastro Nacional
de Pessoa jurídica - CNPJ, com natureza jurídica específica; e
. Comprovante de endereço em nome da entidade.
OBS.1: Caso os estatutos da entidade sindical contem com norma específica que
estabeleça prazo mínimo entre a data de publicação do edital convocatório e a realização
da assembleia correspondente, a validade desta última depende da observância desse
interregno. (OJ-SDC-35).
OBS.2: Há uma discussão doutrinária acerca da exigência de registro violar os
preceitos do Princípio da Liberdade Sindical, porém, o STF consolidou o entendimento
que foi referendado pela Sum.677 do STF.
-Espécie de criação:
. Formação Simples:
- Quando não haja na base territorial nenhum sindicato;
. Desmembramento:
- É quando ocorre a divisão de um sindicato em mais de um;
. Dissociação:
- Quando deixa de existir parte do ramo ou profissão.
OBS.: Quando houver mais de um sindicato de uma mesma categoria em uma
mesma base territorial, há uma divergência, pois a CLT determina quanto a
representatividade (Art.519 - A investidura sindical será conferida sempre à associação
profissional mais representativa, a juízo do Ministro do Trabalho, constituindo
elementos para essa apreciação, entre outros: a) o número de associados; b) os serviços
sociais fundados e mantidos; c) o valor do patrimônio.), porém o STF determinou pelo
Princípio da Anterioridade, que quer dizer que deverá permanecer aquele que primeiro
efetivou o registro sindical.

- Reconhecimento da entidade sindical (515/521, CLT):


As associações profissionais deverão cumprir requisitos para serem reconhecidas
como sindicatos:
a) reunião de um terço, no mínimo, de empresas legalmente constituídas,
sob a forma individual ou de sociedade, se se tratar de associação de
empregadores; ou de um terço dos que integrem a mesma categoria ou exerçam a
mesma profissão liberal se se tratar de associação de empregados ou de
trabalhadores ou agentes autônomos ou de profissão liberal;
b) duração de 3 (três) anos para o mandato da diretoria;
c) exercício do cargo de presidente por brasileiro nato, e dos demais
cargos de administração e representação por brasileiros.
Obs.: O ministro do Trabalho, Indústria, e Comércio poderá, excepcionalmente,
reconhecer como sindicato a associação cujo número de associados seja inferior a
fração imposta pela legislação (tem entendimento a doutrina e jurisprudência com ante
a liberdade sindical, a entidade sindical poderá ser criada de acordo com a vontade da
categoria, porém, não cabe essa prerrogativa ao ministro de Estado, sendo assim
podemos entender que a expressão “poderá” deve ser lida como “deverá”.
Reconhecida como sindicato a associação profissional, será expedida carta de
reconhecimento, assinada pelo ministro da Justiça, na qual será especificada a
representação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial
outorgada, sendo que o reconhecimento investe a associação nas prerrogativas do
sindicato, bem como os obriga ao cumprimento dos deveres previstos na legislação
vigente, assim como em seu estatuto, cujo inadimplemento a sujeitará às sanções da lei.
São condições para o funcionamento do Sindicato:
a) proibição de qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com as
instituições e os interesses da Nação, bem como de candidaturas a cargos
eletivos estranhos ao sindicato.
b) proibição de exercício de cargo eletivo cumulativamente com o de
emprego remunerado pelo sindicato ou por entidade sindical de grau superior;
c) gratuidade do exercício dos cargos eletivos.
d) proibição de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades de
estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de
todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores
autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade
ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas, sendo estas
aquelas mencionadas no art.511, da CLT, inclusive as de caráter político-
partidário;
e) proibição de cessão gratuita ou remunerada da respectiva sede a
entidade de índole político-partidária.
Obs.: Quando, para o exercício de mandato, tiver o associado de sindicato de
empregados, de trabalhadores autônomos ou de profissionais liberais de se afastar do
seu trabalho, poderá ser-lhe arbitrada pela assembleia geral uma gratificação nunca
excedente da importância de sua remuneração na profissão respectiva.
MATERIAL 02 - DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (Direito do
Trabalho):

- Organização Sindical – Associação de Sindicatos (511/514, CLT):


É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus
interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores,
empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam,
respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares
ou conexas.
A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades
idênticas, similares ou conexas, constituem o vínculo social básico que se denomina
categoria econômica.
A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em
situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas
similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria
profissional.
Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões dentro
das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a associação é natural.
Somente as associações profissionais constituídas para os fins e conforme
previstos na legislação vigente, poderão ser reconhecidas como Sindicatos e investidas
nas prerrogativas definidas na Lei e em seus estatutos.
São prerrogativas dos sindicatos:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os
interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses
individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida;
b) celebrar contratos coletivos de trabalho;
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou
profissão liberal;
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, na estudo e
solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão
liberal;
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.
f) Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de
fundar e manter agências de colocação.
São deveres dos sindicatos:
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade
social;
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho.
d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no
seu quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta
própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a
cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe.
e) Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de promover a
fundação de cooperativas de consumo e de crédito e ainda fundar e manter
escolas do alfabetização e prevocacionais;

Categoria Diferenciada:
- Conceito: é a categoria que se forma dos empregados que exerçam profissões
ou funções diferenciadas por força do estatuo profissional especial ou em consequência
de condições de vida singulares. (Art.511, §3º).
- Se dá por meio da formação:
. (de um) Sindicato por profissão;
- Sujeitos:
. Formado somente por empregados;
- Exemplo: Motorista; Ascensoristas; Secretarias; Desenhistas e
Profissional Liberal.
- Decorre (de duas situações):
. Estatuto Profissional dos trabalhadores (Ex.: Secretaria);
. Condição de vida singular (Motorista);
OBS.: Como fica a situação das empresas quando possuem empregados de
categoria diferenciada: Só estão obrigados a cumprir ACT/CCT, se a empresa for
convocada para participação da Negociação Coletiva. Exemplo: Sindicato do Comercio
Varejista do Empregadores – Contratando um motorista, este por ser de categoria
diferenciada, somente terá direito a acatar sua CCT se a empresa participar da
negociação coletiva, pois o contrário devera acatar as regras da categoria dos
trabalhadores do Comércio. Vide Sum.374 TST.

Órgãos do Sindicato:
- É composto por 03 Órgãos:
. Assembleia Geral/Diretoria/Conselho Fiscal.
A) Assembleia Geral:
- (é) Órgão:
. Máximo/Soberano do Sindicato.
- Composto:
. Associados do Sindicato;
- Finalidade:
. Deliberar sobre vários assuntos de interesse da Categoria, os quais serão
sempre tomadas por escrutínio secreto, na forma estatutária (Art. 524, CLT):
- Traçar diretrizes e formação do Sindicato;
- Elegerá os membros de representação da categoria;
- Tomará/Aprovará as contas da Diretoria;
- Julgará os atos da Diretoria;
- Aplicação do patrimônio;
- Dentre várias outras.
Obs.: Acerca do pronunciamento sobre relações ou dissídio de trabalho:
Neste caso em especial, as deliberações da Assembleia Geral só serão consideradas
válidas quando ela tiver sido especialmente convocada para esse fim, de acordo com as
disposições dos estatutos da entidade sindical e o quórum para validade da Assembleia
será de metade mais um dos associados quites, porém, não obtido esse quórum em
primeira convocação, reunir-se-á a Assembleia em segunda convocação com os presentes,
considerando-se aprovadas as deliberações que obtiverem 2/3 (dois terços) dos votos.

b) Diretoria (Art.522, primeira parte, CLT):


- É órgão:
. Executivo do Sindicato (que tem por função administrar o sindicato):
- Representação dos interesses da entidade perante os poderes
públicos e as empresas.
- Composição:
. Mínimo 03 – Máximo 07 membros;
- Dentre eles o presidente (Art.522, §1º, CLT).
- Eleitos pela Assembleia Geral;
- Cada membro terá um suplente;
- Mandato 03 anos.
- (são) Detentores:
. Garantia de emprego (desde o registro da candidatura até 01 ano após o
término do Mandato, aos membros e seus suplentes) – Art. 8º, VIII, CF/88 c/c Art.543,
§3º, CLT
Obs.: A limitação de membros não viola o Princípio da Liberdade Sindical, pois diante do
princípio da Razoabilidade, não seria razoável não limitar o número, pois poderia causar
transtornos às empresas, haja vista a questão da estabilidade (falar do número infinito).
Dessa forma entende a doutrina majoritária que o Art.522 da CLT não foi revogado pela
atual Constituição – Sumula 369, II do TST.
- Dos empregados do Sindicato (Art.526, CLT):
. Serão nomeados pela diretoria respectiva ad referendum, da Assembleia
Geral;
- Não podem ser nomeados empregados do Sindicato pessoas que
estiverem nas condições de inelegibilidade prevista na CLT (Art.530):
. os que houverem lesado o patrimônio de qualquer entidade
sindical;
. os que tiverem sido condenados por crime doloso enquanto
persistirem os efeitos da pena;
. os que não estiverem no gozo de seus direitos políticos;
. má conduta, devidamente comprovada;
- Delegacias Sindicais (Poderá o Sindicato – Art. 517, §2º, CLT):
. (podem ser criadas) Dentro da Base Territorial do Sindicato;
. Finalidade – Descentralização com a finalidade de melhor atender aos
interesses dos representados;
. Serão representadas pelos Delegados Sindicais (Art. 522, §3º e Art.
523, CLT):
- Designados pela Diretoria. (Dentre os membros associados no
território correspondente a Delegacia;
- Os Delegados Sindicais destinados à direção das delegacias ou
seções instituídas, serão designados pela diretoria dentre os associados radicados no
território da correspondente delegacia.
- Não possuem Garantia de emprego. (OJ 369, SDI 1, TST);
- Constituirão atribuição exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos
Delegados Sindicais, a representação e a defesa dos interesses da entidade perante os
poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com poderes outorgados por
procuração da Diretoria, ou associado investido em representação prevista em lei. (§3,
522)

c) Conselho Fiscal (Art. 522, segunda parte, CLT):


- Atribuição Art. 522, §2º, CLT:
. Fiscalização da gestão financeira do sindicato (analisa as contas
prestadas pela Diretoria);
- Composição:
. 03 Membros (eleitos pela Assembleia Geral).
. Mandato 03 anos;
. Não possuem estabilidade (pois sua competência não é de representação
da categoria, mas exclusivamente de fiscalização da gestão financeira – Vide OJ 365,
SDI 1, TST);

Eleição Sindical:
- Ocorrerá (para os cargos de) Art.524, §1º, CLT:
. Diretoria;
. Conselho Fiscal;
. (em) Escrutínio Secreto;
. (pelo período de duração de) 06 horas (Art.524, §2º, CLT);
. Voto Obrigatório (aos associados – Art.529, §Único, CLT).
- Local (Art.524, §1º, CLT):
. Sede do Sindicato;
. Nas Delegacias;
. Nas empresas (os principais locais de trabalho).
- Alistamento Eleitoral e Elegibilidade (Art.529, CLT):
. + 6 m de Associação sindical;
. + 2 a de exercício da atividade ou profissão que representada pelo
sindicato;
. + 18 a de idade;
. Estar no gozo dos Direitos Sindicais;
- Inelegibilidade Sindical (Art.530, CLT):
. Os que não tiveram aprovação definitiva das contas (de administração
anterior e decididas pelo Judiciário com trânsito em julgado);
. Lesado o patrimônio de qualquer entidade sindical;
. Estiver sem exercer a atividade em 02 anos da Eleição, no território da
base territorial do sindicato;
. Condenação Transitada em Julgado por crime doloso (e enquanto
persistirem os efeitos da condenação);
. Má conduta, devidamente comprovada.
- Realização da Eleição (deverá ser realizado no prazo) – Art.532 da CLT:
. Máximo de 60 dias e Mínimo de 30 dias. (antes do fim do Mandato dos
dirigentes em exercício).
- A eleição para cargos de diretoria e conselho fiscal será realizada por
escrutínio secreto, durante 6 (seis) horas contínuas, pelo menos, na sede do Sindicato,
na de suas delegacias e seções e nos principais locais de trabalho, onde funcionarão as
mesas coletoras designadas pelos Delegados Regionais do Trabalho;
- Concomitantemente ao término do prazo estipulado para a votação, instalar-se-á,
em Assembléia Eleitoral pública e permanente, na sede do Sindicato, a mesa apuradora,
para a qual serão enviadas, imediatamente, pelos presidentes das mesas coletoras, as
urnas receptoras e as atas respectivas. Será facultada a designação de mesa apuradora
supletiva sempre que as peculiaridades ou conveniências do pleito a exigirem;
- O pleito só será válido na hipótese de participarem da votação mais de 2/3 (dois
terços) dos associados com capacidade para votar, porém, não obtido esse coeficiente,
será realizada nova eleição dentro de 15 (quinze) dias, a qual terá validade se nela
tomarem parte mais de 50% (cinqüenta por cento) dos referidos associados;
- Na hipótese de não ter sido alcançado, na segunda votação, o coeficiente exigido,
será realizado o terceiro e último pleito, cuja validade dependerá do voto de mais de
40% (quarenta por cento) dos aludidos associados, proclamando o Presidente da mesa
apuradora em qualquer dessas hipóteses os eleitos, os quais serão empossados
automaticamente na data do término do mandato expirante, não tendo efeito suspensivo
os protestos ou recursos oferecidos na conformidade da lei.
- Comunicação do resultado (Art.532, §2º, CLT):
. Pela Diretoria em exercício;
. No prazo máximo de 30 dias (após sua realização).
- Posse (Art.532, § 4º, CLT):
. Até 30 dias após o término do Mandato a ser sucedido.
. Compromisso de posse da nova gestão (Art.532, § 5º, CLT):
- Zelar /respeitar: Constituição, Leis e o Estatuto da Entidade.
- Serão Eleitos (Art.531, CLT):
. 1ª Convocação: Os que obtiverem maioria absoluta dos votos do total de
associados;
. 2ª Convocação (que será no dia posterior): Os que obtiverem maioria
simples (dos presentes) dos votos;
. Registro apenas de 01 chapa: mesma regra, porém a segunda convocação
poderá ser duas horas após a primeira.

Entidades Sindicais de Grau Superior:


- São formadas (pelas) – Art.533, CLT:
. Federações e Confederações.
a) Federações:
- Possui âmbito:
. Estadual (Art.534, §2º da CLT).
- Para ser constituída dever ter a união (Art.534, caput, CLT):
. Mínimo 05 Sindicatos (representando a maioria absoluta dos sindicatos
existentes no Estado;
- Possui legitimidade (Secundária):
. Celebrar ACT (Art.617, §1º, CLT); CCT (Art.611, §2º, CLT); Instaurar
Dissídios Coletivos (Art.857, §Único, CLT).
- Quando as categorias não forem organizadas por sindicato ou o
sindicato ao ser provocado não agir.
Fundação de Federação:
Exemplo: Federação do Comércio do Estado de Goiás;
Condições:
- Adesão da maioria absoluta dos sindicatos do Comércio do Estado de Goiás
(Art534, caput);
. Estado possui em todo seu território a quantidade de 120 sindicatos do
Comercio, sendo assim, quantos sindicatos no mínimo precisam se reunir para que possa
ser constituído sua Federação? Adesão de no mínimo 61 sindicatos
. Suponha que no Estado exista apenas 7 Sindicatos do comércio, quantos
no mínimo precisão se reunir para constituir a Federação? Adesão de no mínimo 5
sindicatos
b) Confederações (Art. 535, CLT):
- Possui âmbito Nacional.
- Constituída pela união:
. Mínimo 03 Federações;
. Sede em Brasília;
. Formam por ramo de atividade.
- Possui legitimidade (Secundária):
. Celebrar ACT (Art.617, §1º, CLT); CCT (Art.611, §2º, CLT); Instaurar
Dissídios Coletivos (Art.857, §Único, CLT).
- Quando as categorias não forem organizadas por
sindicato/Federação ou o sindicato ao ser provocado não agir.

c) Órgãos Internos da Federação/Confederação (Art.538, CLT):


- São os mesmos.
. Diretoria/Conselho de Representantes/Conselho Fiscal.
I – Diretoria:
- Constituída Mínimo 03 Membros;
- Órgão Executivo;
- Escolherá o Presidente;
- Mandato de 03 anos;
II – Conselho de Representantes:
- Formado pelas delegações dos Sindicatos (Federação) o da
Confederação;
- 02 Membros de cada delegação (caberá 01 voto de cada delegação);
- Mandato de 03 anos;
- Elege os membros da Diretoria e do Conselho Fiscal.
III – Conselho Fiscal:
- Constituído por 03 membros;
- Mandato de 03 anos;
- Legitimidade de fiscalizar a gestão financeira.

Central Sindical:
- Conceito: Considera-se Central Sindical, a entidade associativa de direito
privado composta por organizações sindicais de trabalhadores, sendo uma entidade de
representação geral dos trabalhadores, constituída em âmbito Nacional.
- Regulamentada:
. Lei nº.11.648/08.
- Possui natureza de:
. Associação de Trabalhadores (não de empregadores);
. Associação de Sindicatos;
. Pessoa Jurídica de Direito Privado
. Associação Civil.
- É órgão de:
. Cúpula de intercategorias (estando acima das Confederações e
Federações)
- (Pois) Coordenam os demais órgãos (são filiados à Central Sindical
os sindicatos, Federações e Confederações.
- Requisitos para reconhecimento:
. Filiação (mínimo de) 100 Sindicatos (distribuídos nas 05 regiões do país);
. Filiação (em pelo menos) 03 regiões do país (de no mínimo) 20 sindicatos
cada uma;
. Filiação de sindicatos (em no mínimo) 05 setores de atividade econômica;
. Filiação de sindicatos que representem (no mínimo) 7% do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional.
Mínimo:
- 100 Sindicatos, espalhados pelas 05 Regiões do País;
- Pelo menos em 3 regiões - 20 Sindicatos;
- 05 setores da atividade econômica;
- 7% do total de trabalhadores no âmbito nacional (sindicalizados);
. Sul - 30; Norte - 25; CO - 20; Nordeste 15; Sudeste - 15;
. Bancários; Comércio; Industrial; Segurança Privada; Motoristas;
. 105 Sindicatos - 7% = Total 250.000 Sindicalizados - 17.500
Trabalhadores sindicalizados.
- Atribuição/Prerrogativas (Art.1º da lei):
. Coordenar a representação dos trabalhadores (por meio de organizações
sindicais por ela filiadas);
. Participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e
demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite (nos quais estejam
em discussão assuntos de interesses geral dos trabalhadores);
. Poderá participar de Negociação Coletiva (Auxiliar)
- Vedado:
. Declarar Greve;
. Celebrar CCT/ACT/Contratos Coletivos;
. Propor Dissídios Coletivos (pois não tem legitimidade legal);
. Representar a Categoria (nem assinar documentos em seu nome);
. Impetrar MS Coletivo (Art.5º, LXX, b da CF/88 – pois não é entidade de
classe, nem organização sindical reconhecida no sistema confederativo constitucional).
- Registro dos Atos Constitutivos:
. Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (com registro junto ao
Ministério da Justiça aferição da representatividade);

Conflitos Coletivos de Trabalho:


- Conceito: É o litígio entre trabalhadores e empresários ou entidades
representativas de suas categorias, coletivamente considerados, sobre determinada
pretensão jurídica de natureza trabalhista, com fundamento em norma jurídica vigente
ou tendo por finalidade a estipulação de novas condições de trabalho, cujo objeto tende
a satisfação dos interesses dos referidos grupos.
a) Classificação:
. Jurídicos: tem por escopo a interpretação ou aplicação das normas
jurídicas já existentes, assim como a declaração da existência ou inexistência de relação
jurídica controvertida (Exemplo – decisão de Dissídio Coletiva que declara legalidade ou
ilegalidade de greve)
. Econômicos: Destinam-se à modificação das condições de trabalho ou,
dito de outra forma, à criação de novas normas. (Piso salarial, nova jornada de trabalho).

b) Formas de Solução de Conflitos:


I – Autodefesa: consiste ao fato em que as próprias partes interessadas
e envolvidas no conflito fazem sua defesa numa tentativa unilateral e coercitiva, ou seja,
uma parte impõe a solução conflito a outra. (exemplo uma coerção – típico – Greve e o
lockout);
II – Autocomposição: é a forma de solução de conflito realizadas pelas
próprias partes em consenso por meio de propostas e acordo firmado entre os mesmos,
sem que haja qualquer forma de coerção ou imposição (é ato plenamente consensual).
. Por meio de:
- Transação/Concessão recíprocas/consentimento mútuo;
- Sem intervenção de Terceiro;
. Divisão:
- Unilateral: apenas uma das partes cede ao acordo;
- Bilateral: ambas partes cedem ao acordo.
III – Heterocomposição: é a forma de solução de conflitos em que é
determinada pela intervenção de um terceiro alheio aos interesses das partes
conflitantes.
- Espécies:
. Mediação: ocorre quando um terceiro, chamado pelas
partes, vem solucionar o conflito por meio de propostas apresentadas as partes
conflitantes.
- Características do mediador:
. Qualquer pessoa (falar da necessidade
anterior);
. Não precisa ter conhecimento jurídico;
. Ouve as partes e apresentas propostas da
solução do conflito;
. Escolha tem que ser em consenso;
. As partes não estão obrigadas a acatar a
proposta (que se dá mediante composição por vontade das partes – Decreto 1572/95 -
inconstitucional);
. Não possui poder de coação/coerção;
. Não decide – sendo intermediário.
- Exemplo – CCP – Art.625A, CLT.
. Arbitragem: ocorre quando uma terceira pessoa ou órgão é
chamado pelas partes, alheio aos interesses conflitantes, com a finalidade de decidir
acerca da solução do conflito.
- Características do Arbitro:
. Sujeito: árbitro;
. Decisão: Sentença arbitral que é uma
imposição; coerção – irrecorrível/sem necessidade de homologação pelo poder judiciário,
possui eficácia de título executivo judicial;
. Escolhido de forma voluntária (ou seja deve
ser uma escolha por consentimento mutuo);
. Natureza Jurídica de Justiça Privada;
. Jurisdição: é a forma de solucionar os conflitos por meio
da intervenção do Estado – Poder Judiciário – gerando ação judicial.
. Características:
- Não há necessidade de consentimento
mútuo (para submissão ao poder judiciário);
- Sentença Judicial é imposta – coerção.

NEGOCIAÇÃO COLETIVA:
- Conceito: é o processo de entendimento entre empregadores e empregados
visando a harmonização de interesses antagônicos com a finalidade de estabelecer
normas e condições de trabalho, ou seja, é o ato em que trabalhadores e empresas, ou
seu representantes, debatem uma agenda de direitos e obrigações, de forma
democrática e transparente, envolvendo matérias pertinentes à relação de trabalho, na
busca de um acordo que possibilite o alcance de uma convivência pacífica, em que impere
o equilíbrio, a boa-fé e a solidariedade humana. (José Claudio Monteiro e Enoque
Ribeiro).
- Finalidade: (segundo Convenção nº.154 OIT)
. Fixar Condições de Trabalho e emprego;
. Regular as relações entre empregadores e trabalhadores;
. Disciplinar as relações entre empregadores ou suas organizações e uma
ou várias organizações de trabalhadores ou alcançar todos esses objetivos de uma só
vez;
- Visa: (pois qualifica-se pelo resultado)
. Formalização de ACT/CCT;
- Podendo Culminar em:
. Dissidio Coletivo/Sentença Normativa;
-Obs.: Finalidade de suprir as lacunas na legislação e moldar os direitos de acordo
com as necessidades de cada categoria
- Distinção:
. NC – ACT – CCT – SN = é o ato prévio de todas as demais (explicar o
resultado);
- Funções:
I – Jurídica:
. Normativa: cria norma entre as partes, aplicáveis às relações individuais
de trabalho, estabelecendo regras diversas estabelecidas ne lei, atuando no espaço em
branco deixado pela lei;
. Obrigacional: determinando obrigações entre as partes negociantes.
(como por exemplo a obrigação do cumprimento de suas clausulas e as penalidades
impostas pelo seu descumprimento);
. Compositiva: como forma de superação dos conflitos entre as partes, em
virtude dos interesses antagônicos (oposto) delas, visando equilíbrio e à paz social entre
o capital e o trabalho, mediante instrumento negociado;
II – Politicas:
- Incentivo o diálogo, devendo as partes resolver suas divergências entre
si;
III – Econômica:
- Determina a distribuição de riquezas, pois possibilidade a melhoria na
condição do trabalho aos trabalhadores;
IV – Ordenadora:
- soluciona as questões em momentos de crises;
V – Social:
- Ao garantir aos trabalhadores participação nas decisões empresariais;
OBS: É elemento essencial da Liberdade sindical, ante ao direito que os sujeitos
interessados possuem de se organizar e negociar livremente.
- Validade da Negociação Coletiva:
. É a lei estatal (previsão em lei, sendo a tolerância do Estado – Art. 7º,
XXVI, CF/88).
- Funda-se:
. Teoria da Autonomia Privada (que alcança o Direito Coletivo);
- Características:
. Suprir Insuficiências do CT;
. Descentralizado;
. Atende peculiaridades das partes (Categorias);
. Específico;
. Processo Contínuo/Ininterrupto;
. Instrumento Ágil/Adequado/Maleável/Flexível/Voluntário;
. Método Contratual de negociação;
- Obrigatoriedade:
. A Negociação Coletiva é obrigatória (Art.616, caput, CLT);
- Participação Obrigatória (uma vez convocado, não poderá negar-se
a participar da negociação coletiva, o que não é obrigatório é consolidar o acordo);
- Negativa:
. Instaurar Dissidio Coletivo (Art.114, §2º, CF/88 e Art.616,
§2º, CLT);
- Negociação (ocorrerá):
. Nível de Categoria;
. âmbito – Empresa (ACT)/Geral (CCT);
- Legitimidade:
. Sindicato (ACT/CCT – Trabalhadores; CCT – Empregador, podendo em
ACT);
. Empresa (ACT)
. Federação (Art.611, §2º e 617, §1º);
. Confederação (Art.611, §2º e 617, §1º);
- Vedação:
. Associações;
. Central Sindical (sozinha).

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO (ACT) E CONVENÇÃO COLETIVA DE


TRABALHO (CCT):
Conceitos:
- ACT: É o negócio jurídico realizado entre o sindicato da categoria profissional
e uma ou mais empresas pertencentes a categoria econômica, que estipulem condições de
trabalhos, aplicáveis no âmbito da ou das empresas.
- CCT: É o negócio jurídico realizado entre os sindicatos profissional e da
categoria econômica, onde estipula as regras aplicáveis no âmbito da categoria e da base
territorial de abrangência dos sindicatos.
. ACT/CCT:
- Constituem Direito Social Fundamental dos Trabalhadores.
. Art.7º, XXVI, CF;
- Distinção/Pontos comuns:
. Resulta da negociação Coletiva;
. Efeito Normativo (comum);
. Sujeitos (ACT – empresa/empresas + Trabalhadores por meio de seus
sindicatos; CCT – Sindicato profissional + sindicato patronal);
. Alcance (ACT – somente no âmbito da(s) empresa(s) que participaram da
Negociação Coletiva; CCT – toda categoria no âmbito dos sindicatos e territorial);
- Natureza Jurídica (adotada pela):
. Teoria Mista (por entender que tem dupla natureza):
- Contratual:
. Acordo de vontades (dos pactuantes);
. Decorrente de Negociação;
- Normativo:
. Efeito de norma/regra que possui aplicável a toda categoria
ou parte dela;

A negociação coletiva é uma modalidade de autocomposição encontrada no Direito


do Trabalho em que haverá a solução de conflitos trabalhistas mediante a
instrumentalização de acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho,
possui, portanto, o objetivo criar regras e diretrizes que serão utilizadas no ambiente
de trabalho para uma determinada categoria, desde que essas sigam os princípios
constitucionais e os princípios que regem a Consolidação das Leis do Trabalho.

Conforme comentado, a negociação coletiva se divide entre acordo coletivo de trabalho e


convenção coletiva de trabalho, mas o que vem a ser cada um desses? Simples, o acordo
coletivo de trabalho é o instrumento coletivo proveniente da negociação entre
o sindicato dos trabalhadores com uma ou mais de uma empresa, por outro lado, a
convenção coletiva é o instrumento coletivo proveniente da negociação entre sindicato
dos empregados com o sindicato dos empregadores, portanto, a única diferença visível
está relacionada à legitimidade de ser parte, visto que ambas as negociações podem
estabelecer diretrizes sobre a mesma matéria, respeitando os direitos sociais previstos
na Carta Magna.

Vale ressaltar que, de acordo com as modificações observadas na Reforma Trabalhista,


é proibida a ultratividade do instrumento coletivo do Trabalho, ou seja, caso a vigência
da negociação coletiva (dois anos) tenha se encerrado, as cláusulas contidas no
instrumento não deverão mais ser observadas, sendo nulas, salvo se houve a celebração
de um novo acordo ou convenção coletiva. Essa é uma alteração muito importante, visto
que antes da Reforma Trabalhista, as cláusulas contidas no instrumento coletivo eram
observadas independentemente do prazo de vigência, visto que seu conteúdo era válido
até que houvesse uma nova negociação coletiva, entretanto, as modificações da Reforma
vedaram essa possibilidade de ultratividade.

Destaca-se que a vedação da ultratividade, prevista no parágrafo 3º, do Art. 614, da


Consolidação das Leis do Trabalho está em sentido contrário à Súmula 277 do Tribunal
Superior do Trabalho, visto que essa reconhece a possibilidade de ultratividade da
negociação coletiva. Entretanto, a Reforma modificou o Art. 8º da CLT, e acrescentou o
parágrafo 3º, que determina o princípio da intervenção mínima da Justiça do Trabalho no
instrumento coletivo, ou seja, após a Reforma Trabalhista entrar em vigor, a Justiça do
Trabalho ficou limitada em relação às negociações coletivas, somente com o objetivo de
analisar a existência de pressupostos processuais e elementos essenciais para validade
do negócio jurídico celebrado entre as partes, trazendo uma exponencial autonomia às
partes que visam a constituição de um instrumento coletivo. Logo, por mais que a Súmula
determine a possibilidade da ultratividade, a Reforma Trabalhista buscou por invalidar
tal disposição e passou a vedar expressamente a ultratividade.

- Há hierarquia entre ACT/CCT (Art.620, CLT);


- Aplicação:
. Antes da reforma trabalhista aplicava-se a norma mais favorável ao
trabalhador com a aplicação da Teoria do Conglobamento – na aplicação global aplica-se a
mais favorável ao trabalhador em seu conjunto e não clausula por clausula, porém com, a
vigência das regras trazidas pela reforma trabalhista, passou a viger que as condições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas
em convenção coletiva de trabalho.
. Atentar-se quanto a base territorial do Sindicato;
- Eficácia da ACT/CCT (para ser eficaz deverá haver):
. Legitimidade: devendo ser observado as formalidades de elaboração
exigidas pela lei;
. Aplicabilidade Efetiva: as cláusulas devem incidir sobre fatos, pessoas ou
relações jurídicas relacionadas ao interesse da categoria, para ser mais efetiva
. Correta Interpretação de suas regras: sua interpretação deve ser
feita de acordo com a vontade das partes convenentes na época em que celebraram o
acordo/norma;

Quanto a prevalência, tem-se que o Art. 611-A da CLT define que a convenção
coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre
outros, dispuserem sobre: Pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites
constitucionais; Banco de horas anual; Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo
de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; Adesão ao Programa Seguro-
Emprego (PSE – de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015 ) ; Plano de
cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como
identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; Regulamento
empresarial; Representante dos trabalhadores no local de trabalho; Teletrabalho,
regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; Remuneração por produtividade, incluídas
as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho
individual; Modalidade de registro de jornada de trabalho; Troca do dia de
feriado; Enquadramento do grau de insalubridade; Prorrogação de jornada em ambientes
insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do
Trabalho; Prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em
programas de incentivo; Participação nos lucros ou resultados da empresa.

OBS.: PSE regulamentado pela Lei nº.13.189/15: Trata-se do Programa Seguro-


Emprego (PSE), que possui como objetivos os de: Possibilitar a preservação dos
empregos em momentos de retração da atividade econômica; Favorecer a recuperação
econômico - financeira das empresas; Sustentar a demanda agregada durante momentos
de adversidade, para facilitar a recuperação da economia; Estimular a produtividade do
trabalho por meio do aumento da duração do vínculo empregatício; Fomentar a
negociação coletiva e aperfeiçoar as relações de emprego. O PSE consiste em ação para
auxiliar os trabalhadores na preservação do emprego, podendo aderir ao PSE as
empresas de todos os setores em situação de dificuldade econômico-financeira que
celebrarem acordo coletivo de trabalho específico de redução de jornada e de salário.
Vale o registro, que o acordo coletivo de trabalho específico para adesão ao PSE,
celebrado entre a empresa e o sindicato de trabalhadores representativo da categoria
da atividade econômica preponderante da empresa, pode reduzir em até 30% (trinta por
cento) a jornada e o salário, o qual deve ser aprovado em assembleia dos trabalhadores
abrangidos pelo programa. O acordo coletivo de trabalho específico, não poderá dispor
sobre outras condições de trabalho que não aquelas decorrentes da adesão ao PSE.

A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção


coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar
um vício do negócio jurídico.
Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou
o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra
dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou
de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser
igualmente anulada, sem repetição do indébito.
Importante ressaltar, que os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação
individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses
instrumentos.
Com a reforma trabalhista, ainda tivemos a inclusão do Art. 611-B, o qual definiu
quais seriam os objetos ilícitos de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,
definindo de forma exclusiva, que a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
Normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e
Previdência Social; Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Valor dos
depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS); Salário mínimo; Valor nominal do décimo terceiro salário; Remuneração
do trabalho noturno superior à do diurno; Proteção do salário na forma da lei,
constituindo crime sua retenção dolosa; Salário-família; Repouso semanal
remunerado; Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50%
(cinquenta por cento) à do normal; Número de dias de férias devidas ao empregado; Gozo
de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal; Licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; Licença-
paternidade nos termos fixados em lei; Proteção do mercado de trabalho da mulher,
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; Aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Normas de saúde, higiene e
segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do
Trabalho; Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas; Aposentadoria; Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho; Proibição de qualquer discriminação no tocante a
salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; Proibição de trabalho
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
anos; Medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; Igualdade de direitos entre
o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; Liberdade
de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer,
sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial
estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; Direito de greve,
competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender; Definição legal sobre os serviços ou
atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade em caso de greve; Tributos e outros créditos de terceiros; As
disposições referentes a proteção do trabalho da mulher previstas nos Arts. 373-A,
390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400, todos da CLT.
Para os fins dos atos ilícitos previstos na CLT, as regras sobre duração do trabalho
e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do
trabalho.
Importante ainda ressaltar, que os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou
Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral especialmente
convocada para esse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a
validade da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois
terços) dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos interessados, no
caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um têrço) dos mesmos, sendo que o quórum de
comparecimento e votação será de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda
convocação, nas entidades sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados.

a) Conteúdo:
- Art.613, CLT – Deverá conter OBRIGATORIAMENTE:
. Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas
acordantes;
. Prazo de vigência – Até 02 anos (Art.614, §3º, CLT);
. Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos
dispositivos;
. Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho
durante sua vigência;
. Normas para a conciliação das divergências surgidas entre os
convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos;
. Disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou
parcial de seus dispositivos;
. Direitos e deveres dos empregados e empresas;
. Penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as
empresas em caso de violação de seus dispositivos.

- Condições de Validade (As convenções e os Acordos serão celebrados –


Art.614, CLT):
. Necessariamente escrito (sendo vedado a forma verbal);
. Sem emendas nem rasuras;
. Em tantas vias quantos forem os Sindicatos convenentes ou as empresas
acordantes, além de uma destinada a registro junto ao MJ.
. Registro MJ (Dar publicidade do ato);
. Vigência – 3 dias após o depósito no MJ (Art.614, §1º);
- Sanção pelo Descumprimento das normas:
. Imposição de Multa – Estipulada no próprio instrumento;
. Multa tem natureza Civil – Clausula Penal – Aplicável a norma contida no
Art.412, C.C., aplicação subsidiária – Por não haver regulamentação na CLT –
Art.8º, CLT – OJ 54, SDI I TST;

GREVE:
Conceito: é a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de
prestação pessoal de serviços a empregador, com o objetivo exercer pressão,
visando à defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais
mais amplos, assim como a melhoria das condições ou o cumprimento de condições
já pactuadas.

É um direito assegurado constitucionalmente aos trabalhadores (Art. 9º da


CRFB);
Regulamentado por Lei ordinária – Lei nº.7.783/89.

Histórico:
- Evolução – Liberdade – Crime (Lei nº.38/1935 – Lei da segurança nacional
declarou greve um ilícito penal) – Direito;
- Constitucionalmente – 1824/1891/1934 – Não trataram do assunto;
- 1937 (Art.138) – Considerava a greve um recurso antissocial, nocivos ao
trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção
nacional;
- 1946 (Art.158) – Restabeleceu o Direito de Greve;
- 1967 (Art.158, XII) – Assegurou apenas aos trabalhadores da iniciativa
privada (proibindo aos servidores públicos e atividades essenciais);
- 1988 (Art.9º) – Garantiu o Direito integral da greve.

DIREITO DE GREVE AOS SERVIDORES PÚBLICOS


- Os servidores públicos também possuem esse direito garantido
constitucionalmente (Só não tem lei, art.37, VIII, da Constituição Federal que “o
direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica”. No julgamento de três mandados de injunção (Mis 670,708 e 712 –
Aplicação da Lei da iniciativa Privada)
MILITARES E A GREVE:
A Constituição Federal distingue os servidores públicos civis dos militares e
traça normas específicas para cada um deles. Ao passo que para aqueles é
atribuído o direito à greve, para os militares, seu exercício é vedado. O artigo
142, §3º, inciso IV, da Constituição, diz que "ao militar são proibidas a
sindicalização e a greve".

Características:
- Coletiva (tem que que ter a adesão de um número razoável de
trabalhadores);
- Pacífica (sem que haja violência);
- Temporária (não deve ser definitiva, pois a definitiva seria uma hipótese
de extinção do CT);
Exercício do Direito de Greve (Delegado as):
- Entidades Sindicais (Art.4º, Lei) – sendo admitida a dos trabalhadores de
forma excepcional;

Greve poderá ter Caráter:


- Político/Jurídico (assim como no conflito Coletivo);

Classificação/Espécies:
- Total – trata-se se alcança toda uma categoria ou parte dela ou toda um
empresa ou parte dela;
- Parcial – parte da categoria ou da empresa e não toda;
- Prazo determinado e Indeterminado – quanto ao prazo de duração
deliberado;
- Greve branca: Mera paralisação de atividades, desacompanhada de
represálias;
- Greve de braços cruzados: Paralisação de atividades, com o grevista
presente no lugar de trabalho, postado em frente à sua máquina, ou atividade
profissional, sem efetivamente trabalhar;
- Greve de fome: O grevista recusa-se a alimentar-se para chamar a
atenção das autoridades, ou da sociedade civil, para suas reivindicações;
- Greve geral: Paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de
âmbito nacional.
- Operação-padrão (ou greve de zelo em Portugal): Consiste em seguir
rigorosamente todas as normas da atividade, o que acaba por retardar, diminuir
ou restringir o seu andamento.
- Estado de greve: Alerta para uma possível paralisação.

Requisitos de Legalidade:
- Necessidade de Prévia Negociação coletiva;
- Autorização expressa por Assembleia Geral – Art.4º;
- Previa Comunicação as empresas e sociedade;
Não pode ser objeto de Negociação Coletiva (Art.611-B, XXVII, CLT);

Aviso prévio de Greve:


- Atividades Essenciais – 72 horas;
- Atividades Não Essenciais – 48 horas;

Toda greve é legal - o que se discute é o abuso do direito de greve (se ela é ou
não abusiva).

Se respeitar a lei de greve, não será considerada abusiva. Se desrespeitar será


abusiva, mas não ilegal (art 14).

Segundo o artigo 114, §2º, as partes podem propor, por mútuo acordo, dissídio
coletivo de natureza econômica.

O artigo 10 da lei traz um rol exaustivo de atividades consideradas essenciais:

A prestação de serviços indispensáveis à comunidade deve ser assegurada,


mediante um percentual de trabalhadores que deverão manter esses serviços,
fixados de comum acordo por empregado e empregador. Se eles não fixam, pode
o MPT ajuizar dissídio coletivo para que o tribunal fixe ou declare a abusividade
da greve.

Considera-se abuso do exercício do direito de greve:


- a manutenção do movimento após a celebração de norma coletiva ou de
sentença normativa prolatada pela justiça do trabalho, salvo quando para cumprir
essas determinações ou na superveniência de fatos novos ou imprevistos que
modifiquem as condições anteriormente celebradas.
A manutenção da greve após decisão da justiça do trabalho pode acarretar a
contratação de outros trabalhadores ou até mesmo a dispensa por justa causa.

A greve é hipótese de suspensão do contrato de trabalho (art 7º da lei).


São assegurados aos empregados que participam da greve, dentre outros
direitos, o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os
trabalhadores a aderirem à greve e a arrecadação de fundos e a livre divulgação
do movimento, estes são os mais importantes.
Importante ressaltar que em nenhuma hipótese, os meios adotados por
empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e
garantias fundamentais de terceiro, assim como é vedado às empresas adotar
meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como
capazes de frustrar a divulgação do movimento.
As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão
impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou
pessoa.
É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a
contratação de trabalhadores substitutos.
Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo
com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em
atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja
paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de
bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à
retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento, porém,
não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o
direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere as
atividades essenciais.

Atividades Essenciais (Art.10 da Lei de Greve):

- tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia


elétrica, gás e combustíveis;
- assistência médica e hospitalar;
- distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
- funerários;
- transporte coletivo;
- captação e tratamento de esgoto e lixo;
- telecomunicações;
- guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares;
- processamento de dados ligados a serviços essenciais;
- controle de tráfego aéreo;
- compensação bancária.

LOCKOUT:
- É a paralisação do Empregador – è vedado pela legislação vigente – Art.17

Lei de Greve:

Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores


decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
meio dele defender.
Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida
nesta Lei.
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de
greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação
pessoal de serviços a empregador.
Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos
via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores
diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48
(quarenta e oito) horas, da paralisação.
Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do
seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e
deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de
convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da
cessação da greve.
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores
interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão
de negociação.
Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará
os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.
Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os
trabalhadores a aderirem à greve;
II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e
empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias
fundamentais de outrem.
§ 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao
comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do
movimento.
§ 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não
poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade
ou pessoa.
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em
greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais,
durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão
da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a
greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na
ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do
Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou
improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o
competente acórdão.
Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante
acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em
atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja
paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de
bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à
retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador,
enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços
necessários a que se refere este artigo.
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia
elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir,
durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que,
não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a
segurança da população.
Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder
Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades
sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão
aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e
duas) horas da paralisação.
Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas
contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a
celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa
não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que:
I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição;
II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento
imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.
Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes
cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a
legislação trabalhista, civil ou penal.
Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura
do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de
delito.
Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei
complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá
ser exercido.
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do
empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento
de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).
Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o
direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.

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