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AULA- 6

Princípios Técnicos de Conservação de Documentos

É imperioso que todo o profissional de informação (documentalista) conheça o conjunto de


normas ou técnicas de conservação, e que aplique as mesmas dentro da sua área de actuação. No
que tange as estas técnicas podemos destacar as mais importantes que são:

6.1- Diagnóstico
O diagnóstico corresponde ao estudo ou conhecimento do estado de conservação em que as obras
se encontram. Deverá ser a primeira etapa de todo o processo de conservação que um
profissional devera conhecer, pois é neste momento que ele poderá fazer um levantamento
detalhado das condições físicas de cada publicação, e traçar as etapas seguintes que vão nortear a
escolha das técnicas e os critérios de intervenções, como por exemplo: danos físicos, biológicos
e partes falantes; acidez, sujidade generalizada, manchas, rasgos, dobras, perda de suporte e
esmaecimento da cor.

6.2 Intervenção
Quando um livro ou qualquer outro tipo de obra de um acervo bibliográfico ou documental não
se encontra num bom estado de conservação, o profissional deve determinar o tipo e o grau de
actuação do tratamento específico ao qual será submetido. No entanto, através dos
conhecimentos obtidos sobre as características e circunstâncias que ocorrem para a deterioração
desses documentos, inicia-se a elaboração de um diagnóstico sobre o estado geral de conservação
visando a sua estabilização (recuperação). Portanto, é o conhecimento do estagio actual da
conservação do documento que determinará a escolha do método a utilizar (intervenção).

6.3 Monitoramento Ambiental


O controle da temperatura e da Humidade relativa do ar é de importância fundamental na
preservação dos documentos existentes em unidades de informação, na medida em que os níveis
inaceitáveis destes factores contribuem sensivelmente para a desintegração dos materiais. Sendo

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assim, em casos de instabilidade ambiental nas unidades de informação (bibliotecas, arquivos,
etc), recomenda-se que os profissionais de informação façam um programa de monitoração
incluindo um plano escrito para a colecta de informações e a manutenção dos instrumentos.
Dentre vários aspectos pertinentes, este plano deverá também identificar os espaços a serem
controlados, os procedimentos a serem adoptados e as formas de gravar as informações
desejadas. Portanto, os níveis de temperatura ou humidade não devem ser modificados à noite,
nos fins-de-semana, ou em outras ocasiões em os arquivos estejam fechados. Caso a humidade
relativa ultrapasse os padrões adequados, deverão ser usados aparelhos desumidificadores de ar.

6.4 Vistoria
A vistoria consiste em vistoriar o acervo por amostragem, identificando se ocorreu algum ataque
de insectos ou microorganismo. Nessa técnica, o objectivo principal da vistoria é a avaliação do
estado geral dos documentos, para que sejam determinadas as providências a serem tomadas.

6.5 Higienização

A sujidade é o agente de deterioração que mais afecta os documentos. Quando conjugada a


sujidade com as condições ambientais inadequadas provoca reacções de destruição de todo o
acervo. Portanto, a higienização das colecções ou de outros suportes da informação deve ser um
hábito de rotina na manutenção de documentos, sendo assim, podemos dizer que é conservação
preventiva por excelência. A higienização é crucial e relevante porque aumenta sensivelmente a vida
útil dos documentos. Assim, recomenda-se limpezas no acervo em intervalos regulares, cuja
frequência é determinada pela velocidade com que a poeira se acumula nos espaços de armazenagem.

6.6 Acondicionamento
O acondicionamento tem por objectivo a protecção dos documentos que não se encontram em
boas condições contra agentes externos e ambientais ou para a protecção daqueles que foram
restaurados a favor da manutenção da integridade física da obra, armazenando-os de forma
segura. São embalagens para o acondicionamento de volumes (livros, etc.), em estantes, no

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sentido vertical. O acondicionamento protege os documentos da luz, da migração de acidez de
um documento para o outro e dos desastres, como pequenos incêndios e inundações. Dum modo
geral, Os acondicionamentos são considerados como itens de protecção mais próximos aos
documentos, formando uma barreira contra os poluentes, a luz, a temperatura, a humidade relativa, o
ataque biológico, e o manuseio. Cada situação requer uma análise e depende directamente das
condições em que se apresenta o documento.

6.7 Reparos
Os pequenos reparos (reconstituições) são intervenções que podem ser executadas com objectivo
de interromper um processo de deterioração em andamento. Essas pequenas intervenções devem
obedecer a critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o estado de
conservação dos documentos.

6.8 Encadernação

A encadernação é uma das mais antigas práticas de conservação preventiva dos documentos. A
encadernação data desde o surgimento do rolo (volume) ao códex (em cadernos), formato que se
sistematizou no Império Romano a partir do século I. A origem da encadernação está na razão
directa do aparecimento do livro, como o compreendemos hoje‖. Encadernar é a operação de
juntar as folhas de um livro, costurando os cadernos e cobrindo o corpo do volume com uma
capa mais grossa e sólida que a folha vulgar‖, com a finalidade de protegê-lo e embelezá-lo. Os
primeiros livros eram compostos por folhas simples de pergaminho dobradas ao meio formando
os cadernos. Na utilização das encadernações modernas (industrializada), utilizam-se materiais
diversificados que compõem a sua estrutura do volume.

6.9 Armazenamento:

No acto de armazenamento os documentos devem ser guardados na posição vertical, em estantes,


e em ambientes bem ventilados. Os folhetos (documentos soltos sem encadernação) devem ser
armazenados em gavetas na posição horizontal e acondicionados em caixas confeccionadas com
papel neutro ou alcalino também chamado de papel permanente. Os documentos maiores não

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devem ser colocados em cima de outros menores, para evitar total deformação do suporte. O
empilhamento deverá ser criterioso, baseado nas condições físicas, do tamanho e peso de cada
obra.

6.10 Plano de Emergência


O planeamento para os casos de emergência não deverá acontecer de forma isolada. Para
funcionar efectivamente, ele terá de ser integrado aos procedimentos operacionais rotineiros da
instituição. O plano precisará contemplar todos os tipos de emergência e calamidades que a
instituição pode vir a enfrentar. Igualmente incluirá acções tanto de curto, quanto de longo prazo
para os esforços de resgate e recuperação. O plano deverá ser de fácil execução, de modo que
instruções concisas e treinamento sejam fundamentais para que o êxito seja total.

6.2 Normas Ambientais de Conservação de Documentos


O local de guarda dos documentos deve ser muito limpo. O acúmulo de pó no ambiente favorece
o desenvolvimento e proliferação de microorganismos ocasionando danos tanto aos documentos
quanto à saúde das pessoas. Assim, deve ser realizada sistematicamente a higienização das
estantes, dos armários e do chão com aspiradores e panos levemente humedecidos, de forma a
não dispersar o pó. Nesse horizonte, o profissional deve observar algumas normas de modo a
manter o local de guarda ideal para a conservação documental. A seguir são elencadas algumas
normas ambientais de conservação de documentos, nomeadamente:

 Nunca consumir alimentos e bebidas nas áreas de trabalho e de guarda de documentos,


pois restos de comida e migalhas atraem roedores e insectos que atacam os documentos,
além do risco de derramar líquidos e sujar documentos ou danificar equipamentos;

 É proibido fumar nas áreas de trabalho e de guarda de documentos. Além da questão da


segurança, os resíduos químicos da fumaça causam danos aos documentos;

 A área de guarda de documentos deve ser mantida com índices de 20ºC de temperatura e
50% de Humidade Relativa do Ar. Altos índices de temperatura e humidade são

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extremamente prejudiciais aos documentos. Esses factores aceleram processos químicos
de deterioração, além de permitir a proliferação de pragas (insectos) e o ataque de
microorganismos (fungos e bactérias). Atenção especial deve ser dedicada aos filmes,
fotografias, negativos e microfilmes, que são facilmente atacados por fungos;

 Os ambientes muito secos, por sua vez, determinam a perda da humidade dos materiais.
No caso do papel, ele torna-se quebradiço e frágil;

 As estantes, mapotecas e armários devem ser de metal com revestimento à base de


esmalte e tratados por fosfatação para evitar ferrugem. É contra-indicado o uso de
mobiliário de madeira que pode ser atacado por cupins e outros insectos que causam
danos ao papel. Recomenda-se móveis adequados ao tipo e tamanho dos documentos de
forma a evitar que os documentos sejam danificados;

 A entrada de luz solar deve ser controlada com filtros UV nas janelas ou com cortinas e
persianas;

 O mobiliário deve ser posicionado de forma que não receba luz directa. Pois as radiações
luminosas são factores de deterioração dos documentos, causando alterações físico-
químicas na estrutura do papel, das tintas, das fotografias e do couro da capa dos livros.

6.3 Normas de Manuseamento de Documentos


No contexto da conservação e preservação de documentos é imperioso que o profissional de
informação cumpra e faça cumprir as seguintes normas de manuseamento dos documentos:

 As mãos devem ser lavadas no início e ao final do trabalho. Frequentemente os dedos


podem estar sujos de tinta, manchando o papel. A gordura natural existente nas mãos
também danifica o documento ao longo do tempo.
 Ao consultar livros ou documentos, não apoiar as mãos e os cotovelos. Recomenda-se
sempre manuseá-los sobre uma mesa.

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 Cuidar para não rasgar o documento ou danificar capas e lombadas ao retirá-lo de uma
pasta, caixa ou estante.

 Ao retirar um livro da estante é preciso segurá-lo com firmeza na parte mediana da


encadernação. Retirar um livro puxando-o pela borda superior da lombada ocasiona
danos na encadernação.

 Não dobrar ou rasgar os documentos, pois o local no qual ele é dobrado resulta em uma
área frágil que rompe-se e rasga facilmente.

 Evitar o uso de grampeador. Além das perfurações produzidas, os grampos de metal


enferrujam rapidamente.

 Evitar o uso de clipes de metal em contacto directo com o papel. Utilizar de preferência
clipes plásticos ou proteger os documentos com um pequeno pedaço de papel na área de
contacto.

 Não usar fitas adesivas directamente sobre os documentos. Esse tipo de cola perde a
aderência rapidamente, resultando em uma mancha escura de difícil remoção.

 Uso de cópias (fotocópias) de documentos é contra-indicado, porque as máquinas copiadoras,


que operam com luz ultravioleta em grande intensidade, causam danos tanto ao papel como à
tinta do documento original;

 Manuseio inadequado na operação das máquinas copiadoras pode ocasionar dobras e rasgos
nos documentos. No caso de encadernados pode danificar a costura e a lombada.

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