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1.

INTRODUÇÃO

De acordo com Campos (citado por Sassi & Oliveira, 2014), a Psicologia
Hospitalar é caracterizada por um ambiente de acolhimento e intervenções para
indivíduos em processo de adoecimento e que necessitam de cuidados especiais,
abrangendo profissionais de diversas especialidades. O hospital, em si, é um local que
busca a cura e o bem estar biopsicossocial. Na Psicologia Hospitalar o objetivo é
acolher e trabalhar com demandas de todas as idades, bem como suas famílias e
acompanhantes, em sofrimento psíquico oriundos de suas patologias, internações e
tratamentos. Uma prática bastante utilizada no contexto em questão é a psicoterapia-
breve, pois é dita como única forma de trabalho devido à alta rotatividade de pacientes.
Portanto, é necessário que cada atendimento tenha início, meio e fim, e cada paciente
está livre para falar sobre o que sentir a vontade, até mesmo se a queixa que trouxer não
for a mesma do diagnóstico médico (Lazzarettti, 2007).
Segundo Moura (citado por Sassi & Oliveira, 2014), a atuação do psicólogo no
campo hospitalar deverá estar direcionada à escuta do que é urgente para cada sujeito,
sempre respeitando a subjetividade de cada um. Ou seja, o psicólogo possui o objetivo
de ir além da questão da dor física, e focar nas questões psíquicas e emocionais do
sujeito. Para Castro (2004), o trabalho do psicólogo na área da saúde ainda necessita ser
revisto, pois sua aprendizagem não pode se limitar apenas ao campo teórico e técnico, o
mesmo tem que ser comprometido socialmente, estar preparado para lidar com os
problemas de saúde que podem emergir em sua região, além de ter plena condição de
atuar em equipe com outros profissionais. Portanto, para Besteiro e Barreto (citado por
Castro, 2004), o psicólogo, para atuar na área da saúde, deve ter conhecimentos com
bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde e doença; avaliação e intervenção em
saúde, políticas e organização de saúde e colaboração interdisciplinar; temas
profissionais, éticos e legais e conhecimentos de metodologia e pesquisa em saúde. Com
essa formação integrada, o trabalho prestado é de melhor qualidade, garantir que as
medidas implantadas sejam mais efetivas para cada caso, além de diminuir custos e
expandir conhecimentos sobre o comportamento humano e suas relações com o
processo saúde-doença.
O campo escolhido para realização do estágio em questão é o Pronto-Socorro
(PS). De acordo com Rosa (citado por Sassi & Oliveira, 2014), o PS possui o objetivo
de diagnosticar e tratar usuários acometidos por acidentes ou situações emergenciais. É
considerado um lugar de imprevisibilidades, pois não há rotina e planejamentos. É
importante ressaltar que é grande a rotatividade de pacientes no PS, pois até mesmo as
internações não podem passar de, em média, sete dias.
O paciente, ao chegar ao Pronto-Socorro se vê preso em uma situação de
desamparo e descontrole, pois deixa sua posição de sujeito e passa a ser um objeto de
intervenção. Embora os procedimentos visem sua melhoria, podem representar caráter
ameaçador e invasivo. Assim, o sujeito vivencia sentimentos de isolamento, abandono e
rompimento de laços afetivos, profissionais e sociais. Ou seja, o psicólogo deve resgatar
o equilíbrio emocional de pacientes e familiares, respeitando as diferenças, sua
necessidades, valorizando queixas do paciente/familiares e proporcionando o
acolhimento (Constantino, 2015). De acordo com Vieira (2010), além do paciente, é
importante também trabalhar com a família do paciente, pois a tríade família-paciente-
equipe é de fundamental importância para que se entenda o processo da doença. A
família pode ser um potencializador de cura e de recursos terapêuticos.
Para Simonetti (2004), o Pronto Socorro é um ambiente direcionamento do
tratamento de emergências médicas, equilíbrio das funções vitais do paciente e alivio da
dor. Porém, é valido destacar que os aspectos psicológicos do indivíduo influenciarão
diretamente na dinâmica saúde-doença. O profissional de psicologia deve dominar
muito mais que o campo teórico, mas também é necessário que tenha criatividade para
acolher verbalizações, conteúdos emocionais relacionados ao processo do adoecer.
Portanto, a intervenção psicológica também auxilia no tratamento clinico, na medida em
que sensibiliza a equipe para aspectos emocionais e psicológicos, aspectos esses que, se
não percebidos e levados em consideração, podem dificultar a comunicação do paciente
com a equipe. A intervenção psicológica também oferece uma melhor qualidade de
trabalho para a equipe, intervindo junto ao paciente e seus familiares.
2.
3. REFERÊNCIAS

Sassi, A. & Oliveira, S. (2014). Os desafios do psicólogo no atendimento a pacientes


internados no pronto socorro. Psic. Rev. São Paulo, 23 (1), 97-107. Recuperado de
http://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/viewFile/20216/15041

Castro, E. K. (2004). Psicologia da Saúde x Psicologia Hospitalar: Definições e


Possibilidades de Inserção Profissional. Psicologia Ciência e Profissão, 24 (3), 48-57.
Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v24n3/v24n3a07.pdf

Constantino, L. (2015). Reflexão sobre Atuação no Pronto Socorro do Hospital


Municipal do Campo Limpo (HMCL) no Contexto de Urgência e Emergência. In: Anais
da V Jornada de Psicologia no Hospital Municipal do Campo Limpo. São Paulo:
Editora Blucher. Recuperado de http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/medicalproceedings/5jphmcl/003.pdf

Vieira, M. C. (2010). Atuação da Psicologia hospitalar na Medicina de Urgência e


Emergência. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 8(6), 513-9. Recuperado de
http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2010/v8n6/a1602.pdf

Simonnetti, A. (2004). Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo:


Casa do psicólogo.

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