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“Juízo de Investigação”

Introdução:

Deus é um Deus que Se apresenta em Sua Palavra como misericordioso, compassivo,


longânimo e justo. É de fato um Deus de amor. Deus é amor. E o Seu amor tomou
providências para que o pecado e o mal sejam banidos para sempre do universo. Em
Jesus Cristo Deus revelou o Seu amor pela humanidade, e revelou-Se também como
um Deus justo.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16)

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo
Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a
paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para
que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Romanos 3:24 – 26)

Paulo diz: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça”. (Romanos 1:18)

Mas, antes que Deus derrame Sua justa ira “sobre toda a impiedade e injustiça
dos homens”, a Bíblia O apresenta fazendo uma espécie de investigação. Isso
também ocorre antes que uma porta da graça se feche para alguma nação ou
indivíduo.

Vamos investigar as Escrituras para vermos se as coisas de fato são assim.

“Investigação no Éden”

Após nossos primeiros pais pecarem, antes que o Senhor proferisse o juízo sobre eles,
Ele fez uma investigação.

“E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua
voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te
mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e
comi. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A
serpente me enganou, e eu comi”. (Gênesis 3:9 – 13)

“Investigação no caso de Caim”

O mesmo fato ocorre em relação ao assassinato de Abel por seu irmão Caim.

“E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu
guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão
clama a mim desde a terra”. (Gênesis 4:9 e 10)
“Investigação no caso de Sodoma e Gomorra”

E novamente o Senhor procede a uma investigação dos fatos ocorridos em Sodoma e


Gomorra antes de sua destruição.

“Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem


multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, Descerei agora, e
verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se
não, sabê-lo-ei”. (Gênesis 18:20 e 21)

Precisamos ter em mente que a investigação que ocorre em cada um desses casos, não
acontece para informar a Deus as coisas que estão ocorrendo. Deus é onisciente, Ele
sabe de todas as coisas, nada está oculto aos olhos do Senhor.

Com relação aos habitantes de Sodoma eis o testemunho da Palavra de Deus: “Ora,
eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor”. (Gênesis
13:13)

Deus não precisava investigar para saber as coisas que ali acontecia. Ele sabia dos
grandes pecados que eram cometidos naquela ímpia cidade.

“Investigação no caso dos salvos e perdidos”

Algumas pessoas são contrárias à idéia de um juízo que envolva os salvos. Que os
perdidos sejam julgados é algo mais aceitável. Todavia, não é nada fácil aceitar a idéia
de um julgamento que diz respeito àqueles que fazem parte do povo de Deus. Essa
resistência, principalmente por parte daqueles que professam servir a Cristo, pode ser
motivada por uma má compreensão de certos textos das Escrituras. Talvez um desses
textos seja João 5 verso 24 que diz “Em verdade. Em verdade vos digo: quem ouve a
Minha Palavra e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo,
mas passou da morte para a vida”. Essa é a tradução “Revista e Atualizada”. Porém,
na “Edição Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original”, o mesmo texto está
traduzido assim: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra,
e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação,
mas passou da morte para a vida”. Essa tradução está mais em harmonia com o
ensinamento da Bíblia.

Uma pessoa pode ser levada a juízo, ou seja, ser julgada e, todavia, não entrar em
condenação. O fato de não entrar em condenação não é porque não foi julgada, e sim
porque foi absolvida das acusações que se levantaram contra ela.

Paulo nos diz: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. (Romanos
8:1). O que Deus através de Paulo nos ensina é que “não há condenação” para os
que estão em Cristo. Mas, em muitos lugares das Escrituras nos é apresentado o juízo
de Deus. Precisamos deixar que a Bíblia fale-nos sobre essa importante questão. Ela é
a norma, o revelador das doutrinas. Quando Deus fala nós precisamos ouvir.
Consideremos, então, o que está escrito.
“Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos
justos” (Salmos 1:5).

“Ele mesmo julgará o mundo com justiça; exercerá juízo sobre povos com retidão”.
(Salmos 9:8)

“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua
mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe,
porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo”. (Eclesiastes 11:9)

“Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer
seja bom, quer seja mau”. (Eclesiastes 12:14)

“Chegará o estrondo até à extremidade da terra, porque o SENHOR tem contenda


com as nações, entrará em juízo com toda a carne; os ímpios entregará à espada,
diz o Senhor”. (Jeremias 25:31)

“Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e
milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os
livros”. (Daniel 7:10)

Cristo também falou sobre um juízo a se realizar:

“Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de
Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade”. (Mateus 10:15)

“Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar
conta no dia do juízo”. (Mateus 12:36)

Ele recebeu autoridade para exercer o juízo:

“E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem”. (João 5:27)

Diante de Félix e Drusila, Paulo falou de um juízo vindouro:

“E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro, Félix, espavorido,


respondeu: Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te chamarei”.(Atos 24:25)

É evidente diante de todos esses textos que a Palavra de Deus fala de um dia de juízo.

Alguns textos das Escrituras são particularmente especiais e interessantes porque


apresentam o juízo para além da época da crucifixição de Cristo. Porque há alguns
que creem que o juízo aconteceu na cruz com a morte de Cristo.

Paulo se tornou apóstolo depois da morte de Jesus, e ele falou a respeito de um


“juízo vindouro”. Isto é, a ocorrer para além de sua época. Então, o juízo não pode
ter ocorrido na cruz. Ele também disse aos coríntios:

“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?... Não sabeis vós que
havemos de julgar os anjos?...”. (I Coríntios 6:2 e 3)
Ele disse que Deus “... tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o
mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-o dentre os mortos”. (Atos 17:31). E afirmou que chegará o “... dia em
que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu
evangelho”. (Romanos 2:16). E para que não houvesse qualquer incerteza em nossa
mente ele disse sem duvidar que “... todos havemos de comparecer ante o tribunal de
Cristo”. (Romanos 14:10). E outra vez em sua segunda carta aos cristãos de Corinto
ele escreveu: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que
cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”. (II
Coríntios 5:10).

O livro de Daniel é também de especial interesse com respeito ao juízo de Deus. Pois,
no capítulo sete essa sublime e majestosa cena, que é de importância universal, é de
modo surpreendente apresentada aos olhos do profeta e aos nossos. Em meio à
narração das cenas solenes e impressionantes que descrevem o levantar e cair dos
grandes impérios Babilônico, Medo-Persa, Grego e Romano ele diz:

“Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se
assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a pura
lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas rodas de fogo ardente. Um rio de
fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de
milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros”. (Daniel
7:9 e 10)

De acordo com as explicações dadas no próprio capítulo “... o juízo será estabelecido,
e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim”. (verso
26). Isso se refere ao chifre pequeno. Ele atuaria “... por um tempo, e tempos, e a
metade de um tempo”. (verso 25). Durante esse tempo esse “... chifre” faria “guerra
contra os santos” e prevaleceria “contra eles”. (verso 21). E também proferiria
“palavras contra o Altíssimo” destruiria “os santos do Altíssimo” e cuidaria “em
mudar os tempos e a lei” e os santos seriam “entregues na sua mão”. (verso 25).

A supremacia do chifre pequeno começou quando já havia caído o império


Babilônico, Medo–Persa, Grego e Romano, e isso pode ser percebido pelas palavras
do anjo “E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e
depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três
reis”. (verso 24). Então quando o chifre pequeno surge estamos no período dos dez
reinos representado pelos dez chifres que havia na cabeça do quarto animal, que
representa o Império Romano. E para que ele pudesse se estabelecer era preciso
abater “três reis”.

Essa supremacia começou no ano 538 d.C. com o edito de Justiniano. E seria de “um
tempo, tempos e a metade de um tempo”. “Um tempo” é igual a 1 ano (360
dias), “tempos” é igual a 2 anos (720 dias), “e a metade de um tempo” é igual a
metade de 1 ano (180 dias). Se somarmos 360+720+180, temos então, 1.260 dias
proféticos, ou anos literais, pois em profecia de tempo 1 dia representa 1 ano.
Vejamos:

“Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia
representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos, e
conhecereis o meu afastamento”. (Números 14:34)

“E, quando tiveres cumprido estes dias, tornar-te-ás a deitar sobre o teu lado
direito, e levarás a iniqüidade da casa de Judá quarenta dias; um dia te dei para
cada ano”. (Ezequiel 4:6)

Logo, o tempo da supremacia do chifre pequeno seria do ano 538 d.C até 1.798 d.C,
pois 538+1.260 é igual a 1.798.

Sendo que no tribunal que se estabeleceu “... o juízo será...” para tirarem “o seu
domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim”. (verso 26), esse juízo então,
só pode se iniciar depois do período de supremacia do chifre pequeno, ou seja, em
algum tempo depois de 1.798, e não antes desse tempo.

Também nos é dito que o tempo em que o chifre pequeno faria guerra aos santos e os
venceria, duraria “Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo;
e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. (verso 22). Então, o juízo foi
estabelecido também para fazer justiça aos santos. E esse é também o tempo em que
os santos recebem o reino. Ou em outras palavras, quando o juízo finalizar os santos
possuirão o reino. E isso é precisamente o que nos diz o verso 27:

“E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados
ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os
domínios o servirão, e lhe obedecerão”. O juízo é, pois, muito importante para os
santos do Altíssimo.

Sabemos então, por tudo o que foi exposto que o juízo não ocorreu na cruz, e sim em
algum período depois de 1.798.

Mas, até agora não temos ainda nenhuma evidência de que o povo de Deus será
julgado. Ou de que haja alguma espécie de investigação em relação àqueles que hão
de possuir o reino. Investiguemos mais a Bíblia para encontrarmos a resposta.

O salmista Davi inspirado pelo Espírito Santo diz: “Pois o Senhor julgará o seu
povo,...” (Salmos 135:14). E Salomão escreveu: “Eu disse no meu coração: Deus
julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a
obra”. (Eclesiastes 3:17). Paulo nos informa: “De maneira nenhuma; de outro modo,
como julgará Deus o mundo?” (Romanos 3:6). E dizendo “mundo” ele envolve justos
e ímpios, ou seja, todos os que vivem no mundo. Mas, para que não reste dúvidas, ele
escreveu aos Hebreus: “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a
vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu
povo”. (Hebreus 10:30). E o apóstolo Pedro disse: “Porque já é tempo que comece o
julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim
daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (I Pedro 4:17).

“Um juízo de investigação”

Acredito que agora já temos evidências suficientes para crermos que o povo de Deus
será julgado. Mas, ainda falta verificarmos se esse juízo envolve alguma espécie de
investigação.

No capítulo 22 de Mateus, Cristo ilustrou essa realidade através de uma parábola. Ele
disse que “O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu
filho” (verso 2). E depois de ter sido recusado por duas vezes o convite para as bodas,
um terceiro convite foi feito de modo que “... os servos, saindo pelos caminhos,
ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi
cheia de convidados”. (verso 10). E então, entrando o rei “... para ver os convidados,
viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias”. (verso 11).

Se observarmos com atenção, perceberemos que temos diante de nós um juízo, um


julgamento, uma investigação dos convidados. Pois, foi isso exatamente que o rei fez.
Investigou. E ao investigar ele notou ali alguém que não estava usando veste nupcial.

Está usando essa veste era a condição para permanecer nas bodas. Quando lhe foi
perguntado: “... Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial?... ele
emudeceu”. (verso 12). Havia negligenciado fazer a devida preparação e agora não
tinha nenhuma escusa para apresentar. E uma vez que essa condição não foi
satisfeita, uma sentença de condenação foi pronunciada: “Disse, então, o rei aos
servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali
haverá pranto e ranger de dentes”. (verso 13).

Está muito claro que só permaneceram na presença do rei aqueles que foram
aprovados em sua investigação, ou em outras palavras os que cumpriram a condição,
isto é, os que estavam usando a veste nupcial.

Cristo diz: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada
um segundo a sua obra”. (Apocalipse 22:12). Nesse tempo uns ouvirão: “... Vinde,
benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo”. E a outros dirá: “... Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. (Mateus 25:34 e 41).

Sendo que quando Cristo vier Ele já trará o galardão para dar a cada um segundo as
suas obras, é evidente que antes de Sua vinda se faz necessário que seja verificado
quem são os que receberão esse galardão ou recompensa. Isso é lógico será feito por
meio de um julgamento que, sem dúvida alguma, já terá ocorrido antes que Cristo
venha. Do contrário, como será feito “justiça aos santos do Altíssimo”? E o
tempo de se fazer justiça aos santos, Daniel nos revela que foi quando “veio o
ancião de dias”. E isso aconteceu quando se estabeleceu o tribunal. Que
logicamente, se estabeleceu no Céu e não na Terra. Pois logo em seguida à descrição
da cena em que “os tronos foram postos e o ancião de dias se assentou”,
Daniel declara: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram
chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os
povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu reino tal, que não será destruído”. (Daniel 7:13 e 14).

Ninguém terá dúvidas de que o Filho do Homem é um título que se refere a Jesus.
Logo, o ancião de dias só pode ser Deus.

Então, no juízo que se iniciou no Céu, depois do tempo da supremacia do chifre


pequeno, ou seja, em algum período depois de 1.798, Cristo foi levado à presença de
Deus para receber o domínio, e a honra e o reino, para concedê-lo ao Seu povo,
segundo as Suas próprias palavras: “... possuí por herança o reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo”.

“O juízo e o conflito”

O juízo não acontece por causa de Deus, ou seja, para Lhe informar quem são os que
herdarão o reino juntamente com Cristo. Isso Ele já sabe. Então, qual é a razão para
um juízo investigativo antes da volta de Jesus? Precisamos entender essa questão à
luz do grande conflito que se iniciou no Céu.

Paulo nos revela que o sacrifício de Cristo envolve mais que o nosso planeta. “E que,
havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos
céus”. (Colossenses 1:20).

Em sua rebelião Lúcifer fez sérias acusações contra Deus e Seu governo. Isso gerou
desconfiança na mente dos anjos, mesmo naqueles que permaneceram fiéis. Lúcifer
era amado e respeitado pelos anjos e uma vez que eles não possuem onisciência, não
compreendiam seus reais motivos e intenções. Por amor do Universo, isto é, os
habitantes da Terra, dos mundos que não caíram em pecado e dos anjos, Deus
permitiu que Lúcifer, agora transformado em Satanás, e os anjos que o seguiram
continuassem sua existência até que seus motivos e intenções fossem plenamente
revelados.

É-nos dito pela mensageira do Senhor que “Vindo habitar conosco, Jesus devia
revelar Deus tanto aos homens como aos anjos”. (O Desejado de Todas as Nações,
pg.19).

“... O pecado originou-se na busca dos próprios interesses. Lúcifer, o querubim


cobridor, desejou ser o primeiro no Céu. Procurou dominar os seres celestes, afastá-
los de seu Criador, e receber-lhes, ele próprio, as homenagens. Portanto, apresentou
falsamente a Deus, atribuindo-Lhe o desejo de exaltação própria. Tentou revestir o
amorável Criador com suas próprias más características. Assim enganou os anjos.
Assim enganou os homens. Levou-os a duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar
de Sua bondade. Como o Senhor seja um Deus de justiça e terrível majestade,
Satanás os fez considerá-Lo como severo e inclemente. Assim arrastou os homens a
se unirem com ele em rebelião contra Deus, e as trevas da miséria baixaram sobre o
mundo”. (D.T.N, pg. 21 ú.p). E assim, o conflito tem prosseguido até que todas as
coisas estejam completamente reveladas.

No Getsêmane quando Cristo em agonia orava a Deus, “Os mundos não caídos e os
anjos celestiais vigiavam com intenso interesse o conflito que se aproximava do
desfecho”. (D.T.N, pág.693)

E no monte do Calvário quando Cristo bradou está consumado, Ellen White faz estas
esclarecedoras revelações:

“Para os anjos e os mundos não caídos, o brado: 'Está consumado' teve profunda
significação. Fora em seu benefício, bem como no nosso, que se operara a grande
obra da redenção. Juntamente conosco, compartilham eles os frutos da vitória de
Cristo.

Até à morte de Jesus, o caráter de Satanás não fora ainda claramente revelado aos
anjos e mundos não caídos. O arqui-apóstata se revestira por tal forma de engano,
que mesmo os santos seres não lhe compreenderam os princípios. Não viram
claramente a natureza de sua rebelião...

Deus poderia haver destruído Satanás e seus adeptos tão facilmente, como se pode
atirar um seixo à terra; assim não fez, porém. A rebelião não seria vencida pela
força. Poder compulsor só se encontra sob o governo de Satanás. Os princípios do
Senhor não são dessa ordem. Sua autoridade baseia-se na bondade, na
misericórdia e no amor; e a apresentação desses princípios é o meio a ser
empregado. O governo de Deus é moral, e verdade e amor devem ser o poder
predominante.

Era desígnio divino colocar as coisas numa base de segurança eterna, sendo
decidido nos conselhos celestiais que se concedesse tempo a Satanás para
desenvolver os seus princípios, o fundamento de seu sistema de governo. Pretendera
serem os mesmos superiores aos princípios divinos. Deu-se tempo para que os
princípios de Satanás operassem, a fim de serem vistos pelo Universo celestial...

Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os
anjos não caídos e o Universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o
sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais.
Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse,
não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles
acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado.
Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial.

Todavia, Satanás não foi então destruído. Os anjos não perceberam, nem mesmo aí,
tudo quanto se achava envolvido no grande conflito. Os princípios em jogo deviam
ser mais plenamente revelados. E por amor do homem, devia continuar a existência
de Satanás. O homem, bem como os anjos, devia ver o contraste entre o Príncipe da
Luz e o das trevas. Cumpria-lhes escolher a quem servir”. (D.T.N, cap. “Está
Consumado”, pags.759 a 761).

“A justificação do caráter de Deus”

A revelação que Cristo veio fazer de Deus, no entanto, não diz respeito apenas à nossa
salvação ou aos mundos não caídos e aos anjos. Existem coisas ainda mais
importantes envolvidas. Deus foi acusado perante o universo e o Seu caráter como
sendo um Deus de amor e justiça foi posto em dúvidas. E Deus em Sua infinita
sabedoria Se permitiu ser colocado em julgamento. Paulo nos diz: “De maneira
nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está
escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores
julgado”. (Romanos 3:4).

“A palavra 'justificado' nesse contexto, significa absolvido da acusação, declarado


inocente, vindicado”. (O Destino do Adventismo, pg. 15)

Deus Se permitiu ser julgado. Então, o que de fato está envolvido nesse conflito é a
justificação do caráter de Deus.

Veja o que Ellen White diz:

“Por meio da obra redentora de Cristo, o governo de Deus fica justificado. O


Onipotente é dado a conhecer como o Deus de amor. As acusações de Satanás são
refutadas, e revelado seu caráter. A rebelião não se levantará segunda vez. O
pecado jamais poderá entrar novamente no Universo. Todos estarão por todos os
séculos garantidos contra a apostasia. Mediante o sacrifício feito pelo amor, os
habitantes da Terra e do Céu se acham ligados a seu Criador por laços de
indissolúvel união”. (D.T.N, pg.26)

Quais são as acusações de Satanás que Cristo precisava refutar mediante Sua obra
redentora?

“Satanás apontara o pecado de Adão como prova de que a lei de Deus era injusta, e
não podia ser obedecida. Cristo devia redimir, em nossa humanidade, a falha de
Adão...” (D.T.N, 117).

“No início do grande conflito, declarara Satanás que a lei divina não podia ser
obedecida, que a justiça era incompatível com a misericórdia, e que, fosse a lei
violada, impossível seria ao pecador ser perdoado.... Quando o homem violou a lei
divina, e Lhe desprezou a vontade, Satanás exultou. Estava provado, declarou, que
a lei não podia ser obedecida; o homem não podia ser perdoado...” (D.T.N, pg. 761)

“Satanás, o anjo caído, havia declarado que ninguém podia guardar a lei de Deus.
Apontou agora à desobediência de Adão como prova da veracidade de sua
declaração”. (A Verdade Sobre os Anjos, pg. 58)
“Satanás declarou que demonstraria ante os mundos criados por Deus e perante as
inteligências celestiais, que é impossível guardar a lei de Deus”. (A Verdade Sobre os
Anjos, pg. 51)

Essas são as acusações de Satanás, e Deus Se propôs a elas responder, primeiro


através de Cristo.

“Jesus vindicou a lei de Deus e Seu caráter na mais nobre demonstração jamais
vista sobre a Terra. Jesus demonstrou que a lei de Deus é boa e Seu caráter é amor.
Uma pequena questão, porém, permaneceu sem resposta. É possível aos seres
humanos pecadores, que passam metade da vida em rebelião, viver realmente sem
se rebelar mais? Talvez Jesus pudesse, mais será que eles podem?” ( O Destino do
Adventismo, pg. 15)

“A vida de obediência do Salvador manteve as reivindicações da lei; provou que a


lei pode ser observada pela humanidade, e mostrou a excelência de caráter que a
obediência havia de desenvolver...”. (D.T.N, pág. 309)

E também através do Seu povo nos últimos dias.

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e
quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do
céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma
voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como cântico
novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia
aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram
comprados da terra. Estes são os que não estão contaminados com mulheres;
porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá.
Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e
para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis
diante do trono de Deus”. (Apocalipse 14: 1 a 5).

“Todo o Céu está esperando para nos ouvir vindicar a lei de Deus”. (The Review and
Herald, 16 de abril de 1.901).

“... Todos quantos obedecem como Ele fez, estão semelhantemente declarando que a
lei é 'santa, justa e boa'. (Rom. 7:12). Por outro lado, todos quantos transgridem os
mandamentos divinos, estão apoiando a pretensão de Satanás de que a lei é injusta,
e não pode ser obedecida. Apoiam assim os enganos do grande adversário, e
desonram a Deus. São filhos do maligno, o qual foi o primeiro rebelde contra a lei
do Senhor”. (D.T.N, pág. 309).

Conclusão:

“Ao princípio do grande conflito, os anjos não entendiam isso. Houvesse sido
deixado que Satanás e seus anjos colhessem os plenos frutos de seu pecado, e teriam
perecido; mas não se patentearia aos seres celestiais ser isso o inevitável resultado
do pecado. Uma dúvida acerca da bondade divina haveria permanecido em seu
espírito, qual ruim semente, para produzir seu mortal fruto de pecado e miséria.

Não será, porém, assim, ao findar o grande conflito. Então, havendo-se completado
o plano da redenção, o caráter de Deus é revelado a todos os seres inteligentes. Os
preceitos de Sua lei são vistos como perfeitos e imutáveis. Então o pecado terá
patenteado sua natureza, Satanás o seu caráter. Então o extermínio do pecado
reivindicará o amor de Deus, e estabelecerá Sua honra perante um Universo de
seres que se deleitam em fazer Sua vontade, e em cujo coração está a Sua lei”.
(D.T.N, pg. 764)

O juízo investigativo ocorre antes da vinda de Jesus por causa dos anjos e dos
habitantes dos mundos não caídos. Para que Deus seja justificado em todo o Seu trato
com os seres por Ele criados.

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