CENTRO DE HUMANIDADES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS EM HISTÓRIA SOCIAL- MEMÓRIA E TEMPORALIDADE I
DOCENTE: FRANCISCO REGIS LOPES RAMOS
DISCENTE: LUCAS DE SOUSA MOREIRA | MATRÍCULA: 507295
TEXTO 11
Certamente poderíamos percorrer diversos caminhos até chegarmos à algo conclusivo. Isso, se
encararmos, a existência de algo que realmente irá se concluir. Para este momento, a mim parecer mais
pertinente colocar a percepção da existência de precedentes. Talvez o afogado fosse assim, construído
conforme os precedentes, daquilo que é, mas também daquilo que não é. Para além disso, o que
podemos perceber é uma realidade discursiva do eu, mas também do outro, atravessando o fenômeno
de percepção daquilo que já é consolidado, o diferente, embora possa parecer distante, também possui
características que se aproximam de uma realidade do cotidiano. Esse fenômeno de querer achar,
nomear, de dizer o que é, marca uma necessidade ampla de comparar à algo preexistente.
A diferença ganha então, um lugar, não de destaque, mas de reafirmação. Ao passo que se diz
o que é, evidencia-se aquilo que não se é. Mas esta ação leva em consideração aquilo que é o outro. É
a diferença que transforma qualquer realidade ou condição em uma circunstância palpável a
investigação. Assim, quando se esgotam todas as exposições de realidades possíveis, chega-se à
conclusão de que é necessário livrar-se, não se há mais perguntas. Todas as possibilidades já foram
mensuradas. Mas será que realmente se esgotam as possibilidades? Aqui, podemos evidenciar que as
possibilidades não são esgotáveis, pelo contrário, a forma de olhar, um novo olhar propõe uma reflexão
nova. Um novo olhar não propõe uma modificação sobre o objeto, mas alterações.
O afogado, tomemos este, como um fato ou acontecimento, é visto sob olhar múltiplos e
proliferativos. A existência da palavra, marca a ação de exposição de uma vontade de anunciar, de
dizer algo. Esse algo, por sua vez, carrega uma subjetividade amplamente relacionada a um sentimento
coletivo. Este afogado, embora seja o mais lindo, é visto como aquele que precisa ser caracterizado
para além dos atribuídos que se degradam no pós morte. O afogado possui uma trajetória, uma série
de experiências que o expõe, uma série de vivencias que o liga ao sentimento de ser indivíduo. Não
um indivíduo qualquer, mas um afogado mais bonito.
1
TEXTO COM BASE NAS REFERÊNCIAS: DE CERTEAU, Michel. “Capítulo VIII: O ausente da história”. In:
História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011 e MARQUES, Gabriel Garcia.
“O afogado mais bonito do mundo”. In: A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada. Rio de
Janeiro: Record, 2014.
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DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS EM HISTÓRIA SOCIAL- MEMÓRIA E TEMPORALIDADE I
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TEXTO 22
Como historiadores muito falamos sobre o passado. Talvez, seja o passado lembrado sempre
que falamos em morte. Parece que a morte carrega consigo um livro, e neste, as memórias daqueles
que amamos, mas também as experiências que lutamos para esquecer porque emitimos uma ação
contra o passado. Mas o início sempre é o verbo. Isso que aprendemos com base no capítulo 1 do
Evangelho de João. Aprendemos que o verbo que se fez carne, morreu, mas que ressuscitou ao terceiro
dia. O passado é o lugar da ressurreição. Deveríamos então temer o terceiro dia?
De certo, os mortos nos despertam uma série de memórias. Tais memórias recuperam uma série
de vivências e experiências. Mas, afinal, podemos dizer que os mortos carregam o passado? Ou
simplesmente não conseguimos deixar o morto dormir, mas proporcionamos ao defunto uma
necessidade contínua de ao terceiro dia ele ressuscitar? Ao historiador é facultada essa função, de não
deixar o morto descansar, mas sempre ser o anjo que retira a pedra, para que o passado, materializado
na vivificação do morto, torne-se um presente.
Por outro lado, ao morto também pode ser concebido o lugar da ressignificação. Com isso, não
é que o morto altere o presente, mas o presente que ressignifica a permanência do morto no processo
de constituição do ser. Todavia, a ressurreição do morto deve ser entendida dentro de um contexto
específico e chamamento. A partir disso, podemos compreender que a dimensão entre o passado e o
presente são necessariamente diferentes, a historiografia concebe o lugar da concessão. Por isso, não
conseguimos viver o passado, podemos, contudo, conceber interpretações diversas a respeito de um
passado. É visível uma correlação entre o passado e o presente, isso, a partir de uma ideia de efeito,
mas não sob uma perspectiva de complementação, mas de disjunção.
2
TEXTO COM BASE NAS REFERÊNCIAS: DE CERTEAU, Michel. “Capítulo II: Psicanálise e história”. In: História
e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011 e ANDRADE, Mário de. “O peru de Natal”.
In: Os melhores contos de Mário de Andrade. São Paulo: Global Editora, 2017.
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TEXTO 33
Com isso, o componente subjetivo nos possibilita perceber uma experiência que é interior.
Contudo, a construção da experiência não é um processo individual, mas está relacionada também a
criações e estruturas sociais. Assim, não são os indivíduos que possuem a experiência propriamente
dita, mas os sujeitos é que são levados a se constitui através do discurso. Pode-se afirmar então, que a
representação enquanto fenômeno social, mental, cultural produz uma “imagem” que se constitui como
síntese de diferentes formas de percepção e abordagem. São também, construções sociais implicadas
na linguagem e nos contextos em que estas operam. Essa proposição exige que pensemos a relação
entre indivíduo e sociedade, entre o Eu e o Outro não só como tensões socioantropológicas ou reflexões
metafisicas, mas como realidades políticas.
3
TEXTO COM BASE NAS REFERÊNCIAS DE CERTEAU, Michel. “Capítulo I: A história, a ciência e ficção”. In:
História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. LISPECTOR, Clarice.
“Mineirinho”. In: Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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TEXTO 34
A História Social, suas concepções teóricas, fontes e métodos, partem e chegam a uma
infinidade de caminhos. O processo de escrita da história leva em consideração procedimentos
pontuais e específicos. Ao contextualizarmos esta pesquisa, temos em mente a compreensão de que
uma das preocupações da História Social é manifesta na percepção das mudanças, das oscilações que
interferem na coesão dos mecanismos sociais.
Certeau compreende o processo histórico permeado por referências. Por um tempo a história a
história se vangloriou por querer reconstruir os fatos acontecidos, reconstituir o passado dentro de uma
percepção de verdade. Com isso, a partir disso, toda essa ideia de constituição carrega uma
subjetividade que se expressa no trabalho de analise do próprio autor. Ao pensarmos o texto uma
Galinha, de Clarisse Lispector, observamos os referencias sob o qual a galinha é construída. Assim, a
única certeza é que a galinha era necessariamente uma galinha. O que se é feito com essa constatação
é uma realidade, que na prática carrega um grau de subjetividade enorme. Enquanto para uns, a leitura
da galinha, condizia com a realidade de um alimento, para outros a leitura era muito mais afetiva.
4
TEXTO COM BASE NAS REFERÊNCIAS: DE CERTEAU, Michel. “Capítulo II. A operação historiográfica". In: A
Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. LISPECTOR, Clarice. “Uma galinha”. IN: LISPECTOR,
Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983, pág. 33-36.