MODELAGEM DE COMPENSADORES
ESTÁTICOS NO PROGRAMA ATP
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ONS-NT-0149/2018
1 Objetivo 4
3 Checklist 12
3.1 Arquivos de modelagem 12
3.2 Figuras 12
4 Considerações finais 15
5 Créditos 16
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1 Objetivo
O objetivo deste relatório é definir requisitos básicos necessários para a modelagem
de Compensadores Estáticos de Reativos, também conhecidos pelos acrônimos
CER, CE ou SVC (Static Var Compensator), no programa de transitórios
eletromagnéticos ATP (Alternative Transients Program). Esta modelagem se destina
a estudos de transitórios eletromagnéticos de manobra. O modelo do CER é um
requisito especificado no Anexo Técnico do Leilão de Transmissão e ainda reforçado
pelos Procedimentos de Rede do ONS.
A modelagem de equipamentos FACTS (Flexible AC Transmission System), isto é,
equipamentos que usam eletrônica de potência para tornar os sistemas em corrente
alternada mais flexíveis, é uma tarefa complexa que demanda uma expertise no
equipamento modelado, de transitórios eletromagnéticos e sistemas de potência, no
programa ATP e em sua interface gráfica ATPDraw. Do ponto de vista de
desenvolvimento da modelagem é desejável que o próprio fabricante do
equipamento desenvolva o modelo de CER para ATP, com o intuito de tornar a tarefa
de passagem de informações e validação do modelo mais fácil, além de tornar o
modelo mais preciso e garantir as suas características de projeto. É importante
salientar que a etapa de validação é tão importante que, caso esta etapa não tenha
sido feita, o ONS não analisará o modelo do CER no programa ATP.
A presente Nota Técnica atualiza e substitui a NT-0165/2014.
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A falta desta validação impedirá o ONS de analisar o modelo desenvolvido. A forma
de modelar as funções de transferência dos controles pode ser feita na transformada
discreta (transformada Z) ou contínua (Laplace), desde que a faixa de frequência de
validade do modelo não se aproxime da frequência de Nyquist. Caso seja utilizada a
transformada discreta, as amostragens dos processos não devem restringir o usuário
do modelo de aumentar ou diminuir o passo de integração do programa ATP em uma
faixa de 1 a 50 µs (em degraus de 5 µs). A alteração do passo de integração pelo
usuário do modelo pode ser necessária devido a eventuais problemas de oscilações
numéricas e outros fatores.
d. etc.
O modelo do CER no programa ATP deverá ser enviado ao ONS
inicialmente configurado conforme os ajustes realizados nos estudos de
desempenho e testes de aceitação em fábrica (FAT - Factory Acceptance
Tests). Logo após o comissionamento, o modelo deverá ser adequado de
conformidade com os reajustes efetuados durante o comissionamento e
deverá ser enviado ao ONS como modelo “como construído”. Ou seja, o
ONS deverá receber dois modelos: i) conforme testes em fábrica e ii) como
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construído. Observa-se que a manutenção da modelagem desenvolvida
do CER para o programa ATP deverá ser feita pelo Agente Concessionário
durante o período de concessão e de acordo com atualizações feitas em
campo ou eventualmente o desenvolvimento de novas versões do
programa ATP/ATPDraw que tragam problemas de compatibilidade com
os modelos desenvolvidos.
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e. Todos os parâmetros que têm ação de bloqueio e inicialização do
modelo, como por exemplo: fechamento de disjuntores, bloqueio e
liberação do bloqueio dos TCR, liberação para operação em modo
automático de malha fechada (liberação e bloqueio do controlador
Proporcional-Integral), etc.
O modelo deve representar adequadamente as ações de controle, com
finalidade de proteção ao próprio equipamento, existentes no equipamento
real. Como por exemplo, os ajustes do disparo protetivo (protective firing)
das válvulas, bem como outras ações de limitação e/ou trip quando da
violação da envoltória de sobretensões associada ao ciclo de
sobrecarga/sobretensão indutiva especificada para o equipamento, isto é,
a ação da proteção de sobretensão do CER. O disparo protetivo deve ser
descrito e modelado. Deve-se informar as ações do controle/disparo após
o disparo protetivo, isto é, os seus desdobramentos, e se este levará o
CER a trip.
Observa-se que o modelo para o programa ATP deverá conter os ajustes
e parâmetros como implantados em campo pelo fabricante do CER, a partir
do estudo realizado no teste de aceitação em fábrica. Mudanças
porventura implementadas no comissionamento do CER deverão ser
informadas ao ONS e atualizadas no modelo do CER para o ATP,
conforme comentado na seção 2.1.4.
A malha do regulador PI deve ser descrita, indicando as variáveis de
entrada e saída, limitadores dinâmicos (non windup) e estáticos e as bases
dessas variáveis. Os ganhos do regulador devem ter suas unidades e
bases informadas.
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2.4 Requisitos de Simulação, Rede, Validação e Inicialização do
Modelo
Para efeito de validação da rede de transmissão a ser modelada no ATP
deve-se reproduzir a rede utilizada nas simulações de tempo real. A
validação da rede deverá ser feita através da comparação das
correntes/potências de curtos-circuitos monofásicos e trifásicos em várias
barras da rede e notadamente no PAC do CER. O uso de equivalentes do
tipo barra infinita e reatância de curto-circuito não se prestam a testar a
inicialização do modelo que deverá utilizar pelo menos uma rede do SIN
definida nos estudos de projeto básico (transitórios eletromagnéticos de
manobra).
Todos os casos simulados no programa ATP, com o objetivo de comprovar
a validação do modelo do CER, devem ser fornecidos ao ONS no formato
digital do ATP ou ATPDraw e este processo deve ser parte integrante do
Relatório de Modelagem deste CER. A falta desta validação impedirá o
ONS de analisar o modelo desenvolvido.
O modelo do CER para o programa ATP deve ser inicializado o mais rápido
possível, em até 300 ms, para possibilitar a viabilidade de simulação dos
estudos de transitórios eletromagnéticos de manobra. Caso a rede
utilizada nas simulações em tempo real tenha sido equivalentada por uma
impedância de curto-circuito, deverá ser utilizada a rede do SIN simulada
no projeto básico para efeitos de inicialização do modelo desenvolvido.
Alguns sistemas necessitam de fontes fictícias ideais conectadas às
barras de alta ou baixa tensão por algum tempo (dummy sources), outros
sistemas prescindem deste artifício.
Com relação à validação do modelo, solicita-se que as simulações mais
significativas sejam reproduzidas com o modelo desenvolvido do CER e
que uma comparação seja feita com relação as simulações em tempo real.
Para efeito de validação, sugerimos que as seguintes manobras (se
disponíveis) possam ser comparadas:
a. Aplicação de defeito monofásico na barra do CER (lado linha) com
eliminação do defeito no tempo estabelecido nos Procedimentos de
Rede. Caso não seja possível a comparação solicitada, que seja feita
a comparação em condições de curto-circuito monofásico em alguma
outra situação.
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c. Rejeição de carga onde o CER seja levado à faixa indutiva para
combater as sobretensões resultantes desse evento.
d. Aplicação de degraus na referência de tensão (Vref) que possibilitem
o modelo excursionar próximo aos seus limites indutivo e capacitivo.
e. Outras julgadas importantes pelo desenvolvedor do modelo. Observa-
se que os subitens a, b, c e d acima não esgotam a validação e devem
ser feitas outras comparações para se demostrar a concordância entre
o modelo desenvolvido no ATP e as simulações em simulações em
tempo real. Observa-se ainda que caso as simulações em tempo real
tenham sido realizadas considerando religamentos automáticos de
linha estas manobras devem ser validadas.
f. No processo de validação da modelagem, as semelhanças e as
diferenças devem ser claramente explicitadas de forma a justificar
eventuais desvios do esperado. A utilização de figuras comparativas é
imprescindível, mas o seu uso sem juízo de valor não será aceito.
As grandezas sugeridas para a comparação são as seguintes: valores
eficazes (rms) e instantâneos das tensões primárias e secundárias do
CER, correntes primárias do CER, corrente nos TCR, corrente nos TSC,
tensão medida pelo controle; sinais de controle como entrada do
controlador PI (erro), saída do controlador PI (susceptância primária),
potência reativa, susceptâncias dos TCR, sinal de ligado/desligado dos
TSC, sinal de atuação e desbloqueio da lógica de subtensão, sinais das
malhas de limitação (por exemplo, limitação de corrente no tiristor, tensão
secundária, etc) e outras julgadas importantes pelo desenvolvedor do
modelo do SVC. Assim sendo, todas essas grandezas têm que estar
disponíveis para a plotagem e inspeção.
Para efeito de modelagem, a rede de transmissão representada no
programa ATP deve ser feita com os parâmetros XOPT=COPT=60, uma
vez que esta é forma como as linhas, transformadores, reatores,
capacitores, etc, são representados na base de dados do ONS.
O modelo desenvolvido não deverá restringir o usuário de variar o passo
de integração do programa ATP em uma faixa de 1 a 50 µs, em degraus
de 5 µs.
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similar), evitando uso de diagramas do próprio ATPDraw, mostrando o
posicionamento de todos os componentes do CER;
b. Figuras que descrevam as malhas de controles e lógicas
representadas na modelagem no ATP. Essas figuras devem
corresponder fidedignamente à modelagem desenvolvida no ATP e
não em outros programas de transitórios eletromagnéticos;
c. Variáveis mais importantes usadas nos modelos devem ser descritas
no relatório, preferencialmente, na forma de tabela com nome e
função/descrição. A falta da tabela de variáveis impedirá o ONS de
analisar o modelo desenvolvido;
d. Caso exemplo de simulação do modelo, explicando de forma didática
o uso do modelo desenvolvido no ATP;
e. O ganho ajustado pelo “Otimizador de Ganho” do CER em função da
potência de curto-circuito do PAC e estatismo deverá ser explicitado
em uma tabela fornecida ao ONS;
f. Dados do transformador de acoplamento do CER que levaram a
modelagem apresentada no código. É necessária a representação dos
efeitos da saturação no modelo. A curva de saturação deve ser
fornecida e devem ser claramente explicitados seus parâmetros, tais
como: joelho, reatância de núcleo de ar (Xac) e corrente de
magnetização na tensão nominal;
g. As características básicas (manobra, curva de descarga 30/60 s) dos
para-raios utilizados na modelagem, bem como sua tensão nominal e
capacidade máxima de dissipação de energia;
h. Deverá ser previsto no modelo, e descrito no relatório, uma variável
para aplicação de degraus na referência do regulador de tensão do
CER, com seus respectivos tempos de aplicação e remoção;
i. O relatório deve ser escrito de forma a compor o banco de dados do
ONS para modelagem de CER no ATP. Assim sendo, deve ser didático
e exemplificar o seu uso através de casos simulados.
Independente da modelagem a ser desenvolvida no ATP (modo texto) ou
ATPDraw (modo gráfico), um manual de usuário deve ser fornecido com
detalhes dos nomes das variáveis e blocos de controle, deixando claro
como fazer a portabilidade do modelo de ATP desenvolvido do caso
exemplo contido no manual de usuário para um caso genérico a ser
estudado. A falta da tabela de variáveis e blocos de controle impedirá o
ONS de analisar o modelo desenvolvido.
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2.6 Requisitos de Modelagem
3 Checklist
As seções abaixo indicadas devem ser seguidas para facilitar o envio da
documentação do modelo ao ONS. A não observância desta seção poderá atrasar a
análise do modelo do CER por parte do ONS ou até inviabilizá-la.
3.2 Figuras
Essa seção contém figuras de exemplo para orientação de elementos que devem
ser documentados no manual do usuário.
A Figura 1 contém um diagrama geral de exemplo com as funcionalidades e
principais malhas de controle e de funções protetivas de um CER genérico. Algumas
variáveis de entrada e saída podem ser indicadas nessa figura.
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A Figura 2 contém um diagrama unifilar de exemplo com os principais componentes
de um CER e a indicação de variáveis importantes. É importante informar os valores
de potências nominais dos equipamentos, bem como a que tensões estão referidos.
A Figura 3 contém um exemplo de curva de saturação de um transformador de
acoplamento. A curva deve possuir boa definição e/ou vir acompanhada de tabela
de pontos. Os valores da tensão de joelho (Vj), da reatância a núcleo de ar (Xac) e
das bases utilizadas devem ser informados.
A Figura 4 contém um exemplo de diagrama de blocos de uma malha de controle
específica. Quanto ao nível de detalhamento, é importante indicar entradas e saídas,
funcionalidades, destacar variáveis importantes e disponíveis para plotagem, limites
e variáveis limitadas.
A Figura 5 contém um exemplo de curva de ciclo de sobrecarga indutiva. Uma figura
como essa deve indicar os patamares de tensão e as temporizações associadas.
Figura 1. Exemplo de diagrama de blocos geral com as principais malhas de controle e proteção de um CER.
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,
CR SC
var var
em em
Figura 2. Exemplo de unifilar do main circuit de um CER, indicando os principais elementos com as principais
informações.
(pu)
ac
j
(pu)
g max
Estatismo Sinal de i min
tua ão s
Otimizador Supervisor min
de Ganho
Figura 4. Exemplo de diagrama de blocos da malha da formação de erro e cálculo da susceptância, com
indicação de alguns sinais.
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(pu)
ms
,
, ms
, s
, contínuo
,
t
Figura 5. Exemplo de curva de ciclo de sobrecarga indutiva para CER com ponto de conexão em 500 kV.
( )
edido
, , , , ,
t (s)
Figura 6. Comparação de sinais de diferentes origens por sobreposição - ATP versus medido em FAT.
( ) ( )
edido
, , , , , , , , , ,
t (s) t (s)
Figura 7. Comparação de sinais de diferentes origens lado-a-lado - ATP versus medido em FAT.
4 Considerações finais
Esta Nota Técnica deverá ser dinâmica e, assim sendo, deverá ser continuamente
atualizada de forma a tornar a tarefa de modelagem dos CER no programa ATP mais
fácil para o desenvolvedor e para diminuir o tempo e as etapas de aprovação da
modelagem de CER junto ao ONS.
O ONS deverá ser consultado a respeito de aspectos não previstos nesta Nota
Técnica.
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5 Créditos
Esta Nota Técnica foi elaborada pela Gerência de Engenharia (EG), subordinada à
Diretoria de Planejamento (DPL). Participaram da realização deste trabalho os
seguintes profissionais:
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