História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
Uma hora depois do processo de venda, o escritor recebeu a notificação da entrada
dos milhares de reais e outros tantos em moeda americana e europeia, como adiantamento do aporte pela compra dos direitos. O leitor pode imaginar a confusão no escritor. Dormiria hoje? Estava rico! Escreveu sem escrever! Isso era correto? - Posso ir embora? - disse Maggie, com os olhos marejados e voz embargada. - Hein?! - Posso ir embora senhor? Já deixei tudo limpo. Ele estava rico. Possivelmente ficaria famoso em pouco tempo. E Maggie ali, marejada. Ele não poderia entender durante a catarse daquela manhã, mas a lágrima a descer pelo lado esquerdo da face de Maggie rompera com tudo. Rapidamente, lembrou de quando a conheceu, de seu comportamento um tanto robótico, que lhe imputava uma ideia de eficiência sem perturbação… Lembranças em choque com o choro da moça, finalmente, o escritor ouvia, em sua memória, a história do florista cedo pela manhã, e que ela o havia lido e…tudo se combinou quando ele a olhou dos pés até em cima: Maggie trabalhava descalça, mas já estava com seus sapatos - simples e práticos. Suas roupas em estilo básico - jeans e camiseta - deixavam-lhe o contorno de uma mulher cujos anos de trabalho físico constante trouxeram uma silhueta absolutamente bela. À mostra, braços e rosto exibiam sua alvura; aliada a um longo pescoço, suas marcas de expressão precocemente castigadas, contrastavam com uma boca fina, de textura lisa, brilhante e rosada. De repente tudo nela era charme, e transmitia uma personalidade nada passiva, oposta a que antes o escritor - e o mundo - enxergava. A partir daquele momento, tudo mudou: ele a vira em seu brilho, afinal. A lágrima feminina, certamente, tirou o homem da escuridão do escritor e, como dirão biógrafos eletrônicos da década seguinte a tudo isso, “no momento em que deixara de ser um escritor derrotado em busca de pagar minimamente suas contas, Maggie pôde surgir como mulher”. - Viaje comigo, Maggie? O que acha? - Hã?! - Maggie vedou sua emoção lacrimosa, desconcertada. - Maggie… Maggie, me desculpe. Tanta coisa aconteceu! Me perdoe. Vamos viajar, consegui algo, venha comigo e vamos aproveitar? - Trabalho amanhã, senhor! - Não me chame de senhor. Sou o Felipe, me… Me chame de Phil! - o escritor mudou seu semblante para algo desarmado e totalmente amoroso, continuando: - Peça demissão; Vou lhe adiantar 12 meses do que ganha lá imediatamente. O coração de Maggie pululava. Seria um sonho? Ela olhou para baixo, baixo perguntou: - Lembra quando resolveu deixar de me chamar pelo meu nome? Deixou de me chamar de Margarete e passou a me chamar de Maggie? - Combina com Phil. - É, combina, - concordou Maggie, com um sorriso. - Vamos! Como vai ser? - Vá, se apronte, amanhã chegando vamos para o aeroporto e decidimos. O mundo nos aguarda. - O rosto de Maggie, que já não era branco mas avermelhado com tudo aquilo, disse sim em gesto, e seu corpo se encaminhou até a porta. Voltando-se uma última vez para o escritor, disse: “até amanhã!”. O dia seguinte encontrou o escritor ainda desarrumado, com a mala pela metade, quando Maggie entrou no apartamento. Já passava das 10H. O escritor mal podia acreditar. Como um conto de Cinderela, da noite para o dia Maggie deixara sua condição de faxineira-faz-tudo para a de uma verdadeira lady. Chegara em um vestido marrom tabaco de bolinhas brancas, sem manga e com a barra à altura das panturrilhas torneadas. Luvinhas de renda nas mãos. Seus olhos, de um tom sem-cor melancólico passaram a olhos confiantes de castanho quase rubro. O escritor achava-a inclusive mais alta que nos dias costumazes; e o mais surpreendente Maggie estava loira. Seus cabelos agora emitiam uma luz dourada que parecia refletir o sol da janela. Não fosse pela maleta de rodinhas, prática como se esperaria de Maggie, a transformação teria sido total. - Vamos? Mesmo sua voz adquirira um tom quente e aveludado.