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Violeta
Depois de muito tempo, o escritor resolveu visitar seu café bunker, agora tão
distante. Já queria tê-lo feito, mas em parte a preguiça nunca permitiu, e de outra parte, tem
uma certa parcimônia, pois seu gosto era de reviver os velhos tempos, em que se sentava
solitário, quase sempre no mesmo lugar, e tomar seu café olhando para a rua. Como faria
isso, se agora estava com Maggie? Certamente ela iria estranhar, se dissesse querer ir
sozinho. Talvez fosse melhor primeiro ir com ela… Mas certamente quebraria uma certa
“magia”. O escritor queria mesmo era ir sozinho.
A indecisão já o desanimava quando, justo na tarde em que Maggie para seu pilates,
o interfone toca.
- Seu Felipe, aquela moça. Deixou de novo uma carta. Melhor pegar, da outra vez
dona Maggie não… - “Já estou indo!”, interrompeu o escritor, que correu para o
elevador. Passando na portaria, pegou o envelope, pediu sigilo, foi ao portão.
Olhando para os dois lados, e não vendo ninguém de imediato, olhou então para
trás. O porteiro apenas apontou com a mão para o lado esquerdo, e ele correu. Era
o mesmo lado para onde a moça do sobretudo havia virado quando ele a viu pela
janela. Totalmente fora de forma, o escritor mal aguentou correr 50m, e quando
alcançou a esquina, já não havia sinal de moça parecida com aquela. Aliás, sinal de
moça nenhuma.
- “Talvez você só precise estar onde possa ter seus defeitos”. Sabe quem disse isso?
Penny para Peter, no último livro que você escreveu com a própria mão. Devia
O escritor já nem ouviu a moça, pois seu olhar bateu em uma das fotos, colada bem
próxima a placa: ERA VIOLETA! O café não custou a chegar, e o escritor inquiriu a
funcionária sobre aquela foto, se a conhecia… Foi assim que confirmou que era mesmo
Violeta, que “o VBlog havia sido mas ela parou, ela vinha com muita frequência no café,
porque “ali era onde ele se inspirava para escrever pra valer”, disse a moça em tom próximo
ao deboxe. “Quem se importa, os livros dele hoje vendem muito mais, então certamente são
melhores, eu não li, o seu António nem gosta porque ele nunca veio depois que ficou
famoso; mas pelo menos criou um atrativo pro café né”.
Não pôde sossegar e olhar para a rua, como era sua intenção… Engoliu o café, deu
uma bela gorjeta para a moça, e foi embora com o coração disparado.