História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
História construída ao longo do período de dissertação, onde me disciplinei a escrever no máximo uma página por dia, a título de refresco mental em horas de não rendimento. O resultado me pareceu pitoresco, começou como um ensaio sobre tecnologia e inteligência artificial, e terminou comédia romântica.
A partir do mês seguinte, como prometido pela IA e em seguida pela empresa
publicadora, saltava o escritor da pacata vida de autor insipiente a de “estrela da bienal”. Todos queriam saber onde ele arranjava inspiração, como escrevia ao gosto tanto do público menos exigente como dos altos intelectuais. Riam com as fotos de sua infância e as entrevistas de seis familiares que riam do próprio desdem anterior à fama “eu dizia que seria melhor que fosse vender carros”, um irmão caçoou, “sei que andei afastado mas era o único jeito de dizer que o amava”, falou seu pai para uma revista sensacionalista. Sua mãe se esquecera dos anos que passara alugando a tia do escritor “preocupada com aquela vida desregrada que nunca imaginou um filho fosse ter”, e orgulhosamente estampava a todos seu sorriso de maior fã, orgulho, talismã brilhante que era para seu xodó. Era só o começo. Logo veio a enxurrada de aparições na mídia, pedidos de entrevistas e videomensagens emocionadas de fãs em diversas línguas. Até mesmo quando uma primeira ameaça fundamentalista contra a obra surgiu, Roni, o ex-agente e agora conselheiro fiel do escritor, disse: “agora você não cai mais Phil”. Naquele ano, surgiram duas coletâneas de textos anteriores (que de pobres e tacanhas se tornaram “tesouros literários inestimáveis” e “de incrível sensibilidade” segundo a crítica; um NFT do primeiro registro de Phil na Internet agora custava 22,5 milhões; e posar com ele era um troféu de políticos, coaches e sanguessugas em geral. A verdade é que o movimento meteórico do escritor mal deixava-o lembrar dos melhores dias de sua vida, de quando tomou coragem e convidou Maggie, de quando entraram naquele avião; quando no hotel ela apareceu em seu maiô de zebra e pela primeira vez ele se deslumbrou com suas pernas brancas e esculpidas como boneca de cera; quando ele lhe fez uma surpresa no restaurante mandando servir champagne em taças com alianças de compromisso; de quando ela, ao sair de um carrão alugado com um par de óculos escuros de armação branca, foi confundida pelos fãs com uma estrela de cinema que se hospedara no mesmo resort, e eles riram e brincaram com isso por toda a noite… Aqueles dias de pura folga já começavam a se tornar tão distantes como haviam sido os anteriores, encerrados quando Maggie apaixonou-se pelo escritor a partir de um texto romântico-clichê que lera dele, aceitara seu convite, demitira-se do café-bunker e enloirara-se no salão…