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- Mas Ivan, se as IAs avançaram a ponto de conseguirem escrever coisas incríveis por elas
mesmas, simulando padrões de escrita de qualquer autor, porque não criam elas mesmos
autores fictícios e se livram de vez dos humanos?
- Processos?
- Acontece que se não houver uma figura humana assinando pela obra da IA, a publicadora
digital pode ser acusada de plágio do padrão de escrita. Isso já foi feito mais de uma vez. O
mais bizarro: já foi feito uma vez orientado por uma IA assistente de um não escritor. Tem
que ver que, mesmo com o processo correndo digitalmente pelas IAs, no final é também um
corpo jurídico humano que assina, e a jurisprudência têm dado causa sempre para os
humanos, mesmo quando as máquinas concluem diferente em seus argumentos lógicos.
Além disso, as corporações sabem que precisam da figura “em carne e osso”, por dois
motivos: primeiro porque dá senso de realidade, pessoas podem ver a pessoa real em um
programa, esbarrar com ela em um restaurante, pedir autógrafos, etc. Mas o segundo - e
dizem por aí ser um motivo mais essencial - é que, todo processo relacionado à obra, uma
vez que você esteja com seu nome nela, vai pra você. Assim, a corporação tem uma trave
de proteção, onde o lixo resvala, vai pro autor mas não para ela. Você é só uma peça do
jogo, Phil. E não é a mais importante. Mas ora, aproveita, você antes era só um peão…
Agora já consegue dar seus pulos.
THX-2108
Características:
Deixe para trás os velhos drones de operação 100% manual ou semi-manual do século
XXI! Os novos minibots são unidades autômatas inteligentes e criativas, que trabalham
por você exatamente do jeito que você imaginou, ou melhor! O século XXII já chegou!
* Placas solares têm garantia de 3 anos. Tamanho ilustrativo. Disponível nas cores chrome-green, redbug e yellow-bee..
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Para a dentista Michele Oleama, 34, já não há mais espaço para indivíduos
no planeta, sem perda de qualidade. “Esse tipo de iniciativa só vai aumentar a
reserva de mercado, construir mais um motivo para preconceitos, e possivelmente
diminuir direitos trabalhistas. Essa coisas comem, dormem? Não né? Pois é”. O cientista social Ralph Lomez, da
UFSP diz que “quando a sociedade passa por avanços sempre há os grupos que reagem mal”. Ele lembra
Bauman, criador da ideia de modernidade líquida: “os estudos neobaumanianos mostram que estamos vivendo
uma contemporaneidade vaporosa, o que aproxima o pensador de algum modo de Marx. Isso quer dizer que há
um caminho sem volta para a tecnologia, que talvez esteja acelerando nosso processo de extinção ao mesmo
tempo em que nos dá suporte. Já o advogado doutor em ciências bioeletrônicas questiona: “se um androide
desses cometer um crime, deve ser considerado um imputado? A sociedade deve se questionar, pois se ainda
entende, apesar do fracasso histórico, que a punição tem como objetivo de um lado o afastamento do sujeito
agressor, e do outro a correção deste para que possa retornar em condições de uma vida social, de que vida
estamos falando aqui, e de que correção? Os humanos fracassaram tanto em corrigir como em ser corrigidos, a
não ser nos lugares onde uma vida social menos desigual conseguiu ser razoavelmente implantada. Não é o
nosso caso”, diz.
Nem todos pensam de forma negativa. O estudante de biotecnologia Maurício Petroni, 18, aposta que
a inclusão de androides na sociedade é positiva: “devem ser mais perfeitos que nós, eu namoraria uma
inclusive. Ou será que já namorei e não sei?”. O professor Lomez também comenta: uma das vantagens do
suporte a que me referi é que androides podem representar companhia em um mundo cada vez mais
antissocial. Raquel Furnari, psicóloga do Observatório do Comportamento, explica que “no século XX muita
gente passou a substituir o contato humano pelo animal, mas já no XXI a revolução digital trouxe cada vez mais
a aproximação humano máquina. Isso não vai parar, as pessoas deveriam se preocupar mais com como cada
vez mais nos parecemos máquinas, não com o contrário. Afinal, deveríamos no mínimo defender que ser
humano é bom e todo mundo gosta. Infelizmente não é assim.
Entre opiniões positivas e negativas, as negativas chegavam a 76% em pesquisa feita há cinco anos
atrás pelo DATAFLOR. O BMM reencomendou a encomenda e hoje a desaprovação da vida androide caiu para
apenas 55%, quando informada, e 38% quando não informada. Mas a sociedade de lá para cá só está mais e
mais ligada às IAs, e há quem diga que não se pode mais viver sem elas. A questão é: mesmo se elas andarem
por aí? []
“Cenas Deletadas”
Mas havia algo estranho. Ele não se recordava de ter escrito ou ditado certas palavras.
E por outro lado, não havia produzido poesia, por exemplo, nem falado sobre os cantos dos
Sioneses, …
- Eu não… Phil eu nasci diferente de você. Muito do que tenho por dentro é assim,
fios e peças.. O que para você são “aparelhos”, em mim são órgãos, tecidos… É
meu corpo.
Comprou o porteiro, não porque fosse “corruptível”, mas porque ele achava mesmo
Maggie uma pessoa estranha, simpatizava com o escritor, e “onde tem angu com caroço”
ele se sentia feliz em ajudar.
- Durante uma semana - instruiu o escritor - você vai tirar uma ou duas cartas , todos
os dias, do total de correspondências, e entregar as demais para a Dona Maggie,
como sempre fez. As cartas que estiverem contigo eu pego diretamente em minhas
saídas.