centralidade do trabalho do professor. Este é como que o eixo do processo, ele detém o
desenvolvido pelo professor. Neste sentido, o aluno, tende a ser visto como um sujeito
a análise – na medida em que o Professor vai lhe indicando os caminhos que deve
ação do professor que alimenta o aluno com seu conhecimento 1. Aqui, porém, nos
por si mesmo, a buscar, a pesquisar, a ler, analisar, a interrogar? Quando estará apto a
É por esta razão que se tem preferido, hoje, em vez de se tratar do ensino
porém, implica o envolvimento do aluno como sujeito ativo, como estudante, como
aquele que conduz também suas atividades em vista de construir, estruturar, organizar o
conhecimento a que tem acesso, numa síntese pessoal que envolve o esforço de
em que estão envolvidos o professor, o aluno, mas não só. Muitas outras instâncias
A formação científica
A ciência que produzimos e ensinamos tem seu marco constitutivo no séc. XVII,
método para a sua produção. Este século assiste à gradativa consolidação do período
destino deste período. Alguns, como Lyotard, Giroux e Lipovetsky, insistem que já foi
que vivemos ainda na modernidade, uma modernidade tardia, que vai se esfacelando,
engendrado nos fins do período medieval e consolidado ao longo dos séculos XVII,
XVIII e XIX. Boaventura de Sousa Santos (1995 e 2001), por sua vez, afirma que o
esgotamento do projeto da modernidade, Santos chama a atenção para dois dos pilares
emancipação. A atividade que foi denominada mais tarde de ciência, nasceu do desejo
da realidade. Este modelo vai procurar prestar atenção nas leis, nas causas e efeitos dos
científico que pressupõe que o pesquisador seja neutro, imparcial diante do seu objeto
realidade, elaboradas por outras culturas, por outras sociedades – o que Santos chama de
pilar da emancipação para o pilar da regulação. Isto significa que a visão científica
na qual a ciência e os cientistas se colocam como autoridade, suas conclusões não são
Mas os próprios avanços das pesquisas científicas orientadas por este modelo, na
passagem do século XIX para o século XX e durante a vigência deste, vão desembocar
em descobertas que, por sua vez, vão se encarregar de colocar em crise o mesmo
quanto dos indivíduos pertencentes a essas classes; Freud, com a Psicanálise, coloca em
matemática está assentada sobre postulados sobre o caráter não contraditório do sistema
situações críticas, passam por flutuações microscópicas não lineares que conduzem a
gerados pela ciência moderna e esta se torna hegemônica, a divulgação escolar destes
resultados torna-se, aos poucos desconectada das situações e problemas que os geraram.
novos problemas e perguntas surgem. Uma das questões cruciais do ensino científico,
científicos – sem antes ter apresentado as perguntas. Muitos alunos nem sequer sonham
2
Cf CARVALHO, Alex M. et al. Aprendendo metodologia científica: uma orientação para os alunos da
graduação. 3.ed. São Paulo: O nome da Rosa, 2002, p. 54-55 e SANTOS, B. de S. Para um novo senso
comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. v.1: A crítica da razão indolente:
contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2001, p. 68-117.
tornam-se, portanto, desconexos, sem sentido. Respostas a perguntas que não foram
feitas.
A formação profissional
somente pelas exigências deste. Ora, é claro que as Instituições de Ensino Superior,
quando se propõem a formar profissionais, não podem não prestar atenção ao mercado
de trabalho com suas exigências atuais. Este, porém, em nossos dias, tende a ser cada
vez mais restrito, conservador, altamente competitivo, não somente pelo nível de
exigência mas também pela tendência atual de organizar os processos de trabalho com o
trabalho mas ampliar sua visão na direção do campo de atuação profissional. Assim,
sociedade mesma para as quais a própria Universidade deve estar atenta, acompanhar,
nosso ver, assumir o compromisso com a formação profissional não somente por meio
propondo sua ampliação por meio de avanços e novos caminhos de inserção dos
profissionais na sociedade.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
MERCADO DE TRABALHO
Figura 1 – Relação entre formação profissional, campo de atuação profissional e mercado de
trabalho
A formação universitária
pesquisador que se orienta por este modelo supõe que não esteja comprometido com a
O novo paradigma que se desenha procura elaborar uma crítica desta perspectiva
que vai ser feito dele. O conhecimento produzido pela comunidade científica não pode
humanos.
3
Cf. CARVALHO, 2002, 11-19.
4
Cf. BONATTO, Francisco R. de O. Educação, moralidade e ética. Revista Renascença de Ensino e
Pesquisa, São Paulo, n. 4, p. 65-68, ago/dez, 2001.
Práticas investigativas na Educação Superior5
partir das práticas investigativas como uma das estratégias que permitem esta nova
investigativas no ensino?
5
O texto a seguir é fruto das reflexões do autor com a Profa. Maria Eliane Catunda em módulo de
formação de professores conduzido no Campus Poços de Caldas.
Universidade, bem como de outras bolsas mantidas por outras instituições estatais ou
extensão e estágio que o professor pode propor individualmente ou com outros colegas.
No que se refere ao estágio, principalmente, suas atividades não devem estar restritas
Projeto Pedagógico dos cursos todos devemos nos considerar envolvidos com esta
atividade de formação que não deve ser vista como simples aplicação prática do que se
aprende nas aulas, mas como espaço de vivência das atividades profissionais que
permitem uma constante interação entre a prática e a teoria que interagem em vista da
formação profissional.
pesquisa explicita. Muitos estudantes, por diferentes motivos, não têm oportunidade de
mais do que simples informação sobre assuntos da matéria, constitua numa educação do
olhar. Permitem que o ensino faça o exercício de teorizar, do grego theoréo, olhar.
Resgata, portanto, a capacidade de olhar com atenção, problematizando a realidade e
graduação encontra desafios para os quais é preciso que estejamos atentos. Esta
sala de aula, sem o tempo necessário para refletirmos sobre as implicações do processo
de ensino e aprendizagem, nos levam a reproduzir aquilo que reputamos como mais
adequado, a partir de nossas próprias vivências como alunos e dos professores que
encontramos. Muitos alunos, por sua vez, sentem-se cômodos quando podem
simples. Mais tarde ressentem-se de não saberem lidar de modo mais criativo em
atuam e que se reflete em seu plano de ensino. Exige ainda um esforço constante de