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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Curso: Engenharia da Produção Disciplina: Engenharia Econômica

Conteudista: Roberta Fernanda da Paz de Souza Paiva

Aula 6 – Séries de Pagamentos Variáveis – Pagamentos Antecipados e


Postecipados – Aplicação das fórmulas

Meta

Aplicar e consolidar os conceitos de séries de pagamentos iguais ou variáveis


para pagamentos antecipados e postecipados
Objetivos
1. Fixar conceitos que envolvam séries de pagamentos
2. Representar graficamente um fluxo de caixa contendo tais operações
3. Resolver problemas que envolvam série de pagamentos iguais ou
variáveis

Pré-requisitos: Antes de começar essa aula separe calculadora científica,


régua, lápis e borracha, pois esse material será útil não só nesta, mas em
todas as aulas dessa disciplina.
1. Introdução

Prezados alunos, com a aula de hoje concluiremos uma parte importante


da disciplina, que é a que nos dará base para trabalharmos com as
ferramentas da Engenharia Econômica. É fundamental que vocês tenham
entendido e exercitado os conceitos trabalhados até aqui pois, como podem
perceber, o entendimento de cada aula depende do aprendizado obtido nas
aulas anteriores. E isso vai ser assim até a última aula da disciplina.

Nesta aula serão apresentadas situações em que precisamos aplicar os


conceitos de séries de pagamentos mais complexas que as vistas
anteriormente, sejam pagamentos antecipados ou postecipados. Serão
incluídas também situações em que deveremos calcular taxas de juros
equivalentes para concluirmos a resolução do problema.

Vamos trabalhar com as fórmulas já apresentadas em aulas anteriores.


Para resolver os problemas vocês deverão entender o que se pede e, se
tiverem exercitado bem as fórmulas e entendido os conceitos, conseguirão
enxergar a melhor maneira de resolvê-los. Vamos lá!

2. Problemas
2.1 Fórmulas
Para começarmos vamos relembrar as fórmulas aplicadas para a obtenção
do valor presente, montante e parcelas quando os pagamentos são iguais e
postecipados (aula 4).
S = montante
R = parcela ou prestação
P = valor presente
Encontrar: Fórmula Tabelado
S dado R S=Rx S = R x FAC(i%,n)

R dado S R=Sx R = S x FFC (i%,n)

P dado R P=Rx , P = R x FVA (i%,n)

R dado P R=Px R = P x FRC (i%,n)

Relembrando as fórmulas aplicadas para pagamentos iguais e antecipados


(aula 5):

Encontrar: Fórmula Tabelado


S dado R S = R x (1+i) x S = R x (1+i) x FAC(i%,n)

R dado S R = S x [1/ (1+i)] x R = S x [1/ (1+i)] x FFC (i%,n)

P dado R P = R x (1 + i) x P = R x (1 + i) x FVA (i%, n)

R dado P R = P X [1/(1+i)] x , R = P X [1/(1+i)] x FRC (i%, n)

Relembrando as fórmulas para o cálculo de montante e valor presente no caso


de pagamento único (aula 2).

S = P(1+ i)n

P = S x 1/ (1+i)n

Relembrando a fórmula usada para calcularmos a equivalência da taxa de juros


(aula 3):
iq= (1 + it) q/t – 1
onde:
iq = taxa de juros para o prazo que eu quero
it = taxa de juros para o prazo que eu tenho
q = prazo que eu quero
t = prazo que eu tenho
Não se esqueçam que podemos consultas as tabelas
financeiras para facilitar nossos cálculos!!!

Vamos pensar um pouco?

Antes de apresentar os casos, vamos pensar qual é a função do crédito na


sociedade? Falamos muito do crédito como meio para adiantarmos nosso
consumo e de nossa família, para quitar dívidas, ... mas o crédito tem um papel
fundamental na manutenção da capacidade produtiva da economia, pois
financia investimentos das empresas que produzem, geram demanda para
outros setores e empregos ocupados pelos cidadãos. Pode ser direcionado
para criar capacidade produtiva ou para modernizar a existente, permitindo a
otimização dos processos produtivos que se tornam “ecológicos”, por
reduzirem a utilização de matéria-prima e a emissão de poluentes. E isso é
apenas uma parte do que o crédito pode realizar. E você, consegue visualizar
em que o crédito pode contribuir para o crescimento econômico e o
desenvolvimento de uma sociedade? Pense nisso!

2.2 Alguns casos

Nesta seção serão apresentados exemplos que envolvem séries de


pagamentos iguais ou distintos, consecutivos ou não consecutivos, mas que,
com as fórmulas que aprendemos e o entendimento do fluxo de caixa da
operação conseguiremos fazer os cálculos necessários:

2.2.1 Calcule qual o montante, ao final de 5 meses, de uma série de 5


pagamentos mensais, consecutivos e postecipados, dos seguintes valores:
$520,00; $480,00; $320,00; $620,00; $790,00. Considere a taxa de juros
mensal de 3%.
Resposta:

Primeiramente vamos elaborar o fluxo de caixa para o problema.

Agora que entendemos o que se pede, vamos aos cálculos.

Esse problema apresenta 5 pagamentos variáveis e, portanto, deveremos


aplicar a fórmula para pagamento único para cada pagamento da série e
depois somarmos todos os 5 montantes calculados (St = S1 + S2 + S3 + S4 + S5):

S = P(1+ i)n

S1 = 520,00 (1,03)4

S1 = 520,00 (1,1255)

S1 = 585,26

S2 = 480,00 (1,03)3

S2 = 480,00 (1,0927)

S2 = 524,50

S3 = 320,00 (1,03)2

S3 = 320,00 (1,0609)

S3 = 339,49

S4 = 620,00 (1,03)1
S4 = 620,00 (1,03)

S4 = 638,60

S5 = 790,00 (1,03)0

S5 = 790,00 (1)

S5 = 790,00

St = S 1 + S 2 + S3 + S 4 + S 5

St = 585,26 + 524,50 + 339,49 + 638,60 + 790,00 = 2.877,85.

O montante calculado para a série de pagamentos apresentada é de $


2.877,85.

2.2.2 Qual será, ao final de 18 meses, o montante de uma operação que


consiste no depósito de 6 parcelas bimestrais, iguais e antecipadas de
2.000,00. Considere a taxa de juros bimestral de 3,5%.

Resposta Comentada:

Para entender o que o problema pede vamos elaborar o fluxo de caixa.

A partir do fluxo de caixa podemos entender que os depósitos bimestrais


ocorrerão do mês zero ao mês 5, totalizando 6 depósitos. Depois disso, não
temos mais depósitos, mas sobre o valor já depositado ainda incide juros.
Para resolver o problema teremos que calcular dois montantes. Um que
seria o S1, serviria para encontrarmos o resultado das aplicações até o mês 6
para pagamentos antecipados, como temos feito até aqui.

Mas o que há de novo nesse problema?

É que nos problemas anteriores o prazo terminava ao final dos


depósitos, o que não ocorre nesse problema, já que são 6 depósitos bimestrais
mas a operação se encerra em 9 bimestres. Sendo assim, o dinheiro continua
rendendo até o 9º bimestre.

S1= R x (1+i) x e S2 = S1 x (1+i)n

S1= R x (1+i) x

S1 = 2.000 x 1,035 x 6,55

S1 = 13.558,81

S2 = S1 x (1+i)n

S2 = 13.558,81x 1,1087

S2 = 15.032,90

O montante da operação é de $ 15.032,90.

Como podemos observar, a resolução do problema envolveu o


conhecimento que já tínhamos, só precisamos entender de que maneira utilizá-
los diante dessa situação. Esse problema mostra a importância de se entender
e registrar o fluxo de caixa das operações.
2.2.3 Calcule um montante de uma série de 8 pagamentos mensais e
consecutivos, sendo os 5 primeiros iguais a 1.000,00 e os 3 últimos iguais a
1.200,00. Considere a taxa de juros de 2% ao mês. Considere pagamentos
antecipados.

Podemos resolver de algumas formas, entre elas:

a) Considerar o montante como o somatório do montante de 5


aplicações de R$1.000 (S1) + o montante de S1 até o último mês da
operação (como no exemplo anterior) + o montante das aplicações de
R$1.200,00. Ou

b) Considerar uma série de pagamentos iguais R = 1.000,00 com 8


parcelas e uma série com 3 pagamentos iguais de 200,00. Seriam
dois montantes, um para cada série. O resultado seria a soma dos
dois.

Vamos optar pela segunda alternativa:

Primeiramente vamos elaborar o fluxo de caixa para o problema.

Como optamos pela alternativa b, devemos calcular o S1:

R = 1.000,00

n=8

i = 2% a.m.
S1= R x (1+i) x

S1 = 1.000 x 1,02 x 8,58297

S1 = 8.754,63

Para calcular S2:

R = 200,00

i = 2% a.m.

n=3

S2 = 200,00 x 1,02 x 3,0604

S2 = 624,32

St = S1 + S2 = 8.754,63 + 624,32

S = 9.378,95

2.2.4 Calcule o valor principal de uma série de 10 pagamentos


bimestrais alternados, dispostos da seguinte forma: meses 1,3,5,7 e 9
pagamentos de 1.000,00; meses 2,4,6,8 e 10 pagamentos de 3.000,00.
Considere uma taxa mensal de juros de 2%.
Primeiramente, vamos fazer o fluxo de caixa do problema.
A partir do fluxo de caixa podemos entender o problema. Podemos
dividir a série em duas:

a) Uma série de pagamentos mensais de 1.000,00, do mês 1 ao mês


10.
b) Uma série bimestral de 2.000,00 nos meses pares: 2,4,6,8,10.

P=?
i = 2% a.m.
R = 1.000,00

A primeira série (a) deve ser calculada considerando-se taxa de juros mensal e
n=10 meses.

Sendo:

P1 = R x ,

P1 = 1.000,00 x

P1 = 1.000,00 x 0,219/0,0244

P1 = 8.975,41

Para calcularmos o valor principal da segunda série de pagamentos (b), vamos


aos dados:

R = 2.000,00
i = 2% a.m.

P= ?

A taxa de juros dada pelo problema é mensal e a série para a qual devemos
calcular o valor principal é bimestral. Precisamos, então, calcular a taxa de
juros bimestral equivalente à taxa mensal de 2%. Para isso, devemos aplicar a
fórmula:

iq= (1 + it) q/t – 1


onde:
it = 2%
q=2
t=1

ib= (1 + 0,02) 2/1 – 1


ib = 0,04

Agora que temos a taxa de juros bimestral, podemos calcular P.

P2 = R x

P2 = R x

P2 = 2.000,00 x 0,2167/0,0487

P2 = 8.899,38

Somando-se o valor principal da série (a) com o valor principal da série (b),
temos o valor principal do problema apresentado.

Pt = P 1 + P 2

Pt = 8.975,41 + 8.899,38

Pt = 17.874,79
O valor principal da série de pagamentos apresentada é de $ 17.874,79.

Agora que já vimos alguns casos, vamos fazer algumas atividades para
exercitar.

Atividade 1 – Atende os objetivos 1,2 e 3.

1.1 Um empréstimo será pago em 12 parcelas mensais, consecutivas e


postecipadas. As seis primeiras parcelas no valor de $300,00 e as
seis últimas parcelas no valor de $ 450,00. Elabore o fluxo de caixa
para o problema e calcule o montante da operação para uma taxa de
juros de 3,5% a.m.

Resposta:
Resposta Comentada:

Fluxo de caixa para o problema:

Depois de calculado o fluxo de caixa, conseguimos visualizar melhor o


problema apresentado. Podemos dividir a série de pagamentos em duas
séries: a) uma série de pagamentos iguais, mensal e consecutivos de
$300,00, pelos 12 meses; b) uma série de 6 pagamentos iguais,
mensais e consecutivos de $150,00, iniciados no mês 7.
Para encontrarmos o montante da operação devemos calcular os
montantes para cada uma das séries.
a) Sendo
i = 3,5%
R = $300,00
n = 12

S1 = R x

S1 = 300,00 x

S1 = 300,00 x 14,612
S1 = 4.380,59

b) Sendo:
i = 3,5%
R = 150,00
n = 6 (a partir do mês 7)

S2 = R x

S2 = 150,00 x

S2= 150,00 X 6,55

S2 = 982,52

ST = S 1 + S 2

ST = 4.380,59 + 982,52

ST =

O montante da operação é de $ 5.363,11.

1.2 Joana fez um empréstimo nas seguintes condições: o pagamento


deverá ser feito em 6 prestações iguais, mensais e consecutivas de $890,00
sendo a primeira paga 120 dias após a realização do empréstimo; a taxa de
juros incidente na operação é de 4,0%. Elabore o fluxo de caixa para o
problema e calcule de quanto foi o empréstimo tomado por Joana.

Resposta:
Resposta Comentada:
Fluxo de caixa para o problema.

O fluxo de caixa nos mostra que as parcelas começarão a ser pagas


a partir do mês 4, sendo pagas até o mês 9. O que se pede no problema é que
se calcule o valor principal, que será o valor tomado por Joana na operação.
Primeiro vamos calcular o valor principal para as prestações pagas.
P= ?
i = 4% a.m.
n=6

P = 890,00 x

P = 890,00 x 5,2434

P = 4.666,62

O valor principal no momento (0) do nosso fluxo de caixa (mês 3) é de


$4.666,62. Agora precisamos calcular o valor presente para o momento zero da
operação, o que poderá ser feito a partir da aplicação da fórmula para o cálculo
para pagamento único: P = S x 1/ (1+i)n .

Onde: S = valor principal no mês 3 = 4.666,62

i = 4% a.m.
n= 3

P = 4.666,62 x 1/ (1+0,04)3

P = 4.666,62 x 0,889

P = 4.148,62

O valor do empréstimo tomado por Joana foi de $4.148,62.

1.3 Calcule o montante para a seguinte operação:


• 9 depósitos iguais, bimestrais, consecutivos e postecipados no
valor de 700,00.
• Resgate 3 bimestres após o último depósito.
• Taxa de juros: 3,5% a.m.

Resposta:
Resposta Comentada:

Fluxo de caixa para a operação:

Ao observarmos o fluxo de caixa percebemos que devemos calcular o


montante da operação até o mês 9 (S1), aplicando a fórmula para cálculo de
montante de séries de pagamentos iguais e postecipados. Esse montante
ainda ficará aplicado até o mês 12 sendo, portanto, o valor presente de uma
série de pagamento único para a qual deveremos calcular o montante (S2).

Antes dos cálculos, devemos observar a taxa de juros, que no problema


é dada ao mês. Como na operação os depósitos são bimestrais, devemos
primeiramente calcular a taxa de juros bimestral equivalente à 3,5% a.m.

iq= (1 + it) q/t – 1


onde:
it = 3,5%
q=2
t=1

ib= (1 + 0,035) 2/1 – 1


ib= 0,0712 ou 7,12%

Agora, podemos calcular o S1.

S1= R x
S1= 700,00 x

S1= 700,00 x 12,0379

S1 = 8.426,54

O montante da série de pagamentos iguais de $700,00 é de $ 8.426,54. Esse


valor será o valor principal da série em que calcularemos o S2.

S2 = P(1+ i)n

S2 = 8.426,54 (1+0,0712)3

S2 = 8.426,54 (1,2292)

S2 = 10.357,64

Box 6.1 – Cuidado com as dívidas!!!!

Já falamos muito sobre juros e sabemos que em muitos casos as pessoas


precisam pagá-los para tomar empréstimos para quitar dívidas. Já vimos
também que, dependendo das taxas de juros o custo de se utilizar recursos de
terceiros é muito elevado. Vamos dar uma olhada em algumas origens das
dívidas apresentadas pelo Banco Central do Brasil. Vale a pena ficarmos
atentos para evitarmos o endividamento e a tomada de empréstimos que
poderão tornar nosso orçamento doméstico deficitário.

Origem das dívidas:


Fonte: Banco Central do Brasil. Caderno Educação Financeira. Gestão de
Finanças Pessoais. Disponível em
http://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadania_financeira.pdf
3. Conclusão

Nesta aula descobrimos que, a partir da aplicação das fórmulas que já


foram apresentadas, conseguimos trabalhar com diversas séries de
pagamentos, basta apenas entender aquilo que se pede nos problemas.

Bom estudo! Não deixe acumular conteúdo ou dúvidas para a próxima


aula!

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