Você está na página 1de 5

FICHA DE LEITURA 1

MANNHEIM, K. “O conceito sociológico do pensamento”, “O problema do intelectual” In Mannheim (org. M. Foracchi e F.


Fernandes). São Paulo: Ática, 1982, p. 96-100; 101-106.

Conceito sociológico de pensamento


“o problema de como os homens realmente pensam” “o pensamento (…) [em] seu funcionamento efetivo na vida pública e na
política, como instrumento de ação coletiva” p. 96

“A importância do conhecimento social cresce proporcionalmente com a necessidade cada vez maior de uma intervenção
reguladora no processo social” p. 97

o conhecimento social “constitui um complexo dificilmente dissociável, quer das raízes psicológicas dos impulsos emocionais
e vitais a ele subjacentes, quer da situação em que teve origem e que procura solucionar” p. 97

“um método adequado à descrição e análise desse tipo de pensamento e de suas mudanças (.,.) método que, além de fazer
justiça ao caráter único e peculiar do fenômeno, abra caminho à sua compreensão crítica. O método que procuraremos
apresentar é o da sociologia do conhecimento” p. 97

“A tese principal da sociologia do conhecimento é a que afirma a existência de modos de pensamento incapazes de serem
adequadamente compreendidos enquanto permanecerem obscuras as suas origens sociais” p. 97

“Não há a menor dúvida de que só o indivíduo é capaz de pensar. Não existe essa entidade metafísica denominada espírito
grupal, que pensa acima das cabeças dos indivíduos, ou cujas idéias estes se limitem a reproduzir. Mas nem por isso se deve
concluir que todas as idéias e sentimentos que motivam a conduta de um indivíduo tenham exclusivamente nele suas origens
e possam ser adequadamente explicadas apenas à luz de sua própria existência” p. 97

“Do mesmo modo que seria incorreto procurar deduzir um idioma da observação de um indivíduo único, que não fala uma
língua própria, mas aquela de seus contemporâneos e antepassados, que lhe desbravaram o caminho, seria incorreto
explicar a totalidade de uma concepção com referência apenas à sua gênese no espírito do indivíduo” p. 97

o indivíduo “fala o idioma de seu grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a sua disposição apenas determinadas
palavras e significados. Estas não só determinam, em grau considerável, as vias de acesso mental ao mundo circundante
FICHA DE LEITURA 2
MANNHEIM, K. “O conceito sociológico do pensamento”, “O problema do intelectual” In Mannheim (org. M. Foracchi e F.
Fernandes). São Paulo: Ática, 1982, p. 96-100; 101-106.

mas também mostram, ao mesmo tempo, sob um ângulo e em que contexto de atividade os objetos foram até agora
perceptíveis e acessíveis ao grupo ou ao indivíduo” p. 98

“a sociologia do conhecimento procura compreender o pensamento dentro da moldura concreta de uma situação histórico-
social, de que o pensamento individualmente diferenciado emerge mui gradualmente” p. 98

“os homens dentro de certos grupos que elaboram um estilo peculiar de pensamento graças a uma série interminável de
reações a certas situações típicas, características de sua posição comum” p. 98

o indivíduo “encontra-se dentro de uma situação herdada, com padrões de pensamento a ela apropriados, e procura
aperfeiçoar mais ainda os modos de reação herdados ou substituí-los por outros, para enfrentar com armas mais adequadas
as novas dificuldades provenientes das variações e mudanças da situação” p. 98

“Cada indivíduo é pois, um duplo sentido, predeterminado pelo fato de se ter criado dentro de uma sociedade: por um lado, já
encontra uma situação definida e, por outro, encontra, dentro dessa situação, padrões de conduta e de pensamentos
estabelecidos” p. 98

Os componentes de um grupo “cooperam e competem em grupos diversamente organizados e, assim fazendo, ora pensam
em comum, ora antagonicamente” p. 98

“os indivíduos reunidos em grupo forcejam, segundo o caráter e a posição dos grupos a que pertencem, por modificar o
mundo circundante da natureza e da sociedade, ou procuram perpetuá-lo em uma dada condição. É a direção dessa vontade
de mudar ou conservar, dessa atividade coletiva, em suma, que fornece o fio orientador ligado ao aparecimento de seus
problemas, seus conceitos e suas formas de pensamento” p. 98-99

“É possível que, em certas esferas do conhecimento, seja o impulso de agir o primeiro a tornar os objetos do mundo exterior
acessíveis ao sujeito ativo; é possível também que seja este o fator que determina a seleção dos elementos da realidade que
entram no pensamento” p. 99
FICHA DE LEITURA 3
MANNHEIM, K. “O conceito sociológico do pensamento”, “O problema do intelectual” In Mannheim (org. M. Foracchi e F.
Fernandes). São Paulo: Ática, 1982, p. 96-100; 101-106.

“Talvez seja precisamente quando essa oculta vinculação do pensamento à existência do grupo e suas raízes na ação se
tornam visíveis, que pela primeira vez se possa, mediante reconhecimento dessas conexões, atingir uma nova espécie de
controle sobre fatores, até então incontroláveis, do pensamento” p. 99

“As nossas observações deveriam deixar bem claro que a preocupação com tais problemas e sua solução não só oferecerá
às ciências sociais uma base segura mas resolverá a questão a possibilidade de orientar cientificamente a vida política” p. 99-
100

“É evidente que nas ciências sociais, como em todas as outras, o critério definitivo da verdade ou falsidade está na
investigação do objeto, e a sociologia do conhecimento não nutre a pretensão de ser um substituto dele. Mas o exame do
objeto não é um ato isolado; processa-se num contexto colorido por valores e impulsos volitivos, inconscientes e coletivos. É
esse interesse intelectual, orientado por um molde de atividade coletiva que, nas ciências sociais, fornece não apenas
questões de caráter geral mas hipóteses concretas para a pesquisa e modelos de pensamento que ordenarão a experiência”
p. 100

“Só na medida em que logramos trazer ao âmbito da observação consciente e explícita os vários pontos de partida e de
abordagem dos fatos, correntes a discussão científica como na popular, poderemos ter a esperança de vir a controlar, com o
tempo, as motivações e pressuposições inconscientes que, em última análise, deram à luz esses modos de pensamento.
Atingir-se-á um novo tipo de objetividade nas ciências sociais, não pela exclusão dos julgamentos de valor, mas tomando
consciência delas, analisando-os criticamente e controlando-os” p. 100

O problema do intelectual

“O aparecimento do grupo dos intelectuais assinala a última fase do crescimento da consciência social. Foi o último grupo a
adotar a perspectiva sociológica, pois sua posição na divisão social do trabalho não proporciona acesso direto a nenhum
segmento vital e operante da sociedade. O gabinete isolado e a dependência em relação à matéria impressa propiciaram uma
visão indireta do processo social” p. 101
FICHA DE LEITURA 4
MANNHEIM, K. “O conceito sociológico do pensamento”, “O problema do intelectual” In Mannheim (org. M. Foracchi e F.
Fernandes). São Paulo: Ática, 1982, p. 96-100; 101-106.

“Não admira que essa camada permanecesse por longo tempo inconsciente do caráter social da mudança. E aqueles que
finalmente se mostraram sensíveis à pulsação social da época viram obstruído pelo proletariado o seu caminho rumo a
uma avaliação sociológica da própria posição” p. 101

“O proletariado já havia completado sua própria visão de mundo quando apareceram em cena aqueles retardatários (…). Era
perfeitamente natural que o proletariado colocasse a si próprio no centro de sua visão de mundo”

“Todos os grupos que estão à busca de uma orientação social tentam primeiro uma interpretação da sociedade que os motive
e tal vezo se corrige apenas em um nível mais elevado de reflexão – nível do qual nos aproximamos através da sociologia do
conhecimento” p. 101-2

“Quando grupos esparsos de intelectuais se dispuseram a determinar sua posição sociológica, começaram por interpretar a si
próprios dentro do quadro de referência criado pelo proletariado para si mesmo” p. 102

“A presunção inicial do intelectual é em parte explicada pelo fato de que, considerando-se ele o único intérprete autorizado
das coisas do mundo, podia pretender um papel significativo, muito embora agisse, na maioria dos casos, a serviço de outras
camadas” p. 102

o proletariado produziu uma interpretação do mundo social muito coerente, no entanto, esse novo ponto de vista impôs aos
intelectuais uma auto-avaliação exterior e inadequada, p. 102

o método que consiste em interrogar um fenômeno como sendo de classe ou não de classe, é um método ideológico origina-
se num ato de “afirmação pessoal agressiva e irrefletida” que confunde os adversários. “E assim, os intelectuais,
inexperientes quanto ao pensamento sociológico, tiveram de enfrentar a alternativa ‘é classe, ou não é classe’ para
descobrirem a sua própria nulidade; pois, não sendo classe, sem dúvida devem constituir uma não-entidade social” p. 102

“O homem tem apenas de estar pronto para abandonar interpretações impostas e pensar a partir de seu próprio ponto de
vista, para encontrar seu lugar próprio na ordem de coisas em mudança – como, aliás, deve fazer qualquer grupo atualmente”
FICHA DE LEITURA 5
MANNHEIM, K. “O conceito sociológico do pensamento”, “O problema do intelectual” In Mannheim (org. M. Foracchi e F.
Fernandes). São Paulo: Ática, 1982, p. 96-100; 101-106.

p. 103-4

os intelectuais não formam uma classe nem um partido, seus interesses entre si são os mais diversos, bem como suas
origens de classe. p. 104

“Os intelectuais formam uma camada intersticial (…). Pode-se resumir da seguinte maneira as características essenciais
dessa camada: é um agregado que está entre as classes, mas não acima delas. Individualmente os membros de um grupo
dos intelectuais podem ter, como é o caso freqüentemente, uma orientação particular de classe e, em conflitos reais, podem
aliar-se a um ou outro partido político. Além disso, suas escolhas concretas podem ser coerentes e características de uma
clara posição de classe. Mas, além e cima dessas afiliações, ele é motivado pelo fato de que seu treinamento o equipou para
enfrentar os problemas da hora a partir de diversas perspectivas e não apenas de uma (…). Seu equipamento adquirido
torna-o potencialmente mais instável que os outros. Pode mudar seu ponto de vista com mais facilidade e está menos
rigidamente comprometido com um dos lados da disputa, pois é capaz de experimentar concomitantemente várias
abordagens conflitantes de uma mesma coisa. Essa propensão pode às vezes entrar em conflito com os interesses da classe
da própria pessoa. (…) se sinta à vontade em uma área mais extensa de uma sociedade polarizada, mas também o tornam
um aliado menos digno de confiança” p. 104-5

os intelectuais “de maneira alguma estão melhor dotados que outros grupos da capacidade de superar seus próprios vínculos
de classe”p. 105

“certos tipos de intelectual têm maiores oportunidades de testar e usar visões socialmente disponíveis e de experimentar suas
incoerências” p. 106

Você também pode gostar