por Edson Martinho, engenheiro eletricista pela UMC em 1992, pós graduado em marketing
pela UMESP em 2004, consultor de empresas e presidente da ABRACOPEL - Associação
Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
CAPÍTULO I
VERIFICAÇÃO DA INSTALAÇÕES
Introdução o de ADEQUADO, isso se credita às certificações. Na Alemanha, há
duas maneiras: uma é através da declaração do que eles chamam
Há muitos anos transitando pelo setor elétrico e, mais de ELEKTROMEISTER, que na tradução ao pé da letra é o mestre de
especificamente no setor de instalações elétricas, ouvimos elétrica, ou seja, o responsável. Este profissional é respeitado por ser
constantemente a necessidade de se criar um mecanismo de um profissional qualificado e portanto pode conduzir a inspeção.
garantia para saber se uma instalação elétrica foi bem construída e A outra maneira é contratar uma inspeção de terceira parte
que esta instalação apresentaria os requisitos mínimos de qualidade realizada por uma associação onde os membros são profissionais
e segurança que uma instalação elétrica deve ter. (Elektromeister), que se submetem a um exame de competência
Ao buscar mais informações descobrimos que existe uma série para adquirir este status. No Reino Unido, a certificação também
de maneiras para solucionar este pequeno detalhe, ou seja, garantir é voluntária, porém, como 20% das residências do Reino Unido
que uma instalação elétrica seja segura, ou possui segurança mínima são mantidas pelo governo, o órgão de saúde e segurança requer
para os usuários, como é o caso do uso de normalização para a certificação de todas estas residências. Em outros lugares, como
projeto e execução, além da ampliação, porém a maioria dessas na Argentina, que conduz através de uma associação a certificação,
ações acabam não sendo exigidas ou mesmo vistas como ações não também trazem esta certeza da necessidade e da importância da
confiáveis. A nossa cultura de trocar preço baixo por qualidade na certificação das instalações elétricas.
instalação elétrica nem sempre é benéfica e por este motivo acaba Nos Estados Unidos, a preocupação com a inspeção das instalações
gerando essa desconfiança. elétricas data dos idos de 1900, impulsionada inicialmente pelas
Uma das melhores formas de assegurar que uma instalação companhias de seguro. Com o tempo, as autoridades competentes
elétrica é segura consiste na sua verificação por um órgão de (prefeituras ou bombeiros, dependendo da localidade) assumiram
terceira parte, preferencialmente acreditado por uma autoridade esta tarefa e, há décadas, todas as edificações, independentemente
competente, que, no caso do Brasil, é o Inmetro, e que irá avaliar do porte, sejam novas ou em reforma, sejam residenciais, comerciais
se todos os requisitos da instalação elétrica, desde o projeto até a ou industriais, devem ser inspecionadas antes de liberadas para os
construção e testes, foram cumpridos conforme as normas técnicas usuários. A inspeção é realizada por inspetores altamente treinados e
e, dessa forma, fornecer um certificado. Este modelo é utilizado especializados nos requisitos do NEC (National Electrical Code). Para
em alguns países do mundo, principalmente na Europa e Estados se ter uma idéia desta atividade, existe uma associação apenas de
Unidos, onde a preocupação com a segurança nas instalações inspetores de instalações elétricas com mais de 100.000 associados
elétricas é inerente. A Bélgica, por exemplo, possui modelo de (www.iaei.org).
certificação da instalação elétrica obrigatória para casas construídas O Brasil já discutiu este assunto em fórum que reuniu
após 1981, assim como na Irlanda, onde a certificação é emitida autoridades e o setor privado, tendo até criado um modelo de
por um órgão acreditado e reconhecido pelas concessionárias de certificação compulsória, o qual ainda se encontra em consideração
energia elétrica que só fazem a ligação da energia na residência após pelas autoridades governamentais. Neste meio-tempo, já foram
a apresentação deste certificado. Outros países da Europa, como certificadas voluntariamente duas instalações em São Paulo por
Holanda, Alemanha e Reino Unido, também possuem a certificação Organismo de Inspeção acreditado pelo Inmetro.
das instalações elétrica, porém de forma voluntária, entretanto, cada Por acreditar na necessidade de se realizar uma avaliação na
um tem sua particularidade. Na Holanda, o certificado é requisitado instalação elétrica como forma de reduzir o número de acidentes
pelas companhias de seguro, Também se instituiu a necessidade devido à eletricidade, e como garantia de segurança para os
de cada concessionária de energia realizar uma inspeção antes de usuários, é que decidimos apresentar um material que pretende
proceder a ligação. Naquele país foi realizado um estudo sobre a servir apenas como material de consulta. Vale lembrar que embora
análise de risco das instalações elétricas em 2002 e o índice obtido é todo o profissional habilitado pode inspecionar uma instalação, o
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V E R I F I C A Ç Ã O D A S I N S TA L A Ç Õ E S E L É T R I C A S
modelo que seria o mais recomendado para a realidade brasileira instalação elétrica foi concebida em 1987, ela deveria estar de acordo
seria aquele que considerasse a inspeção feita por organismos de com a norma vigente, neste caso a versão de 1980, se outra instalação
inspeção acreditados pelo Inmetro, o que daria ao serviço um grau fosse concebida em 1992, esta deveria ser construída de acordo com
de confiabilidade e respeitabilidade muito maiores. a norma de 1990 e assim por diante para as versões 1997 e 2004.
Tomaremos como base a norma de instalações elétricas de Uma dúvida que fica é: Quando ocorre uma manutenção (simples
baixa tensão ABNT NBR 5410:2004 , e seu capítulo 7, que versa substituição de componentes), baseado em que normas devem fazê-
exatamente sobre VERIFICAÇÃO FINAL. Antes, porém, cabe uma lo? Pela interpretação da norma, esta manutenção (substituição de
pequena introdução com respeito à definição da instalação elétrica componente por falha, ou durabilidade) deve ser feita de acordo com a
de baixa tensão de acordo com o item 1 da NBR 5410:2004. norma vigente na época da construção, e a substituição do componente
deve seguir as características do componente a ser substituído. Porém,
Objetivo: Estabelecer as condições que devem ser satisfeitas se for caracterizada uma reforma ou ampliação, esta deve ser feita de
pelas instalações elétricas de baixa tensão (1000Vac até 400Hz acordo com a norma vigente na época da reforma.
ou 1500Vdc), sejam novas ou em reforma, a fim de garantir
a SEGURANÇA de pessoas e animais, o FUNCIONAMENTO Revisão da Instalação elétrica:
ADEQUADO da instalação e a CONSERVAÇÃO DOS BENS. É importante frisar que uma instalação elétrica deve ser revisada com
Onde se aplica: Instalações elétricas de edificações (resi- periodicidade tanto menor quanto a sua complexidade.
dencial, comercial, industrial, campings, trailers, marinas, A inspeção pode ser realizada durante a execução da instalação
agropecuários, hortifrutigranjeiros) bem como canteiros de elétrica, ou mesmo no final dela, a rotina desta inspeção deve ser
obras, exposições e outras instalações temporárias. definida antes do início, para que facilite o trabalho, pois algumas
verificações podem ser mais fáceis quando realizadas na execução.
Como podemos ver, apenas o uso da NBR 5410 nas fases de projeto, O importante é que esta inspeção seja realizada sempre antes de ser
execução e manutenção, acrescido do cumprimento dos requisitos do colocada em operação e entregue ao usuário. Para a certificação,
Capítulo 7, garante a segurança mínima da instalação elétrica o ideal é que esta verificação seja executada por um Organismo
O Capítulo 7 está dividido da seguinte maneira: de Inspeção preferencialmente acreditado pelo INMETRO, sendo
7.1 - Prescrições gerais portanto uma terceira parte (não participante do projeto e execução),
7.2 - Inspeção visual de modo a garantir uma maior imparcialidade dos resultados.
7.3 - Ensaios CAPÍTULO VERIFICAÇÃO FINAL
Verificando cada um dos itens temos: Verifica os itens da instalação elétrica através de inspeção visual e
ensaios de modo a garantir a segurança dos usuários e a qualidade da
7.1 Prescrições Gerais instalação elétrica.
Qualquer instalação nova, ampliação ou reforma de Faz a verificação dos seguintes itens:
instalação existente DEVE ser inspecionada e ensaiada, • Documentação
• Conformidade dos produtos (Marca do INMETRO – Quando aplicável)
durante a execução e/ou quando concluída, antes de ser
• Situação dos componentes quanto à integridade física (se não
colocada em serviço pelo usuário, de forma a se verificar a
estão danificados)
conformidade com as prescrições desta norma. • Emendas, derivações e tampas de caixa de passagens
• Segurança do quadro de distribuição
Vamos nos ater a este item para começar. Observem primeiramente • Identificação dos componentes
no item acima, o grifo é nosso, na palavra DEVE. O sentido de dever neste • Acessibilidade
contexto é de obrigatoriedade, ou seja, todas as vezes que aparecer esta • Escolha dos componentes
palavra significa que algo é obrigatório, portanto a aplicação deste item • Proteção contra choques elétricos (básica, supletiva e adicional)
• Proteção contra efeitos térmicos
da norma exige que a instalação elétrica seja inspecionada e ensaiada.
• Seleção do tipo de linha elétrica e separação de circuitos
Outro ponto que nos chama a atenção está no tipo de instalação elétrica
• Esquemas de aterramento
que deve ser inspecionada e ensaiada. Trata-se de qualquer instalação, • Ensaio de continuidade
seja ela nova, seja uma simples reforma ou ampliação. É importante fazer • Ensaio de resistência de isolamento
um adendo neste ponto, para tentar esclarecer uma dúvida que aparece • Ensaio de seccionamento automático
em muitos casos. • Ensaio de tensão aplicada
Cada vez que se executa uma nova instalação, ela deve atender • Ensaio de funcionamento
aos requisitos da norma de instalação elétrica vigente, ou seja, se uma
Continua na próxima edição
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FASCÍCULO 4 / CERTIFICACÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
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CAPÍTULO II – DOCUMENTAÇÃO
1. A documentação da instalação deve ser fornecida ao pessoal na operação.
encarregado da verificação. Esta documentação deve refletir a instalação c) Detalhes de montagem – Este item é opcional, porém
elétrica como ela foi construída. condicionado à necessidade, pois em casos em que a montagem
O primeiro aprendizado que se tira deste item é que toda a de algum componente da instalação elétrica é de forma não
instalação elétrica, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, simplificada, deve haver documentos que mostrem estes detalhes
deve possuir uma documentação completa e atualizada, como de montagem, de forma a garantir que os inspetores verifiquem
veremos, e deve refletir exatamente o que foi construído. Este é se a montagem está correta. Um exemplo está em componentes
também um requisito da NR-10 atual. Isto significa que todas as que devem ser instalados em uma única posição (alguns tipos de
vezes que a instalação elétrica sofrer uma alteração, por menor disjuntores), ou outros que possuem maneiras de instalar os fios
que seja, a documentação deve ser revisada e atualizada, por este (caso de alguns DR´s), há também os casos de conectores, que devem
motivo recebe o nome em inglês de As Built (que na tradução seria sofrer pressões e torques máximos em seus parafusos, por tudo isso
Como Construído). os detalhes de montagem devem ser anexados à documentação da
Em uma verificação da instalação elétrica o item documentação instalação elétrica sempre que necessário.
deve ser primordial, ou seja, na verificação, cada detalhe descrito na d) Memorial descritivo da instalação – Como o nome diz, trata-se de um
documentação deve estar presente na instalação elétrica e vice-versa. descritivo com toda a memória da instalação elétrica em que consta todo
De uma maneira geral e guardada suas limitações, uma instalação o funcionamento da instalação, memórias de cálculos, normas aplicadas,
elétrica deve dispor dos seguintes documentos, que é tido como e todo e qualquer detalhe que for imprescindível para a compreensão da
documentação mínima exigida: instalação elétrica.
a) Plantas – As plantas baixas da edificação e suas respectivas informações e) Especificação dos componentes – Este item, também de fundamental
quanto à construção civil que possa interferir na instalação elétrica, como importância para a instalação elétrica, deve conter todas as descrições
paredes móveis, colunas, tubulações de gás, água etc. dos componentes de toda a instalação, bem como as características de
b) Esquemas unifilares – toda a instalação elétrica deve estar descrita cada um e as normas aplicáveis, quando existentes, para cada um dos
em um esquema unifilar com os detalhes necessários para a execução e componentes. Desta forma se consegue obter na verificação a garantia
verificação como capacidades dos componentes, identificações, exceções que a instalação elétrica foi concebida de acordo com o projeto e
etc. Outros esquemas, que não os esquemas unifilares, podem ou devem este projeto garante a qualidade e segurança para os usuários desta
ser apresentados quando necessário, contendo outras descrições que instalação elétrica. Como exemplo, podemos citar uma tomada, que
possam auxiliar tanto na verificação, como na manutenção, ou mesmo deve possuir a característica nominal, como corrente e tensão, tipo
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(2P+T) norma e certificação aplicáveis, além de outros parâmetros que
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CAPÍTULO III
INSPEÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
INSPEÇÃO VISUAL são descritos a seguir e explicam por que estas medidas devem estar
Antes de qualquer teste ou ensaio ser realizado em uma instalação presentes em toda e qualquer instalação elétrica:
elétrica, é necessário proceder uma inspeção visual para verificar a a) Partes vivas perigosas não devem ser acessíveis. Isto significa que
implementação de todas as medidas de proteção e segurança. Esta precauções como isolamento de fios, cabos, condutores vivos em
inspeção permite averiguar se todos os componentes que constituem geral devem ser tomadas. Os quadros de distribuição, geral, cargas,
a instalação elétrica estão de acordo com as respectivas normas de ou comando, ou qualquer outro quadro que possuam partes vivas
fabricação de cada componente. Isso pode ser confirmado por meio do perigosas devem possuir barreiras de modo a não permitir o acesso aos
exame da certificação pelos órgãos competentes. Além disso, permite condutores vivos. Dispositivos como soquetes de lâmpadas, plafunier,
a verificação da implementação das medidas de proteção e segurança, ou semelhantes devem prover barreiras para impedir que usuários,
dentro dos requisitos mínimos exigidos pela norma de instalação acidentalmente, acessem as partes vivas e possam sofrer um choque
elétrica, além de outras ações que fazem com que a instalação elétrica elétrico. Destacamos que são considerados condutores vivos os de
esteja construída de forma segura e com qualidade. fase, retorno e neutro de uma instalação elétrica, portanto devem ser
objetos de proteção contra choque elétrico.
1 – VERIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO, b) Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer
IDENTIFICAÇÃO E SINALIZAÇÃO. perigo, seja em condições normais, ou em condições que as tornem
acidentalmente vivas. Ao observarmos este item, veremos que as
COMPONENTES massas metálicas não energizadas devem ser motivo de proteção contra
A seleção dos componentes de uma instalação, levando em choques para que no caso de uma falha e energização acidental desta
consideração os parâmetros descritos na NBR5410/04, é um item da massa, os usuários não sejam expostos ao risco de choque elétrico. Isto
verificação visual tão importante quanto os demais, pois é neste item pode acontecer, por exemplo, em uma falha de isolamento da carcaça
que se identifica a presença de todos os componentes de proteção, metálica de uma geladeira, que, ao ser energizada, coloca em risco
como disjuntores, fusíveis, DR´s, condutor de proteção, tomadas 2 pólos todos os usuários que dela se utilizam, por este motivo a medida de
com o terceiro pino – 2P+T, etc. Após a identificação da presença de equipotencialização (condutor de proteção) deve ser implementada.
cada componente e de posse da documentação (ver capítulo anterior), Quanto à instalação elétrica, ela deve permitir que o usuário interligue
iniciamos a verificação das características de cada componente, como o condutor de proteção ao sistema de aterramento da edificação. Com
é o caso da cor do condutor de proteção, a corrente de atuação do DR, a identificação e inspeção deste item, garantimos que os dispositivos
a capacidade de interrupção do disjuntor etc. Estes dados serão obtidos de proteção contra choques estarão dispostos e dimensionados para
na documentação da instalação elétrica, que já foram vistoriadas e foi serem usados quando necessário.
objeto de estudo do capítulo anterior (cap 2). Uma pesquisa realizada com os leitores do boletim Abracopel
Tentaremos apresentar algumas das medidas de proteção que revelou que 83% das pessoas que responderam já sofreram algum
devem ser inspecionadas e por que elas fazem parte integrante e tipo de choque elétrico e mais da metade conhece alguém, vítima de
necessária de uma instalação elétrica. um choque elétrico. Por este motivo é de suma importância que sejam
tomadas todas as medidas para evitar este tipo de acidente.
PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELÉTRICO Para a avaliação da proteção contra choques, vamos dividi-la em:
Medida de proteção contra choques elétricos conforme item 5.1
a) Proteção Básica – Meio destinado a impedir contatos com partes
da NBR5410/04.
vivas perigosas em condições normais: Neste item deve-se verificar
Dois princípios fundamentais para proteção contra choques elétricos
a implementação da isolação ou separação básica (por exemplo:
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Março 2007
CERTIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
reconstituição da isolação original do condutor com fita isolante), ou a
aplicação de tensões reduzidas (uso de tensão abaixo da tensão limite PROTEÇÃO CONTRA EFEITOS TÉRMICOS
de contato - 50 Vac) ou ainda o uso de barreiras ou invólucros que não Medidas de proteção contra efeitos térmicos conforme item 5.2 da
permitam o acesso às partes vivas. NBR5410/04
b) Proteção Supletiva – Meio destinado a suprir proteção contra As pessoas e os equipamentos devem ser protegidos contra os efeitos
choques elétricos quando massas ou partes condutivas acessíveis térmicos prejudiciais. que possam ser produzidos pelos componentes e
tornam-se acidentalmente vivas: Neste item deve ser verificado causar:
a presença de dispositivos de equipotencialização e secionamento a) Risco de queimaduras
automáticos da alimentação (DR + condutor de proteção) quando b) Combustão ou degradação dos materiais
aplicados. c) Comprometimento da segurança de funcionamento dos
Neste item vale ressaltar que o condutor de proteção PE (fio terra) deve componentes instalados
estar presente em todos os pontos de alimentação da instalação elétrica.
c) Proteção Adicional – Meio destinado a garantir proteção contra É fato que quase todos os dias há divulgação pela mídia a incidência de
choques elétricos em situação de maior risco de perda ou anulação das um incêndio iniciado devido a um curto-circuito na instalação elétrica
medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no atendimento das que causou grande estrago. É fato também que uma instalação elétrica
condições de segurança associadas à determinada medida de proteção bem dimensionada e os dispositivos de segurança corretamente
e/ou ainda em situações ou locais onde os perigos de choque elétrico aplicados não causarão um incêndio. Resumindo: devemos garantir
são particularmente graves. Neste item verificaremos os dispositivos que os componentes da instalação elétrica estejam presentes e sejam
de segurança contra choques aplicados em situações como banheiro, adequados de forma a prevenir qualquer risco de incêndio, bem
áreas externas, piscinas, banheiras etc. Este item requer o uso de como não permitir que outros componentes possam colocar em risco
equipotencialização suplementar, e/ou o uso de DR de alta sensibilidade, a instalação elétrica, como por exemplo, a coordenação dos fios e
e/ou o uso de dispositivos à prova de umidade. disjuntores ou fusíveis.
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Outra recomendação da norma refere-se ao uso de materiais dos itens verificados na inspeção visual.
combustíveis junto da instalação elétrica. A NBR5410/04 proíbe o uso Ainda dentro deste assunto podemos encaixar a verificação
de materiais combustíveis como parte de suas instalações como é o das conexões, que devem estar em perfeitas condições e garantir a
caso do uso de madeiras nos quadros de distribuição. continuidade do serviço. Um ponto importante nas conexões é a
conexão com o eletrodo de aterramento, que se pode aproveitar para
TIPOS DE LINHAS ELÉTRICAS verificar inclusive as condições do próprio eletrodo, que deve manter a
Seleção e instalação das linhas elétricas integridade, permitindo um perfeito funcionamento dos dispositivos de
A verificação visual passa pelo tipo de instalação escolhida, como segurança.
eletrodutos, calhas abertas, calhas fechadas etc. Os tipos de condutores
e os seus materiais de isolação, como PVC, EPR, XLPE, também SEPARAÇÃO DOS CIRCUITOS
devem ser alvo da inspeção visual. Outro item importante é quanto A separação dos circuitos de iluminação e de tomadas deve ser
à característica do isolante do cabo, que deve ser não propagantes à confirmada através da inspeção, exceto para os casos previstos no item
chama. Em locais de afluência de público, como cinemas, shoppings, 9.5.3 da NBR5410/04 que versa sobre possibilidades para locais de
igrejas etc., os condutores devem ser livres de halogênio, tecnologia que habitação.
inova o material isolante dos cabos e garante que, em um incêndio, o A separação dos condutores de proteção (terra) e neutro, de acordo
condutor de eletricidade não seja o propagante da chama e também com o esquema de aterramento adotado, também deve ser verificada
não emita fumaça e gases tóxicos, motivo pelo qual muitas pessoas nesta inspeção.
acabam sendo vítimas em incêndios. Aproveitando esta etapa da verificação, podemos conferir se o
Dentro deste assunto a seção mínima dos condutores, como é o condutor de proteção (fio terra) está instalado em todos os pontos de
caso de fios com seção de 1,5 mm2 para circuitos que comandem alimentação e todas as tomadas, bem como se há algum condutor
circuitos de iluminação, e as seções de 2,5 mm2 para circuitos que neutro sendo usado como condutor de proteção.
atendam a tomadas de uso geral, devem ser respeitadas e fazem parte
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FIOS E CONDUTORES SOLTOS OU EXCESSO DE FIOS
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CAPÍTULO IV
VERIFICAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO E
CONFORMIDADE
CONFORMIDADE - Disjuntor – (NBR 5361, NBR IEC 60947-2 e NBR IEC 60898 ou NBR
Durante a inspeção visual, um dos itens a ser verificado está em NM IEC 60898);
relação à conformidade com a norma e com os órgãos certificadores - Plugues e Tomadas para uso doméstico e análogo;
quando aplicáveis. Esta verificação pode ser efetuada pela presença - Interruptores para instalações elétricas fixas, doméstica e análoga,
de marca de conformidade diretamente no produto, pode também para tensões de até 440 V;
ser através da identificação da marca de certificação por um órgão - Reator para lâmpada fluorescente tubular;
competente, como no caso do INMETRO. Esta certificação é sempre - Reator eletrônico alimentado em corrente alternada , para lâmpada
executada por um organismo de terceira parte, acreditado (certificado) fluorescente tubular.
pelo INMETRO. Outra forma de conformidade com as normas pode
ser obtida pela declaração do próprio fabricante, que declara que o INTEGRIDADE FÍSICA DOS COMPONENTES
produto está de acordo com uma determinada norma, neste caso a A integridade física dos componentes de uma instalação deve ser
verificação de uma etiqueta, marcação no produto, ou mesmo um verificada através da inspeção visual. Isto significa verificar se cada
documento garante este procedimento. um dos componentes da instalação elétrica não está danificado,
faltando peças ou pedaços, com sinais de superaquecimento, ou
qualquer outro sinal que coloque em dúvida a integridade de cada
componente. Desta forma estamos garantindo que os produtos
estarão em perfeitas condições de uso, e aliado ao item da
certificação, também é garantia de qualidade e segurança de cada
um dos componentes da instalação.
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CE R TI FI CA ÇÃ O D A S INS TA LA Ç ÕE S E LÉ T RIC A S
adequada suportabilidade mecânica e adequada proteção mecânica ACESSIBILIDADE
como diz o item 6.2.8 da NBR5410/04. Isto inclui o uso de material de boa A acessibilidade da instalação elétrica, principalmente o quadro de
qualidade tanto para o condutor, e para o isolamento. O isolamento de distribuição e comando, deve ser alvo da inspeção visual. Os componentes
uma conexão, NUNCA deve ser realizado dentro de eletroduto, calhas, ou da instalação elétrica, incluindo as linhas elétricas, devem ser dispostos
qualquer outra parte da instalação que não sejam as caixas de passagens de forma a facilitar sua inspeção, operação, manutenção e acesso às
ou caixas de derivações, e todas as conexões devem estar acessíveis para conexões. Resumindo, o acesso não pode ser significativamente reduzido
verificação, ensaio e manutenção. pela montagem dos componentes em invólucros ou compartimentos, ou
- O quadro de distribuição está limpo, seco e identificado? mesmo obstruído por qualquer que seja o dispositivo.
A limpeza das partes da instalação elétrica (quadro de distribuição,
VERIFICAÇÕES VISUAIS:
caixas de passagem, quadro geral, etc) juntamente com a ausência de
Abaixo segue um resumo das verificações visuais que devem ser
umidade ou produtos que possam colocar em risco a instalação elétrica,
realizadas numa instalação elétrica.
deve ser verificada visualmente e caso apresente uma destas falhas,
ser imediatamente solucionadas. Cada quadro deve também possuir • Quadro de distribuição com barreiras evitando o acesso às partes
identificação através de etiquetas, placas ou outros meios. vivas;
• Condutores isolados e nas caixas de passagem ou quadro de
IDENTIFICAÇÃO distribuição
Da mesma forma que os quadros devem ser identificados, os diversos • Soquetes e dispositivos de iluminação sem acesso às partes vivas
dispositivos de comando, manobra e/ou proteção devem ter sua identificação • Uso de tensão de segurança
feita de forma a permitir que o usuário conheça sua finalidade. Identificar o • Presença de dispositivos de proteção contra choques e contra efeitos
térmicos
disjuntor de comando de um circuito que atenda ao chuveiro elétrico da
• Presença de condutores sem proteção mecânica
suíte de uma casa é um exemplo. Identificar os interruptores que comandem
• Tomadas 2P+T
a iluminação de um determinado setor é outra forma. • Condutor de proteção em todas as tomadas
Ainda no assunto identificação, o uso de cores da isolação para • Separação de circuitos
identificação dos condutores deve seguir as seguintes regras: • Equipotencialização
Condutor de proteção (fio terra) deve ser identificado pelas cores, • Certificação dos produtos
verde com listras amarelas, ou simplesmente na cor verde; • Identificação dos condutores
Condutor neutro – deve ser identificado pela cor azul-claro; • Seção mínima dos condutores
• Componentes da instalação não podem estar danificados
Condutor PEN (PE + Neutro) deve ser identificado pela cor azul-claro
• Dispositivos de proteção identificados
e possuir anilhas na cor verde e amarelo em todos os pontos visíveis da
• Produtos em conformidade com as normas aplicáveis
instalação; • Uso de materiais combustíveis proibidos
Condutores fase, assim como qualquer outro condutor que seja usado • Conexões em perfeito estado, e isoladas
em uma instalação elétrica com funções diferentes das anteriores descritas, • Eletrodo de aterramento em condições perfeitas.
podem ser identificados por quaisquer outras cores que não as descritas
para o condutor PE, Neutro ou PEN. Continua na próxima edição
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FASCÍCULO 4 / CERTIFICACÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
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CAPÍTULO V
ENSAIOS
Além das inspeções visuais, os ensaios fazem parte da mínimo 0,2 A (Ohmimetro, por exemplo). O ensaio de continuidade
verificação da instalação elétrica, pois é nestes que vamos garantir deve ser realizado em toda a extensão da instalação verificando a
a confiabilidade dos equipamentos e da instalação como um todo. continuidade dos condutores de proteção (fio terra), verificando
Os ensaios são tão importantes quanto à inspeção visual, pois de a interligação com os pontos de tomadas e a conexão com o(s)
nada adianta uma instalação ser executada com todos os requisitos eletrodo(s) de aterramento.
do projeto, se os produtos utilizados não atendem as exigências de Na figura abaixo você consegue identificar os componentes
segurança, como, por exemplo, uma desconexão do condutor de de um sistema de aterramento, os quais devem ser alvo desta
proteção junto ao eletrodo de aterramento, que tenha ocorrido por inspeção.
qualquer motivo durante a instalação.
O item 7.3 da NBR5410/04 complementa a verificação de Conexão com o
Terminal de equipamento (tomada)
uma instalação elétrica para a certificação, apontando os ensaios aterramento (QDC)
que devem ser realizados (não destrutivos) além de determinar
a seqüência que estes ensaios devem seguir para a obtenção de
uma melhor performance e resultado. Vamos verificar o que diz
este item. Condutor de
proteção (Fio terra)
sem a existência de situações que possam causar danos à instalação. b) Resistência de isolamento da instalação elétrica
Resumindo: “É a garantia de que todo o sistema de aterramento Este ensaio deve ser realizado com um instrumento que forneça a
está interligado e que possui uma continuidade”. tensão de contato estipulada na tabela abaixo (tabela 60 da NBR5410/04)
Abrindo um parêntese neste assunto, uma das definições de um e que forneça uma corrente de 1 mA e seja em corrente contínua. Deve ser
sistema de aterramento é a seguinte: Interligar um equipamento realizada entre os condutores vivos, tomados dois a dois (fase-fase) (fase-
a terra através de um caminho seguro e de baixa resistência. neutro) e entre cada condutor vivo e o condutor de proteção (terra)
Portanto, um sistema de aterramento tem que garantir que um – No segundo caso, pode-se interligar o neutro e os condutores fase para
equipamento possa ser interligado (através da tomada, por exemplo) a medição.
a terra (eletrodo de aterramento) através de um caminho de baixa – Se a configuração do sistema de aterramento usar o esquema TN-C, o
resistência (baixa resistência = fio/ condutor) e seguro significa que neutro deve ser considerado parte da terra.
deve ter continuidade em toda a sua extensão. Para que este ensaio Nesta etapa da medição os equipamentos que vão se utilizar da
seja realizado é proposto que se utilize um instrumento com uma instalação elétrica devem estar desconectados, de forma a garantir que
fonte de tensão entre 4 e 24 V e uma corrente de ensaio de no estes não influenciem nas medições e nos resultados.
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Apoio
Até 500 V (inclusive) com exceção do caso acima 500 >= 0,5
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CAPÍTULO V
ENSAIOS
PARTE 2
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Junho 2007
Apoio
O SETOR ELÉTRICO
Junho 2007
FASCÍCULO 3 / CERTIFICACÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Além da verificação quanto a uma primeira falta, há também a segundos. Também define que o ensaio deve ser executado com
necessidade de se verificar o atendimento às prescrições referentes à freqüência de 60Hz ou o da rede e sinal senoidal.
situação de uma segunda falta (dupla falta) que deve ser analisada do
ponto de vista da configuração que tomará neste caso. Se a segunda Tabela 61 - Ensaio de tensão aplicada
falta transformar o circuito em um circuito TN, as verificações devem Valores da tensão de ensaio (V)
seguir os ensaios análogos à configuração TN; e se a segunda falta U1) Isolação Isolação Isolação
transformar o circuito em TT, os ensaios devem seguir o disposto (V eficaz) básica suplementar reforçada
para a configuração TT descrita anteriormente. 50 500 500 750
Observação: Quando os resultados das verificações da efetividade da 133 1000 1000 1750
equipotencialização suplementar não forem satisfatórios ou duvidosos 230 1500 1500 2750
e ocorrer o uso de equipotencialização suplementar como medida 400 2000 2000 3750
compensatória, deve ser verificada a efetividade desta ação. 690 2750 2750 4500
1000 3500 3500 5500
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CERTIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
circuitos, por exemplo: um determinado dispositivo (disjuntor) ser adquirida junto à ABNT e seus representantes. Como toda a
definido como proteção de um circuito de iluminação pode ser norma da ABNT, a sua implementação se torna obrigatória por
verificado também neste ensaio. lei, como é o caso do código de defesa do consumidor, entre
outros dispositivos, porém o que se vê no dia-a-dia é outra
CONCLUSÃO realidade, ou seja, o uso do mais barato e com pouca qualidade,
Nosso intuito, ao produzir este material, foi permitir que o
como foi citado no início deste material. Felizmente as coisas
leitor tivesse acesso à informação de que a norma de instalação
estão mudando, não na velocidade que desejamos, porém há
elétrica de baixa tensão NBR5410/2004 possui um conjunto
uma esperança. Se todos trabalharem por um objetivo comum,
de regras que permite ao profissional e ao contratante fazer
o de criar cultura de qualidade e segurança na contratação de
uma verificação da instalação elétrica, seja em uma construção,
serviços e aquisição de produtos de eletricidade, certamente,
seja em uma reforma ou simples manutenção, de maneira a
teremos uma significativa redução dos números de acidentes
poder garantir que a instalação elétrica possua as características
decorrentes de instalação elétrica inadequada.
mínimas de qualidade e segurança. Desta forma, usuários podem
Vale lembrar que há uma diferença entre verificação e
exigir estas avaliações para garantir que não sejam vítimas de
certificação, como foi explicado no início deste fascículo. A
condições inseguras.
verificação pode ser executada por um profissional habilitado
O sonho da certificação compulsória da instalação elétrica,
conforme sugestões apresentadas neste fascículo. A certificação
levando a necessidade de um organismo inspetor verificar a
deve ser realizada por um órgão credenciado de terceira parte.
instalação baseado no capítulo 7 da NBR5410/2004, alimenta
O Brasil possui a modalidade de certificação elaborada por
nossa esperança de um dia poder reduzir acidentes causados
entidades, que é gerenciada pelo Inmetro, mas, por ser executada
por imprudência de profissionais ou mesmo pela falta de
de forma voluntária, ocorre muito raramente. A garantia de que
informação do usuário.
um imóvel não sofrerá acidentes elétricos devido à instalações
O material apresentado aqui é uma síntese de uma norma
mal executadas passa pela conscientização de toda a sociedade
(NBR5410/2004) e está disponível a qualquer pessoa, que pode
da importância da certificação das instalações elétricas.
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Junho 2007
Apoio
FASCÍCULO 2 / CERTIFICACÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
por Edson Martinho, engenheiro eletricista pela UMC em 1992, pós graduado em marketing
pela UMESP em 2004, consultor de empresas e presidente da ABRACOPEL - Associação
Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
Escrever um material sobre a certificação das instalações elétricas O ponto mais importante de uma certificação está em quem
não foi uma tarefa fácil, mas posso dizer que foi muito prazerosa. deve realizá-la. É importante deixar claro que uma certificação
É fato que o Brasil precisa mudar sua cultura da construção civil deve ser executada por um órgão de terceira parte credenciado,
como um todo, desde as fundações até as instalações elétricas e ou seja, uma empresa que tenha todos os requisitos necessários
hidráulicas, em graus variáveis, mas esta mudança é necessária e estabelecidos pelo modelo de certificação e seja reconhecida pelo
garantirá um maior grau de segurança a todos os usuários. No caso órgão competente, o Inmetro.
destes fascículos, visamos facilitar para todos os envolvidos em uma Foi na esperança de ajudarmos, todos juntos, a mudar esta realidade
instalação elétrica, desde os profissionais até o usuário, a visualizar no país, que aceitei o convite para escrever esses fascículos para a revista
cada uma das etapas de uma certificação da instalação elétrica. O SETOR ELÉTRICO,
Usando uma linguagem acessível, procuramos mostrar os diversos
pontos de verificação que uma instalação elétrica deve sofrer, antes mesmo Engenheiro eletricista Edson Martinho
de ser entregue para uso, garantindo que os usuários desta instalação Consultor de empresas e entidades
esteja protegido quanto a acidentes causados por eletricidade. Durante Presidente da ABRACOPEL
o processo de escrita fomos pontuando alguns itens importantes, que Membro do conselho da ABEE – SP – Associação Brasileira de Eng.
vão desde a verificação visual de identificação de produtos certificados Eletricistas – Seção São Paulo
- como é o caso de materiais como os condutores e disjuntores -, até a
necessidade de não se permitir o acesso de usuários às partes metálicas Edição 12 – janeiro/2007
energizadas, de forma a evitar choques elétricos acidentais. Capítulo I – Verificação das instalações
Um ponto importante em uma instalação elétrica é o início da Abordagem referente ao cumprimento do capítulo 7 da NBR 5410.
avaliação do que chamamos de projeto. Este documento deve ser
elaborado por um profissional habilitado e com base nas normas Edição 13 – fevereiro/2007
vigentes na data da construção ou da reforma, pois somente assim Capítulo II – Documentação
se garante a construção de uma instalação elétrica com todos os A importância da documentação na verificação de uma
requisitos de segurança. Outro fator importante é que este projeto instalação elétrica.
esteja exatamente de acordo com o que foi construído, ou seja, o
projeto que normalmente é uma diretriz para que os profissionais Edição 14 – março/2007
da instalação seja seguido durante a construção e adequado às Capítulo III – Inspeção das instalações elétricas
modificações que porventura tenham que ser realizadas durante a Verificação das medidas de proteção, identificação e sinalização.
obra. Aliás, neste caso vale comentar que no modelo de certificação
proposto em alguns países da Europa só se entende projeto como As Edição 15 – abril/2007
Built, ou seja, na Europa despreza-se o projeto inicial e entende-se Capítulo IV – Verificação da certificação e conformidade
que todo o projeto deve estar de acordo com o que foi construído. Certificação dos componentes, verificação das conformidades,
Vale lembrar que pela NR-10 o projeto deve contemplar, desde identificação e acessibilidade.
acessibilidade até a definição de dispositivos de bloqueio, passando
por sinalização ergonomia, esquemas de aterramento, entre Edição 16 – maio/2007
outros. Um outro ponto importante durante a certificação está na Capítulo V – Ensaios
identificação de componentes danificados, ou falta de isolamento, o Edição 17 – junho/2007
qual se faz na inspeção visual. Capítulo V – Ensaios – parte 2
O Brasil, como já foi dito, possui um modelo de certificação voluntária, Continuidade dos condutores de proteção, resistência de
porém muito pouco utilizado. O que propomos com este fascículo é que isolamento da instalação elétrica, resistência de isolamento
esta prática seja incorporada ao dia-a-dia, para que nossas instalações das partes da instalação, separação elétrica (SELV, PELV) e
elétricas sejam corretas e seguras, garantindo conforto aos usuários. secionamento automático da alimentação.
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Julho 2007
FASCÍCULO 6 / NBR 5410 - SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
por PEDRO ARMANDO FISCHER,Consultoria e projetos de instalações eletro-mecânicas.
www.fischerengenharia.com.br – pedroafischer@redemeta.com.br
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
DA ALIMENTAÇÃO
1 Introdução elétrico. Sob este último aspecto sabe-se que os efeitos sobre uma
pessoa submetida a um choque elétrico dependem da intensidade
Entende-se por “seccionamento automático” a interrupção da corrente elétrica em circulação entre as suas extremidades e da
ou abertura automática de um circuito de alimentação de energia duração da circulação da corrente.
elétrica (mono, bi ou tripolar) propiciada por um dispositivo de A partir destes estudos a NBR-5410, assim como outras normas
manobra adequado para operação em condições de uma falta. Em internacionais, estabeleceram tempos máximos para os diferentes
outras palavras, significa a atuação automática (sem intervenção esquemas de aterramento. Para os esquemas TN (falta única)
humana) de um dispositivo construído para interromper um circuito este tempo máximo será função da tensão fase/neutro; já para o
em que ocorreu uma falta, seja por sobrecarga ou curto-circuito. esquema de aterramento IT (no caso de 2ª falta) será função da
A medida de caráter geral para a proteção supletiva contra tensão nominal entre fases ou entre fase/neutro. Em ambos os
choques elétricos, segundo a NBR-5410, e que deve ser adotada em esquemas, além desta dependência destas tensões nominais, ainda
todas as instalações elétricas de baixa tensão, é a equipotencialização, será função das Situações (1 ou 2) determinadas pelas condições de
acompanhada pelo seccionamento automático da alimentação, influências externas, conforme veremos a seguir.
“uma vez que equipotencialização e seccionamento automático se Independentemente dos tempos de seccionamento prescritos
completam de forma indissociável”. para os esquemas TN, TT e IT, conforme veremos a seguir, a norma
De acordo com a norma, um dispositivo de proteção deve admite um tempo de seccionamento maior, mas não superior a 5 s
provocar o Seccionamento Automático da Alimentação sempre que nos seguintes casos:
uma falta entre parte viva e massas ou entre partes vivas do circuito 1) para circuitos de distribuição , se a tensão de contato for inferior
ou equipamento por ele protegido, der origem a uma tensão de ou igual a UL ;
contato com valor superior ao limite “UL”, o qual depende da 2) para circuitos terminais que alimentem unicamente equipamentos
natureza da corrente (alternada ou contínua) e das diferentes fixos na Situação-1 de influências externas, com a condição de que
situações, em função das influências externas presentes (ver seção uma falta nestes circuitos ou equipamentos fixos, não propague
4.2.6 da norma) que possam resultar em risco de efeito fisiológico para equipamentos portáteis ou móveis deslocados manualmente
perigoso para pessoas. em funcionamento, mesmo ligados a outros circuitos terminais da
Em outras palavras, o seccionamento automático deve instalação, uma tensão de contato superior ao valor pertinente de
interromper o circuito em falta, de maneira a reduzir ao mínimo o UL , e desde que se tenha a Situação-1 de influências externas;
tempo de duração de uma tensão de contato superior ao valor limite 3) quando a tensão de contato for superior a UL , o tempo de
“UL”, através da atuação de um dispositivo de proteção adequado seccionamento deverá ser inferior aos valores máximos determinados,
sensível à corrente de falta em circulação no circuito em falta, o qual respectivamente, para os esquemas de aterramento TN (1ª falta) e IT
dependerá do tipo de esquema de aterramento adotado. (2ª falta), conforme veremos.
1.1 Tempos máximos para o 1.2 Por que requisitos específicos de seccionamento
seccionamento automático automático conforme o esquema de aterramento?
A velocidade com que se procede a abertura de um circuito A norma estabelece requisitos específicos para o seccionamento
em falta, pela atuação de um dispositivo de proteção automático, automático da alimentação, aplicáveis a cada esquema de aterramento
é um fator importante não só para a preservação da integridade adotado (TN – TT ou IT), conforme veremos a seguir. Mas por que
da instalação, como para a proteção das pessoas por choque cada esquema de aterramento deve atender requisitos específicos?
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Janeiro 2007
É muito simples. As condições de segurança contra choques R A
é a resistência do eletrodo de aterramento da
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elétricos, conforme vimos no capítulo 3, causados por um alimentação.
contato de partes vivas com massas condutivas da instalação R é a resistência compreendendo a do calçado, a de contato
vão determinar o estabelecimento de um curto-circuito, entre a pessoa e a superfície do solo, e a da camada do solo ou
impõem o seccionamento do circuito (interrupção da corrente do piso até a terra de referência.
de curto), e esta ação deverá ser tanto mais rápida quanto R é a resistência entre mão/pés da pessoa.
CH
maior a tensão de contato que se estabeleça, tendo em vista I é a corrente de falta fase/massa da fase “a”.
F
impedir a circulação de correntes com valor e duração superior I é a corrente de choque que retorna ao neutro através da
CH
aos que possam causar danos maiores às pessoas submetidas a pessoa pelas resistências em série (RCH + R + RA) .
choque elétrico.
É fácil entender que as impedâncias do circuito em falta, A representação simplificada do curto monofásico na fase
para os diferentes esquemas de aterramento, assumem valores “a” consta na FIG-2
bem distintos. São muito baixas em esquema TN, mas muito
A tensão UF no ponto “C” onde ocorre a falta na massa, gera um
elevadas em esquemas TT e IT (para este último no caso de uma
divisor de corrente entre os caminhos em paralelo de retorno ao
1ª falta), resultando em valores das correntes de falta inversamente
neutro, sendo um deles através de (RCH + R + RA) e o outro através do
proporcionais aos valores destas impedâncias. E esta é a razão para
condutor de proteção entre a massa e o neutro do transformador.
que a proteção seja efetuada por diferentes tipos de dispositivos de
Como (RCH + R + RA) >> ZPE , resulta que a corrente através da pessoa
seccionamento automático, conforme veremos.
ICH <<< I’F .
A norma determina ainda que, se na aplicação do seccionamento
automático da alimentação não for possível atender, conforme o
T+j.XT Rfase+j.Xfase C
caso, os tempos máximos de seccionamento prescritos para cada a
esquema de aterramento, deve-se realizar uma proteção adicional IF I’F
constituída por equipotencialização suplementar, nas condições 0 RPE+j.XPE RCH ICH
previstas na seção 5.1.3.1 da norma.
D RA R
N
2 Comportamento de esquema TN em Figura 2
face de um curto-circuito
A tensão de falta [UC = ICH x RCH] no ponto “C” da massa
No esquema TN-S o valor da corrente simétrica de falta “IF” que
submetida a um curto-circuito será a responsável pela circulação
se estabelece no circuito com impedância ZS, calculado de forma
da corrente de choque ICH através da pessoa. Mas a corrente que
simplificada pela lei de OHM quando da ocorrência de um curto-
percorreria a pessoa que tocou na massa energizada é muito menor
circuito monofásico na fase “a” (trecho com setas no esquema da
do que a que segue pelo condutor PE, pois (RCH + R + RA) >>>
figura-1), será aproximadamente dado pela expressão IF = U0 ÷ ZS.
(ZPE = RPE + j.XPE ), e com isso ICH será muito pequena em relação à I’F,
resultando IF ≈ I’F , e UF seria determinada por:
RT,XT
I’F a UF=ICH.(RCH +R+RA)=I ’F.[RPE +j.XPE ]=IF .[RPE + j.XPE ] [1]
b
c A impedância “ZS” do circuito em curto, desconsiderado o
N
RPE,XP IF PE/PEN ramo paralelo através da pessoa que toca a massa, será: :
I F IF
PE PE
C RCH Zs= RT + j.XT + Rfase +j.Xfase ] + RPE + j.XPE [1] [2]
e a massa em falta; R PE,XPE do condutor PE entre a massa em da fase “a” em curto e do condutor PE, o que seria válido apenas
falta e o BEP (inclui condutor PEN) para condutores de pequena seção, não superiores a 35 mm²
(como normalmente é o caso dos circuitos terminais, que não sejam
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motores de maior potência), pode-se substituir a [3] por ZS = RT + Resulta destas considerações que, em esquema de aterramento
RL+ RPE. Assim, a relação entre as expressões [4] e [2], desprezando- TN-S “a equipotencialização, por si só, não é suficiente para garantir
se a reatância do condutor PE, pode ser escrita como: segurança contra choques elétricos, tendo em vista o aparecimento
de tensões de contato superiores ao valor de “UL”, e com isso
UC I F xRPE RPE impõe-se o seccionamento automático da alimentação”.
= =
U 0 I F x( RT + RF + RPE ) ( RT + R fase + RPE )
2.1 Seccionamento Automático da Alimentação por
[ ]
curtos-circuitos em Esquema TN
R PE
UC =U0. +1 Conforme vimos na seção 2 anterior, em esquemas TN o retorno
( RT + R fase )
da corrente de curtos-circuitos desequilibrados ao Neutro dar-se-á,
A expressão [6] nos mostra que a tensão de contato “UC” se essencialmente, através do condutor PE ou PEN conectado às massas
reduz com a redução da resistência do condutor de proteção PE, ou (conforme se tratar de TN-S ou TN-C), apresentando o circuito em curto
seja, com a redução do comprimento ou com o aumento da seção uma impedância muito baixa, e assim as correntes de falta terão valor
do condutor PE. suficiente para a atuação de dispositivos de proteção por sobrecorrente
Mas no caso em que os condutores de fase e de proteção são (fusíveis e disjuntores).
iguais (mesmo material, mesma seção e mesmo comprimento, do Como condição de proteção a norma estabelece que, para o
que resulta Rfase = RPE ), a tensão de falta dada pela expressão [6] seccionamento automático em esquemas TN, devem ser obedecidas às
seria substituída por: seguintes prescrições:
[ ] [ ] [ ]
A) a equipotencialização via condutores de proteção deve ser única e
1 1 1
UC = + 1 .U 0 = + 1 .U 0 = .U 0 geral, envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser interligada
RT + R fase RT RT
+1 +1 +2
R PE R PE R PE ao ponto da alimentação aterrado (geralmente o Neutro);
B) cumpre o aterramento dos condutores de proteção em tantos
pontos quanto possível, pois isto garantiria, em caso de falta contra
Exemplo: Seja um caso prático em que uma instalação suprida por massas ou terra, a manutenção do potencial do condutor de proteção o
um transformador de 250 kVA com tensão secundária de 220/127 V, mais próximo possível do potencial local. Em construções de porte, tais
cuja impedância de seqüência zero vista pelo secundário é de 0,00596, como edifícios de grande altura, são indispensáveis equipotencializações
e admitindo-se que alimente 6 circuitos terminais com cargas iguais locais entre condutores de proteção e elementos estruturais condutores
com 40 metros de comprimento cada um e sendo a corrente de curto- da edificação, para assegurar o correto desempenho do condutor de
circuito monofásico de 20 kA máxima. Para atender a corrente de proteção através do múltiplo aterramento.
projeto dos circuitos, nas condições de instalação, foram necessários C) somente nas instalações fixas um mesmo e único condutor de
condutores tetrapolares com isolamento de PVC classe 0,6/1 kV com proteção pode ser usado para as funções de condutor de proteção e
seção nominal de 35 mm². Cada circuito é protegido por um disjuntor Neutro (condutor PEN de esquemas de aterramento TN-C).
cujo tempo máximo de interrupção é de 20 ms (0,020 s), e sendo o D) todas as edificações alimentadas por linha elétrica em esquema TN-C
condutor de proteção de cobre integrante do cabo (k=115), resulta (como é o caso das redes públicas de baixa tensão), o condutor PEN deve
para o mesmo uma seção de: ser separado, a partir do ponto de entrada na edificação, ou a partir do
quadro geral de distribuição, em condutores distintos para as funções
I 2 .0,02 de N e condutor de proteção PE, tornando-se a alimentação em TN-S a
S PE = = 31 mm2
115 partir desta separação (no todo o sistema é TN-C-S).
E) as características do dispositivo de proteção e a impedância do
Pode-se usar, com folga, a 4ª veia do cabo multipolar SPE
circuito devem ser tais que, ocorrendo em qualquer ponto um curto-
= 35 mm²
circuito monofásico de impedância desprezível entre um condutor de fase
A resistência de tal condutor, conforme catálogo, é de 0,63Ω/ e o condutor de proteção ou uma massa, o seccionamento automático
km, e para os 40 m do condutor PE será: se efetue em tempo no máximo igual ao especificado na tabela-25.
RPE = (0,63 x 40) 1.000 = 0,0252 Ω Para que seja garantida a proteção em esquema TN , a norma impõe a
seguinte condição:
e a relação RT : RPE = 0,00596 : 0,0252 = 0,2365
U0
A tensão de contato calculada pela [13.6.1] resulta: UC = (1 : 2,2365) ZS.Ia U0 ou de outra forma: Ia (7)
ZS
x 220 = 0,4471 x 220 = 98,4 V
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ZS (Ω) é a impedância do percurso da corrente de falta, a ser proteção contra curtos-circuitos, resulta toda a elucidação da imposição
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
calculada pela [2] da norma, que podemos enunciar da seguinte forma:
U0 (V) é a tensão nominal entre fase e neutro “A proteção contra choques elétricos em esquema TN deverá ser
Ia (A) é a corrente que assegura a atuação do dispositivo de garantida pelo efetivo seccionamento da alimentação para o menor valor
proteção em um tempo no máximo igual ao especificado na Tabela- da corrente de curto-circuito possível de se estabelecer no circuito, o qual
25 da norma, ou a 5 s para circuitos de distribuição e para circuitos corresponde a um curto no final do circuito protegido, para o qual a
terminais que alimentem unicamente equipamentos fixos, desde impedância do circuito em curto é máxima”.
que uma falta nestes circuitos não tenha possibilidade de propagar Isto significa que, estando selecionado um dado disjuntor ou fusível,
para equipamentos portáteis ou equipamentos móveis deslocados e estando fixada sua corrente nominal IN ou de ajuste “IR”, dependendo
manualmente em funcionamento, e ligados a outros circuitos do caso, haverá um comprimento máximo do condutor do circuito por
terminais da instalação, uma tensão de contato superior ao valor ele protegido, para o qual o seccionamento estará garantido”.
apropriado de UL dados na Tabela C.2 do anexo “C” da norma.
Das duas expressões anteriores, conclui-se que: lado mostram a imposição da norma representada pela condição de que
“Ia” deverá ser inferior ao valor da corrente mínima de curto-circuito do
Ia ≤ IF(MÍNIMA) ou o que é o mesmo : IF(MÍNIMA) ≥ Ia [8]
circuito a ser protegido “IF(mínima). Trata-se de um disjuntor com curva C,
Como a corrente de falta é inversamente proporcional à impedância que atua seguramente para IF ≥ 10 xIN , em um tempo tS.
do circuito em falta (para uma dada tensão de fase), e “Ia” é definida Dito de outra forma, um disjuntor com tal curva deverá ter uma
como o valor de corrente que propicia a efetiva atuação do dispositivo de corrente nominal tal que se verifique:
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Ia = (10xIN ) < IF o mesmo deverá ser convertido em esquema TN-C-S, isto é, o condutor
O tempo de abertura do circuito tS deverá ser menor que os PEN deve ser desmembrado em dois condutores distintos para as funções
especificados para a tensão fase/neutro na tabela 25 , ou a 5 s, nos casos de Neutro e de proteção PE, sendo esta separação feita no lado “fonte”
previstos em 1.1 anterior. do DR (imediatamente a montante do mesmo), passando o condutor
Esta é a chave para a solução da questão Neutro internamente e o condutor PE externamente ao DR.
A conclusão anterior é aplicável, também, para sistemas com A norma admite também que, após a separação entre Neutro e PE
esquema TN-C e TN-C-S, nos quais condutor “Neutro e de Proteção” se conforme acima, o condutor PE não seja ligado ao PEN do lado fonte
confundem em todo ou parte de um dado circuito. do DR, mas a um eletrodo de aterramento qualquer, cuja resistência seja
Os casos em que não se consegue atender a condição imposta compatível com a corrente de atuação do DR (o que na prática é muito
pela expressão [7] para o seccionamento automático em esquema TN fácil obter). Neste caso, o circuito assim protegido deve ser considerado
acontecem quando os comprimentos dos circuitos são muito grandes, como TT, aplicando-se ao mesmo as prescrições para este tipo de
como nos edifícios de grande altura ou em áreas externas de grandes esquema de aterramento, conforme veremos
indústrias nas quais os circuitos de alimentação de quadros locais ou
a
mesmo car-gas isoladas apresentam grandes comprimentos. b
É importante observar que, de acordo com a norma, nos esquemas c
de aterramento TN podem ser usados os seguintes dispositivos para N
PEN PE
seccionamento automático, visando proteção contra curtos-circuitos:
• Dispositivos de seccionamento por sobre-correntes (fusíveis e disjuntores).
PE
• Dispositivos de seccionamento por corrente Diferencial Residual – DR, DISJ DR
especialmente recomendado na proteção de circuitosa terminais que
M1 M2
alimentem tomadas de corrente em cozinhas, áreas externas e locais PE
com pisos e/ou revestimentos isolantes (BC3) e de tomadas nas quais RA
Figura 4 RM2
possam ser alimentados aparelhos de utilização em áreas externas, além
de circuitos de alimentação de luminárias externas. No esquema TN-C-S ao lado representa-se o caso em que uma
Mas cuidado, não esquecer sempre que o emprego de DR só massa “M1” é protegida por um Disjuntor “DISJ” e seu condutor de
é possível em circuitos que não apresentem fugas em condições N proteção PE está interligado ao condutor PE principal PEN. Já a
normais de operação. massa “M2” foi aterrada por um eletrodo individual “RM2”, e por
É importante observar que em esquema TN-C puro a norma não admite a isso se comporta como um esquema TT, devendo a proteção para
utilização de DR para proteção contra choques elétricos, pois o condutor seccionamento automático ser, obrigatoriamente, feita por um DR.
PEN é incompatível com o princípio de funcionamento de um DR. Se o condutor PE de “M2” fosse conectado ao PE após a separação,
Para tornar possível o emprego de DR em TN-C a norma estabelece que poderia ser usado um disjuntor (FIG-4).
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DA ALIMENTAÇÃO
RT,XT RL,XL IF
ZS =
U0
IF
=
[
RM .( RCH + R)
( RM + RCH + R)
+ RA
]
E se consideramos R= 0 , o que viria em benefício da segurança e
(9)
[ ]
IF C U0 RM xRCH
RCH ZS = = + RA (10)
IF ( RM + RCH )
RA RM
R A tensão entre os pontos C e D, considerando-se ainda R = 0,
Figura 5 poderia ser considerada como a “tensão de contato”:
U0 é a tensão fase/neutro
RF = 0 (resistência da falta considerada nula)
UF é a tensão de falta
IF é a corrente de falta
ICH é a corrente de choque
UC =U F = IF .
[ RM xRCH
( RM + RCH ) ]
A relação entre as expressões [9] e [10] que nos deram os valores
(11)
[ RM xRCH
]
RA é a resistências de aterramento da alimentação
*RM é a resistência de aterramento das massas, e engloba a resistência do + RA
condutor PE U0 ( RM + RCH ) RA R
R é a resistência englobando sapato, contato com solo e do solo até a terra de = =1+ + A
[ ]
referência. UC RM xRCH RCH RM
RT,XT , Rfase,Xfase são as resistências e reatâncias indutivas, respectivamente, do
transformador e do condutor fase ( RM + RCH )
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Fevereiro 2007
de onde resulta: alimentação e das massas tem valores próximos (RA/RM 1), a tensão
U0
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de contato será 0,5xU0 , o que já daria para U0 = 127 V uma UC
UC = (13)
R R = 63,5 V (acima de UL < 50 V).
1+ A + A • A tensão de contato aumenta acima de 50% da tensão fase/neutro, na
RCH RM
medida em que a resistência do eletrodo de aterramento das massas seja
Para a análise da expressão da tensão de contato em esquema
maior do que o do eletrodo da alimentação (o que é mais provável).
TT acima, considerando que a resistência do corpo humano gira
• A tensão de contato se reduziria aquém de 50% da tensão fase/
em torno de RCH = 1.500Ω, e que a resistência do eletrodo de
neutro, na medida em que a resistência do eletrodo de aterramento
aterramento da alimentação (em instalações supridas por média
das massas seja menor do que a do eletrodo de aterramento da
tensão com subestações próprias) gira entre (1 à 10)Ω, com valor
alimentação (muito improvável).
médio de RA = 5Ω, podemos de imediato eliminar do denominador
• No exemplo acima a corrente de falta (IF = 12,72 A) é maior do que
o termo RA / RCH = 5 / 1.500 ≈ 0,0033 . Assim, teremos:
a corrente de falta limite acima da qual há perigo (IFL = UL: ZS = 50 :
U0 0,9848 ≈ 5 A), mas seria insuficiente para fazer atuar um dispositivo
UC = Tensão de contato em esquema TT (14)
R de proteção por sobrecorrente, seja ele um disjuntor ou fusível,
1+ A sendo impositivo o seccionamento para proteção em esquema TT
RM
pela atuação de um DR. Observamos que as normas internacionais
Lembramos que, na realidade, a tensão de contato atingirá
estabelecem que o tempo de desenergização, pela atuação de um
valores menores, tendo em vista as simplificações feitas na análise
DR , deve ser menor do que 1 s.
anterior, principalmente em se considerando R = 0 e desprezando
as impedâncias do transformador, do condutor fase e a resistência
3.1 Seccionamento Automático da Alimentação
da falta. Mas mesmo assim, ainda perigosas sob o ponto de vista de
por curtos-circuitos em Esquema TT
segurança contra choques elétricos.
Por outro lado, mesmo considerando em beneficio da segurança
Em esquema TT a corrente de falta contra qualquer massa retorna
valores de RA = RM = 5Ω (na realidade os valores de RA são via de
ao neutro pela terra, uma vez que as massas são aterradas por eletrodos
regra menores que os de RM), teríamos que uma corrente de falta
de aterramento individuais ou por grupos de massas interligadas
em esquema TT , para um sistema com U0 = 127 V, e considerando
por condutores de proteção (eqüipotencialização), cada grupo com
RCH = 1.500Ω, seria da ordem de:
seu eletrodo de aterramento eletricamente independente, sendo os
U0 U0 127 127 eletrodos de aterramento das massas eletricamente independentes
IF = = = = ≅ 12,72 A
ZS
[ RM xRCH
RM + RCH ]
+ RA [ ]
5 x 1.500
5 + 1.500
+5
9, 9848
do eletrodo de aterramento da alimentação (geralmente neutro do
transformador). Em conseqüência, o circuito em curto apresentará
Na equação acima: ZS = 9,9848Ω uma elevada impedância, sendo as correntes de falta incapazes de
atuar dispositivos de proteção por sobre-correntes.
CONCLUSÕES: Para o seccionamento automático em esquemas TT a norma
• Quando as resistências dos eletrodos de aterramento da estabelece que deverá haver, no mínimo, um DR no início da
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alimentação da rede, e devem ser obedecidas as seguintes encontrarem na situação 1 e outras na situação 2, mas todas ligadas
prescrições: ao mesmo eletrodo de aterramento, ou a eletrodos de aterramento
a) Em esquema TT a proteção contra choques elétricos por aparentemente separados mas eletricamente confundidos, deve ser
seccionamento automático da alimentação somente poderá ser adotado o menor valor de UL
assegurada por DR.
Tabela-1 Valor limite de RM , de acordo com a
b) A seguinte condição deverá ser atendida: RM.IDn £ UL [13]
sensibilidade do DR ( Situações 1 e 2 )
- RM é a soma das resistências do eletrodo de aterramento e dos
condutores de proteção das massas UL Máximo valor da resistência de aterramento das massas
I n Situação-1 Situação-2
- IDn é a corrente diferencial residual nominal RM UL=50 V UL=25 V
- UL é a tensão de contato limite (em função das três diferentes (m A ) (Ω) (Ω)
Situações – ver tabela C.1 do anexo “C” da norma) 3.000 16 8
O emprego de vários DR irá aumentar o tempo de disponibilidade 1.000 50 25
de energia elétrica e a seletividade no seccionamento do sistema. 500 100 50
Todos os DR deverão ter uma corrente limiar de atuação “IDn” menor 300 166 83
do que o valor de “IFalta”. 30 1.660 833
Deve-se observar que, para os sistemas com esquema de Os valores limites da resistência de aterramento das massas,
aterramento TT, a proteção por DR independe do comprimento da linha para as Situações-1 e 2 , nas quais as tensões limites de segurança
protegida. Além disso, permite a utilização de várias conexões separadas “UL” são, respectivamente, 50 V e 25 V, variam com o valor de “I Dn”
de aterramento de massas, o que é uma medida adequada, já que o do DR adotado, conforme tabela-1 ao lado:
condutor PE é a única referência de potencial para a instalação inteira. Interpretada de outra forma, a tabela ao lado permite selecionar
É importante observar que, de acordo com a norma, em uma a corrente I Dn do DR (sensibilidade) , em função do valor da resistência
mesma instalação com esquema TT, quando algumas massas se de aterramento das massas de um sistema com esquema TT.
Continua na próxima edição
O SETOR ELÉTRICO
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FASCÍCULO 6 / NBR 5410 - SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
por PEDRO ARMANDO FISCHER, Consultoria e projetos de instalações eletro-mecânicas.
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CAPÍTULO III
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
DA ALIMENTAÇÃO
Vc Vb
1
F
ac U0 Vab
F=RA.IF
Massa U0
M
O SETOR ELÉTRICO
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A.1) Neutro não distribuído
No caso de neutro não aterrado e, além disso, não distribuído, o máximo valor da corrente
de 1ª falta, será dado por:
(15)
Conforme se depreende, esta tensão é bastante baixa, não apresentando perigo de choque
elétrico, e a instalação poderá continuar em operação normal sem interrupção, condição
importante que determina a adoção do esquema IT.
É importante observar que esta é a razão pela qual a norma impõe a instalação de um
Dispositivo Supervisor de Isolamento – DSI em esquema IT, de forma a possibilitar identificar e
eliminar uma primeira falta, antes que possa surgir uma segunda falta.
ou seja:
(17)
Como se observa, a corrente de uma 1ª falta será 25% maior do que no caso de neutro não
distribuído (a.1). É o que se representa no diagrama vetorial das correntes representado a seguir:
(18)
FIG-11
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Neste caso, cria-se um caminho adicional em paralelo (através da impedância ZN) ao
das correntes de fuga capacitivas, e conseqüentemente aumentando a corrente de falta (a
impedância equivalente é menor).
A corrente de 1ª falta (fase “a”) será dada por :
na qual (19)
Mas mesmo assim, a tensão de falta resultante é ainda baixa, não apresentando qualquer
perigo ao toque, e a instalação pode continuar operando livre de riscos às pessoas, o que
representa uma vantagem. Mas para tanto, será necessário:
– Detectar a 1ª falta, através do uso de um DSI, para monitorar todos os condutores vivos
(inclusive neutro);
– Localizar a falta e eliminá-la imediatamente, antes que aconteça uma falta em outro condutor vivo;
Estabelecendo-se uma segunda falta, enquanto ainda perdurar a primeira, podem surgir
três possibilidades:
1) Se a 2ª falta for no mesmo condutor vivo em que apareceu a 1ª falta, nada acontece, e a operação
do sistema pode continuar;
2) Se a 2ª falta envolver dois condutores vivos distintos, devemos considerar os dois subcasos a seguir:
2.1) Caso todas as massas estiverem coletivamente interligadas e aterradas através de um
mesmo eletrodo de aterramento, estaremos em presença de um curto-circuito com as mesmas
características de um esquema TN via condutores PE (baixíssima impedância do circuito em
falta com conseqüente elevada corrente), devendo a proteção ser garantida pela atuação de
dispositivos de secionamento por sobrecorrente.
A FIG-12 a seguir esquematiza o caso de 2ª falta em IT com neutro distribuído não
aterrado, e massas coletivamente aterradas. A proteção contra choques deverá ser feita pelo
seccionamento automático de dispositivos de sobrecorrente (fusível ou disjuntor), da mesma
forma como acontece em esquema TN.
A situação mais desfavorável para a atuação é quando ambas as faltas ocorrem em
condutores com as mesmas características (mesma seção e mesmo comprimento). Se não
instalado dispositivo de proteção contra curto-circuito de atuação por sobrecorrente, haveria
o aparecimento de tensões de contato perigosas, capazes de causar sério choque elétrico.
FIG-12
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No esquema IT ao lado está representado o caso de dupla falta , sendo a 1ª entre o condutor
fase “a” e a carcaça da massa M1, e a 2ª falta entre o neutro e a carcaça da massa M2, sendo o
circuito em falta indicado pelas setas.
Assim, sob o ponto de vista de proteção contra choques elétricos, é preciso que seja garantido
o pronto seccionamento do circuito, cujo tempo máximo será de UL (tensão de contato limite),
que depende das influências externas do local. Sendo os tempos de seccionamento de disjuntores
extremamente rápidos, basta assegurar-se que o mínimo valor da corrente de falta será maior do
que o valor “Ia” que assegura a atuação do disjuntor.
A garantia de atuação da proteção é, como no caso de esquema TN, impor um limite máximo
para a impedância do circuito protegido pelo disjuntor, o que significa impor um comprimento
máximo ao mesmo.
2.2) Caso as massas não estejam coletivamente interligadas, isto é, as massas são aterradas
individualmente ou em grupos, ocorrendo dupla falta em grupos de massas aterradas por eletrodos
distintos, o comportamento do sistema (corrente de falta IF e tensão de falta UF) será similar ao
de um esquema TT, em que IF dependerá da resistência de terra, mas terá valor insuficiente para
propiciar o seccionamento por dispositivo de proteção com atuação por sobrecorrente.
A proteção contra choques deverá ser feita pelo seccionamento automático de um dispositivo
a corrente diferencial residual–DR.
A situação mais desfavorável para a atuação é quando ambas as faltas ocorrem em condutores
com as mesmas características (mesma seção e mesmo comprimento).
A FIG-13 na página seguinte é o caso de 2ª falta em IT com neutro distribuído não aterrado e
massas aterradas em grupos.
FIG-13
(20)
Tabela 2 Tempos máximos de” Operação” e de “Não Operação” dos DR – IEC 61008
Tempos normalizados de “Operação” e de
Tipo de curva In IDn “Não Operação” (em segundos) para:
do DDR (A) (A) IDn 2. IDn 5. IDn 500 A
Uso Geral “G” Todos os Todos os Tempo Máximo
0,3 0,15 0,04 0,04 de operação
(instantânea) valores valores
Tempo Máximo
0,5 0,2 0,15 0,15 de operação
Seletivo “S” >25 >0,03 Tempo Mínimo
0,13 0,06 0,05 0,04 de não operação
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e) No caso de ocorrência de uma segunda falta à terra em outra • U0 (Veficaz) é a tensão nominal fase/neutro em corrente alternada.
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
fase (ainda persistindo a primeira), criam-se condições para o • Ia (A) é a corrente que assegura a atuação do dispositivo de proteção
seccionamento automático da alimentação por sobrecorrente, que por sobrecorrente em um tempo no máximo igual ao especificado na
serão aquelas definidas para o esquema TT ou TN , dependendo da tabela-26 a seguir, ou a 5 s , para circuitos de distribuição e para circuitos
forma como as massas são aterradas : terminais que alimentem unicamente equipamentos fixos, desde
• quando as massas forem aterradas individualmente ou por grupos, que uma falta nestes circuitos não tenha possibilidade de propagar
as condições aplicáveis para o seccionamento automático por um para equipamentos portáteis ou equipamentos móveis deslocados
DR são as prescritas para esquema TT , isto é, atender a seguinte manualmente em funcionamento, e ligados a outros circuitos terminais
condição: da instalação, uma tensão de contato superior ao valor apropriado de
UL dados na Tabela C.2 do anexo “C” da norma.
(22)
Tabela 26 – Tempos de Seccionamento máximos em esquema IT
Tempo de Seccionamento máximo (s)
• quando todas as massas da instalação forem interligadas por um U (V)
Situação 1 Situação 2
mesmo condutor de proteção, e aterradas por um mesmo eletrodo
208 , 220 , 230 0,80 0,35
de aterramento (massas coletivamente aterradas), as condições para
o seccionamento automático por um dispositivo a sobrecorrente são 380 , 400 , 480 0,40 0,20
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CAPÍTULO IV
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
DA ALIMENTAÇÃO
5 – Tempos máximos de seccionamento nas impõe ao dispositivo de proteção contra curtos-circuitos (fusível
Situações-1 e 2 ou disjuntor), as diferentes exigências vistas anteriormente, cujos
objetivos são os seguintes:
Na aplicação da medida de proteção por equipotencialização e 1º) O dispositivo deve ter capacidade de interrupção igual ou maior
seccionamento automático da alimentação, a norma admite que os que a corrente de curto-circuito presumível, cujo objetivo é atribuir
tempos máximos de seccionamento na Situação-2 para o esquema ao disjuntor a capacidade de continuar protegendo o circuito após
TN dado na tabelas-25 da norma (no caso de uma única falta) e para ocorrência de uma falta. Os fabricantes de disjuntores e fusíveis
o esquema IT dado na tabela-26 (no caso de aparecimento de uma informam em tabelas os parâmetros a serem observados, para
2ª falta e ainda não tendo sido eliminada a 1ª) sejam aqueles válidos caracterizar as respectivas capacidades de interrupção de correntes
para a Situação-1, se no mínimo uma das seguintes providências de faltas.
compensatórias for adotada: 2º) Verificar que a integral de Joule ∫².t que o dispositivo de proteção
1º) execução de equipotencialização suplementar, devendo-se deixa passar seja coordenada com a que podem suportar, tanto a
verificar se a mesma é efetiva, o que fica assegurado se satisfeita a linha do circuito protegido como eventual outro dispositivo a jusante,
seguinte condição: são condições de proteção dos componentes da instalação.
3º) A condição , isto é, a corrente “Ia” mínima que garante
a atuação do dispositivo de proteção corresponda ao cruzamento da
curva tempo-corrente do dispositivo com a curva de suportabilidade
2º) prover proteção adicional através de DR com corrente diferencial térmica do condutor, seja inferior ou no máximo igual à corrente
residual nominal não superior a 30 mA, que se constituem no de curto-circuito simétrica presumida mínima Ikmín., visa não só a
chamado DR de Alta Sensibilidade (classe HS). proteção da linha como, também, a proteção de pessoas contra
Na expressão [23] anterior, para verificação da efetividade da choques elétricos.
equipotencialização suplementar, considerar:
UL (V) é a tensão de contato limite, referente à Situação-2 de 6.1 - A limitação do comprimento máximo em
influências externas (=25 VCA); esquema de aterramento TN
Ia (A) é a corrente que assegura a atuação do dispositivo de Para efeitos de verificação de , a norma menciona
seccionamento automático da alimentação, podendo ser: que se deve considerar a corrente de curto-circuito mínima
Ia (A) é a corrente de atuação em 5s para dispositivos de proteção presumida ( ) como aquela correspondente a um curto-
por sobrecorrente (fusíveis ou disjuntores) circuito de impedância desprezível que ocorra no ponto mais
R (W) é a resistência entre quaisquer duas massas condutivas distante da linha protegida (final da linha junto à carga).
existentes na instalação e simultaneamente acessíveis por uma É fácil compreender que, de um lado, o dispositivo de proteção
pessoa (mão a mão ou mão ao pé). contra curtos-circuitos deve ter capacidade para interromper a
Como se observa, a condição acima é impossível de ser prevista em corrente de falta que se verifica nos seus bornes (máximo valor). No
projeto, só possível de ser medida nas condições reais e em um dado entanto, se o curto-circuito acontece no final da linha protegida (o
momento! E isso porque nunca se pode prever o que farão os usuários que é mais provável e mais freqüente), ainda assim ele deverá atuar
nas suas instalações aparentes, acrescentando máquinas ou outras com uma corrente de curto-circuito menor, já que é atenuada pela
massas condutivas em proximidade com equipamentos elétricos. impedância que o comprimento da linha acrescenta ao circuito em
curto.
6 GARANTIA DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS Esta corrente de curto deverá ser imediatamente interrompida,
Para a proteção das pessoas contra choques elétricos por tendo em vista a tensão de falta (e por conseqüência tensão de
equipotencialização e seccionamento automático, a NBR-5410 contato resultante) causaria um choque elétrico caso a massa
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SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO
tornada energizada fosse tocada por uma pessoa.
U0 é a tensão fase/neutro
Isso conduz à conclusão de que deverá haver um limite na
Ztrafo é a impedância do Transformador
impedância da linha, para que a proteção contra choque elétrico
Rfase = RA’B com comprimento (L = A’B)
seja garantida. Para uma dada seção do condutor, a limitação estará
RPE = RCD’ com comprimento (L = CD’)
no comprimento da linha.
(LA’B = LCD’ , admitindo-se condutores fase e neutro com comprimentos
A condição para a determinação do máximo comprimento do
iguais)
condutor em esquema TN, para garantia da proteção contra choque
RF = 0 (resistência da falta considerada nula)
elétrico, pressupõe que o condutor pertença a um circuito distante
UF é a tensão de falta 20 % da queda de tensão verifica-se nos
da fonte, assim considerados os circuitos de distribuição secundária trechos AA’ (fase) e “DD’ (condutor PE geral)
e circuitos terminais, para os quais se admite um “método de cálculo
simplificado”. Convém esclarecer que, quando o condutor de proteção corre
Para tanto, é indispensável que o condutor de proteção esteja junto aos condutores “fases”, a impedância de seqüência Zero
instalado junto aos condutores das fases do circuito tende a ser menor (como conseqüência da indutância mútua entre
(conforme recomenda a norma), tendo assim o mesmo comprimento” condutores “fases” e de “proteção”), o que é uma outra razão
(em caso contrário, a verificação só será possível desta exigência.
por medições, após a execução da instalação), isto é, o condutor de O método consiste na aplicação da lei de OHM ao circuito em
proteção deve estar contido na mesma linha elétrica defeito, com as hipóteses indicadas a seguir:
dos condutores vivos ou em sua proximidade imediata. • a tensão entre a fase em defeito e o condutor PE (ou PEN) na
Seja a representação de um curto-circuito em uma massa em sistema origem do circuito é considerada como igual a 80 % da tensão de
com esquema TN na FIG-14 fase nominal (considera-se em 20 % a queda de tensão desde a
origem da instalação até os pontos inicial da fase (A’ ) e final do
condutor PE (D’ ) do circuito em curto, de onde resulta o fator 0,8 ;
A IF A’ • as reatâncias dos condutores podem ser desprezadas diante das
respectivas resistências;
D’ • a reatância do transformador (Rtrafo) pode ser desconsiderada, face
às demais reatâncias.
Como, por hipótese, nos trechos em falta A’B (fase) e CD’ (PE)
admite-se queda de 80 % da tensão de fase, e considerando-
Lmáximo = A’B = CD’
se Ztrafo e reatâncias dos cabos desprezadas, e RF = 0 , resulta:
UF
[26]
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Esta corrente induz na massa uma “tensão de falta” dada por: atuação magnética do mesmo, isto é: Ia = Imag ; como os tempos
de atuação de disjuntores termomagnéticos são muito pequenos,
[27] inferiores aos constantes nas tabelas 25 e 26, independentemente
das situações de influências externas combinadas. Assim, para
disjuntores conforme IEC 60898, “Ia” corresponderá a 5xInominal
Se as resistências Rfase = RPE , esta tensão de falta será, para aqueles com curva “B”, a 10xInominal para aqueles com curva
aproximadamente : UF @ 0,4 x U0 , a qual, mesmo para sistemas “C” e a 20xInominal para aqueles com curva “D”. É o que se pode ver
127/220 V, seria superior ao valor limite de 50 V permitido para a em disjuntores com curvas de atuação B – C e D.
tensão de contato na situação-1.
Assim, sob o ponto de vista de proteção contra choques elétricos, é 6.1.2 Significado de “Ia” para o caso de fusíveis em
esquema TN
preciso que seja garantido o pronto seccionamento do circuito, cujo tempo
Para o caso de fusíveis a solução já não é tão óbvia, devendo-
máximo depende de ULe do esquema de aterramento, dados na tabela-25
se determinar nas tabelas correspondentes aos esquemas de
para esquemas TN e na tabela-26 para uma 2ª falta em esquema IT, ou até
aterramento os tempos máximos de seccionamento permitidos (tS),
5 s nos casos previstos conforme consta na seção 1.1.
e então, então com este tempo na curva de atuação do fusível,
A combinação das expressões [8] e [26] nos permitem escrever:
e determinar assim o valor de “Ia” . É o que vemos nas curvas de
“não atuação” e de “atuação” de uma linha de fusíveis tipo “gG”
Diazed.
FIG-15
e finalmente:
6.2 A atuação de DR em esquema de aterramento
[28] TT independe do comprimento da linha
Em sistemas com esquema de aterramento TT as correntes
de curto-circuito de uma falta contra massas são limitadas,
“Ia” é a corrente que assegura a atuação do dispositivo de
principalmente, pelas resistências de aterramento da alimentação RA
proteção no tempo máximo imposto para o esquema TN ou igual a 5
e das massas RM, conforme vimos na seção 3.1. Em conseqüência,
s nos casos previstos na seção [1.1] para o seccionamento automático
as correntes de curto-cicuito serão de pequeno valor, incapazes
em esquema TN.
de propiciar a atuação de dispositivos de proteção por sobre-
6.1.1 Significado de “Ia” para o caso de disjuntores corrente.
em esquema TN Por outro lado a tensão de falta “UF”que surge nas massas
Para disjuntores eletrônicos “Ia” deve corresponder ao valor submetidas a um curto-circuito assume valores perigosos, superiores
parametrizado que resulte em tempo de seccionamento inferior ao ao valor da tensão de segurança “UL = 50 V”, mesmo para sistemas
previsto para o respectivo esquema de seccionamento, podendo ser em 127/220 V, impondo-se o seccionamento automático pela
necessárias algumas considerações quando-se tratar de um circuito atuação de dispositivo a corrente diferencial residual – DR . Como
protegido por um disjuntor seletivo com retardo de tempo de a atuação de um DR é independente do valor da corrente de curto-
atuação. circuito, pois seu funcionamento está baseado no desequilíbrio
Para o caso de disjuntores termomagnéticos, “Ia” é o limiar de entre as correntes dos condutores vivos do circuito protegido, sua
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atuação será independente do comprimento da linha, ou em outras
palavras, independente se a falta acontece no início ou no final do
circuito por ele protegido.
É o que se representa na FIG-16 a seguir:
DR
IF UF
FIG-17
RA RM
O princípio do método é o mesmo que o visto para o esquema
TN, considerando-se agora que a soma das tensões entre o condutor
FIG-16
de proteção na origem de cada circuito final em defeito é igual a 80
% da tensão normal. De fato, diante da impossibilidade prática de
efetuar a verificação para cada configuração de “dupla falta” (que
6.3 Limitação do comprimento máximo em é quando a proteção por seccionamento automático deve atuar
esquema de aterramento IT em esquema IT), os cálculos pressupõem uma repartição idêntica
Conforme vimos, o seccionamento por dispositivos de da tensão entre cada um dos circuitos em defeito (que é uma
sobre-corrente em esquema IT só é permitido pela norma hipótese a favor da segurança). A norma distingue dois subcasos
quando da ocorrência de uma 2ª falta simultânea com uma com distintas condições impostas para o seccionamento quando da
primeira (ver seção 4.2), e com a condição de que todas as 2ª falta simultânea, a saber:
massas devam estar coletivamente interligadas via condutores A) Se o neutro não é distribuído em IT, o que pressupõe a
de eqüipotencialização a um mesmo eletrodo de aterramento. alimentação das cargas exclusivamente através das fases, os 80 %
Por esta razão a norma preconiza o emprego de Dispositivo de queda aplicados à condição imposta pela norma nos dão:
Sensor de Isolamento – DSI, para a imediata eliminação da 1ª
falta sem dar chance de acontecer uma 2ª falta, e com isso
U é a tensão de linha (fase/fase) e
garantindo a continuidade das alimentações, razão principal da U0 é a tensão fase/neutro
adoção de esquema IT.
Desprezando-se, como no caso de TN, as reatâncias dos
A FIG-17 representa duas faltas simultâneas, uma na fase
condutores diante dos valores de suas resistências, obtém-se:
“a” contra a massa M1 e a outra na fase “c” contra a massa M2,
estando as massas coletivamente interligadas e aterradas a um
mesmo eletrodo de aterramento RM , por meio dos condutores
de equipotencialização.
U0 é a tensão fase/neutro
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O cálculo consiste em limitar o comprimento máximo Lmáx. do incapazes de provocar a atuação de dispositivos de sobre-
circuito ao valor resultante da expressão anterior, isto é: correntes.
Em conseqüência, cada circuito ou grupos de circuitos devem
[29] ser protegidos por um DR, conforme prescreve a norma, devendo
ser atendida a condição:
B) Se o neutro é distribuído em IT, e um dos condutores em falta Os valores limites de RM , em função das
é o neutro, os 80 % de queda aplicados à condição imposta pela Situações-1 e 2 e da sensibilidade do DR, são os
norma, no dá: indicados na Tabela-2 constante na seção 3.1.
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FASCÍCULO 6 / NBR 5410 - DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
AUTOMÁTICO EM BT
1 Função de um dispositivo de secionamento secionamento do neutro, se existente e quando exigido (ver proteção
automático da alimentação do condutor neutro contra sobre-correntes mais adiante neste capítulo),
deve se fechar antes e abrir após os contatos das fases.
Os equipamentos de secionamento com operação automática b) Em circuitos polifásicos não é permitido instalar dispositivo unipolar
executam as funções de proteção de pessoas contra choques elétricos, para secionamento do neutro, observando-se a exceção prevista na
dos condutores e dos equipamentos alimentados contra elevações de norma, que permite o emprego de dispositivos unipolares justapostos,
temperatura causadas por sobrecorrentes e, em certas circunstâncias, que no caso de secionamento automático são representados pelos
a proteção contra incêndios dos prédios que abrigam as instalações fusíveis montados em suas bases (remoção do elemento fusível);
elétricas. c) Em circuitos monofásicos não devem ser instalados dispositivos
Dependendo do tipo de dispositivo de proteção empregado, a unipolares no condutor neutro, a menos que exista a montante um DR
interrupção do circuito pode ser provida seja pela abertura de contatos (quando sua aplicação é recomendável ou exigida) que atenda as regras
móveis (caso de disjuntores e dispositivos DR), seja pelo rompimento de de eqüipotencialização e secionamento automático da alimentação,
um elemento previsto para fundir-se (caso dos fusíveis). Em ambos os para os diferentes esquemas de aterramento do neutro.
casos a operação de interrupção do circuito deve acontecer quando a d) Dispositivos que assegurem mais de uma função ao mesmo tempo
corrente ultrapassa determinado valor maior que a corrente de disparo, (por exemplo: proteção, secionamento e comando), devem satisfazer a
fixo ou ajustável, podendo ser instantânea ou dependente de uma todas as prescrições previstas para cada uma das funções.
curva “tempo x corrente” com diferentes características, havendo ainda Tratando-se de dispositivos destinados a assegurarem o
outros princípios de operação. “secionamento automático por sobre-corrente”, a NBR-5410 estabelece
prescrições diferenciadas para a proteção dos condutores “fases” e do
1.1 Condições para seleção e instalação dos condutor “neutro” contra sobrecargas e curtos-circuitos, considerando
equipamentos de secionamento automático os diferentes esquemas de condutores vivos e esquemas de aterramento
de que eles façam parte, e que são as seguintes:
Na seleção e instalação de todos os equipamentos de secionamento
1) Os condutores vivos devem ser protegidos por um ou mais dispositivos
automático devem ser observadas as mesmas condições comuns
de secionamento automático contra sobrecargas e curtos-circuitos,
aplicáveis aos de secionamento não automático, em conjunto com as
excetuando-se os casos em que as sobrecorrentes forem limitadas e os
prescrições comuns relativas à “seleção e instalação dos componentes
casos em que for possível ou mesmo recomendável a omissão de tais
da instalação elétrica” constantes na NBR-5410.
proteções (ver seção 5.3.1 da norma);
A diversidade e a complexidade das características construtivas, de
2) Os dispositivos de proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos
desempenho e de emprego que devem ser exigidas destes equipamentos
deverão ser localizados em todos os pontos onde se estabeleça uma
fazem com que a NBR-5410 remeta para normas específicas a serem
mudança na capacidade de condução de corrente da linha, seja uma
atendidas, sendo que algumas delas irão nos interessar e serão abordadas
redução de seção do condutor (derivação) ou quando uma alteração do
mais adiante. Estas características podem ter caráter geral ou específico
método de instalação redundar em redução na capacidade de condução
para cada tipo de dispositivo de secionamento automático.
de corrente dos condutores do circuito protegido;
A norma estabelece quatro características comuns a serem
3) A seleção dos dispositivos de proteção contra curtos-circuitos deve ser
observadas na “seleção e instalação dos dispositivos destinados a prover
adequada à qualificação ou não das pessoas que os irão manusear.
as funções de secionamento”, sejam eles de operação automática ou
manual são as seguintes: 1.2 - As proteções garantidas pelos dispositivos de
a) Os contatos móveis de todos os pólos de dispositivos multipolares atuação por sobre-correntes
devem estar acoplados mecanicamente, de forma que se abram
ou se fechem simultaneamente; todavia, o contato destinado ao Conforme estabelece a norma, os dispositivos de proteção contra
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FASCÍCULO 5 / NBR 5410 - DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
por PEDRO ARMANDO FISCHER, engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
AUTOMÁTICO EM BT
PARTE 2
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como modernamente os cada vez mais difundidos equipados com • No caso de disjuntor operado de alguma forma por energia auxiliar, o
disparadores de sobrecarga e curto-circuito eletrônicos parametrizáveis. instante inicial do tempo de abertura é o da energização do dispositivo
Para que se possa selecionar um disjuntor conforme a NBR IEC 60947-2, de abertura.
eis algumas definições importantes: Seletividade Total de sobre-corrente existe entre dois dispositivos
Tamanho da estrutura (Frame) é um termo que designa um de proteção de sobre-corrente em série, quando o dispositivo no lado da
grupo de disjuntores cujas dimensões externas são comuns para uma carga efetua a proteção sem causar a operação do outro dispositivo a
faixa de correntes nominais. O tamanho da estrutura é expresso em montante.
ampères, correspondentes ao maior valor eficaz de corrente nominal do Seletividade Parcial de sobre-corrente existe entre dois dispo-
grupo, podendo haver disjuntores com larguras diferentes, de acordo sitivos de proteção de sobre-corrente em série, quando o dispositivo de
com a quantidade de pólos, pois esta definição não implica normalização jusante efetua a proteção até um dado nível de sobre-corrente, sem
dimensional. causar a operação do de montante.
Disjuntor seco é aquele cujos contatos principais operam no Corrente Limite de Seletividade (IS) é o valor limite:
interior de uma câmara de extinção com ar, sob pressão atmosférica • abaixo do qual, na presença de dois dispositivos a sobre-corrente
(nos disjuntores a vácuo as câmaras de extinção contêm vácuo, e nos em série, aquele instalado no lado da carga completa sua atuação a
disjuntores a gás as câmaras de extinção contêm um gás diferente do ar, tempo de evitar que o outro inicie sua operação, isto é, é assegurada a
sob pressão atmosférica ou mais elevada). seletividade.
Disjuntor Extraível é aquele que, em adição aos seus contatos • acima do qual, na presença de dois dispositivos a sobrecorrente
de interrupção, tem um conjunto de contatos de separação que permite instalados em série, aquele instalado no lado da carga pode não
que ele seja desconectado do circuito principal e mantido em uma completar sua operação de interrupção a tempo de evitar que o outro
posição extraída, de modo a estabelecer as distâncias de separação de inicie sua operação, isto é, não é assegurada a seletividade.
acordo com os requisitos especificados. NOTA: Em um diagrama tempo x corrente “ Is” corresponde ao valor de
Disjuntor de Encaixe “Plug In” é aquele que, em adição corrente obtido na interseção da característica “tempo x corrente” do
dispositivo do lado da carga com a característica de fusão (para fusíveis)
aos seus contatos de interrupção, possui um conjunto de contatos que
ou característica “tempo x corrente” de atuação para outro disjuntor a
permite que ele seja removido.
montante.
Disjuntor em Caixa Moldada (MCCB – Molded Case Circuit
Breaker) é um disjuntor seco de baixa tensão, montado em uma caixa de
2.2.2.1 – Características construtivas e nominais para a
material isolante moldada, que suporta e encerra o disjuntor.
seleção dos disjuntores segundo a NBR IEC 60947-2
Disjuntor Limitador de Corrente é aquele cujo tempo de
As características dos disjuntores devem ser estabelecidas, quando
interrupção seja suficientemente curto, de forma a impedir que a corrente
aplicável, levando em conta os seguintes aspectos:
de curto-circuito atinja o seu valor de crista.
A) Tipo de Disjuntor, sendo definidas a quantidade de pólos e as
Disparador de curto-circuito é o elemento construtivo que
características da corrente, a saber:
provoca o secionamento durante um curto-circuito.
1.1) Disjuntores para CA (a quantidade de fases e a freqüência)
Disparador de curto-circuito com retardo de curta
1.2) Disjuntores para CC.
duração é o elemento construtivo destinado a operar ao final de um
B) Valores Limites e Nominais do Circuito Principal, não sendo necessário
retardo de curta duração (qualquer retardo intencional na atuação,
estabelecer todos os valores, e que são:
levando-se em conta os limites da corrente suportável nominal de curta
B.1) Tensões Nominais de Operação
duração), provocando o secionamento devido à sobrecorrente.
A NBR IEC 60947-2 define para os disjuntores os seguintes valores
Característica I2.t de um disjuntor, geralmente uma curva que
de Tensões Nominais de Operação:
relaciona os valores máximos de I2.t ao tempo de interrupção como uma
• Tensão Nominal de Operação “Ue”, a qual, normalmente, é a tensão
função do valor eficaz da corrente simétrica presumida, até a corrente
entre fases, é o valor de tensão que, combinado com a corrente nominal
presumida máxima correspondente à capacidade de interrupção nominal
de operação, determina a aplicação do disjuntor a qual são referidos os
em curto-circuito e à tensão associada.
testes relevantes e as categorias de utilização.
Tempo de abertura para disjuntores é comumente referido como
• Tensão Nominal de Isolamento “Ui”, que é o valor da tensão à qual são
“tempo de disparo”, embora o tempo de disparo, mais exatamente,
referidos os testes dielétricos e distâncias
aplique-se ao tempo entre o instante do início do tempo de abertura até
de “escoamento (em inglês creepage)”
o instante em que o comando de abertura se torna irreversível, sendo
• Tensão Suportável de Impulso Nominal “Vimp”, que é o valor de crista de
que:
uma tensão de impulso de forma e polaridade
• No caso de disjuntor sem nenhum dispositivo auxiliar de abertura
prescrita a qual o disjuntor é capaz de resistir sem falha sob específicas
(diretamente operado), o instante inicial do tempo de abertura é aquele
condições de teste, e ao qual são referidos
em que se estabelece uma corrente que sensibilize instantaneamente,
os valores de abertura.
sem qualquer atraso intencional, o disparador instantâneo do disjuntor.
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B.2) Correntes de operação normal dos Disjuntores constante sem interrupção por períodos maiores que 8 horas (semanas,
A NBR IEC 60947-2 define para os disjuntores os seguintes valores de meses ou mesmo anos).
Correntes Nominais de Operação: E) Características de Curto-circuito dos Disjuntores
• Corrente Térmica Convencional (ao ar livre) – “Ith”, é o valor máximo da 1) Capacidade Nominal de Estabelecimento em curto-circuito – “Icm” ,
corrente de teste a ser usada para testes que é o valor da corrente de estabelecimento em curto-circuito atribuído
de aumento de temperatura de disjuntor não contido em invólucro e ao disjuntor pelo fabricante, para a tensão nominal na freqüência
ao ar livre. nominal e para um fator de potência especificado (em CA) e constante
• Corrente Térmica Convencional em Invólucro – “Ithe”, é o valor de de tempo (em CC), e expresso como o “máximo valor de pico” da
corrente estabelecido pelo fabricante para ser corrente presumida. Em CA este valor é obtido pela multiplicação da
usado nos testes de aumento de temperatura de disjuntor montado em Capacidade de Interrupção Máxima em curto-circuito por um fator “n”
um invólucro específico. maior que a unidade.
• Corrente Nominal Ininterrupta – “Iu”, é o valor da corrente estabelecida 2) Capacidade Nominal de Interrupção em curto-circuito é o valor
pelo fabricante, e que o disjuntor pode atribuído ao disjuntor pelo fabricante, para a tensão de operação e
suportar em regime ininterrupto. sob condições especificadas, e estabelece que o disjuntor deve ser
• Corrente Nominal de Operação – “In”, é o valor da máxima corrente que capaz de interromper qualquer valor de corrente de curto-circuito até
o disjuntor pode conduzir a uma temperatura e inclusive o valor correspondente à capacidade nominal na tensão de
ambiente especificada pelo fabricante, cujo valor é igual ao de “Iu”. restabelecimento na freqüência industrial em qualquer fator de potência
NOTA: Para disjuntores com ajuste da atuação de sobrecarga, o valor (para CA) e constante de tempo (para CC). São definidos dois valores
de “Ir ou Irth” é o maior valor regulável de corrente de regulação ou de característicos, a saber:
ajuste, acima do qual o disjuntor irá disparar. O valor de ajuste “Ir” pode ser
• Capacidade Nominal de Interrupção Máxima de curto-circuito – “ICU” ,
selecionado dentro de uma faixa até o valor de “In”.
que é o valor da corrente de interrupção limite em curto-circuito indicado
C) Freqüência Nominal , que é a freqüência de alimentação para a pelo fabricante para o disjuntor, para a tensão nominal de operação sob
qual o disjuntor é designado, e à qual correspondem os outros valores condições especificadas, expresso como o valor da corrente presumida
característicos. de interrupção (kAeficaz) , conforme Tabela - 2 da NBR IEC 60947-2 e
D) Regimes de Carga Nominal de Disjuntores abaixo reproduzida
• Regime de Carga de 8 h , que é o regime durante o qual os contatos
principais do disjuntor permanecem fechados, enquanto circula uma
corrente constante por tempo longo o bastante para o equipamento
alcançar o equilíbrio térmico, mas não por mais do que 8 horas sem
interrupção.
• Regime de Carga Contínuo (ou Ininterrupto), que é o regime sem
qualquer período de desligamento durante o qual os contatos principais
do disjuntor permanecem fechados, enquanto circula uma corrente
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2.2.2.2 – Classificação dos disjuntores segundo
a norma IEC 60947-2
A NBR IEC 60947-2 classifica os disjuntores segundo diversos
critérios, conforme veremos a seguir:
a) De acordo com seu Projeto Construtivo, são classificados em:
• Disjuntores Abertos (podendo ser tripolares ou tetrapolares)
• Disjuntores em Caixa Moldada (podendo ser unipolares,
bipolares, tripolares ou tetrapolares)
b) De acordo com o Modo de Instalação, são classificados em:
• Disjuntores Fixos
• Capacidade Nominal de Interrupção em Serviço de curto-circuito
• Disjuntores de Encaixe
– “ICS”, que é o valor da capacidade de interrupção em serviço
• Disjuntores Extraíveis
de curto-circuito indicado pelo fabricante para o disjuntor, para
c) De acordo com a Velocidade de Interrupção da corrente de
a correspondente tensão de operação nominal sob as condições
falta, são classificados em :
especificadas, e expresso como um valor da corrente presumida de
• Disjuntores Não Limitadores da corrente de curto (N)
interrupção (kA) , ou como percentuais dos valores de “Icu” (Ics = %
• Disjuntores Limitadores da corrente de curto (L)
Icu) conforme constante na tabela-1 da NBR IEC 60947-2, variando
Nas curvas ao lado observamos que um disjuntor limitador
(de 25 até 100 % para Categoria “A”) e (de 50 até 100 % para a
interrompe a corrente de curto antes de ser atingido seu valor
Categoria “B”).
de crista no 1° ciclo, reduzindo ainda o tempo de duração do
3) Corrente nominal Suportável de Curta Duração “ICW”, que é
curto (Tlimitado). Com isso, a corrente e a energia passante
o valor da corrente suportável de curta duração indicada pelo
são grandemente reduzidas, pela atuação de um dispositivo
fabricante para o disjuntor, nas condições de ensaios especificadas
limitador.
na NBR IEC 60947-2 (8.3.6.2). Seu valor é expresso como o valor
eficaz da componente alternada da corrente simétrica de curto-
i
circuito presumida, suposta constante durante o tempo de retardo.
O curto retardamento associado a esta corrente deve ser no mínimo Corrente limitada
0,05 s , sendo os seguintes os valores preferenciais: 0,05 s – 0,10
Corrente prospectiva
s – 0,25 s – 1,00 s.
0 Tlimitado t
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Abaixo representamos as curvas de performance características de um disjuntor limitador
de corrente, na forma como são apresentadas pelos respectivos fabricantes.
Corrente de
pico Limitada
(kA)
24
Componente CA
prospectiva (ms)
Corrente de
pico Limitada
(A)
4,5.105
2.105
Componente CA
prospectiva (ms)
D) De acordo com a Categoria de Utilização (apto ou não a ser usado em seletividade), são
classificados em :
D.1) Disjuntores Categoria “A”
São disjuntores não especificamente indicados para seletividade sob condições de curto-
circuito, em relação a outro dispositivo de proteção em série no lado da carga, isto é, sem
curto retardamento de tempo intencional sob condições de curto-circuito, e portanto, sem a
corrente suportável de curta duração.
D.2) Disjuntores Categoria “B”
São disjuntores especificamente indicados para seletividade sob condições de curto-
circuito, em relação a outro dispositivo de proteção em série a jusante, isto é, com curto
retardamento de tempo intencional (que pode ser ajustável) indicados para seletividade sob
condições de curto-circuito, pois possuem corrente suportável de curta duração.
E) De acordo com os tipos de Disparadores de Sobrecorrentes
Esta classificação é a mais importante sob o ponto de vista técnico, uma vez que a seleção
de disjuntores equipados com disparadores que possibilitem maior recursos de regulagem
quanto às curvas de disparo “tempo x corrente” determinam uma melhor seletividade
(ver capítulo-16) entre os diferentes circuitos da instalação. São os seguintes os tipos de
disparadores de sobrecorrentes:
• Disparadores termomagnéticos
• Disparadores eletrônicos estáticos
• Disparadores eletrônicos microprocessados
Continua na próxima edição
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FASCÍCULO 4 / NBR 5410 - DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
AUTOMÁTICO EM BT
PARTE 3
3 Disjuntores com Disparador Termomagnéticos (TM) Os disjuntores termomagnéticos podem ser ou não “Limitadores
Nos disjuntores termomagnéticos, segundo quaisquer das de Corrente” de curtos-circuitos. Os Limitadores de Corrente
normas, o secionamento por sobrecargas é feito por um disparador apresentam contatos fixos e móveis de cada pólo construídos de
bimetálico, exclusivamente destinado para atuar por sobrecargas tal forma que, ao serem percorridos por uma corrente de curto-
(L), com valor de disparo fixo ou ajustável, percorrido pela corrente circuito, normalmente maior do que 10xIR do disjuntor, ficam
de ajuste (diretamente ou através de transformador de corrente), e submetidos a uma força de repulsão magnética. Esta força de
instalado em série com a bobina de disparo para curto-circuitos. Sua repulsão, em conjunto com o arco elétrico formado no interior de
curva de operação obedece à função I².t = K . câmaras de extinção e responsável por uma impedância dinâmica
Em cada tamanho de “frame”, caracterizado por sua corrente adicional que reduz os efeitos da energia I².t e do valor da corrente
nominal máxima, podem ser instalados relés térmicos com diferentes iP instantânea do primeiro semiciclo, é a responsável pela limitação
correntes máximas. Por exemplo, um disjuntor com In máxima de da corrente de curto-circuito.
160 A pode ser dotado de relés térmicos com as seguintes correntes
nominais máximas do range: 32-50-63-80-125 e 160 A. Para
determinados disjuntores de uma linha de fabricação, a faixa de
ajuste dos relés térmicos ajustáveis situa-se entre os limites (0,7 até
1,0).In e (0,8 até 1,0).In , dependendo do fabricante.
FIG-5 Minidisjuntores
O secionamento para proteção contra as correntes de
5SX da Siemens
curtos-circuitos é realizado através do disparo de uma bobina
eletromagnética constante de um "U" magnético e uma lâmina
móvel, e que pode ser fornecida com limiar de disparo fixo (3xIn –
5xIn ou 10xIn), ou com limiar de disparo ajustável, nas faixas: (3 até Unipolar Bipolar
5).In e (5 até 10).In.
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4.1 Parametrização de disjuntores seletivos
Entende-se por “parametrização” de um disjuntor seletivo o ajuste
de sua curva de atuação ao longo de toda a combinação das variáveis
“tempo x corrente”. Mas não devemos esquecer que a alimentação de
energia poderá ser em alta tensão (69 kV ou mais), em média tensão
(de 13,8 até 33 kV), ou diretamente da rede pública de baixa tensão.
A partir do ponto de entrada, qualquer que seja o nível de tensão,
os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes de uma instalação
consumidora, normalmente, possuem uma topologia constituída
por uma rede radial, isto é, com vários circuitos em série, iniciando
normalmente, pelos dispositivos de proteção logo na entrada da
alimentação desde a rede pública de baixa, média ou alta tensão,
conforme o caso.
Como a continuidade da operação da rede elétrica é ponto
fundamental, os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes
deverão interromper, tão somente, o circuito em que se verifica uma
FIG-8 Ao lado as curvas “tempo x corrente” do mesmo disjuntor TM anterior
anormalidade (sobrecarga ou curto-circuito), permanecendo em
de fabricação ABB, com corrente de frame máximo de 250 A, quando equipado
com relé térmico para os valores de correntes nominais IR com valores fixos operação todos os demais. E como, via de regra, são nos circuitos
ou reguláveis de 15, 20, 30, 40 e 50 A, mas com relé magnético de disparo fixo terminais que alimentam as cargas que ocorrem estas anormalidades,
de 10.In .
estes dispositivos de proteção devem ser discriminativos, isto é, só
Observar que a corrente de disparo de sobrecarga será função do deverá atuar aquele dispositivo ao qual está atribuída a responsabilidade
múltiplo de In , enquanto que a de disparo magnético será de 500 A de proteger o circuito no qual acontece a sobrecorrente, o que
(10x50 A), correspondente a 10.In com relé de sobrecarga de 50 A., o significa garantir “seletividade” à instalação.
que significa que com relés térmicos com menores valores de corrente IR o A atuação de um dispositivo em presença de uma sobrecarga vai
disparo magnético dá-se com múltiplos cada vez maiores que 10 vezes. depender da corrente de operação do circuito, que não deverá ser
Para 15 A o disparo com 500 A significa 33 vezes maior que In. maior do que a corrente solicitada pela(s) carga(s) alimentadas pelo
Nestes casos o fabricante indica que quando equipado com relés de circuito, seja ele um alimentador de um quadro elétrico que alimenta
sobrecarga para correntes máximas do range de 50 A, 40 A, 30 A, 20 diversas cargas ou um alimentador exclusivo de uma única carga, que
A e 15 A, o disparo magnético só será efetuado para 500 A (10x 50 A). deverá ser compatível com a capacidade de corrente do alimentador,
Isto significa que a corrente de disparo magnético de 500 A corresponde, nas condições de instalação e operação, conforme constam na norma
para os disjuntores com relés de 40, 30, 20 e 15 A, respectivamente, e no capítulo “Dimensionamento das Linhas Elétricas”.
valores de 12,5x, 16,6x, 25,0x e 33,3x o valor da corrente IR do relé de Mas sob o ponto de vista dos curtos-circuitos, não se pode nem
sobrecarga, conforme indicados nas curvas da FIG-8 anterior. pensar em obter seletividade na instalação, caso não seja feito um
estudo completo de curtos-circuitos em todos os diferentes trechos
4 Disjuntores Seletivos (Categoria “B” da instalação, considerando os diferentes níveis de tensão existentes
conforme IEC 60947-1) nos consumidores com grandes potências instaladas e alimentados
Nos disjuntores seletivos dotados de relés estáticos de estado em alta tensão.
sólido com diferentes características de operação, pode-se selecionar Só então poderemos partir para a parametrização, após o estudo
as características de disparo segundo combinações de curvas com de seletividade da instalação, através do qual são determinados os
características “L – S e I”, podendo ser uma única delas ou combinações parâmetros para fixação das curvas de disparo dos diferentes dispositivos
até o caso em que todas são integrantes do relé. de proteção em série. E isto vai exigir a orientação dos “Manuais de
Nos "disjuntores eletrônicos" o "trip" é comandado pela unidade Operação” fornecidos pelos respectivos fabricantes.
lógica eletrônica de processamento dos sinais, segundo curvas de
disparo parametrizáveis por meio de software dedicado, que efetuará 4.2 Possibilidades de programação de disparo
o secionamento do disjuntor atuando sobre uma bobina. Permitem o (parametrização) de disjuntores seletivos
ajuste não só dos valores da corrente de disparo como introduzindo Exemplos de possibilidades de programação do disparo de
retardos intencionais, tanto para sobrecargas quanto para curtos- disjuntores seletivos atenderiam as seguintes características:
circuitos, alterando a curva nas suas características "L – S e I" e, a) Proteção contra sobrecargas de Longo Retardo ( L ), com a corrente
opcionalmente, podem ser dotados da proteção "G – proteção contra limiar de atuação podendo ser regulada para alguns fabricantes entre
falta à terra ou massa". (0,7 a 1,0).IN , e para outros entre (0,8 a 1,0).IN, e permitindo a seleção
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entre 4 até 10 curvas (dependendo da linha do fabricante), identificadas d) Proteção contra Falha à Terra ( G ), podendo ser regulados vários
por letras ou pelo tempo de disparo "tr" em relação a um múltiplo valores do limiar de atuação de corrente de falta, e selecionados
da corrente Ir regulada. Para uma mesma linha de fabricação de um mais de um valor de retardo de tempo fixo, sendo cada curva
dado fabricante, alguns disjuntores permitem introduzir um tempo identificada por um parcela (0,2 a 0,6)xIn da corrente nominal "In"
de retardo intencional "tL" para atuação por sobrecarga, ajustado de do TC, função esta também passível de ser desativada.
forma contínua ou selecionável entre algumas curvas, normalmente
AJUSTES DISPONÍVEIS NOS DISJUNTORES ELETRÔNICOS:
entre (2,5 a 30) segundos classe de inércia. No gráfico ao lado estão representados alguns recursos de ajustes
b) Proteção contra Curtos-circuitos Instantânea ( I ), que permite () da corrente limiar de atuação e dos tempos de retardo:
1) Ajustes de Tempo de Retardo:
a seleção do limiar de disparo instantâneo “Im = (1,5 a 12).In”. Em
tL = Retardo de Longo Tempo;
alguns disjuntores esta proteção pode ser desativada. A função deste tS = Retardo de Curto Tempo;
disparador, em sistemas de discriminação por tempo, é a de limitar as tI = Disparo Instantâneo (fixo ou ajustável).
2) Ajustes do Limiar de Corrente de Atuação:
elevadas dissipações térmicas através do disjuntor na instalação. É de
L = Limiar de Atuação de Longo Retardo;
atuação instantânea, podendo ser ajustado para limiar de corrente de S = Limiar de Atuação de Curto Retardo;
disparo entre (15 a 50).In ou com valor fixo (mais usual com corrente I = Limiar de Atuação Instantânea;
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função (I), regulável entre (1,25 até 11).IN, o disparo de proteção contra
curto-circuito é instantâneo, independente do tempo de curto retardo (tsd)
selecionado.
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FIG-17 Curvas do mesmo disjuntor Tmax da ABB, equipado com relé eletrônico
provido das Proteções "LSI", no qual:
Função I².t =k DESATIVADA FIG-18 Curvas do mesmo disjuntor Tmax anterior, equipado com relé
Função t=k ATIVADA eletrônico provido de Proteção "G"
Função “L” ajustável de I1 = (0,4 ...1,0)xIn por meio de “dip switches” ou por
meio de unidade de configuração eletrônica.
Função “S” ajustável de I2 = (0,6...10,0)xIn, por meio de “dip switches” ou
por meio de unidade de configuração eletrônica.
Função “I” ajustável de I3 = (1,5...12,0)xIn por meio de “dip switches” ou por
meio de unidade de configuração eletrônica.
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por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
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AUTOMÁTICO EM BT
PARTE 4
5 – DISPOSITIVOS FUSÍVEIS PARA BAIXA TENSÃO 5.2 – Disposições gerais para os dispositivos
fusíveis para baixa tensão
5.1 – O que são os dispositivos fusíveis
Um dispositivo fusível pode ser definido como constituído por De acordo com a NBR 5410, os dispositivos fusíveis devem
um elemento condutor construído por liga especial e dimensionado atender as três seguintes características construtivas, visando a
para permitir a circulação permanente de corrente nominal, e que proteção das pessoas que, de alguma forma, estabeleçam contato
se funde quando percorrido por corrente superior à nominal em com os mesmos:
um tempo dependente do valor da sobre-corrente. Para cada tipo a) As conexões das bases dos dispositivos fusíveis, em que o porta-
construtivo existe uma linha de dispositivos fusíveis para valores fusível é do tipo roscável, devem ser ligadas de maneira que o contato
diferentes de correntes nominais. central se conecte ao condutor que vem da “fonte de alimentação”.
Este elemento fusível é montado sobre uma base e a ela fixado b) As bases de dispositivos fusíveis, em que o porta-fusível é do tipo
de diferentes maneiras, conforme seu tipo construtivo. plugável, devem ser dispostas de modo a excluir a possibilidade de
Assim, poderemos ter os seguintes tipos de dispositivos fusíveis se estabelecer, através de um porta-fusível, contatos entre partes
para baixa tensão: condutoras pertencentes a duas bases contíguas. São os casos de
• Dispositivo no qual um elemento fusível é instalado no interior de fusíveis tipo NH ou de Cartucho, que aparecem nas figuras acima.
um tubo protetor de material isolante dotado de contatos cilíndricos c) Os dispositivos fusíveis cujos elementos fusíveis sejam suscetíveis
ou tipo faca nas extremidades, inseridas nos contatos fixos da base, de substituição ou remoção por pessoa nem advertidas e nem
mais conhecidos como fusível Cartucho; habilitadas (tabela-18 da NBR-5410), devem ter características
• Fusível dotado de um porta-fusível composto por parafuso de construtivas que atendam às prescrições de segurança da NBR
ajuste, anel, tampa e elemento fusível, fixados na base por meio de IEC 60269-3. Admitem-se dispositivos fusíveis ou dispositivos
rosca, mais conhecidos como fusíveis Diazed – Neozed ou Silized; combinados próprios para uso por pessoas advertidas ou qualificadas,
• Fusível em que o elemento fusível é encapsulado no interior de e em situações nas quais a troca ou retirada dos fusíveis só possa
invólucro fechado, no interior do qual pode romper o arco durante a ser realizada por essas pessoas, se eles forem instalados de modo
fusão sem que haja emissão de gases ou partículas metálicas e chama a garantir que a retirada ou colocação dos elementos fusíveis seja
para o exterior, desde que não seja ultrapassada sua capacidade feita sem qualquer risco de contato acidental com partes vivas.
de ruptura, tendo na extremidade externa contatos tipo faca para
fixação por encaixe sob pressão na base, sendo mais conhecidos no 5.3 – Partes componentes de Dispositivos
Brasil como fusíveis NH ou ainda LV HRC (Low Voltage High Rupture Fusíveis para baixa tensão
Capacity = Baixa Tensão Alta Capacidade de Ruptura).
De acordo com a NBR 11.840, Dispositivo Fusível é um
dispositivo que, pela fusão de uma parte especialmente projetada,
abre o circuito e interrompe a corrente, quando esta ultrapassa um
certo valor especificado durante um certo tempo.
As partes que podem compor um dispositivo fusível, mas nem
todas sempre presentes, são:
• Elemento Fusível é o componente através do qual circula a
Dispositivo Fusível Dispositivo Fusíveis
DIAZED Fusível NH CARTUCHO corrente, sendo calibrado para provocar o secionamento em um
FIG-19 Diferentes tipos construtivos de dispositivos fusíveis de BT tempo dependente do valor eficaz da corrente.
“Cuidado, a remoção de fusíveis sob carga irá provocar o • Base é a parte fixa onde estão fixados os contatos e terminais de
rompimento de um arco!” conexão de entrada e saída.
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PARA
PARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
todas as correntes entre a menor indicada na sua característica c) “gR” indica fusíveis com capacidade de interrupção em toda a
tempo-corrente de operação dada por um múltiplo de sua corrente faixa, para proteção de semicondutores.
nominal (K2In) e sua capacidade de interrupção nominal (interrupção d) “aM” indica fusíveis com capacidade de interrupção em faixa
em faixa parcial). parcial, entre um múltiplo de sua corrente nominal até a sua capa-
Os fusíveis tipo "a" somente oferecem proteção contra corren- cidade de interrupção nominal, e empregada na proteção contra
tes de curtos-circuitos, e por isto são empregados tanto na proteção curto-circuitos de circuitos de alimentação de motores elétricos.
de motores (para os quais a proteção de sobrecargas é feita por Um fusível “aM” é caracterizado por um valor de corrente In e pela
uma associação de contator + relé térmico), como na proteção característica “tempo x corrente” levantada em ensaios conforme
de semicondutores e nos casos de proteção de “back up” de previstos na NBR 11.840. Os fusíveis com classe de operação “aM”
disjuntores cujas capacidades de interrupção de curtos-circuitos são não atuam na faixa de baixas correntes, mas somente nas correntes
ou se tornaram insuficientes. de curtos-circuitos.
b) Segunda LETRA: Uma 2ª letra indica a categoria de utilização e) “aR” indica fusíveis com capacidade de interrupção em faixa parcial,
(objeto a ser protegido), e são: entre um múltiplo de sua corrente nominal até a sua capacidade
G indicativa de proteção para condutores de linhas elétricas; de interrupção nominal, e empregados na proteção contra curtos-
M indicativa de dispositivos para proteção de circuitos de circuitos de circuitos de alimentação de semicondutores.
alimentação de motores; Todos os três tipos de Dispositivos Fusíveis previstos na norma
R indicativa de proteção para semi-condutores (proteção de IEC são, em maior ou menor grau, limitadores de corrente, isto é,
retificadores); interrompem a corrente de curtos-circuitos antes de ser atingido
L indicativa de proteção para condutores de linhas elétricas o seu valor instantâneo de “pico” presumido que atingiria sem a
(em breve a ser eliminada pela IEC); proteção destes fusíveis. A corrente instantânea limitada é o valor
Tr indicativa de proteção de transformadores. da corrente de corte, conforme veremos logo adiante.
NOTA: A designação (respectivamente “delayed e rapid” em inglês e
“träg e flink” em alemão) ainda se aplica aos fusíveis tipo “DIAZED”. Os 5.7 – Grandezas características dos
fusíveis Rapid ou Flink interrompem o circuito em falta mais rapidamente Dispositivos Fusíveis BT
que os fusíveis da classe operacional “gG”, conforme a seguir definidos.
5.6 – Classes Operacionais dos A – Deveremos entender as seguintes definições utilizadas para as
Dispositivos Fusíveis de BT
características operacionais dos dispositivos fusíveis:
• Tensão Nominal é o valor eficaz limite da tensão de operação
A combinação das duas letras acima definidas possibilita as
para a qual o fusível está previsto.
seguintes Classes Operacionais de Fusíveis BT ,a saber:
• Corrente presumida de um circuito no qual está inserido um
a) “gG” indica fusíveis com capacidade de interrupção em toda a
dispositivo fusível é a que percorre o circuito, se este for substituído
faixa, para aplicação geral de proteção contra sobrecorrentes.
por um condutor de impedância desprezível. A corrente presumida
Fusíveis “gG” são freqüentemente utilizados para proteção de
é o valor em relação ao qual a capacidade de interrupção e as
circuitos de motores, quando suas características são adequadas
características do dispositivo fusível são normalmente referidas, tais
para suportarem as correntes de partida de motores;
como a I².t e a característica da corrente de corte.
NOTA: Ainda são encontrados fusíveis com a indicação “gG/gL”, mas na
• Região de atuação são os valores limites dentro dos quais as
revisão das normas IEC e DIN a classe operacional “gL” deixará de existir,
passando a valer apenas como norma internacional a classe “gG”. características estão contidas (por exemplo: característica de tempo-
corrente).
b) “gM” indica fusíveis com capacidade de interrupção em toda a
• Capacidade de interrupção Iint. em CA é o valor eficaz da
faixa, para aplicação na proteção de motores contra sobrecorrentes.
componente alternada inicial simétrica de corrente presumida capaz
Um fusível “gM” é caracterizado por dois valores de corrente,
de ser interrompida pelo fusível, sob uma tensão estabelecida e
sendo In a corrente nominal do fusível e do porta-fusível, e o valor
em condições específicas de uso, sem causar dano aos elementos
Ich corresponde à característica tempo-corrente “G” do fusível. Estes
construtivos do dispositivo.
dois valores são separados por uma letra, que define as aplicações
• Faixa de interrupção compreende a faixa de correntes
(por exemplo : InMIch indica um fusível de característica “G”,
presumidas na qual é assegurada a capacidade de interrupção do
designado para ser usado como proteção de circuito de motores,
fusível.
sendo que In corresponde à máxima corrente permanente para o
dispositivo fusível e Ich corresponde à característica “G” do fusível.
B – São definidos os seguintes valores característicos de correntes e
NOTA: Atualmente os fabricantes apresentam tabelas que, em função da
potência do motor e tensão da rede, indicam quais os fusíveis aptos para tempos convencionais de fusão de fusíveis:
operação em toda a faixa de atuação “g” e com característica “G”, sendo • Corrente Nominal ou de Não Atuação “In” é o valor de
excluídos de suas linhas de fabricação os fusíveis “gM”.
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PARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
Na parte inferior da FIG-20 vemos que a corrente de curto não ts
atinge o valor prospectivo de pico IP , já que a ação do fusível limita a 109
C – Tempos e correntes convencionais para fusíveis BT, conforme 5.8.1 – Curvas características
normas da ABNT: “tempo x corrente” dos Fusíveis
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As curvas indicam ainda, prolongando-se a linha tracejada, os As curvas características I2.t de um Fusível fornecem, para cada
valores de crista “IS” simétrica (2) ou assimétrica (1) que a corrente “tamanho” de fusível caracterizado pela sua corrente nominal, e para a
de falta atingiria, se não houvesse os fusíveis. tensão do sistema (até o valor da tensão nominal), os valores máximos de
I2.t relacionados ao tempo de fusão (I2.tS de Fusão), como uma função do
5.8.3 – Característica I².t de um Fusível
valor eficaz da corrente simétrica mínima presumida. No gráfico anterior
as curvas da energia Joule de Fusão deixada passar “I2.tS” por fusíveis
NH da Siemens (6 até 160 A), em que “tS” (s = schmelz em alemão) é o
tempo de fusão.
Os valores de I².t de fusão, na região de correntes mais elevadas,
situam-se sobre uma reta horizontal, o que significa que permanecem
constantes os valores de I².t de fusão a partir de uma certo valor eficaz de
corrente simétrica presumida de curto-circuito.
As cinco retas inclinadas indicam os tempos de fusão (desde 10-4 s
até 100=1 s). Por exemplo, a linha tracejada indica que, para um valor
eficaz de corrente simétrica de curto-circuito de 2.400 A, um fusível de
50 A tem seu valor I².t de fusão = 6.000 A².s , em um tempo de 10-3 s.
Este valor permanece constante para todos os demais valores eficazes de
correntes simétricas de curto-circuito maiores que 2.400 A. Isto significa
que a mesma energia de fusão requer tempos menores, a medida em
FIG-24 Valores de I².t de fusão de fusíveis NH (INOM = 10 até 160 A) da Siemens.
Integral de Joule I².t é a energia liberada em 1 ohm de resistência do circuito que aumenta o valor da corrente de curto-circuito.
protegido por um dispositivo fusível, que é dada pelo valor da integral de Joule Continua na próxima edição
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por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
AUTOMÁTICO EM BT
PARTE 5
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PARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
o valor de RA (soma das resistências do eletrodo de aterramento
das massas e dos condutores de proteção). A corrente de falta é,
primordialmente, limitada pelas resistências de aterramento das
massas e do neutro. Logo:
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PARA
PARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
Um desequilíbrio entre as correntes que percorrem os visual (neste caso não provocando “trip”).
condutores vivos, e que passam através do transformador 1.1) O transformador Toroidal envolve todos os condutores vivos,
toroidal, provocará a atuação do DR desde que esta corrente sendo excitado pelo campo magnético residual correspondente
diferencial seja superior a um valor fixo ou ajustável. Os fluxos ao fasor resultante da soma das correntes através das fases e
induzidos pelas correntes que circulam nestes condutores são do neutro. A indução no Toróide e o sinal elétrico resultante
proporcionais às correntes e aos sentidos das mesmas, sendo nos terminais do enrolamento secundário serão a imagem da
o fluxo resultante proporcional à corrente diferencial residual, corrente residual. Este tipo de sensor é usado para a detecção
o qual é usado através de um mecanismo de detecção, para de correntes residuais desde alguns miliampères até várias
comandar um dispositivo de secionamento. dezenas de Ampères.
Todos os módulos de DR são constituídos, pelo menos, por 1.2) A solução com três transformadores de corrente associados
dois componentes principais: em paralelo é empregada na detecção de corrente residual
1 – O Sensor, que deve ser capaz de suprir um sinal elétrico em circuitos trifásicos sem neutro, sendo a corrente soma
usado quando a soma vetorial das correntes que circulam nos resultante a corrente residual (circuito Nicholson). Esta solução
condutores vivos for diferente de ZERO. São empregados dois é comumente usada em MT e AT, quando a corrente de falta
tipos de sensores para uso em circuitos CA: a terra pode alcançar várias dezenas ou mesmo centenas de
1.1 – Transformador Toroidal, que é o mais comum para Amperes. Na sua utilização deve ser considerada a classe de
detecção de correntes de fuga para baixa tensão; exatidão dos TC’s; quando usados transformadores de corrente
1.2 – Transformadores de corrente associados em paralelo (mais classe 5 %, recomenda-se não adotar “set point” da proteção
usado em sistemas MT e AT), de terra abaixo de 10 % de sua corrente nominal.
2 – O Relé de Medição, que compara o sinal elétrico suprido pelo
sensor com um “valor de set point”, e envia, com um possível
deliberado retardo, a ordem de abertura para o dispositivo de
secionamento associado (Atuador).
A unidade de “trip” ou Atuador responsável pelo
secionamento do circuito pode ser constituída por:
• Chave Secionadora
• Disjuntor
FIG -29
• Tomada com interruptor DR Na figura acima, a soma vetorial das correntes de fase (circulando entre os
• Blocos DR acopláveis a MCCB (disjuntor caixa moldada) pontos “A e B”) resulta na corrente residual.
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por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
AUTOMÁTICO EM BT
FINAL
6.4 - Casos Especiais de emprego de 3 TC’s 1.2) Se o problema aparece caso todos os cabos de circuitos com
como sensor de corrente residual cabos em paralelo por fases não puderem passar através do Toróide,
Podem ocorrer dois casos especiais em que é recomendado o pode-se adotar um Toróide para cada alimentador com um cabo por
emprego de 3 TC’s como sensores de corrente residual: fases (incluindo todos os condutores vivos), e conectando-se todos
os Toróides em paralelo (ver figura a seguir).
6.4.1 - Suprimento de Elevadas Potências
A conexão Nicholson de TC’s, usada em baixa tensão quando os
condutores para elevadas correntes são barras ou cabos de grande
seção, não permite regulagens compatíveis para a proteção de
pessoas. Há inúmeras soluções para tal :
1.1) Se o problema ocorre em um QGBT logo na saída do
transformador, pode-se considerar :
1.1.1) Instalação de um Toróide no cabo de aterramento do neutro do FIG -32
transformador. De acordo com Kirchhoff, ocorrendo um falta à terra A figura acima representa o caso de dois cabos de grande seção em paralelo
no circuito BT, a corrente detectada pelo Toróide “N” é exatamente por fase, usando-se um Toróide para cada conjunto de condutores vivos.
igual à detectada pelo “A”.
Podem surgir diferenças devido a diferenças nas impedâncias,
e cada Toróide indicará uma falsa corrente de seqüência “Zero”,
o que pode ser limitado com adequada disposição dos cabos. Este
circuito implica em que, para cada toróide, os terminais de saída S1
e S2 sejam marcados de acordo com a direção do fluxo de energia,
o que implica na aprovação do fabricante do DR.
FIG -30 O Toróide “N” fornece o mesmo sinal que o Toróide “A”. 6.4.2 - Alimentadores de Alta Potência
Para assegurar uma resposta linear confiável, os condutores
1.1.2) Instalação de um Toróide em todos os cabos dos alimentadores
vivos devem estar “centrados” no interior do Toróide, para que seus
de saídas do QGBT, todos eles conectados em paralelo a um relé
efeitos magnéticos sejam completamente compensados quando da
monofásico (ver figura abaixo). Se o relé de medição (normalmente
ausência de corrente residual. A indutância magnética mútua entre
eletrônico) necessita apenas de um fraco sinal de corrente para
condutores paralelos decresce proporcionalmente à distância entre
atuar, os Toróides podem ser feitos para operarem como “geradores
eles. Assim, a fase 3 causará saturação magnética local na região
de corrente”; conectados em paralelo, eles dão a imagem do vetor
“A”, o que logo terá efeito proporcional (ver figura a seguir).
soma das correntes primárias através do Toróide.
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6.5 - Emprego de DR com Toróide incorporado
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PARAPARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
Nestas condições, quando o circuito é energizado, o DR é ativado, c) Dispositivos Mistos (tipos com corrente própria)
sendo desativado quando o circuito for desenergizado, mas neste caso É um princípio similar ao usado na Média Tensão. De fato, há alguns
não existe perigo. Uma garantia adicional destes dispositivos é quando anos o secionamento na alimentação de energia desde uma SE (MT/
eles são especificados para operar corretamente com quedas de tensão BT) requeria um banco acumulador de CC, causador de muitos
de até 50 V (tensão de segurança). Entretanto, tratando-se de dispositivos problemas. A combinação de um dispositivo eletrônico “com
com fonte de suprimento auxiliar, são eles ainda classificados como de corrente própria” com um uma unidade eletromecânica de “Trip”
operação “fail-safe – segura” ou “not fail-safe – não segura”. por atração magnética oferece uma solução satisfatória com relação
Entretanto, com relação a forma de suprimento de energia, os a custo e confiabilidade, com eliminação do banco de baterias.
DR são divididos como de operação “a prova de falha – fail safe” ou Esta solução consiste em inserir entre o Toróide e o relé de
“não a prova de falha – not fail safe”. atração magnética um dispositivo de processamento de sinal, com
Dois tipos de DR são considerados como “fail-safe”: isso permitindo :
Todos aqueles dispositivos cujo “Trip” depende, somente, da • Um limiar de operação acurado e preciso;
corrente de falta “com corrente própria”. • Excelente imunidade a interferência e transientes de corrente de
Aqueles, mais raramente utilizados, cujo “Trip” não só depende pico abruptas, respeitando um tempo de operação compatível com
da corrente de falta mas que são automaticamente colocados na as curvas de segurança.
posição de “Trip – safe position” quando as condições garantem o • Criação de DR com retardo de tempo.
imediato “Trip” na presença de corrente de falta (isto é, uma queda
de tensão de até 25 V). 6.7 - Características dos DR oferecidos no mercado
Os DR são oferecidos no mercado em três tipos diferentes
6.6.2 - Classificação dos DR de quanto ao tipo de proteção:
acordo com sua Tecnologia 1) Interruptores DR, que por não terem capacidade de interrupção
a) Dispositivos Eletrônicos de sobrecorrentes, devem ser acompanhados por fusíveis ou
Estes dispositivos são particularmente utilizados em indústrias, disjuntores instalados a montante e com capacidade suficiente de
graças ao seu baixo custo de aquisição, exatidão adequada, limiar interrupção das sobrecorrentes no local da instalação.
de atuação In e retardo de tempo ajustáveis, propiciando ótima 2) Blocos DR, especialmente adequados a serem acoplados na obra
“descriminação para secionamento”. A energia requerida para a a disjuntores de uma dada linha do mesmo fabricante, e assim o
operação dos dispositivos eletrônicos é, geralmente, muito pequena, conjunto estará apto a oferecer proteção contra as correntes de
sendo eles disponíveis tanto do tipo “com tensão própria” como fuga à terra e sobrecorrentes.
do tipo “com fonte de alimentação auxiliar”. Graças a estas duas 3) Disjuntores DR, que já combinam em um só dispositivo ambas as
características, estes dispositivos são ideais para a criação de : funções de proteção.
• DR com Toróides separados e associados com disjuntores e
contatores para elevadas correntes.
• DR associados com disjuntores industriais para até algumas
centenas de ampères de corrente nominal.
b) Dispositivos DR Eletromagnéticos
FIG -37
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PARA
PARA
SECIONAMENTO
SECIONAMENTO
6.9.1 - Tipos de corrente residual detectada de DR tipo “G” (uso geral de atuação instantânea) e os de tipo “S”
As correntes encontradas nas redes elétricas estão cada vez menos (seletivos – com retardo intencional fixo ou ajustável) são mostradas
“senoidais”. Em conseqüência, os DR foram normalizados pelo IEC na FIG-13.36 a seguir, e são, na prática, adequadas para circuitos
60755 em três tipos, cada um deles adequado para a corrente residual a terminais em sistemas com tensões de linha ≤ 440 V.
ser detectada, e que são :
a) Tipo “AC”, para detecção de corrente residual senoidal em CA
b) Tipo “A”, para corrente residual senoidal, para corrente pulsante em
CC ou para corrente pulsante em CC com componente CC de 0,006 A,
com ou sem monitoramento do ângulo de fase, se elas são subitamente
aplicadas ou lentamente crescentes.
FIG -39
c) Tipo “B”, para detecção dos mesmos tipos de correntes residuais que
o tipo “A”, mas adicionalmente para correntes de retificadores: Os DR de tipo “G” são instantâneos, só apresentando um tempo máximo de
operação.
c.1) com meia onda simples com carga capacitiva produzindo uma
Os de tipo “S” tem um tempo mínimo de não operação (só atua depois de
corrente CC com baixa ondulação (Ripple) decorrido este tempo mínimo) e um tempo máximo de atuação.
c.2) trifásico com pulsos simples ou duplos.
Para esquemas de aterramento TT as normas estabelecem que
o tempo de operação máximo deve ser escolhido em função da
6.9.2 - Faixas de Sensibilidades
tensão de falta presumida, sendo aceitável 1 segundo em circuitos
Foram normalizadas pelo IEC, também, em três faixas:
de distribuição, para que possa haver “seletividade” requerida para
a) alta sensibilidade – HS : 6 – 10 – e 30 mA
continuidade da alimentação.
b) média sensibilidade – MS : 100 – 300 e 500 mA
Os DR eletrônicos são usados, principalmente, em instalações indus-
c) baixa sensibilidade – LS : 1.000 – 3.000 – 5.000 – 10.000 e 20.000 mA
triais e terciárias, normalmente possuem limiar de atuação ajustável e
Os de alta sensibilidade (HS) são mais recomendados para
regulagem de retardo de tempo (são seletivos), e seu tempo de resposta
proteção adicional contra choques elétricos de pessoas em contato
não depende do valor da corrente de falta.
com partes vivas energizadas, enquanto que os de sensibilidade MS
Para os “disjuntores de potência a corrente residual”, as curvas são
e LS são empregados na proteção contra choques elétricos causados
dadas no Anexo-B da IEC 60947-2, que definem o tempo máximo de
por defeitos de isolação de partes vivas contra massas tornadas
operação em função da relação Id/If para DR com tempo inverso de
condutivas (em esquema de aterramento TT ), em riscos de fogo e na
resposta (normalmente termomagnético), conforme tabela a seguir:
proteção contra destruição de máquinas.
Características de disjuntores DR – conforme IEC 60947-2
6.9.3 - Curvas de operação Disjuntor DR “Sem” tempo de retardo Disjuntor DR “Com” tempo de
retardo e com tempo limite de Não
Os acidentes em instalações elétricas foram estudados interna- Atuação de 0,06 s
Corrente
cionalmente (IEC 60479), e suas conclusões serviram como base para a Residual
IDn 2xIDn 5xIDn(1) 10xIDn(2) IDn 2x IDn 5x IDn 10xIDn
determinação de curvas de operação dos DR, considerando: Tempo máximo
0,30 0,15 0,04 0,04 0,50 0,20 0,15 0,15
de interrupção (s)
a) os efeitos de circulação de corrente em pessoas, no caso de proteção
1) Em disjuntores DR c/ IDn £ 30 mA pode ser Para tempo limite de não atuação
contra contatos acidentais com partes vivas; usado valor de 0,25 A como alternativa ao 5xIDn. maiores que 0,06 s, o fabricante deverá
2) 0,5 A se 0,25 A for usado conforme nota 1) informar o tempo máximo de atuação
b) a tensão limite de segurança, no caso de contatos com partes
para IDn, 2xIDn, 5xIDn e 10x IDn
condutivas energizadas por defeito de isolação.
Para uso doméstico e similar, os tempos máximos de operação e de 6.10 Seletividade entre DR’s
“não operação” para disjuntores e dispositivos de corrente residual tipo Nos quadros elétricos típicos de circuitos de entrada e de distribuição
“S” e tipo “G” são os indicados na tabela a seguir. devem ser adotados dispositivos DR que operam de forma seletiva, isto é,
Tabela 13.1 Tempos máximos de” Operação” e de “Não Operação” dos DR – IEC 61008 sendo assegurada a atuação (secionamento0 do DR que protege o circuito
com falha de isolamento (fuga à terra).
Tipo de In IDn Tempos normalizados de “Operação” e de
curva do DR (A) (A) “Não Operação” (em segundos) para :
IDn 2. IDn 5. IDn 500 A
Uso Geral “G” Todos os Todos os Tempo Máximo
0,3 0,15 0,04 0,04 de operação
(instantânea) valores valores
Tempo Máximo
0,5 0,2 0,15 0,15 de operação
Seletivo “S” > 25 > 0,03
Tempo Mínimo
0,13 0,06 0,05 0,04 de não operação
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A Montante A Jusante
Dispositivo DR “S” Dispositivo DR Instantâneo Retardo Fixo
6.12 Instalação de DR em esquema TN-C
Corrente Tempo de Corrente nominal Tempo de Tempo de Convém lembrar que a NBR-5410 proíbe a utilização de DR’s
nominal interrupção Residual “IDn” interrupção interrupção
Residual “IDn” (até 5x IDn ) (até 5x IDn ) (até 5x IDn ) em esquema TN-C. Para a instalação de DR em esquema TN-C,
300 mA 10, 30 ou 100 mA < 20 ms – Tipo A 20 a < 40 ms no entanto, a norma admite duas soluções alternativas. Vamos
500 mA 60 até 100 ms 300 ou 500 mA < 40 ms – Tipo AC
1.000 mA
admitir o caso de uma rede pública, normalmente em esquema
TN-C, da qual são alimentados os consumidores. As alternativas
6.11 Proteção de retaguarda de DR previstas nas Notas 1 e 2 da seção 512242(f) da norma são
Sendo a função primordial de operação de um DR a detecção representadas na FIG-41.
de correntes residuais que possam circular através de pessoas que Na alternativa para a alimentação do consumidor conforme
tocam uma massa tornada energizada por falha de isolação ou que Nota-1 acima os condutores PE de eqüipotencialização das
tocam inadvertidamente ou por im-prudência um condutor vivo, massas de sua instalação estarão conectados ao neutro do
o retorno destas correntes envolve a terra e por isso elas são de transformador de alimentação da concessionária em esquema
pequena intensidade, razão pela qual torna os disjuntores incapazes TN-C, sendo neste caso o Neutro da instalação consumidora
de garantir proteção. visto como PEN. A instalação consumidora passa para esquema
No caso de circuitos com esquema de aterramento TT (e nos TN-S a montante do dispositivo DR e o sistema “concessionária
esquemas de aterramento IT quando de uma pri-meira e única + consumidor” passa a ser um esquema global TN-C-S.
falta), isto é sempre verdadeiro para curtos-circuitos fase-massa/ Obviamente, na solução prevista nesta alternativa, é necessário
terra. Inclusive em sistemas de aterra-mento TN, ao ser tocado um que o DR tenha capacidade de ruptura (disjuntor DR ou
condutor vivo por imprudência, a terra fará parte do retorno de Interruptor DR com proteção de back up).
corrente com baixa intensi-dade, só havendo proteção através do Na alternativa para a alimentação conforme Nota-2 os
emprego de DR. condutores PE de eqüipotencialização das massas da instalação
Mas devemos atentar que, independentemente do esquema de consumidora não estarão conectados ao Neutro da alimentação,
aterramento, se o curto-circuito se verificar entre duas ou três fases, configurando neste caso um esquema TT.
ou entre uma fase e neutro, as correntes de curto serão de grande As concessionárias recomendam, fortemente, o aterramento do BEP
intensidade. Considerando que os interruptores DR não possuem na solução da Nota-1 acima.
capacidade de interrupção de correntes de curto pleno, eles deverão As mesmas considerações se aplicam ao caso de instalação
ter proteção de back up por meio de fusíveis ou disjuntor. Por outro consumidora com transformador próprio.
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Outubro 2007
FASCÍCULO NBR 5410 - DISPOSITIVOS PARA SECIONAMENTO
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
ÍNDICE REMISSIVO
Com o intuito de compartilhar com os leitores da revista • Partes componentes
O SETOR ELÉTRICO os conhecimentos técnicos sobre os • Qualificação dos que manuseiam os equipamentos
equipamentos para secionamento automático em baixa tensão, • Dispositivos fusíveis de acordo com sua Classe operacional
um extenso material foi preparado e dividido para publicação • Classes operacionais
em seis fascículos conforme abaixo: • Grandezas características
• Curvas características de atuação
Capítulo I – Parte 1 - características tempo x corrente
1 – Função de um dispositivo de secionamento automático - característica da corrente de corte
da alimentação - característica I².t de um fusível
• Condições para seleção e instalação dos equipamentos
• Proteções garantidas pelos dispositivos de atuação por Capítulo I – Parte 5
sobrecorrentes 6 – Dispositivos de proteção a corrente diferencial residual – DR
• Dispositivos de proteção simultânea contra sobrecarga e • Tempos de atuação
curto-circuito • Objetivos do emprego de DR
• Dispositivos de proteção contra sobrecarga
• Dispositivos de proteção contra curto-circuito Capítulo I – Parte final
7 – Dispositivos de proteção a corrente diferencial residual – DR
Capítulo I – Parte 2 • Casos especiais de emprego de 3 TCs como sensor de corrente
2 – O que é um disjuntor residual de DRs
• Disposições gerais para BT - Suprimento de elevadas potências
• Normas construtivas - Alimentadores de alta potência
- Disjuntores BT NBR IEC 60898 • Emprego de DR com toróide incorporado
- Disjuntores BT NBR IEC 60947-2, características • Classificação dos DR
construtivas e nominais para seleção e sua classificação - de acordo com seu modo de alimentação
- de acordo com sua tecnologia
Capítulo I – Parte 3 • Características
3 – Disjuntores com disparador termomagnético (TM) • Requisitos operacionais
4 – Disjuntores seletivos categoria B conforme IEC 60947-1 - Dispositivos de teste de operação
• Parametrização • Normas de fabricação de DR
• Possibilidades de programação de disparo - Tipos de corrente residual detectada
- Faixas de sensibilidade
Capítulo I – Parte 4 - Curvas de operação de DRs
5 – Dispositivos fusíveis para BT • Seletividade entre DRs
• O que são os dispositivos fusíveis • Proteção de retaguarda
• Disposições gerais para BT • Instalação de DR em esquema TN-C
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6.12 Instalação de DR em esquema TN-C consumidora passa para esquema TN-S a montante do dispositivo DR
Convém lembrar que a NBR-5410 proíbe a utilização de DR’s e o sistema “concessionária + consumidor” passa a ser um esquema
em esquema TN-C. Para a instalação de DR em esquema TN-C, no global TN-C-S. Obviamente, na solução prevista nesta alternativa, é
entanto, a norma admite duas soluções alternativas. Vamos admitir necessário que o DR tenha capacidade de ruptura (disjuntor DR ou
o caso de uma rede pública, normalmente em esquema TN-C, da Interruptor DR com proteção de back up).
qual são alimentados os consumidores. As alternativas previstas nas Na alternativa para a alimentação conforme Nota-2 os
Notas 1 e 2 da seção 512242(f) da norma são representadas na condutores PE de eqüipotencialização das massas da instalação
FIG-41. consumidora não estarão conectados ao Neutro da alimentação,
Na alternativa para a alimentação do consumidor conforme configurando neste caso um esquema TT.
Nota-1 acima os condutores PE de eqüipotencialização das massas As concessionárias recomendam, fortemente, o aterramento do BEP
de sua instalação estarão conectados ao neutro do transformador de na solução da Nota-1 acima.
alimentação da concessionária em esquema TN-C, sendo neste caso As mesmas considerações se aplicam ao caso de instalação
o Neutro da instalação consumidora visto como PEN. A instalação consumidora com transformador próprio.
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FASCÍCULO SELEÇÃO E INSTALAÇÃO DE LINHAS ELÉTRICAS
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES DE
INSTALAÇÃO DE UMA LINHA ELÉTRICA
Uma Linha Elétrica é caracterizada pelo conjunto dos seus f) eletroduto de seção não circular (dutos de piso)
diferentes componentes de instalação, que são os condutores de g) bandeja perfurada ou não perfurada, em montagem vertical ou
energia ou de sinais e os invólucros – elementos que a eles servem horizontal;
de suporte, fixação e/ou proteção mecânica. h) eletrocalha com ou sem tampa, em montagem vertical ou
Na seleção e instalação das linhas elétricas devem ser considerados horizontal;
os princípios fundamentais para garantir segurança nas instalações i) bandeja perfurada em montagem vertical ou horizontal;
elétricas (ver seção 4.1 da NBR-5410), sejam aquelas aplicáveis aos j) leito de cabos tipo “prateleira” em instalação suspensa;
condutores vivos fases e neutro (em CA) e suas terminações e/ou k) barramentos blindados (bus ways) em instalação suspensa.
emendas, aos suportes e suspensões a eles associados, assim como
aos invólucros onde são alojados os condutores ou métodos de 1.2 - Condutores elétricos
proteção contra influências externas. Os condutores para as instalações elétricas de baixa tensão podem
De acordo com o ambiente onde são instaladas e suas apresentar os seguintes aspectos construtivos:
características construtivas, as linhas elétricas podem ser: a) condutor nu constituído por barra, fio ou cabo, sem isolação
b) linhas pré-fabricadas (nelas incluídas os sistemas Undercarpet e os
Internas à Edificação
barramentos blindados – bus ways)
aparentes sem proteção (suspensas ou apoiadas em paredes)
aparentes com proteção ( eletrodutos, perfilados, eletrocalhas, leitos c) barramento nu ou barramento com revestimento isolante
para cabos, etc.) d) condutor unipolar sem isolamento, mas provido de cobertura à
embutidas sem ou com proteção em (alvenaria, canaleta fechada, prova de intempérie (WPP)
espaço de construção) e) cabos multipolares multiplexados
contidas em espaços (em canaleta, forro falso, porão de cabos, etc.) f) condutor isolado (provido de isolação classe 750 V)
pré-fabricadas (barramentos blindados -bus ways) g) cabo uni ou multipolar, de formato plano ou redondo (provido de
isolação classe 750 V)
Externas à Edificação h) cabo uni ou multipolar (com isolação e cobertura classe 0,6/1 kV)
aparentes (aéreos) Devemos entender a terminologia adotada pela NBR-5410 para
enterradas diretamente no solo em bancos de eletrodutos
caracterizar os condutores empregados nas instalações elétricas de
enterrados
potência de baixa tensão (até 1.000 V) quanto à sua constituição física,
1.1 - Invólucros isolação e proteção de influências externas:
Os Invólucros, onde são alojados condutores elétricos, constituem-se Barramento de baixa tensão é definido como constituído pelo
nos “condutos elétricos”, atualmente fabricados com diferentes conjunto de barras e respectivos isoladores suportes, de mesma tensão
materiais, conforme veremos adiante, e que poderão ser: nominal de operação, sendo as barras do conjunto destinadas a
a) nenhum invólucro, sendo os cabos fixados por braçadeiras desempenhar as funções das três fases, do neutro e de proteção PE ou
diretamente sobre paredes ou teto (ou sobre perfilados); PEN, respectivamente. Podem ou não ser isolados ou protegidos.
b) condutores em espaço de construção (pisos elevados ou forros Fio ou Cabo nu refere-se aos respectivos condutores desprovidos de
falsos); isolação, sendo o “FIO” um condutor sólido e “CABO” um condutor
c) canaleta com tampa, ventilada ou não ventilada, embutida no piso constituído por vários fios encordoados.
ou solo; Cordoalha é um condutor constituído por fios metálicos de cobre
d) canaleta provida de separação fixada em parede (dutos de reunidos em forma de uma tira tecida com extrema flexibilidade,
rodapé) geralmente empregados como condutor de ligação de portas de
e) eletroduto de seção circular, em diferentes possibilidades: quadros elétricos ao condutor de aterramento.
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os “fios”, resultantes de trefilação de barras sólidas em várias das linhas elétricas aéreas, todos os demais condutores para instalações
passagens, até ser atingido o diâmetro final, constante ao longo de elétricas, independentemente da classe de tensão nominal de operação,
toda a extensão. Somente condutores isolados de pequena seção (≤ 16 devem ser providos de isolação, podendo a isolação receber uma
mm²) são fabricados com um único fio sólido. proteção adicional conhecida como revestimento.
Na sua grande maioria, e em todas as bitolas, os condutores para Permitindo-nos um pequeno histórico sobre o desenvolvimento
linhas elétricas de baixa tensão são constituídos por vários fios reunidos dos isolantes para os condutores elétricos, constatamos que os cabos
em espiral, o que lhes confere maior flexibilidade, e que se constituem isolados com óleo mineral fluido foram utilizados desde o início do
nos “condutores encordoados”, dotados ou não de isolação. século passado nos cabos de média tensão (ainda muito utilizados nos
Os condutores encordoados podem ser compactados (redução dos cabos de sistemas “underground” de alta tensão até 345 kV). A partir
interstícios entre os fios), por meio de compressão ou por trefilação, o da década de 1950, as pesquisas tornaram possível o desenvolvimento
que reduz a dimensão externa do condutor, mas reduzindo também a de materiais poliméricos sintéticos para a isolação dos cabos de média
flexibilidade. A NBR-6880 caracteriza para os condutores de cobre seis tensão (até 35 kV), por meio do processo de extrusão. Até então, os
classes de encordoamento, a saber: isolantes sólidos só eram utilizados nos condutores para baixa tensão.
• Classe 1: condutores com fio sólido O cloreto de polivinila (PVC) e o polietileno (PE) foram os primeiros
• Classe 2: condutores encordoados em espiral, compactados ou não; a ser desenvolvidos para a isolação de cabos de média tensão, materiais
• Classe 3: condutores encordoados, mas não compactados; “termoplásticos”, que têm, como característica, o escoamento das
• Classes 4 – 5 e 6: condutores não compactados com grau de moléculas entre si, mesmo por ação exclusiva de seu próprio peso,
flexibilidade crescente, conseqüência de maior quantidade de fios com quando na camada da isolação a temperatura ultrapassar a máxima
menor diâmetro para uma dada seção do condutor. permitida para regime contínuo (70°C).
O grau de flexibilidade do encordoamento dos condutores de Visando utilizar mais a capacidade de utilização dos materiais
alumínio é regido pela NBR-6252, que define três tipos: simples, condutores (cobre ou alumínio), que podem operar em temperaturas
composto e bi-composto. Os cabos de alumínio nus utilizados nas mais elevadas, levaram as pesquisas ao desenvolvimento dos isolantes
linhas elétricas aéreas de transmissão de energia são encordoados tendo sólidos “termofixos”, tais como o polietileno reticulado (XLPE) e
como núcleo central um fio ou cabo de aço, para assegurar a resistência a borracha sintética de etileno propileno (EPR). São eles obtidos por
mecânica devida ao esforço de tração nos extremos, que garantem as processo de reticulação de suas moléculas, o que lhes permite operar
flechas mínimas adequadas, e divididas nas seis classes (1 – 2 – 3 – B, em regime contínuo até a temperatura de 90°C, além de melhor
C e D). Construtivamente, o encordoamento dos cabos de alumínio se desempenho em temperaturas mais elevadas, conseqüentes de
divide em três tipos, a saber: sobrecargas e curtos-circuitos.
Encordoamento simples: formado por fios De uma maneira geral, todos os isolantes sólidos apresentam boa
Encordoamento composto: formado por pernas homogeneidade e ausência de vazios na camada de isolação, o que
Encordoamento bicomposto: formado por cochas lhes conferem boa resistência ao envelhecimento devido à circulação de
corrente em serviço contínuo, e como sólidos (desde que não ultrapassada
2.1 Condutores nus sua temperatura máxima permissível de operação em regime contínuo)
não apresentam escoamento, podendo ser instalados, também, na posição
vertical (em eletroduto ascendente ou em poço de edifícios altos).
Para os condutores isolados para uso geral nas instalações de
iluminação e tomadas prediais, características importantes que
devem ser conferidas pela isolação é a resistência à abrasão e bom
Quando destinados aos barramentos de média tensão, são deslizamento, para evitar danos durante o “puxamento no eletroduto”.
utilizados tanto os barramentos retangulares como os constituídos por Estes condutores podem ser encontrados com fio condutor sólido, e
varas de seção circular de cobre maciço. Já nos barramentos de quadros com condutor constituído por vários fios encordoados (chamados
de distribuição e de quadros elétricos de baixa tensão são utilizados cabinhos), neste caso, conferindo maior flexibilidade na instalação.
os barramentos retangulares, dotados ou não de revestimento isolante Atualmente, dos condutores cujo material da isolação, do
protetor, normalmente constituídos por tubos plásticos termoencolhíveis. enchimento e da cobertura é um composto de PVC, exige-se que o
Em barramentos de subestações de média tensão do tipo aberto, mesmo apresente flexibilidade para a sua instalação e ainda seja dotado
atualmente cada vez menos usadas diante dos quadros compactos com de características “não propagantes e auto-extinguíveis em condições
isolamento em SF6-hexafluoreto de enxofre, predomina o emprego de de fogo”. Para isso deverá ser isento de chumbo, o que é constatado
barras sólidas de cobre de seção circular. através de ensaios do índice de oxigênio e queima vertical.
Recentemente surgiram no mercado cabos uni e multipolares
2.2 A evolução do isolamento dos condutores elétricos
com isolação de borracha etilenopropileno de alto módulo e com
Excluindo-se os barramentos de subestações e os condutores nus
enchimento e cobertura em EVA–etileno vinil acetato, um composto
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FASCÍCULO SELEÇÃO E INSTALAÇÃO DE LINHAS ELÉTRICAS
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO II
CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES DE
INSTALAÇÃO DE UMA LINHA ELÉTRICA
2.3 - Tipos de condutores elétricos “isolados” para Vcom 7 cores diferentes, mas com o condutor constituído por fios
linhas elétricas de baixa tensão de cobre com encordoamento classe-5, o que lhes confere grande
O atual estágio da tecnologia de fabricação de condutores flexibilidade e, por isso, empregados no interior de eletrocalhas
coloca à disposição do mercado uma extensa variedade de tipos plásticas instaladas em quadros elétricos. São fabricados segundo
de condutores para as linhas elétricas de baixa tensão. Fabricados a NBR NM 247-3.
com cobre e alumínio como metais condutores com diferentes
características de encordoamento, podem ser associados diferentes
compostos sólidos para a isolação, cobertura e enchimento, com
características específicas para instalação nos mais diferentes tipos
de linhas elétricas, e atenderem diferentes exigências de proteção
contra as influências externas sobre eles atuantes.
Cabos flexíveis com isolação em PVC classe 450/750 V, encordoamento classe-5,
para instalação no interior de eletrocalhas plásticas em quadros elétricos, tanto
2.3.1 - Condutores para instalações gerais de energia para comandos como para força.
em baixa tensão isolamento classe até 750 V
1 - Condutores unipolares empregados nas instalações de iluminação
3 - Mas cuidado, “os cabos e cordões flexíveis multipolares
e tomadas dos prédios residenciais, industriais e comerciais e
conforme a NBR 13.249”, cuja tensão de isolamento é para 300/300
instalados em eletrodutos ou em molduras, mas podem, ainda, ser
V, somente devem ser utilizados para ligação de equipamentos
instalados no interior de eletrocalhas plásticas de quadros elétricos,
eletrodomésticos ou profissionais (enceradei-ras, aspiradores de pó,
são isolados com PVC classe de isolamento 450/750 V.
refrigeradores, furadeiras), não sendo admitido seu emprego nas
Até seções de 16,0 mm² são encontrados com isolação em nove
maneiras de instalar previstas na Tabela-33. Sua flexibilidade deve-se
diferentes cores, para fins de identificação da função do condutor
ao encordoamento classe-5, sendo o condutor constituído por vários
(fase / neutro / retorno e proteção), empregados nas instalações de
fios trançados.
iluminação e tomadas prediais, e atendem à NBR-6148. Nas seções
de 25,0 e 35,0 mm² são encontrados nas cores preta, azul e verde;
e para seções com até 250,0 mm² , somente na cor preta.
Cordões flexíveis
classe 300/300 V
Acima vemos estes condutores, sendo que (1) cabo com vários fios
encordoados; (2) camada interna isolação em PVC sem chumbo e (3) a
camada externa de PVC sem chumbo extradeslizante em várias cores, ambas 4 - São também fabricados cabos bi e tripolares com condutor
resistentes à chama. São os mais usados nas instalações prediais, instalados
de cobre têmpera mole com encordoamento classe 5 e isolação
no interior de eletrodutos. Em indústrias a norma admite sua instalação
em perfilados perfurados, des-de que situados a mais de 2,50 m ou só classe 450/750 V em composto flexível de PVC e cobertura de
acessíveis a pessoal BA4 ou BA5. PVC flexível, tendo entre elas uma camada de enchimento de PVC.
São empregados para aparelhos eletrodomésticos e profissionais.
2 – É encontrada no mercado uma variante dos condutores
Oferecem maior segurança que os cordões flexíveis, pelo maior nível
unipolares acima descrito, também isolados com PVC classe 450/750
de tensão de isolamento.
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b) os cabos com isolação sólida extrudada de XLPE devem atender à
Especificação NBR 7285;
c) os cabos com isolação sólida extrudada de EPR devem atender à
Especificação NBR 7286 ;
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CAPÍTULO III
INSTALAÇÕES DE LINHAS ELÉTRICAS
A norma prescreve as condições a serem observadas na instalação razões porque resultam não só na redução da reatância indutiva do
de uma linha elétrica, que poderá conter um ou mais circuitos, condutor de proteção, mas também na redução da impedância do
com os diferentes tipos de esquemas de condutores vivos. Além circuito em curto, no caso de eventual falta contra as massas.
disso, determina como devem ser executadas as conexões entre
condutores entre si (emendas ou derivações) e entre condutores e os 3.2 - Identificação das linhas elétricas e dos condutores
equipamentos com os quais se interligam como entradas ou saídas As "Linhas elétricas" devem ser dispostas ou marcadas de modo
com os dispositivos de conexão (terminais e bornes de ligação). a permitir sua identificação, quando da realização de verificações,
ensaios, reparos ou modificações da instalação.
3.1 - Considerações sobre a instalação de condutores Qualquer condutor isolado, cabo unipolar ou veia de cabo
fases, neutro e de proteção multipolar devem ser identificados quanto a sua função como
Segundo a norma, os condutores de cabos multipolares devem condutores fases, ou neutro ou condutores de proteção PE ou PEN
pertencer somente a um único circuito. Mas ela admite, entretanto, . Em caso de identificação por cor, devem ser usadas as seguintes
que os condutos fechados, constituídos por eletrodutos, eletrocalhas cores em condutor isolado, em veia de cabo multipolar ou na
ou blocos alveolados, contenham condutores de mais de um circuito, cobertura de cabo unipolar:
nos seguintes casos: AZUL-CLARO para condutor NEUTRO
a) quando as quatro condições seguintes forem simultaneamente VERDE-AMARELO ou só VERDE, que são exclusivas para condutor PE;
atendidas: AZUL-CLARO com anilhas VERDE-AMARELO em pontos visíveis ou
1ª- os circuitos pertencerem à mesma instalação, isto é, originarem-se acessíveis para condutor PEN;
do mesmo dispositivo geral de manobra e proteção (mesmo Para condutores fases podem ser usadas quaisquer cores, que
quadro de distribuição), sem a interposição de equipamentos que não as acima indicadas. Condutores multipolares para uso em
transformem a corrente elétrica; circuitos de energia possuindo quatro ou cinco veias costumam
2ª- as seções nominais dos condutores fases estiverem contidas ter isolação e revestimento pretos, sendo a identificação feita por
dentro de um intervalo de três valores normalizados sucessivos; números.
3ª- os condutores tiverem a mesma temperatura máxima para NOTA-1: A veia com isolação azul-claro de um cabo multipolar pode ser usada
serviço contínuo; para outras funções, que não a de condutor Neutro, se o circuito não possuir
Neutro ou se o cabo possuir um condutor periférico utilizado como Neutro.
4ª- todos os condutores forem isolados para a mais alta tensão
NOTA-2: Por razões de segurança não deve ser usada a cor de isolação
nominal presente. exclusivamente amarela, onde existir o risco de confusão com a dupla coloração
b) no caso de circuitos de força, de comando e/ou de sinalização de verde-amarela, que são exclusivas do condutor de proteção.
um mesmo equipamento.
É recomendado pela NBR-5410 que tanto os condutores isolados 3.3 - Execução das conexões dos
como os cabos unipolares e o respectivo condutor de proteção de condutores nas Linhas Elétricas
um mesmo circuito devem ser dispostos nas proximidades imediatas A NBR-5410 estabelece as seguintes prescrições a serem
uns dos outros. Se forem usados dois ou mais condutores em observadas na instalação das linhas elétricas:
paralelo por fases (por motivo de maior flexibilidade de manuseio de As conexões de condutores, entre si e com equipamentos
condutores com menor seção), eles podem ser reunidos em tantos componentes da instalação, devem garantir continuidade elétrica
grupos quantos forem os condutores em paralelo, cada grupo durável, adequada suportabilidade e proteção mecânica. Se
contendo um condutor de cada fase (CA) e o respectivo condutor necessário, devem ser tomadas precauções para que a temperatura
de proteção, e todos estes grupos instalados nas proximidades atingida nas conexões, resultante de queda ôhmica pela circulação
imediatas uns dos outros. da corrente em serviço normal, não afete a isolação das partes
No caso de instalação em condutos fechados metálicos, todos condutoras conectadas. Além disso, as conexões devem poder
os condutores vivos de um mesmo circuito devem estar contidos suportar os esforços provocados pelas correntes correspondentes
em um mesmo conduto. Todas estas recomendações têm suas às capacidades de condução do condutor e de curto-circuito,
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determinadas pelas características dos dispositivos de proteção da ponte, do carro em sentido transversal e da talha) transferida dos
de sobrecarga e CC, e não sofrer modificações inadmissíveis em barramentos por meio de contatos rolantes.
decorrência de seu aquecimento, envelhecimento dos isolantes e das De acordo com a norma, as conexões em linhas elétricas constituídas
vibrações em serviço normal. por condutos fechados devem estar contidas em invólucros apropriados
Em particular, deve-se considerar as influências da dilatação (caixas de passagem, caixas de derivação, conduletes etc.) que
térmica e das tensões eletroquímicas que variam de metal para metal, garantam acessibilidade e proteção mecânica. Além disso, as conexões
bem como dos efeitos da temperatura sobre a resistência mecânica devem ser realizadas de modo que a pressão de contato independa do
dos materiais. Isto é de extrema importância para a seleção dos material isolante. É vedada pela norma a aplicação de solda a estanho
isoladores que suportam os barramentos nos quadros elétricos de na terminação de condutores, para conectá-los a bornes ou terminais
distribuição. A instalação de barramentos blindados também requer a de dispositivos ou equipamentos elétricos.
inserção de elementos de dilatação em espaçamentos convenientes e Os meios de conexão previstos para serem utilizados na ligação
recomendados pelos fabricantes. direta de condutores de alumínio a terminais de dispositivos ou
Na seleção dos meios de conexão devem ser considerados: equipamentos elétricos que admitam tal conexão, devem atender aos
a) o material dos condutores, incluindo sua isolação; requisitos das normas aplicáveis a conectores de alumínio. Na falta de
b) a quantidade e o formato do condutor das veias de um cabo conectores adequados para tanto, o condutor deve ser emendado
multipolar; com um pedaço de condutor de cobre, através de conector especial,
c) a seção do condutor; e então feita a conexão ao equipamento com o condutor de cobre. A
d) a quantidade de conectores a serem conectados conjuntamente. conexão entre cobre e alumínio somente deve ser executada por meio
As conexões devem ser acessíveis para verificação, ensaios e de conectores adequados a este fim.
manutenção, exceto nos seguintes casos: As conexões para alumínio com aperto por parafuso devem ser
a) emendas de cabos enterrados; instaladas de forma a garantir pressão adequada sobre o condutor de
b) emendas imersas em compostos ou seladas. alumínio, assegurada pelo uso de torque controlado durante o aperto
Devem ser tomadas precauções para evitar que partes metálicas condutoras do parafuso, devendo o torque adequado ser indicado pelo fabricante
de corrente das conexões energizem outras partes metálicas normalmente do conector ou do equipamento utilizado com estes conectores.
isoladas de partes vivas, ou a capa metálica dos cabos, se existente. Já as conexões prensadas devem ser executadas usando-se
Salvo no caso de linhas aéreas e de linhas de contato alimentando ferramentas adequadas para o tipo e tamanho do conector (executadas
equipamentos móveis, as conexões de condutores entre si e com com o emprego de “alicates de pressão” apropriados), de acordo com
equipamentos não devem ser submetidas a esforços de tração ou as recomendações do fabricante do conector.
torção. É o que acontece, por exemplo, em pontes rolantes, em que Finalmente, a norma estabelece que em condutores de alumínio
os barramentos das três fases correm lateralmente ao longo de todo o só são admitidas emendas por meio de conectores à compressão ou
percurso da ponte, sendo a energia para os motores (de deslocamento solda adequada.
Continua na próxima edição
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CAPÍTULO IV
INSTALAÇÕES DE LINHAS
ELÉTRICAS
4 - Condições gerais de instalação 4.1 - Tipos de Linhas Elétricas
das Linhas Elétricas Os tipos construtivos de linhas elétricas,
As linhas elétricas deverão respeitar constantes na Tabela-33 da NBR-5410 a
as prescrições de norma quanto à seguir, seguem a orientação dada pela IEC
continuidade de sua proteção que lhe deve 364-5-523. Além destes, podem ser utilizados
ser conferida pela maneira de instalação, outros tipos de linhas elétricas, desde que
ao longo de todo o seu percurso, quanto atendam às prescrições gerais previstas na
a sua disposição em relação a outras linhas norma, no que se referem à sua seleção quanto
não elétricas e elétricas com diferentes às influências externas atuantes sobre as linhas
características operacionais, e para preservar elétricas e às suas condições de instalação, que
a característica original de resistência ao abordaremos a seguir neste capítulo. No que
fogo do elemento de construção que seja diz respeito às Quedas de Tensão nas linhas
atravessado pela linha (paredes e lajes). elétricas, ver seção 6.2.7 da NBR-5410.
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Cabos unipolares ou cabo multipolar
11 sobre parede ou espaçado desta menos C
de 0,3 vezes o diâmetro do eletroduto
11A Cabos unipolares ou cabo multipolar C
fixado diretamente no teto
Cabos unipolares ou cabo multipolar
11B afastado do teto menos de 0,3 vezes o C
diâmetro do cabo
Cabos unipolares ou cabo multipolar
em bandeja não-perfurada, perfilado ou
prateleira 3)
12 Admite-se a instalação de condutores C
isolados em perfilados de paredes lisas
ou perfuradas, com ou sem tampa, desde
que instalados em altura ≥ 2,5 m e só
acessíveis a pessoas BA4 ou BA5
Cabos unipolares ou cabo multipolar em
13 bandeja perfurada (quando a área dos Cabo multipolar E
furos for ≥ 30% da área da bandeja) Cabos unipolares F
instalada horizontal ou verticalmente 4)
Cabos unipolares ou cabo multipolar Cabo multipolar E
14 sobre suportes horizontais, eletrocalha Cabos unipolares F
aramada ou tela
Cabos unipolares ou cabo multipolar Cabo multipolar E
15 afastado(s) da parede mais de 0,3 vezes o Cabos unipolares F
diâmetro do cabo
16 Cabos unipolares ou cabo multipolar em Cabo multipolar E
leito para cabos Cabos unipolares F
Cabos unipolares ou cabo multipolar Cabo multipolar E
17 suspenso(s) por cabo de suporte, Cabos unipolares F
incorporado ou não
18 Condutores nus ou isolados sobre G
isoladores
Cabos unipolares ou multipolares em
espaço de construção5) , sejam eles
lançados diretamente sobre a superfície Se 1,5De ≤ V ≤ 5De B2
21 do espaço de construção ou instalados em
suportes ou condutos abertos (bandeja, Se 5De ≤ V ≤ 50De B1
prateleira, tela, leito, etc.) dispostos no
interior do espaço de construção
Condutores isolados em eletroduto de Se 1,5De ≤ V ≤ 20De B2
22 seção circular no interior de espaço de Se V ≥ 20D3 B1
construção 5)
Cabos unipolares ou cabo multipolar em
23 eletroduto de seção circular em espaço de B2
construção 5)
24 Condutores isolados em eletroduto de Se 1,5De ≤ V ≤ 20De B2
seção não circular ou eletrocalha no Se V ≥ 20D3 B1
interior de espaço de construção 5)
Cabos unipolares ou cabo multipolar em
25 eletroduto de seção não circular ou eletro- B2
calha no interior de espaço de construção 5)
26 Condutores isolados em eletroduto de Se 1,5De ≤ V ≤ 5De B2
seção não circular embutido em alvenaria Se 5De ≤ V ≤ 50De B1
Cabos unipolares ou cabo multipolar em
27 eletroduto de seção não circular embutido B2
em alvenaria
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SELEÇÃO E INSTALAÇÃO DE LINHAS ELÉTRICAS
31 / 32 Condutores isolados ou cabos unipolares
em eletrocalha sobre parede em percurso B1
horizontal/vertical
31A / 32A Cabo multipolar em eletro-calha sobre B2
parede em percurso horizontal/vertical
Condutores isolados ou cabos
33 unipolares em canaleta fechada B1
embutida no piso
34 Cabo multipolar em canaleta fechada B2
embutida no piso
Condutores isolados ou cabos
35 unipolares em eletrocalha ou perfilado B1
suspensa (o)
36 Cabo multipolar em eletro-calha ou B2
perfilado suspensa (o)
Condutores isolados ou cabos
41 unipolares em eletroduto de seção Se 1,5De ≤ V ≤ 20De B2
circular contido em canaleta fechada Se V ≥ 20De B1
com percurso horizontal ou vertical
Condutores isolados em eletroduto de
42 seção circular contido no interior de B1
canaleta ventilada embutida no piso
43 Cabos unipolares ou cabo multipolar em B1
canaleta ventilada embutida no piso
51 Cabo multipolar embutido diretamente A1
em parede termicamente isolante
52 Cabos unipolares ou cabo multipolar
embutido (s) diretamente em alvenaria C
sem proteção mecânica
Cabos unipolares ou cabo multipolar
53 embutido (s) diretamente em alvenaria C
com proteção mecânica adicional
61 Cabo multipolar em eletroduto ou em D
canaleta não ventilada enterrado (a)
Cabos unipolares em eletroduto de seção
61A não circular ou em canaleta não ventilada D
enterrado (a)
Cabos unipolares ou cabo multipolar
63 diretamente enterrado (s), com proteção D
mecânica adicional7)
71 Condutores isolados ou cabos unipolares A1
em moldura (rodapé)
Condutores isolados ou cabos unipolares
72 em canaleta provida de separações sobre B1
parede
72A Cabo multipolar em canaleta provida de B2
separações sobre parede
Condutores isolados em eletroduto, cabos
73 unipolares ou cabo multipolar embutido A1
(s) em caixilho de porta
Condutores isolados em eletroduto, cabos A1
74 unipolares ou cabo multipolar embutido
(s) em caixilho de janela
75 Condutores isolados ou cabos unipolares B1
em canaleta embutida em parede
75A Cabo multipolar em canaleta embutida B2
em parede
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Notas referentes à de 2,50 m do piso. existentes em certos tipos de divisórias
tabela anterior: 4) A capacidade de condução de (por exemplo, as paredes de gesso
corrente para bandeja perfurada foi acartonado).
1) Ver “Descrição das condições de determinada considerando-se que os 6) Também se admitem condutores
ensaios dos Métodos de Referência” furos ocupassem, no mínimo, 30% da isolados no interior de eletrodutos
conforme IEC 60364-5-52, que estão área das paredes e fundo da bandeja. enterrados, desde que não exista
reproduzidos em 9.1 do capítulo-9 deste Se os furos ocuparem menos do que nenhuma caixa de passagem e/ou
livro. 30% desta área, a bandeja deve ser de derivação neste trecho, e que
2) Assume-se que o revestimento considerada como “não perfurada”. seja garantida a estanqueidade do
interno da parede possui condutância 5) Deve-se atentar para o fato de eletroduto.
térmica de no mínimo 10 W/m² que, quando os cabos estão instalados 7) Admitem-se cabos uni ou multipolares
3) Conforme consta em 7.7.3 (2) adiante, na vertical e a ventilação é restrita, diretamente enterrados sem proteção
admitem-se condutores isolados no a temperatura ambiente no topo mecânica adicional, desde que os
interior de perfilados com paredes lisas do trecho vertical pode aumentar mesmos sejam providos de armação,
ou perfuradas sem tampa ou com tampa consideravelmente. conforme consta na seção 7.7.3 adiante.
removível sem auxílio de ferramenta, Conforme a NBR IEC 60050(826) Deve-se observar que a própria norma
desde que os perfilados: devem ser considerados como “espaços ressalta que não fornece valores para
a) sejam instalados em locais só de construção”: os poços, as galerias, a capacidade de condução de corrente
acessíveis a pessoas (BA4) ou (BA5), os pisos técnicos, os condutos formados para cabos armados, que deverão ser
conforme Tabela-18; ou por blocos alveolados, os forros falsos, determinadas conforme prescrito na
b) sejam instalados a uma altura mínima os pisos elevados e os espaços internos NBR-11.301.
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SELEÇÃO E INSTALAÇÃO DE LINHAS ELÉTRICAS
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO IV
INSTALAÇÕES DE LINHAS
ELÉTRICAS
PARTE II
AA1 -60°C – +5°C Sob temperaturas inferiores a -10°C, os condutores ou cabos com isolação e/ou
AA2 -40°C – +5°C coberturas de PVC, bem como os condutos de PVC, não devem ser mantidos nem
AA3 -25°C – +5°C submetidos a esforços mecânicos, posto que o PVC pode se tornar quebradiço.
AA4 -5°C – +40°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores de
AA5 +5°C – +40°C referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais), as capacidades
AA6 +5°C – +60°C de condução de corrente dos condutores e dos cabos isolados devem ser reduzidas
AA7 -25°C – +55°C de acordo com a Tabela 40 da norma, reproduzida no Capítulo 9 (ver 9.2.1).
AA8 -50°C – +40°C
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Código Classificação Seleção e instalação das linhas
AF – Presença de substâncias corrosivas ou poluentes
AN – Radiação solar
AN1 Desprezível Nenhuma limitação
AN2 Média Os cabos ao ar livre ou em condutos abertos devem ser resistentes às intempéries.
AN3 Alta A elevação da temperatura da superfície dos condutores ou cabos deve ser levada
em conta nos cálculos da capacidade de condução de corrente.
B – UTILIZAÇÕES
BA – Competência das pessoas (sem influência sobre a instalação das linhas elétricas)
BB – Resistência elétrica do corpo humano
BB1 Elevada Nenhuma limitação
BB2 Normal
BB3 Baixa Verificar as condições impostas para a proteção contra choques elétricos e os
BB4 Muito baixa requisitos complementares para instalações ou locais específicos.
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Código Classificação Seleção e instalação das linhas
BE – Natureza dos materiais processados ou armazenados
C – CONSTRUÇÃO
CA – Materiais de construção
CA1 Não combustíveis Nenhuma limitação
CA2 Combustíveis Verificar as prescrições da norma para proteção contra incêndio em locais CA2,
reproduzidas no Capítulo 4 deste livro.
CB – Estrutura das edificações
CB1 Riscos Nenhuma limitação
desprezíveis
CB2 Sujeitas à Verificar as prescrições da norma para proteção contra incêndio em locais CB2,
propagação de reproduzidas no Capítulo 4 deste livro.
incêndio
CB3 Sujeitas a Linhas flexíveis ou contendo juntas de dilatação e de expansão.
movimento
CB4 Flexíveis Linhas flexíveis
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as linhas elétricas sejam protegidas
contra esses efeitos, por exemplo, pela
interposição de um anteparo adequado
entre as linhas elétricas e aquelas
canalizações.
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externas uma distância adequada (entre a) os condutores com isolação apenas
3 a 5 cm de afastamento), para impedir suficiente para a aplicação a que
danos recíprocos entre elas, devidos a se destinam forem instalados em
qualquer intervenção em uma destas compartimentos separados do conduto
instalações. a ser compartilhado; ou
• As linhas elétricas não devem b) forem utilizados eletrodutos
ser dispostas nas proximidades de separados.
canalizações que dissipem calor A norma ressalta que os requisitos
(canalizações de água quente, de vapor anteriores não levam em conta cuidados
ou fluido térmico) ou possam emitir específicos que visem à compatibilidade
fumaça ou vapores tóxicos (dutos de eletromagnética.
exaustão de gases quentes ou agressivos),
cujos efeitos poderiam ser prejudiciais 4.6 Barreiras corta-fogo em
à instalação, a menos que as linhas linhas elétricas
elétricas sejam protegidas contra esses Tendo em vista limitar ao máximo a
efeitos, por exemplo, pela interposição possibilidade de propagação de incêndio
de um anteparo adequado entre as ao longo do trajeto de uma linha elétrica,
linhas elétricas e aquelas canalizações. a norma exige que sejam observadas as
• As linhas elétricas não devem ser seguintes condições para a execução das
instaladas no interior de dutos de linhas elétricas:
exaustão de fumaça ou de ventilação. 1) Quando uma linha elétrica atravessar
• As linhas elétricas não devem ser elementos de construção, tais como
instaladas (em todo o trecho ou parte pisos, paredes, coberturas, tetos,
dele) sob e ao longo de canalizações etc., as aberturas envoltórias entre a
sujeitas à condensação (tubulações de linha e os elementos vazados devem
água gelada, de fluidos frigorígenos), ser obturadas, de modo a preservar a
a menos que sejam tomadas algumas característica original de resistência ao
precauções para proteger as linhas fogo do elemento de construção.
elétricas dos efeitos de condensação, 2) Linhas elétricas, tais como as
o que se resolve com uma adequada constituídas por eletrodutos (ou
isolação térmica acompanhada por condutos fechados equivalentes) e
barreira de vapor, complementada por as pré-fabricadas que penetrem por
proteção do material de isolação (em intermédio de elementos de construção,
geral, por meio do envolvimento com cuja resistência ao fogo seja conhecida
chapa de aço ou de alumínio liso ou e especificada, devem ser obturadas
corrugado). internamente de forma a garantir, pelo
menos, o mesmo grau de resistência
4.5 Proximidade entre linhas ao fogo do elemento de construção em
elétricas com características questão. A mesma exigência é aplicável
diferentes para a abertura feita para a passagem da
Conforme foi definido no Anexo A linha, de acordo com o item anterior.
da NBR-5410, circuitos sob tensões que 3) As duas prescrições anteriores são
enquadrem umas na Faixa I e outras na consideradas atendidas se a obturação
Faixa II não devem compartilhar a mesma provida for de um tipo que tenha sido
linha elétrica em função da tensão ensaiado e certificado. No que se refere
nominal, esquema de aterramento e às linhas cujo invólucro é um eletroduto,
tipo de corrente (CA ou CC), a menos deve ser lembrado que há soluções
que todos os condutores sejam isolados construtivas dentre os acessórios para
para a tensão mais elevada presente instalações à prova de incêndio e
ou, então, que seja atendida uma das explosão, que atendem às prescrições
seguintes condições: do NEC.
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4) Ainda com relação à obturação, que a) os eletrodutos ou condutos
é executada para passagem da uma equivalentes devem apresentar grau de
linha elétrica e prevista para atender proteção IP33;
as duas primeiras exigências anteriores, b) todas as extremidades da linha,
ela deverá atender, simultaneamente, que terminem em um compartimento
as quatro condições a seguir: construtivamente separado do com-
a) ser compatível com os materiais partimento do qual ela provém, devem
da linha elétrica com as quais deve ter satisfazer ao grau de proteção IP33.
contato; 7) Nos espaços de construção e
b) permitir as dilatações e contrações nas galerias, devem ser tomadas as
da linha elétrica, sem que isso reduza precauções para evitar a propagação de
sua efetividade como barreira corta- incêndio, cabendo ao projetista definir
fogo; quais adotar em função dos riscos e das
c) apresentar estabilidade mecânica condições específicas.
adequada, capaz de suportar os esforços 8) No caso de linhas elétricas instaladas
que possam sobrevir de danos causados em poços verticais atravessando diversos
pelo fogo aos meios de fixação e de pavimentos, cada travessia de piso deve
suporte da linha. ser obturada, de modo a impedir a
5) A norma vai mais adiante, propagação de incêndio. Admite-se que
es tabelecendo que as obturações essa obturação possa não ser provida
necessitam suportar as mesmas nas seguintes situações:
influências externas a que a linha a) no caso de linhas constituídas por
elétrica esteja submetida e devem cabos fixados em paredes ou tetos,
também: quando os cabos forem não propagantes
a) ter uma resistência aos produtos de chama, livres de halogênio e com
de combustão equivalente à dos baixa emissão de fumaça e gases;
elementos da construção nos quais b) no caso de linhas constituídas por
forem aplicadas; condutos abertos, quando os cabos
b) apresentar um grau de proteção forem não propagantes de chama,,
contra a penetração de água pelo menos livres de halogênio e com baixa
igual ao requerido dos elementos da emissão de fumaça e gases tóxicos, e o
construção nos quais forem aplicadas; conduto, caso não seja metálico ou de
c) ser protegidas, tanto quanto as outro material incombustível, também
linhas, contra gotas de água que, for não propagante de chama, livres
escorrendo ao longo da linha, possam de halogênio e com baixa emissão de
vir a se concentrar no ponto obturado, fumaça e gases tóxicos. Na primeira
a menos que os materiais utilizados hipótese (conduto metálico ou de outro
sejam todos resistentes à umidade, material incombustível), os condutores
originalmente e/ou depois de finalizada e cabos podem ser apenas não
a obturação. propagantes de chama; na segunda, os
6) Os eletrodutos ou condutos cabos devem ser não propagantes de
fechados equivalentes, que sejam não chama, livres de halogênio e com baixa
propagantes de chama e cuja área de emissão de fumaça e gases tóxicos.
seção transversal interna máxima seja c) no caso de linhas no interior de
de 710 mm² (Øinterno ≤ 30 mm), não condutos fechados, os condutos devem ser
precisam ser obturados internamente, resistentes ao fogo sob condições simuladas
se atendidas ambas as condições a de incêndio, livres de halogênio e com baixa
seguir: emissão de fumaça e gases tóxicos.
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CAPÍTULO V
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS
INVÓLUCROS DE LINHAS ELÉTRICAS
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uma curva com deflexão superior a 90° (ângulo mais fechado que a emenda e/ou derivação de condutores, sem acomodar nenhum
90° com o sentido da linha antes da deflexão). dispositivo ou equipamento.
5) As curvas obtidas por dobramento de eletrodutos em obra, sem 8) Os condutores devem formar trechos contínuos entre as caixas,
uso de acessório específico, não devem apresentar redução das não se admitindo emendas ou derivações senão no interior das caixas.
dimensões internas do eletroduto. Condutores cujas emendas ou cuja isolação tenha sido danificada
6) Devem ser empregadas caixas de passagem ou de derivação: e recomposta com fita isolante ou outro material, não devem estar
a) em todos os pontos da tubulação em que houver entrada ou enfiadas em eletrodutos, mas sim no interior de caixas.
saída de condutores, exceto nos pontos de transição de uma linha 9) Os eletrodutos a serem embutidos em concreto armado
aberta para uma linha em eletrodutos, nos quais o arremate deve devem ser dispostos de modo a evitar sua deformação durante
ser feito com o uso de buchas; a concretagem. As caixas e as bocas dos eletrodutos devem ser
b) em todos os pontos de emenda ou de derivação de obturadas com vedações apropriadas que impeçam a entrada de
condutores; argamassa ou natas de concreto durante a concretagem.
c) sempre que for necessária a segmentação da tubulação para 10) As junções dos eletrodutos embutidos devem ser efetuadas
limitar o comprimento máximo do trecho, conforme já disposto com o auxílio de acessórios estanques aos materiais de construção.
em 3-b. 11) O corte dos eletrodutos deve ser feito perpendicularmente ao
7) As caixas devem ser localizadas em pontos facilmente acessíveis seu eixo e retirada toda rebarba suscetível de danificar as isolações
e devem ser providas de tampas ou, caso alojem interruptores, dos condutores durante a enfiação.
tomadas de corrente ou congêneres, devem ser fechadas com 12) Os eletrodutos devem ser cortados nas juntas de dilatação
as chamadas “placas ou espelhos de acabamento”. As caixas de dos elementos estruturais civis, estabelecendo-se a continuação
saída para alimentação de equipamentos podem ser fechadas com do trecho com o uso de luvas flexíveis ou cordoalhas destinadas a
as placas destinadas à fixação desses equipamentos. A NBR-5410 garantir a continuidade elétrica de um eletroduto metálico.
admite o emprego de caixas de derivação ou de passagem “sem 13) Quando necessário, os eletrodutos rígidos isolantes (PVC ou
tampas”, desde que instaladas em forros ou pisos falsos, e que essas PEAD) devem ser providos de juntas de expansão, para compensar
caixas, efetivamente, só se tornem acessíveis com a remoção das as variações térmicas.
placas do forro ou do piso falso, e que se destinem, exclusivamente, 14) A enfiação dos condutores só deve ser iniciada depois que a
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montagem dos eletrodutos for concluída, não restar nenhum serviço São normalmente fornecidos com proteção anticorrosiva, interna
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de construção que o danifique e a linha tenha sido submetida a uma e externamente, conferida por zincagem em banho por imersão
limpeza completa. a quente ou por zincagem eletrolítica e, ainda, por aplicação de
15) Para facilitar a enfiação dos condutores, podem ser utilizados: esquema de pintura com tinta esmalte ou composto asfáltico.
a) guias de puxamento (somente introduzidas após a execução da Os eletrodutos esmaltados são recomendados às instalações
tubulação, nunca durante a execução) ; e/ou internas embutidas ou aparentes de menor responsabilidade, em
b) talco, parafina ou outros lubrificantes que não prejudiquem a ambientes sem a presença de atmosfera corrosiva, já os galvanizados
isolação dos condutores. são utilizados em instalações industriais internas ou em instalações
16) Nas instalações elétricas abrangidas pela NBR-5410 “somente externas aparentes ou enterradas, seja diretamente na terra ou
são admitidos eletrodutos não propagantes de chama”, sejam eles envelopadas em concreto.
embutidos ou em instalação aparente. Os eletrodutos de aço galvanizado são utilizados nas instalações
17) Em qualquer situação os eletrodutos devem suportar os esforços aparentes juntamente com acessórios próprios, tais como os
mecânicos, químicos, elétricos e térmicos a que ficam submetidos nas conduletes de alumínio fundido, utilizados como caixas de passagem
condições da instalação. e/ou derivação, e para a fixação em suas tampas de interruptores
e tomadas, bem como para as inflexões verticais e horizontais. As
5.1.2 – Tipos construtivos de eletrodutos conexões entre eletrodutos e conduletes podem ser roscadas ou de
São postos à disposição do mercado eletrodutos fabricados com encaixe com aperto por parafusos.
diferentes materiais e em diferentes tipos construtivos, adequados São fornecidas tampas de conduletes próprias para a fixação de
para atender às mais diferentes condições de instalação e para oferecer interruptores e tomadas em diferentes combinações.
proteções contra as influências externas exercidas sobre eles e sobre os
condutores neles instalados. Assim, poderemos encontrar:
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3) O tipo CONDUÍTE é
fabricado com fita de aço
zincado, folhas de flandres,
latão e aço inoxidável e é
utilizado para proteção de
fios ou outro produto que necessite proteção. É fabricado nas bitolas de
3/8” a 4”. A fabricação do Conduíte de latão e aço inoxidável é realizada Há diversos acessórios para utilizar com estes eletrodutos,
somente sob consulta (SPTF). entre os quais se destacam os conduletes utilizados como caixas de
Os fabricantes oferecem várias opções para os conectores passagem e derivação. Os conduletes (figura anterior) permitem o
terminais a serem usados com os eletrodutos flexíveis, que acoplamento ao eletroduto por meio de adaptadores que se fixam
podem ser fabricados em latão zincado, em liga de alumínio com nas aberturas dos conduletes e nas suas tampas são instalados
baixo teor de cobre ou em aço carbono, conforme as figuras interruptores e tomadas. Os conduletes de PVC utilizados com os
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Estes eletrodutos flexíveis corrugados de PEAD são fabricados
com diâmetro externo de 32 mm até 190 mm, tendo como
acessórios: luvas para conexão, tampão de vedação (no interior das
caixas de passagem), anéis de estanqueidade e algumas peças para
conexões especiais. Normalmente, são fornecidos na cor preta, mas
também em outras cores.
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CAPÍTULO V
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS
INVÓLUCROS DE LINHAS ELÉTRICAS
(CONTINUAÇÃO)
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aparentes. São similares aos perfilados, só que possuem maiores a) em locais só acessíveis a pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5); ou
dimensões, normalmente com larguras de 50 mm a 500 mm e alturas b) a uma altura mínima de 2,50 m do piso.
de 50 mm a 250 mm, e sob consulta com dimensões ainda maiores 3) Perfilados e eletrocalhas instalados sobre paredes, em tetos
(que não recomendamos, pois, neste caso, são mais adequados ou suspensos devem ser escolhidos e dispostos de modo a não
os leitos para cabos). São fabricadas com chapa de aço galvanizada danificar os condutores e nem comprometer seu desempenho. Eles
eletroliticamente, zincada a quente (lisa ou perfurada), também em devem possuir propriedades que lhes permitam suportar sem danos
alumínio, em fibra de vidro, de plástico e também contam com vários as influências externas a que forem submetidos.
acessórios para inflexões, derivações e sustentação em instalações Os trechos retos de perfilados e eletrocalhas são fornecidos com
aéreas. comprimentos de 3,0 m. Há uma extensa linha de acessórios para
A grande utilização de perfilados e eletrocalhas é nas instalações de instalação elétrica com perfilados, tais como: acessórios para conexões
indústrias, almoxarifados e comerciais para iluminação, tomadas e para de trechos retos, para inflexões horizontais e verticais, derivações com
cabeamento estruturado nas instalações de telefonia e dados, cujas ilustrações eletrodutos, suportes tipo pendurais ou mão francesa, bem como
vemos a seguir. suportes para luminárias e instalação de tomadas.
De acordo com a norma, as prescrições para a instalação de
perfilados e eletrocalhas são as seguintes:
1) Em perfilados e eletrocalhas instalados sobre paredes, em
tetos ou suspensos, podem ser instalados cabos unipolares e
multipolares.
2) Como regra os “condutores isolados” só podem ser utilizados
em perfilados e eletrocalhas não perfurados e com tampas que só
possam ser removidas com o auxílio de ferramentas. No entanto,
a norma admite o uso de condutores isolados em perfilados e
eletrocalhas sem tampa ou com tampa removível sem auxílio de
ferramenta, ou em perfilados com paredes perfuradas, com ou sem
tampa, desde que estes perfilados sejam instalados: Vista em perspectiva de trecho de instalação de perfilados.
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e cabos unipolares e multipolares, conforme os métodos de nenhuma caixa de passagem e/ou derivação enterrada e se for
instalação 21, 22, 23, 24 e 25 da Tabela 33 da norma, desde garantida a estanqueidade do eletroduto, o que só é possível
que os condutores ou cabos possam ser instalados ou retirados em raros casos práticos.
sem intervenção nos elementos de construção do prédio. 2) Os cabos devem ser protegidos contra as deteriorações
Convém ressaltar que estes cinco métodos de instalação, causadas por movimentação de terra, contato com corpos
citados no parágrafo anterior, referem-se à instalação de rígidos, choque de ferramentas em caso de escavações,
condutores tanto dispostos diretamente sobre a superfície bem como contra umidade e ações químicas causadas pelos
do espaço de construção quanto alojados em eletrodutos de elementos do solo.
seção circular ou não circular, ou em outros condutos abertos 3) Como prevenção contra os efeitos de movimentação de
(bandejas, suporte horizontal, eletrocalhas ou leito tipo prateleira terra, os cabos devem ser instalados, se em terreno normal, pelo
para cabos) instalados no interior do espaço de construção. menos a 0,70 m abaixo da superfície do solo. Essa profundidade
deve ser aumentada para 1 m na travessia de vias com circulação
5.6 - Instalação de condutores de veículos, incluindo uma faixa adicional de 0,50 m de largura
em linhas enterradas em ambos os lados dessas vias. Essas profundidades podem ser
Quanto à instalação de condutores em linhas enterradas, as reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos estiverem
prescrições da norma são as seguintes: protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem as
1) Em linhas enterradas, nas quais os cabos são diretamente influências externas presentes sem danos.
enterrados ou contidos em eletrodutos enterrados, só são 4) Deve ser observado um afastamento vertical mínimo de 0,20
admitidos cabos unipolares ou multipolares. Adicionalmente, m entre duas linhas elétricas enterradas que se cruzem.
em linhas com cabos diretamente enterrados, desprovidas de 5) Deve haver um afastamento mínimo de 0,20 m entre uma
proteção mecânica adicional (função desempenhada pelos linha elétrica enterrada e qualquer linha não-elétrica, cujo
eletrodutos), só são admitidos cabos armados. percurso se avizinhe ou cruze com o da linha elétrica. Esse
No entanto, a norma admite o uso de condutores isolados afastamento, medido entre os pontos mais próximos das duas
em eletroduto enterrado se, no trecho enterrado, não houver linhas, pode ser reduzido se ambas forem separadas por meios
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que proporcionem uma segurança equivalente. condutores nus sobre isoladores deve ser limitado aos locais
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6) As linhas elétricas enterradas devem ser sinalizadas, ao longo de serviço elétrico ou a utilizações específicas (por exemplo:
de toda a sua extensão, por um elemento de advertência não alimentação de pontes rolantes).
sujeito a deterioração (por exemplo: fita colorida), situado, no 6) Na instalação de condutores nus ou barras sobre isoladores,
mínimo, a 0,10 m acima da linha. devem ser considerados:
a) os esforços a que os isoladores podem ser submetidos em
5.7 - Instalação de condutores em canaletas serviço normal;
Canaletas são condutos embutidos no solo externo ou piso b) os esforços eletrodinâmicos a que os isoladores possam ser
interno, ou acima do solo ou piso, dotadas de tampas removíveis submetidos em condições de curto-circuito;
maciças (não ventiladas) ou providas de furos (ventiladas) que c) a dilatação devida a variações de temperatura, que podem
cobrem toda a extensão da canaleta. Em muitos casos, são acarretar a flambagem dos condutores ou a destruição dos
colocados quadros elétricos sobre um trecho da canaleta, por isoladores, podendo ser necessário prever juntas de dilatação.
onde se faz a entrada e/ou a saída de cabos. Em geral, são Além disso, devem ser tomadas precauções contra vibrações
executadas em concreto ou em alvenaria de tijolos rebocada excessivas dos condutores, utilizando suportes suficientemente
internamente e perfeitamente impermeabilizada, para evitar próximos.
infiltração de água (umidade no interior do quadro), o que seria
nocivo aos equipamentos elétricos nele instalados (disjuntores, 5.9 - Instalação de condutores em
bases com fusíveis, contatores, relés, instrumentos de medição linhas aéreas externas
e até mesmo os componentes de controladores lógicos As prescrições da norma para a execução de linhas aéreas
programáveis - CLP). externas são as seguintes:
Para a instalação de condutores em canaletas, a norma 1) Nas linhas aéreas externas, montados sobre postes ou
impõe as seguintes prescrições: estruturas, podem ser utilizados condutores nus ou providos
I. Sob o ponto de vista das influências externas AD (presença de cobertura, condutores isolados ou cabos multiplexados,
de água, Tabela-4), as canaletas ao nível do solo são classificadas devendo a cobertura ou a isolação em todos os casos serem
como AD4, isto é, caracterizam-se pela possibilidade de resistentes às intempéries.
“aspersão correspondente a uma chuva de qualquer direção”, 2) Quando uma linha aérea alimentar locais que apresentem
consideradas dessa forma para efeitos de seleção das condições riscos de explosão (BE3 da Tabela-22), esta deve ser convertida
de instalação de condutores. em linha enterrada a uma distância mínima de 20 m do local
II. Nas canaletas ao nível do solo, devem ser utilizados cabos de risco.
unipolares ou cabos multipolares. 3) Os condutores nus devem ser instalados de forma que seu
III. Nas canaletas “encaixadas no piso”, podem ser utilizados ponto mais baixo observe as seguintes alturas mínimas em
cabos unipolares ou multipolares e os condutores isolados só relação ao solo:
podem ser utilizados se contidos no interior dos eletrodutos. a) 5,50 m onde houver tráfego de veículos pesados;
b) 4,50 m onde houver tráfego de veículos leves;
5.8 - Instalação de condutores em 3,50 m onde houver passagens exclusivas para pedestres;.
linhas sobre isoladores 3) Os condutores nus devem ficar fora do alcance de janelas,
As prescrições da norma para a instalação de linhas sobre sacadas, escadas, saídas de incêndio, terraços ou locais
isoladores são as seguintes: análogos. Para que esta prescrição seja satisfeita, os condutores
1) Nas linhas com condutores fixados sobre isoladores, podem devem atender a uma das seguintes condições:
ser utilizados condutores nus, condutores isolados, condutores a) estar a uma distância horizontal igual ou superior a 1,20
isolados em feixe ou barras, cabos uni e multipolares. m;
2) A maneira de instalar descrita no item anterior não é admitida b) estar acima do nível superior das janelas;
em locais de habitação. c) estar a uma distância vertical ≥ 3,50 m acima do piso de
3) As linhas sobre isoladores devem obedecer às prescrições sacadas, terraços ou varandas;
de proteção contra choques elétricos por colocação fora de d) estar a uma distância vertical ≥ 0,50 m abaixo do piso de
alcance sacadas, terraços ou varandas.
4) Em edificações de uso comercial ou assemelhado, as linhas
com condutores nus são admitidas como linhas de contato Continua na próxima edição
PEDRO ARMANDO FISCHER é engenheiro mecânico e eletricista,
alimentando lâmpadas ou equipamentos móveis, desde que
consultor e projetista de instalações eletromecânicas, ex-professor da
alimentadas em SELV. Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro “Tratado Teórico e
Prático sobre Curtos-circuitos”.
5) Em estabelecimentos industriais ou assemelhados, o uso de www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
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CAPÍTULO VI
INSTALAÇÃO DE LINHAS PRÉ-FABRICADAS
Os barramentos blindados constituem-se em um acidentais com partes vivas. Devem possuir um grau de
tipo pré-fabricado de linha bastante empre-gado para proteção IP 2X, no mínimo, e atender às prescrições
a distribuição de energia elétrica em indústrias que para “uso de barreiras ou invólucros” da NBR 5410,
apresentam uma grande densi-dade de máquinas reproduzidas Capí-tulo 3, item 3.5.2.
operatrizes. As linhas pré-fabricadas – ou barramentos São constituídas por retas de distribuição com
blindados – devem atender à norma IEC 60439-2, ser comprimentos de até 3.000 mm, tendo em um extremo
instaladas de acordo com as instruções do fabricante, uma conexão macho e no outro uma conexão fêmea,
aten-dendo às prescrições quanto às condições de que são acopladas uma à outra nos trechos retos. São
influências externas (ver tabela 34 da NBR 5410). fabricadas para correntes de operação contínua desde
Os invólucros ou coberturas das linhas pré- 200 A até 5.000 A, com barramentos de cobre ou de
fabricadas devem assegurar a proteção contra con-tatos alumínio. A seguir, temos alguns exemplos:
Reta de distribuição
Reta de distribuição standard. Possui 2 m de comprimento e apresenta aberturas
a cada 40 cm na face oposta à tampa, por meio das quais os contatos de pressão
dos cofres têm acesso às barras condutoras para derivação de uma alimentação
de uma máquina.
Junta de dilatação
Módulo utilizado para compensar a dilatação linear da linha, bem como a
dilatação diferencial entre a calha e as barras condutoras. Recomenda-se o uso de
uma junta a cada 15 m aproximadamente.
Cofre condutor
Equipamento utilizado para ligação de cargas à linha de distribuição pelo sistema
“plug-in”. Possui enxufes (contatos de pressão) isolados da caixa por uma placa
de resina fenólica, cuja conformação impede a ligação da caixa de forma errônea.
Os cofres condutores são fixados ao barramento por meio de abraçadeiras
adequadas que os acompanham. Capacidades: 25 A, 63 A, 100 A e 200 A.
Fim
PEDRO ARMANDO FISCHER é engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de instalações eletromecânicas,
ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro “Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br/pedroafischer@redemeta.com.br
O SETOR ELÉTRICO
Março 2008
FASCÍCULO PROTEÇÃO E PARTIDA DE MOTORES
por PEDRO ARMANDO FISCHER,engenheiro mecânico e eletricista, consultor e projetista de
instalações eletromecânicas, ex-professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro
“Tratado Teórico e Prático sobre Curtos-circuitos”.
www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
CAPÍTULO I
PROTEÇÃO, PARTIDA E COMANDO DE
MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS
1 - Introdução
Os motores elétricos estão presentes no acionamento das
máquinas e dos equipamentos mecânicos utilizados no setor
industrial, e até mesmo no setor de serviços e residencial. No
setor industrial os motores representam 75 % da energia elétrica
consumida, ocupando os motores elétricos trifásicos de indução
(motores assíncronos) cerca de 90 % deste consumo. Já os motores
elétricos monofásicos com potências de até 5 CV são empregados
nas instalações resi-denciais, principalmente no acionamento de
aparelhos eletrodomésticos e nas motobombas de água de edifícios Fig. 1
Capítulo II
Princípio de funcionamento de um motor Se correntes elétricas supridas por uma fonte de alimentação
elétrico trifásico de indução tipo gaiola trifásica com freqüência “f” percorrerem estas es-piras, resulta um
Para uma melhor compreensão dos tipos de conjuntos de partida campo de indução “B” com direção e sentido representados na Fig.
extensivamente adotados para os motores elétricos, vamos examinar 2 pelos fasores B1, B2 e B3, cujas intensidades são proporcionais
o princípio de funcionamento de um motor de indução trifásico. às correntes que percorrem as bobinas. A composição fasorial dos
Um motor trifásico de indução tipo gaiola se caracteriza por campos das três bobi-nas será o campo resultante BR .
ter um enrolamento primário fixo ou estator semelhante ao de um Como as correntes serão iguais em módulo (espiras de mesma
motor síncrono, e por um enrolamento secundário girante ou rotor, impedância e tensão trifásica de alimentação constante, o campo
constituído por barras de material condutor (cobre ou alumínio), resultante também terá módulo constante e sua direção desloca-se
curto-circuitadas nos dois extremos mediante aros espessos. com velocidade angular w = 2.π.f , e em cada segundo descreve
Imaginando-se três espiras de igual impedância e com igual ”f” ciclos, sendo “f” a freqüência da alimentação. A transferência
número de condutores dispostos sobre uma super-fície cilíndrica de energia entre estator e rotor se verifica de forma análoga ao
(estator), com seus eixos de simetria perpendiculares à superfície que acontece em um transformador, com a diferença de que o
cilíndrica estatórica, formando um ângulo de 120° entre cada uma rotor (secundário) pode girar livremente. É o que se representa
delas, conforme representadas na Fig. 1. abaixo na Fig. 3.
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Fig. 3
Quando o rotor fica submetido à ação de um campo girante, o fluxo
magnético estatórico corta as barras condutoras da gaiola e, assim, neles O escorregamento “S” pode ainda ser
aparecem f.e.m. cujo valor, dividido pela impedância de fase do rotor, expresso em termos percentuais, dado
resulta na corrente rotórica das espiras de cada fase. Estas correntes pela expressão a seguir:
reacionam sobre o campo magnético estatórico, dando ori-gem a um
conjugado que arrasta o rotor na mesma direção do campo girante. A
aplicação de carga irá aumentar o es-corregamento (diferença entre a
velocidade síncrona e a efetiva, conforme veremos a seguir), aumentando a
corren-te. É o que se representa ao lado. 2.1 - Correntes solicitadas da rede de alimentação
Depreende-se disso que a inversão de duas quaisquer fases
por um motor trifásico de indução
No momento t = 0 da partida de um motor de indução trifásico
da alimentação das espiras tem como conseqüência a inversão do
S = 1 (já que N = 0), a corrente absorvida é muito elevada (corrente
sentido de rotação de um motor trifásico de indução.
com rotor bloqueado), chegando a ser de 6 a 8 vezes maior do
Denomina-se velocidade de sincronismo ou velocidade síncrona
que a corrente nominal do mo-tor. À medida que a rotação vai
a velocidade de rotação do campo girante, que depende da
aumentando, o escorregamento vai decrescendo e tendendo a zero
maneira como estão distribuídas e conectadas as espiras no rotor
(sem nunca atingi-lo), e o fluxo crescente gerado pelas correntes
(quantidade de pólos) e da freqüência da corrente da alimentação
rotóricas, interagindo com o fluxo primário estatórico, vai reduzindo
do enrolamento estatórico, valendo a relação:
NS é a velocidade do campo girante (rpm) o valor da corrente absorvida da alimentação. Não havendo carga
f é a freqüência da alimentação (Hz) acionada, a corrente tende ao valor de operação em va-zio do
p é a quantidade de pares de pólos do enrolamento
motor, a qual garante o fluxo de magnetização.
rotórico
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FASCÍCULO PROTEÇÃO E PARTIDA DE MOTORES
A corrente solicitada da rede pelo motor quando acionando uma Assim, podemos encontrar tipos de cargas em que o conjugado resistente
carga dependerá do conjugado resistente, a ve-locidade do motor tende é proporcional ao quadrado da velocidade (ventiladores).
a ser menor do que a velocidade em vazio, e o motor irá solicitar da rede Para outros tipos de cargas o conjugado man-tém-se essencialmente
constante (guindastes, talhas e pontes rolantes), para as quais se verifica um
uma corrente maior, de forma a poder manter um conjugado suficiente pequeno aumento do conjugado com velocidades próximas do re-pouso, em
para manter a carga acionada com um determinado escorregamento. que as velocidades são muito pequenas.
Em quaisquer dos casos é preciso que o conju-gado motor seja superior ao
resistente da carga, para que possa haver a aceleração da rotação (ver Fig. 5).
Capítulo III
Conjugado de um motor trifásico de
indução e a tensão de alimentação 3.2 - Curvas características Conjugado x
Para cada valor de rotação de um motor de indução trifásico, Velocidade das Cargas Mecânicas
cujo limite seria a velocidade síncrona do campo girante, está Em um primeiro grupo de cargas resistentes que podemos
associado um valor de conjugado (também conhecido por torque), destacar, encontram-se aquelas cujos torques (conjugados) em
verificando-se que a curva do conjugado desenvolvido atinge um função da velocidade de operação obedecem à seguinte expressão
valor máximo na partida e vai decrescendo até que se tornaria nulo geral:
Fig. 4 Curva da Corrente em função da Rotação do Motor (desde zero até Nnominal)
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3.2.3 - Cargas com conjugado resistente crescente 3.2.4 - Cargas com conjugado resistente
com o quadrado da velocidades (a = 2) inversamente proporcional à velocidade (a = -1)
A equação representativa destas cargas, em que o valor Para as cargas deste grupo, o conjugado em função da
do expoente (a = 2) na expressão geral dada na seção 3.2, será velocidade é representado por uma hipérbole, conforme
representado por uma parábola, conforme Fig. 8 FIG-9:
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3.3 - Cargas com efeito inercial predominante solicitação de elevada corrente para aceleração, o que poderia
Há determinados tipos de carga para as quais na sua posta provocar seu sobreaquecimento. Nestes casos será necessário
em marcha (período de aceleração até a velocidade nominal um estudo criterioso para a determinação do di-mensionamento
de operação do motor) e para a sua parada (período de do sistema de partida e/ou do tipo de motor elétrico.
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CAPÍTULO IV
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E
PARTIDA DE MOTORES DE INDUÇÃO
TRIFÁSICOS TIPO GAIOLA
Para o desempenho das funções de proteção, partida emprego de dispositivos de proteção integrados ao
e controle da operação de um motor trifásico de indução motor, sensíveis à temperatura dos enrolamentos (termistor
será requerida uma combinação de dispositivos agrupados, in-serido no interior do enrolamento do motor); ou
permitindo-se ao responsável pelo projeto várias opções de emprego de dispositivos de proteção externos ao motor,
escolha, mas levando em consideração as características sensíveis à corrente solicitada pelo motor ao respectivo
específicas da carga a ser acionada e do motor que a ela circuito, que são os relés de sobrecarga independentes ou
melhor se adapta, conforme vimos nas seções anteriores. relés de sobrecarga acoplados a contator (es).
Há diferentes métodos de partida de motores, cada um A proteção contra correntes de curto-circuito pode ser
com características próprias, mais ou menos adaptadas à assegurada pela seleção de dispositivos de proteção exclusiva
rede de alimentação e ao conjugado resistente da carga a contra curtos-circuitos, ou em conjunto com a proteção contra
ser acionada, a saber: sobrecargas (dispensando-se o emprego dos dispositivos
adequação das curvas do conjugado do motor em relação exclusivos contra sobrecargas acima), podendo-se optar,
ao resistente de diferentes tipos de cargas; conforme NBR-5410, por uma das seguintes soluções:
regime de manobra do motor, com reflexos sobre a vida dispositivos fusíveis com característica gG ou aM; ou
útil dos contatores. disjuntores equipados apenas com disparadores de
corrente solicitada da rede durante o processo em que sobrecorrente instantâneos; ou
a velocidade do motor parte de zero até a sua velocidade disjuntor equipado com proteção contra sobrecarga e
nominal, que nos motores de indução de gaiola usualmente curto-circuito (disjuntor motor).
utilizados varia com a quantidade de pólos, e sua inter- A prática tem demonstrado que a grande maioria das
ferência na rede de alimentação; correntes resultantes de um defeito de isolação, ainda que
maior ou menor suavidade na aceleração, até a velocidade de se tratando de cargas e circuitos trifásicos, são os curtos-
regime, durante a partida, com reflexos na mecânica do motor; circuitos monofásicos de uma fase contra a carcaça do
Existem quatro métodos básicos de partida de motores motor. Mas o dispositivo de proteção contra curtos-circuitos
que possuem um único enrolamento por fase, a saber: deverá secionar o circuito de alimentação do motor.
• Partida direta Há uma grande diversidade de natureza dos dispositivos
• Partida estrela – Triângulo de secionamento automático contra sobrecorrentes
• Partida com autotransformador (compensadora) que possam ser inseridos nos circuitos, visando não
• Partida suave (Soft Starter) só a proteção da instalação como e principalmente a
Cada um destes métodos básicos é integrado pela proteção das pessoas contra choques elétricos. O circuito
combinação de dispositivos de proteção contra sobrecorren- de alimentação de um motor é um circuito terminal com
tes e de acionamento (energização/desenergização do características específicas, pois os dispositivos de proteção
motor), e comandados pelos dispositivos de um circuito de contra curtos-circuitos, ou seja, fusíveis e disjuntores,
co-mando, com ou sem a intervenção de instrumentos para podem ser limitadores de correntes de curtos-circuitos, sem
operações complexas automáticas. que a seletividade da instalação fique comprometida.
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de o-peração “gG” (devendo ser verificado que a sua curva “tempo segundos uma corrente entre 6 a 8 vezes maior que a nominal
x corrente” seja adequada para não poderá provocar o secionamento do motor.
devido às elevadas correntes que se verificam durante o período
de partida do motor) ou ainda ser utilizado os de classe de operação 4.2 – O que são contatores de potência
“aM”(garantem somente proteção contra curtos-circuitos). No caso Os contatores constituem-se no dispositivo fundamental de
de utilização de fusíveis “aM”, a proteção contra sobrecargas deve ser comando à distância (Liga/Desliga, em operação manual ou automática)
garantida por outro dispositivo, que pode ser um relé de sobrecargas de quaisquer cargas elétricas, entre elas, sendo os motores as mais
atuando sobre um contator, conforme adiante veremos. importantes. A abordagem técnica do comando à distância de um
motor elétrico por meio de contatores de potência merece algumas
4.1.2 – Disjuntores na proteção de considerações específicas, no que se refere às combinações dos
motores contra sobrecorrentes dispositivos que podem ser adotadas.
Se a opção for por meio de disjuntor, deve ser selecionado um De uma maneira mais convencional, podemos dizer que a principal
“disjuntor motor”, que poderá ser fornecido com disparadores de diferença consiste na introdução de um ou mais contatores à jusante
proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos ou só com proteção do(s) dispositivo(s) de proteção do circuito terminal de alimentação de
contra curtos-circuitos. Neste caso a proteção contra sobrecargas um motor, sendo a quantidade de contatores dependente do método
deverá ser efetuada por outro dispositivo (relé de sobrecarga), que de partida do motor e de outros comandos a serem atribuídos ao
propicia o secionamento comandando a abertura de um contator, motor, como é o caso da frenagem elétrica e da inversão do sentido de
que é um outro dispositivo cujas características e forma de atuação rotação.
veremos a seguir. Um disjuntor motor diferencia-se dos demais Para a partida direta um único contator é suficiente, já as partidas
disjuntores utilizados para a proteção dos circuitos elétricos gerais, com tensão reduzida exigirão a utilização de três contatores, sendo
por duas razões: que no método de partida por compensadora deve-se acrescentar,
• O circuito alimentador de um motor é sempre um circuito terminal, adicionalmente, um autotransformador trifásico especial.
não necessitando ter características seletivas; Nas seções seguintes analisaremos com detalhes os esquemas de
• A sua curva “tempo x corrente” deve ser compatível com as conexões dos diferentes equipamentos utilizados para cada um destes
condições de partida do motor, que poderá solicitar por alguns métodos de partida de motores elétricos.
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CAPÍTULO IV
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E
PARTIDA DE MOTORES DE INDUÇÃO
TRIFÁSICA TIPO GAIOLA
(CONTINUAÇÃO)
No capítulo anterior, abordamos dispositivos de 30), cada uma delas definindo um intervalo de tempo
proteção do motor contra sobrecorrentes, fusíveis e em que o relé de sobrecarga deverá disparar, para uma
disjuntores atuantes na proteção de motores contra corrente igual a 7,2 vezes o valor da corrente de ajuste,
sobrecorrentes, e contatores de potência. Neste artigo, partindo do estado de frio. Além disso, esta norma
continuamos a falar sobre proteção e iniciamos o debate estabelece para cada classe de disparo o tempo de
sobre classes de disparo e dispositivos de partida. disparo para 1,5 vezes a corrente de ajuste partindo
do estado quente, e estabelece a condição de que
4.3 – O que são relés de sobrecarga a corrente de não atuação deve ser de 1,05 vezes a
Um relé de sobrecarga é um dispositivo inserido no corrente de ajuste (corrente limite de disparo).
circuito de alimentação de um motor, sempre associado Com estas três condições fica definida uma curva
a um contator e localizado a jusante do mesmo, tendo de disparo para cada classe de disparo. Observamos que
como função principal a proteção do motor contra os relés bimetálicos atendem apenas à classe de disparo
correntes de so-brecarga. 10, e em alguns relés eletrônicos há possibilidade de
seleção de cada uma das quatro classes. A tabela
abaixo resume as condições desta norma.
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No caso de falta de uma fase apenas dois elementos
bimetálicos seriam percorridos pela corrente mais elevada
solicitada pelo motor, mas a força de curvatura de apenas dois
elementos seria menor, e o maior tempo de disparo cau-saria
danos ao motor e/ou à própria carga. Para evitar isso, nos
relés bimetálicos de sobrecarga equipados com sensor de falta
de fase, a curva de disparo com duas fases atua com valores
menores para uma dada relação de sobrecarga.
Após o disparo é necessário o transcurso de um tempo para
resfriamento dos elementos bimetálicos, que será função da
curva de disparo e da intensidade da corrente de sobrecarga
que provocou o disparo. Transcorrido este tempo, o relé poderá
ser automática ou manualmente rearmado (reset), por meio de
giro de um botão.
Fig. 12
Na tabela a seguir apresentamos as características de dois
As correntes de ajuste máximas dos relés de sobrecarga bimetálicos tamanhos típicos de relés bimetálicos disponíveis no mercado,
existentes no mercado variam grandemente, de acordo com o fabricante, que onde constam as diferentes “faixas de ajuste” da corrente de
oferecem uma linha para cor-rentes de até 100 A com quatro a cinco tama-nhos
de relés, cada um deles podendo ser equi-pado com regulagens da corrente de
disparo. Observa-se que o fabricante indica o ta-manho de relé
ajuste em até 20 faixas diferentes. bimetálico que pode ser acoplado para cada contator, além das
Outro fabricante oferece uma linha com oito diferentes tamanhos, igualmente características dos fusíveis a serem sele-cionados para proteção
cada tamanho com várias faixas de ajuste da corren-te de disparo.
O tempo de disparo será função da corrente de sobrecarga em relação a contra curtos-circuitos. No presente caso, as potências dos
um valor múltiplo da corrente ajustada, de acordo com uma curva de disparo motores são orientações válidas para 380 V; em outras tensões a
fornecida pelo fabricante.
seleção deve ser feita pela corrente nominal, que deve situar-se
Ao lado vemos uma curva típica de disparo de relés bimetálicos.
no intervalo da faixa de ajus-te.
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Para motores trifásicos de P3 Faixa de ajuste Fusíveis gL/gG4 Para montagem direta
Para Contatores 3RT1
em contatores1
KW A A TIPO
TAMANHO S2
3 5,5 – 8 25 3RU11 36 - 1HB0
3RU11 36 -..B0
4 7 – 10 35 3RU11 36 - 1JB0
5,5 9 – 12,5 35 3RU11 36 - 1KB0
7,5 11 – 16 40 3RU11 36 - 4AB0
7,5 18 – 25 50 3RU11 36 - 4BB0
11 22 – 32 63 3RU11 36 - 4DB0
15 22 – 32 80 3RU11 36 - 4EB0
18,5 28 – 40 80 3RU11 36 - 4FB0
22 36 – 45 100 3RU11 36 - 4GB0
22 40 – 50 100 3RU11 36 - 4HB0
TAMANHO S3
3RU11 46 -..B0 11 18 - 25 63 3RU11 46 - 4DB0
15 36 - 50 80 3RU11 46 - 4EB0
18,5 28 - 40 80 3RU11 46 - 4FB0
22 36 - 50 125 3RU11 46 - 4HB0
30 45 - 63 125 3RU11 46 - 4JB0
37 57 - 75 160 3RU11 46 - 4KB0
45 70 - 90 160 3RU11 46 - 4LB0
45 80 - 1005) 200 3RU11 46 - 4MB0
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4.4 - O que são soft starters antiparalelo e atuando em função do programa estipulado
Mais modernamente, com a evolução da eletrônica de executam o escalonamento, e isso possibilita partir-se do
potência, surgiram novos dispositivos microprocessados para repouso e ir-se acelerando o motor por sucessivos degraus, até
a função de partida, que são os conhecidos “soft starters”. ser atingida sua rotação plena, atendendo com esta variação a
Sua principal característica é evitar solavancos na opera-ção curva de carga desejada.
da carga acionada, além de não sobrecarregarem a rede com Uma outra vantagem é que este procedimento pode ser
as elevadas correntes de partida direta de um motor. O seu obtido na desaceleração do motor, e conseqüentemente da
princípio de funcionamento é poder variar a freqüência de carga acionada, partindo-se agora da onda de tensão plena e,
saída que alimenta o motor, e assim alterar as condições de por degraus sucessivos, chegar-se à sua interrupção to-tal. A
aceleração, desaceleração e mesmo de frenagem de motores. Fig.14 ilustra esses procedimentos.
Atualmente o Soft Starter é bastante difundido como
equipamento de partida de motores de grande porte, entre
os quais podemos citar os de acionamento de ventiladores,
bombas, compressores de gases, esteiras transportadoras e
máquinas com grande momento de inércia e outros, operando
em categoria de emprego AC-2 e AC-3.
Princípio de controle do ângulo de fase da tensão de linhas através do uso
4.4.1 - Princípio de funcionamento de semicondutores (tristores) em soft starters.
do soft starter Fig.14 Princípio de funcionamento de um Soft Starter
fornecida ao do motor (controle do ângulo de fase da tensão), PEDRO ARMANDO FISCHER é engenheiro mecânico e eletricista,
durante uma determinada quantidade de semiciclos da tensão, consultor e projetista de instalações eletromecânicas, ex-professor da
Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro “Tratado Teórico e
e que é passível de ajuste às características desejadas, até seu Prático sobre Curtos-circuitos”.
valor pleno. Um par de tiristores em cada fase conectados em www.fischerengenharia.com.br / pedroafischer@redemeta.com.br
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CAPÍTULO V
ESQUEMAS DE PARTIDA DE MOTORES
TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO TIPO GAIOLA
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5.2 Partida “estrela/triângulo” (Y/Δ) de
Figura 17 – Esquema trifilar de partida “Y/Δ”
motor de indução trifásico tipo gaiola
A partida com esquema estrela/triângulo tem por finalidade
a redução da corrente de partida. Para tanto, o motor deve ter
os seis extremos de seus enrolamentos acessíveis para tensão
nominal de Un VCA (conexão triângulo) e para tensão de √3.Un
VCA (conexão estrela). Quando conectados em estrela, no
instante inicial, com a tensão de linha de Un VCA (√3 vezes
menor), a corrente de rotor bloqueado fica reduzida para (√3)2
F1, 2 e 3 são fusíveis de proteção
= três vezes. No instante da comutação dos enrolamentos de
do circuito de força.
estrela para triângulo com a mesma tensão de linha de Un VCA, Q1 (centro) é uma seccionadora
haverá um aumento na corrente de três vezes. com fusível (opção 2).
Q1 (direita) é uma seccionadora
Alternativa A: Proteção por meio de fusíveis (contra curtos-
com fusíveis (opção 3).
circuitos) e relé de sobrecarga independente. K1 é o contator principal.
No esquema trifilar de partida estrela/triângulo da Figura 17, K2 é um contator usado apenas durante a partida, configurando alimentação “Y”.
K3 é um segundo contator que opera junto com K1 (configura a conexão Δ), após
a proteção contra curtos-circuitos é provida por meio de fusíveis abertura de K2 controlada por temporizador.
com três diferentes soluções para a montagem dos fusíveis. A F7 é o relé de sobrecarga, também selecionado e ajustado para corrente de
solução da esquerda representa fusíveis tipo NH montados 0,577xINOM. do motor.
sobre bases fixas próprias. Na representação central, “Q1” Alternativa B: Proteção contra curtos-circuitos e sobrecarga por meio
indica fusíveis NH montados em base fusível adequada, que de disjuntor-motor.
permite a abertura sob carga de todos os fusíveis. No desenho à No esquema trifilar de partida “Y/Δ” da Figura 18, a proteção
direita, “Q1” indica uma seccionadora com porta-fusíveis NH. A contra sobrecargas e curtos-circuitos é provida por meio de um
proteção contra sobrecargas é provida por um relé de sobrecarga disjuntor-motor, eliminando-se o relé de sobrecarga a jusante do
F7 (bimetálico ou eletrônico), dimensionado para corrente contator principal K1, pois o disjuntor motor já possui relé contra
“1/√3xINOM. = 0,577xINOM.”. sobrecargas integrado com curva de disparo própria para motores.
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Alternativa B: Proteção contra curtos-circuitos e sobrecargas Figura 22 – Esquema trifilar de partida compensadora
por meio de disjuntor-motor. No esquema trifilar de partida com
compensadora a seguir, a proteção contra sobrecargas e curtos-
circuitos é provida por meio de um disjuntor motor, eliminando-se
o relé de sobrecarga à jusante do contator principal K1, pois o
disjuntor-motor já possui relé contra sobrecargas integrado com As curvas características
do conjugado motor e das
curva de disparo própria para motores.
correntes são as representadas
Figura 21 – Esquema trifilar de partida compensadora ao lado, que independem
dos esquemas de proteções
utilizados (alternativas “A e B”
Q1 é um disjuntor-motor com proteções contra
anteriores.).
curtos-circuitos e sobrecargas integradas.
A partida compensadora
K3 é um contator que opera imediatamente
atende melhor à partida de
após o comando de partida, fecha os três
máquinas que funcionam
terminais do autotransformador em curto,
com conjugado resistente com carga parcial, se comparada com a partida “YΔ”.
comanda o início de um temporizador e logo
A corrente inicial de partida é dada por ⇒ IPC = k².IPD, em que IPC é a corrente
após o fechamento do contator, K2 (que
de partida com compensadora, IPD é a corrente de partida direta e k é o fator
alimenta o autotransformador), assim, o
de redução de tensão do autotransformador (0,65 ou 0,80). No instante da
motor é alimentado com a tensão reduzida, de
comutação “tensão reduzida/plena tensão”, o que é feito de forma automática
acordo com o TAP escolhido.
por um dispositivo temporizador convenientemente ajustado, a corrente solicitada
Transcorrido o tempo de partida, os contatores
aumenta, em face do aumento da tensão aplicada aos enrolamentos e isto poderá
K3 e K2 são abertos e o contator principal K1
causar um impacto mecânico na máquina acionada e no próprio eixo do motor.
fecha seus contatos, alimentando o motor com
Assim, este método também não se recomenda para máquinas que exijam
a tensão nominal de regime.
partidas freqüentes.
F7 é o relé de sobrecarga, selecionado e ajustado para corrente nominal do motor.
O circuito de comando depende de diferentes fatores, tais como:
1) Trata-se de um único motor? 5.4 - Partida com soft starter
2) Trata-se de muitos motores, integrantes de um mesmo CCM, com condições de
Os soft starters encontrados no mercado oferecem uma extensa
bloqueio entre eles ou não?
3) Trata-se de muitos motores, integrantes do mesmo CCM, com condições de bloqueio variedade de funções integradas que podem ser parametrizáveis,
entre eles ou não, e comandados por CLP? embora nem todas estejam presentes nas linhas de fabricação dos
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diferentes fabricantes. São eles: caso de manutenção, que poderá ser uma chave seccionadora com
PROTEÇÃO E PARTIDA DE MOTORES
• controle da corrente de partida; fusíveis, uma chave com fusíveis ou até um contator.
• seleção das curvas (rampas) de partida e de parada; Da mesma forma que nos demais tipos de partida vistos
• limitação do nível de sobrecarga; anteriormente, a coordenação de partida com soft starters pode ser feita
• função “energy saver” (redução da tensão nos períodos de com o emprego tanto de disjuntores como por fusíveis para a proteção
subcarga dos motores); da alimentação, ainda que alguns fabricantes recomendem o emprego
• seleção do tempo de frenagem; de coordenação com fusíveis ultra-rápidos, próprios para a proteção de
• proteção por sobrecarga na saída e por falta de fase na entrada; semicondutores. Um recurso que pode ser utilizado, principalmente em
• proteção contra curtos-circuitos na saída. motores com regime de operação contínua e com elevadas potências
Conforme o modelo e o fabricante, esses equipamentos podem é a utilização de contatores em “by pass” alimentando normalmente
oferecer uma extensa variedade de sinalizações das condições de o motor após a partida suave, que será desativada, com o objetivo de
operação (Leds), entradas analógicas e saídas a relés que possibilitam minimização de perdas de energia e de dissipação de calor gerado pelos
integração com sistemas supervisórios. Há fabricantes que oferecem componentes da eletrônica de potência.
um software para a seleção da chave de partida mais adequada,
por meio da simulação de parâmetros específicos das condições de 5.5 - Partidas com características específicas
operação, como dados da rede, dados do motor, dados da carga, Todos os métodos de partida analisados anteriormente são
requisitos exigidos para aplicações especiais etc. aplicados nas condições mais comuns de operação dos motores,
É possível a conexão de uma chave soft starter para a partida independentemente do funcionamento em um único sentido de
suave de um motor por meio de duas formas de conexões distintas, rotação e com parada mediante a desenergização da alimentação.
conforme representação a seguir: No entanto, independentemente do método de partida escolhido,
há aplicações especiais de operação dos motores que exigem outras
Figura 23 – Partida suave com soft starter em linha com o motor
condições de funcionamento, tais como:
1ª solução: inserção do soft starter em • inversão do sentido de rotação;
linha com o motor.
Na representação ao lado, a proteção
• frenagem por contracorrente;
do soft starter é provida por meio de • comutação da quantidade de pólos (outro recurso de variação
disjuntor motor. de velocidade).
Nesta solução, a corrente IC é
absorvida da rede pelo soft starter
e a corrente a ser fornecida ao
Figura 25 – Partida direta com dois sentidos de rotação
motor, quando estiver em regime, é a
corrente nominal IN do motor. Um exemplo típico está representado no esquema
A enfiação entre chave de partida trifilar representado ao lado. É utilizado para inversão
suave e o motor necessita apenas dos do sentido de rotação do motor, usando-se uma
três condutores para as fases. partida direta para ambos os sentidos de rotação.
No presente caso, a proteção contra curtos-circuitos
e sobrecargas é provida pelo disjuntor-motor Q1,
Figura 24 – Partida suave com soft starter inserido no “Δ” do motor
sendo os contatores K1 e K2, respectivamente,
2ª solução: inserção do soft starter no
os responsáveis pelo funcionamento em um e em
interior do “Δ” do motor.
outro sentido de rotação. Como se pode notar, a
Na representação ao lado, a proteção
alimentação do motor pelo contator K2 implica
do soft starter é provida por meio de
a troca das fases L1 por L2, permanecendo L3 a
disjuntor-motor.
mesma para ambos os sentidos de rotação.
Nesta solução, a corrente a ser fornecida
Os circuitos de comando dos contatores K1 e K2
pelo soft starter ao motor, quando estiver
são intertravados de tal forma que, quando um deles alimenta o motor, o
em regime, será apenas de 58% da
outro deve estar aberto. Além do intertravamento elétrico, é possível prover
corrente IN (corrente nominal do motor).
um intertravamento mecânico entre os dois contatores. Para os motores com
U1-U2, V1-V2 e W1-W2 são os extremos dos
frenagem por contracorrente devem ser tomadas precauções para evitar a
enrolamentos de cada fase do motor.
inversão do sentido de rotação causada por uma inversão de fases.
L1-T1, L2-T2 e L3-T3 são as entradas e saídas
da chave de partida suave. Assim como na partida direta com inversão do sentido de rotação
Para o emprego da segunda solução, é necessário que o motor acima representado, a inversão do sentido de rotação nas partidas
tenha os dois extremos de conexões de suas fases acessíveis, o que pelos métodos “Y-Δ” e “compensadora” exigirá a utilização de um
implica maior extensão de cabos (com menores seções). No entanto, quarto contator para ambos os métodos.
Continua na próxima edição
como o soft starter deverá fornecer apenas 58% da corrente nominal
com conexão em delta, será obviamente de menor custo. PEDRO ARMANDO FISCHER é engenheiro mecânico e eletricista,
consultor e projetista de instalações eletromecânicas, ex-professor da
Além do dispositivo de proteção contra curtos-circuitos a
Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro Tratado Teórico e
montante da chave de partida suave, as normas internacionais exigem Prático sobre Curtos-circuitos.
um equipamento de seccionamento manual para sua isolação, em www.fischerengenharia.com.br/pedroafischer@redemeta.com.br
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CAPÍTULO VI
COORDENAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
DE PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS
TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO TIPO GAIOLA
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6.2 - Tipos de coordenação de partidas de motores Coordenação de partida “tipo-2”
Quando o circuito de alimentação de um motor fica submetido Quando um conjunto de equipamentos de partida “tipo-2”
a um curto-circuito, seja nos condutores, seja no interior do alimentando um motor for submeti-do a uma corrente de
próprio motor, a elevada corrente de falta circula pelos diferentes curto-circuito, é permitida uma leve soldagem dos contatos do
equipamentos que integram a partida. De acordo com as normas contator, desde que seja fácil a sua separação. Não é permitido
internacionais, são estabelecidas imposições para a segurança das qualquer dano ao relé de sobrecargas. Após a ocorrência de
pessoas que possam ter contato com os componentes da instalação. um curto-circuito, sem que haja riscos para o operador, os
A IEC 60947-4-1 estabeleceu dois tipos de coordenação das partidas equipamentos de proteção e de comando devem permanecer
e, para cada um deles, especifica os “diferentes ensaios” a serem operacionais sem qualquer substituição. A capacidade de
efetuados pelos fabricantes para que possam ser classificados como interrupção dos equipamentos de partida será determinada
integrantes de um desses dois tipos e que são: pelas conclusões dos ensaios.
Os fabricantes indicam as coordenações de partida. Entrando-se
Coordenação de partida “tipo-1” com a potência do motor e respectiva tensão nominal, faz-se a
Na coordenação “tipo-1”, a potência de interrupção é limitada seleção dos componentes da partida com coordenação constituída
pela máxima capacidade de interrupção do dispositivo de proteção por dispositivos fusíveis para a proteção contra curtos-circuitos,
contra curtos-circuitos. Ela requer, para qualquer método de disjuntores para proteção exclusiva de curtos-circuitos ou para
partida, o seccionamento seguro do circuito de alimentação de um curtos-circuitos e sobrecarga (quando dotados de disparadores para
motor percorrido por correntes de curto-circuito, sendo permitida os dois tipos de sobrecorrentes), relé de sobrecarga independente
a destruição do contator e do relé de sobrecargas, que deverão para a proteção contra sobrecarga e contator(es) para o comando
ser substituídos. Exige-se também que não seja causado nenhum operacional energiza/desenergiza o circuito de alimentação do
risco ao operador e que os demais componentes da partida, exceto motor. As tabelas a seguir são alguns exemplos de coordenação de
contatores e relé de sobrecargas, não sejam danificados. partidas diretas.
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(*) – Coordenação Tipo 1 Fusíveis código 5SB (Diazed) e Fusíveis código 3NA (NH)
Na tabela anterior, observamos que a utilização de fusíveis com concluir que o menor tempo de interrupção dos fusíveis com menor
maior corrente nominal, mantidos todos os demais componentes corrente nominal é o responsável pela coordenação “tipo-2”, pois
da partida, pode transformá-la do “tipo-2” para “tipo-1” (motores isso irá provocar o seccionamento mais rápido e menores serão os
com potência igual ou maiores que 125 CV/220 V). Isso permite danos aos componentes da partida.
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Uma observação mais atenta entre as tabelas de partida devendo-se utilizar contatores mais robustos para a coordenação
direta “tipo-2”, coordenada com fusíveis para proteção contra com disjuntor-motor.
curtos-circuitos e relés bimetálicos para a proteção de sobrecarga, As faixas de ajuste de sobrecarga dos relés bimetálicos independentes
e a partida direta “tipo-2”, coordenada com disjuntor-motor e dos relés de sobrecarga dos disjuntores são as mesmas para motores
(com disparadores contra curtos-circuitos e contra sobrecarga até 30 CV/220 V e 60 CV/380 V, mas para potências maiores são
integrantes do disjuntor), mostra que, para uma dada potência de diferentes. Em qualquer caso, a corrente ajustada para disparo por
motor (igual corrente nominal), os contatores não são os mesmos, sobrecarga deverá ser igual à nominal do motor.
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Observa-se ainda que, entre as tabelas de partida direta 6.2.1 - Tabelas de coordenação para
com coordenação com disjuntor motor “tipo-2” e “tipo-1”, outros tipos de partidas
para uma dada potência de motor (igual corrente nominal), Além das tabelas anteriores representadas como exemplos,
os disjuntores são iguais. No entanto, para a coordenação os fabricantes apresentam outras para os demais casos de
“tipo-2”, são exigidos contatores mais robustos. Isto é coerente coordenação de partidas, não só para outras combinações de
com o conceito de que “melhor qualidade é obtida com maiores equipamentos de proteção de partidas diretas, mas para todas
custos”, hajam vistas as maiores exigências de desempenho as combinações de equipamentos para os demais “métodos de
para a coordenação “tipo-2”. partidas” vistos.
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Para a obtenção dessas tabelas, o projetista deverá
definir, antes de tudo, o fabricante dos equipamentos
a ser empregado, pois as tabelas são válidas apenas para
os equipamentos de um dado fabricante de coordenação.
Para tanto, deverá solicitar ao fabricante o fornecimento
de suas tabelas ou então fazer o download a partir do site
do fabricante, uma vez que as em-presas mais conceituadas
oferecem esta facilidade.
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CAPÍTULO VII
CIRCUITOS DE COMANDO DE MOTORES
O circuito de comando é o responsável pela correta No circuito de comando de um motor, podem estar
operação de um motor isolado ou de cada motor de um inseridos diferentes componentes com diversificadas
conjunto de motores que acionam cargas integrantes finalidades, relacionados com a função desenvolvida
de um determinado equi-pamento ou processo. pelo respectivo motor ou pelo controle de grandezas
Excetuando-se as chamadas chaves de partida manual, específicas de um processo (instrumentos de controle),
usadas apenas em casos muito elementares (em algumas dentre os quais podemos relacionar:
máquinas/ferramentas e em equipamentos domés- • dispositivos de comando “ligar e desligar”;
ticos), que energizam ou desenergizam a alimentação • bobinas dos contatores de potência e auxiliares;
elétrica por meio de ação mecânica do operador, a • contatos auxiliares (executando funções de
primeira e mais importante distinção a ser feita é a de intertravamentos e de bloqueios);
que circuitos de comando e circuitos de potência são • instrumentos controladores de posição: fins de curso;
duas coisas bem distintas e separadas, normalmente, • instrumentos controladores de parâmetros físicos:
mas nem sem-pre operando com tensões diferentes. nível, pressão, temperatura, fluxo, vazão, etc.;
Na realidade, poderemos ir mais longe, pois um dado • instrumentos controladores de parâmetros químicos:
processo produtivo pode exigir o comando de cargas pH, CO2, O2, Redox, etc.;
não motoras, como “resistores de aquecimento”. • instrumentos controladores de tempo;
Nas aplicações práticas, há casos em que poderá • instrumentos contadores numéricos;
acontecer um acidente devido a uma eventual reversão • outros instrumentos para grandezas especiais.
do sentido de rotação do motor e, por conseqüência, O caso mais geral seria o de comando de vários
da carga acionada, o que exige cuidados especiais na motores integrantes de uma máquina, ou de um
concepção do circuito de comando. Os circuitos de processo específico, como uma estação de tratamento
comando de motores devem ser concebidos de modo a de efluentes ou de tratamento de água, ou ainda de
impedir o religamento automático de um motor, depois uma central de instalações auxiliares de uma indústria
de parada decorrente de uma queda ou falta de tensão, (bombas de circulação de água de resfriamento ou de
caso esse religamento possa causar algum perigo. transferência de fluidos diversos, ventiladores de torres
É importante ter em mente que, ao tratarmos de de arrefecimento, etc.) ou, ainda, de uma máquina
circuitos de comando de cargas elétricas, motoras ou operatriz complexa.
não, estamos falando do comando dos dispositivos de Nestes casos, podemos distinguir duas formas bem
partidas, responsáveis por sua alimentação elétrica, distintas de concepção de circuitos de comando, sejam
constituídas por um contator ou uma combinação de os constituídos por “técnicas convencionais” (emprego
contatores ou pelos soft starters vistos anteriormente. de intertravamentos ou bloqueios por dispositivos de
Tendo em vista a grande variedade de funções ofere- comando e contatos auxiliares), seja pelo emprego
cidas no mercado pelos diferentes fabricantes de soft de sofistica-dos sistemas de “Controladores Lógicos
starters, vamos nos limitar ao estudo dos circuitos de Programáveis (CLP)” interligados a um computador no
comando de partidas de motores com contatores. qual foi instalado um software supervisório.
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7.1 Componentes que integram os circuitos de acrescidos dos dispositivos “ligar e desligar”, contatos auxiliares
comando de motores de intertravamentos e bloqueios e contatos da instrumentação que
A forma como são constituídos os circuitos de comando depende de condiciona o processo.
diferentes fatores, entre eles: A seguir, exemplos de circuitos de comando dos esquemas de
1°) Trata-se de um único motor? partidas da seção 5:
2°) Trata-se de muitos motores, integrantes de um mesmo CCM,
com condições de bloqueio entre eles ou não?
3°) Trata-se de muitos motores, integrantes de um mesmo CCM,
com condições de bloqueio entre eles ou não e comandados por
CLP?
Bloqueio ou intertravamento entre motores são expressões
usadas que caracterizam condições de operação impostas a uma
sucessão de motores integrantes de um processo produtivo ou de
uma máquina complexa. Por exemplo, quando completado um
nível de enchimento de um tanque por meio da operação de uma
bomba, interrompe-se a operação da bomba e inicia-se a operação
de um agitador de pás, ou de uma outra bomba adicionando um
novo produto ao tanque já citado.
Proteção por disjuntor-motor
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seguintes simbologias:
pela temporização desde o tempo inicial t=0 com o motor operando requeridas. Assim, para o comando liga/desliga podem ser
em estrela, até a comutação da operação para operação em triângulo, utilizados elementos de comando rotativos com duas, três ou
tem seu diagrama de operação representado a seguir. Observa-se que o mais posições (chamados de “seletores”).
contato transferidor (15-16) passa para a condição de fechado (15-18) Com relação à instrumentação que pode ser utilizada, e
após o tempo “t” regulado para a operação em estrela, quando então que integram os circuitos de comando de motores de forma a
passa para triângulo e assim permanece até nova partida. condicionar a operação deles para o controle das mais variadas
funções, seria necessário um livro exclusivo para esgotar o
assunto.
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• módulos de interface; temperatura, vazão), além de uma variada gama de medição
• módulos de funções especiais, como: contadores, contínua de grandezas químicas (pH, potencial Redox, Oxigênio
posicionadores, testes e outros. dissolvido, etc.), havendo opções de escolha do tipo de sinal
De uma maneira geral, a CPU possui um microprocessador enviado da grandeza medida, a saber:
principal do sistema, memória E-prom não volátil na qual é • sinais de tensão desde 5 mV/2 Mohms até 10 V/2 Mohms;
gravado o programa operacional do processo específico em • sinais de corrente 0 _ 20 mA e 4 _ 20 mA;
linguagem de máquina, e uma memória Ram volátil para dados • sinais de resistência desde 150 ohms _ 10 Mohms até 600
e variáveis do controlador. Pulsos de varredura com períodos ohms _ 10 Mohms;
máximos de 200 ms fazem continuamente a leitura dos sinais • sinais de termopares tipo B, E, N, J, K, L, N / 10 Mohms e
de entrada e, em função do programa operacional que foi outros;
gravado, determinam as condições das saídas (Watchdog). • sinais de sensores de temperatura tipo Pt 100 até Pt 1000 / 10
Os módulos de entradas digitais coletam os dados dos Mohms e Ni 100 até Ni 1000.
diferentes elementos de comando e instrumentos existentes no A função das saídas digitais é atuar sobre bobinas de
processo controlado tipo “On-Off”, entre os quais se incluem contatores de acionamento das partidas, sobre solenóides de
os dispositivos de comando e instrumentos digitais que estariam válvulas de comando de circulação de fluidos e de comandos
inseridos nos circuitos de comando convencionais. Há opções de hidráulicos, sobre dispositivos de alarme sonoro ou visual, ou
escolha da tensão de comando entre 24 VCC – 48 VCC e 120 sobre soft starters ou inversores de freqüência. Para os módulos
VCC e entre 120 VCA e 230 VCA. São encontrados módulos de saídas digitais, há opções de tensões de operação desde 24
de entradas com 8, 16 e até 32 canais (sinais) de entradas VC – 48 VCC até 120 VCC e desde 120 VCA a 230 VCA e
digitais. contendo 8, 16 ou 32 canais.
Nos módulos de entradas analógicas, são conectados Os módulos de saídas analógicas podem ser configuráveis
os sinais de tensão, corrente ou resistência enviados pelos e enviam os sinais das respectivas entradas analógicas
transmissores da instrumentação analógica do processo, tais enumeradas anteriormente para que se possa ler o valor da
como medição contínua de grandezas físicas (nível, pressão, grandeza analógica medida (em texto ou valor numérico), seja
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a um display de Interface Homem-Máquina (IHM) ou para a Ainda não existe uma normalização internacional quanto
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tela de um monitor operando com um PC, conforme veremos a à “linguagem de programação de máquina”, existindo
se-guir. diferenças entre as adotadas pelos diferentes fabricantes de
A interligação dos módulos de entrada e saída com a CPU CLPs. No entanto, todas elas possibilitam a programação de
pode ser feita por dois tipos construtivos distintos: partidas de motores (comandos sobre contatores) por meio
1º) Interligação entre cada um dos sinais da instrumentação das “SAÍDAS” e a obediência às diferentes condições impostas
de campo e os módulos de en-tradas e saídas centralizados, pela instrumentação pelas “ENTRADAS”, sejam elas grandezas
acoplados à CPU do CLP; digitais ou analógicas.
2º) Atuadores e sensores digitais, analógicos e pneumáticos
(comando de cilindros pneu-máticos), bem como módulos 7.2.1 Interface Homem Máquina (IHM)
atuadores de conjuntos de partida de motores, todos com Determinados processos requerem a alteração de
características especiais próprias, instalados sobre um cabo de determinados parâmetros inerentes ao mesmo, de forma a
dois fios constituindo uma rede de comunicação interligada possibilitar uma flexibilidade de operação. Suponhamos que
com um módulo de comunicação especial acoplado à CPU diferentes tipos de madeira sejam secados em uma estufa, para
do CLP, conhecido por AS-Interface (Interface de atuadores e cada tipo havendo uma determinada velocidade de aumento da
sensores). temperatura de secagem. Para tanto, o operador deverá ter a
O primeiro implica utilizar uma árvore de cabos interligando possibilidade de alterar essas condições quando muda o tipo de
cada atuador ou sensor/transmissor por cabos distintos, madeira. Para que isso seja possível, são introduzidas variáveis
formando uma verdadeira árvore de cabos. Já com o segundo na programação do processo, passíveis de serem alteradas por
tipo, utiliza-se um único condutor isolado especial de dois fios. meio de um módulo IHM.
Com isso, os conjuntos de partidas podem ser localizados no Além disso, processos mais complexos podem exigir
campo ou com os motores de equipamentos ou máquinas uma visualização das diferentes grandezas medidas pela
complexos, em muitos casos, reduzindo-se o custo total, ainda instrumentação (aquisição de dados) ou visualização de
que os atuadores/sensores AS-Interface sejam de maior custo. mensagens de texto mostrando, por exemplo:
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• valores de grandezas medidas pela instrumentação; por blocos. Isto permite não só a visualização de grandezas
• a ativação de alarmes de defeitos por sinalização ótica ou medidas pela instrumentação ou integração de valores medidos
acústica; e calculados pelo software supervisório, como, ainda, permitir
• a totalização de horas de operação de cada motor, além de a introdução de diferentes comandos como “ligar e desligar”,
outros recursos, com menor ou maior capacidade, cuja escolha motores por meio de um “clique” do mouse, toque de dedo
irá depender dos valores em jogo do processo pro-dutivo, e que touch screen ou por to-que de caneta touch screen pen.
podem ser de dois diferentes tipos: Os recursos possíveis com a utilização de CLP têm crescido
- Painel ou terminal de operação - Trata-se de um módulo com uma velocidade espantosa, graças ao desenvolvimento da
constituído por um Display de Cristal Líquido (LCD) para a informática. Atualmente, são encontrados no mercado disjunto-
visualização de parâmetros do processo e por um Teclado para res com placas de comunicação que enviam dados, como:
entrada de dados, com diferentes opções de programabilidade, tensão, corrente, F.P., harmônicas, temperatura ambiente ou do
utilizando softwares especiais desenvolvidos em PCs e gravadas motor protegido e outros. Entretanto, os processos produtivos
na memória da IHM. Os terminais de operação de menor mais complexos e a maior competitividade de mercado exigem
tamanho permitem a apresentação no display de texto das recursos de comunicação entre os diferentes níveis de uma
mensagens, cuja extensão depende da quantidade de linhas organização industrial, tornados possíveis com o uso de “redes
e colunas. Os de maior porte permitem a construção de telas de comunicação”, operando com diferentes protocolos.
(similares a quadros sinóticos gráficos) com grande quantidade FIM
de informações. Encerramos, neste capítulo, o fascículo “Proteção e partida de
- Emprego de PC interligado ao CLP - É possível interligar motores”, elaborada pelo engenheiro Pedro Armando Fischer. Confira
a maioria dos CLP a um terminal de operação constituído por um todos os artigos da série em www.osetoreletrico.com.br.
PC industrial, próprio para instalação em ambientes industriais. PEDRO ARMANDO FISCHER é engenheiro mecânico e eletricista,
Neste caso, os recursos são muito mai-ores, pois, por meio consultor e projetista de instalações eletromecânicas, ex-professor da
Faculdade de Engenharia da UFRGS, autor do livro Tratado Teórico e
de softwares supervisórios, é possível montar diferentes telas Prático sobre Curtos-circuitos.
nos monito-res de vídeo, representando partes de processo www.fischerengenharia.com.br/pedroafischer@redemeta.com.br
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Conjuntos de manobra e controle de potência
Novo!
Capítulo I
Existem, conforme a formação técnica, a aplicação, Conforme as normas IEC 61439-1 e IEC 61439-
Conjuntos de manobra e controle de potência
de tensões e correntes elétricas de operação relativas A partir deste cenário, é possível notar a importância
Conjuntos de manobra e controle de potência
tradução da 6ª edição (1977) para o português clássico desde o seu lançamento em 1955;
(“Instalações Elétricas”) foi feita pela Editora Hemus, • “Protective Relaying: Principles and Applications”;
em 1978; do J. Lewis Blackburn, cuja 3ª edição, de 2007, foi
• “Instalaciones Eléctricas”, manual técnico da coordenada pelo Thomas J. Domin.
Siemens, cujo original em alemão é do ano de 1971,
e foi traduzido para o espanhol em 1981. Este material Portanto, os principais objetivos e contribuições
apresenta, em seus dois volumes, muito da escola deste trabalho é a apresentação e a disponibilização
alemã, oferecendo uma excelente referência; de informações básicas sobre a aplicação e o uso de
• “High Voltage Switchgear – Analysis and Design”, conjuntos de manobra e controle de potência, tanto
dos autores russos Chunikhin e Zhavoronkov, cuja de média quanto de baixa tensão, em instalações
tradução para a língua inglesa foi lançada em 1989. elétricas industriais.
naqueles casos em que os conjuntos possuem um Além destas definições normativas, existem
Conjuntos de manobra e controle de potência
invólucro metálico externo, previsto para ser aterrado, classificações associadas ao tipo de aplicação a que
e fornecido completamente montado, com exceção se destina um determinado CMCP. Basicamente,
das conexões externas, como mostrado na Figura 3. a classificação está diretamente ligada a função
primordial do equipamento. Sendo que, no Brasil,
como resultado de anos de influência do universo
ANSI / NEMA / UL, é comum se usar, tanto para
média quanto baixa tensão, as designações: Centro
de Distribuição de Cargas (CDC) e Centro de
Controle de Motores (CCM). Um bom exemplo da
absorção desta cultura se encontra no uso destes
termos nas especificações técnicas de grandes
empresas brasileiras.
Um CDC é associado a uma barra que tem a
função de servir de ponto de origem de distribuição
de energia elétrica de todo ou parte de um sistema
industrial, incluindo funções de manobra, de
proteção e, normalmente, de medição, também. Essa
Figura 3 – CMCP (CDC) de média tensão.
barra está, geralmente, conectada ao secundário de
um transformador de potência. Ela pode, ou não, ser
A ABNT NBR IEC 60439-1 define conjunto ligada a outra barra contígua, instalada no mesmo
de manobra e controle de baixa tensão como conjunto construtivo, por meio de um disjuntor de
sendo a combinação de um ou mais dispositivos interligação. É muito comum um CDC apresentar
e equipamentos de manobra, controle, medição, níveis de correntes nominais de regime e de curto-
sinalização, proteção, regulação, etc., em baixa circuito altos. Tanto em MT quanto em BT são
tensão, completamente montados, como todas utilizados disjuntores como elementos de manobra.
as interconexões internas elétricas e mecânicas Um CCM, por sua vez, está associado a uma barra
e partes estruturais sob a responsabilidade do que concentra as funções relacionadas a operação,
fabricante. Temos na Figura 4 um exemplo de um proteção e o controle dos circuitos alimentadores de
CCM de baixa tensão. motores, tanto em MT quanto BT. Essa barra pode
estar conectada ao secundário de um transformador
ou ser alimentada a partir de um CDC a montante.
Apesar de ser pouco usual, esta barra pode, também,
ter recursos para ser ligada a outra contígua,
instalada no mesmo conjunto construtivo, por meio
de um disjuntor de interligação. O CCM apresenta,
em geral, uma corrente nominal de regime baixa, se
comparada com um CDC. Os níveis das correntes
nominais de curto-circuito são menores do que
em um CDC. Para fins de proteção contra curto-
circuito, podem ser utilizados disjuntores ou fusíveis
limitadores de corrente. O elemento de manobra
mais usual é o contator. Para algumas aplicações
em MT, são encontrados casos que se utilizam os
disjuntores, associados a relés secundários, para as
Figura 4 – CMCP (CCM) de baixa tensão.
funções de manobra e proteção.
Apoio
Uma excelente fonte para auxiliar na compreensão Este equipamento integra as funções de distribuição
Conjuntos de manobra e controle de potência
dos conceitos sobre CDC e CCM, apresentados nos de energia (ramais de saída) e alimentação de
parágrafos acima, é o livro “Switchgear and Control circuitos de motores. Neste tipo de abordagem, tanto
Handbook”. No capítulo 14 (“AC Switchgear”) desta a corrente nominal de regime quanto a de curto-
referência, os autores descrevem os conceitos sobre circuito podem atingir valores altos, principalmente
CDC, tanto de BT (ver a norma IEEE C37.20.1) quanto se compararmos com os existentes na maioria das
de MT (ver normas IEEE C37.20.2 e IEEE C37.20.3). instalações atuais no Brasil.
Já o capítulo 26 (“Motor-Control Centers”) apresenta Em resumo, os Conjuntos de Manobra e Controle
as definições e recomendações relativas ao CCM, de Potência (CMCP), tendo ou não configurações
tanto de BT (ver NEMA ICS-18) quanto de MT (ver específicas, tais como CCM (Centro de Controle de
NEMA ICS-3). Motores) e CDC (Centro de Distribuição de Cargas),
Porém, diferentemente dos Estados Unidos, tal tanto em média tensão (MT) quanto em baixa tensão
divisão não existe formalmente na cultura europeia. (BT), visam suprir as necessidades dos pontos de
Por conta disso, é muito comum encontrar, dentro distribuição e controle de energia elétrica. Sendo que
deste contexto, tanto em MT quanto em BT, um CMCP estes equipamentos estão, muitas vezes, associados
desempenhando ambas as funções: CDC e CMC. às barras de um Sistema Elétrico com níveis altos
sendo: “Conferência Internacional sobre Redes formado em engenharia elétrica pela escola de engenharia
da uFRJ e pós-graduado em Proteção de sistemas elétricos
de Distribuição”) vir tentando introduzir na IEC
pela universidade Federal de itajubá.
uma nova classificação para os valores das tensões
normalmente usadas. Assim, existe uma previsão
Continua na próxima edição
de se vir a adotar também o uso da expressão Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
“média tensão” para cobrir os níveis mencionados redacao@atitudeeditorial.com.br
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Conjuntos de manobra e controle de potência
Capítulo II
problema não se encerra simplesmente com o fim do cálculo motores (para identificar requisitos de rearranjo do sistema
da energia incidente e a consequente categoria de risco em elétrico ou alteração de especificação de equipamentos ou
que se enquadram os requisitos de um EPI ou EPC. dos níveis de tensão usados na instalação).
É fundamental se identificar os níveis reais de energia A segunda etapa está associada à determinação das
disponível no ponto de aplicação do equipamento e as suas correntes de falta e os respectivos tempos de eliminação,
possíveis causas. E, para tal, se faz necessário estabelecer seguindo, por exemplo, as orientações contidas no IEEE Std
duas etapas de estudos de engenharia. 242:
A primeira etapa, conforme as recomendações do • Cálculo dos valores máximos e mínimos das correntes
compêndio de práticas recomendadas para instalações de curto-circuito, tanto os trifásicos quanto os monofásicos,
elétricas industriais, o IEEE Std 141, está associada à definição conforme as possíveis configurações de operação;
do arranjo do sistema elétrico e níveis de tensões elétricas, • Estudos de coordenação e seletividade do sistema de
em função das necessidades do mesmo e da sua interação, proteção.
ou não, com a concessionária de energia:
Somente, então, pode-se, por exemplo, iniciar a análise
• Definição da filosofia de operação a ser usada no sistema da energia incidente e dos métodos que podem ser adotados
(acoplamento com a concessionária local, geração própria, para a sua prevenção e a mitigação de seus efeitos.
cogeração, o uso de disjuntores de interligação fechados Todos sabem que um acidente em um equipamento resulta
de modo permanente ou não, a aplicação permanente ou em muitos transtornos e em custos consideráveis; sendo
temporária de reatores limitadores de corrente, etc.); que, muitas das vezes, o trabalhador, que estava incumbido
• Estudos de fluxo de carga (para se validar as possíveis da intervenção direta, sofre as maiores consequências,
configurações a serem usadas no sistema elétrico, etc.); podendo perder a sua saúde ou a própria vida. Por conta
• Cálculo das quedas de tensão devidas à partida de grandes disso, o conhecimento do estado da arte do projeto e do uso
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de conjuntos de manobras e controle de potência permite é o conjunto de normas regulamentadoras emitidas pelo
Conjuntos de manobra e controle de potência
diminuir as chances de ocorrência de arcos internos e mitigar Ministério do Trabalho e Emprego, ligado ao Governo Federal
os seus possíveis efeitos, aumentando as probabilidades de Brasileiro.
salvaguardar a vida humana. As normas técnicas, como todos os documentos gerados
A mesma falha mencionada acima, quando não coloca pelo seres humanos, evoluem ao longo do tempo de sua
em risco a vida humana de forma direta, pode representar existência, de forma a se adaptarem aos constantes avanços
danos a diversos equipamentos, resultando na perda de parte associados às áreas técnicas, éticas e políticas. Assim é de
ou na sua totalidade ou dos serviços prestados. Logo, um se esperar que o mesmo aconteça no que se diz respeito
conhecimento sólido dos projetos e do uso de conjuntos de aos Conjuntos de Manobra e Controle (CMC), os quais são
manobras e controle de potência permite, também, melhorar utilizados em diferentes níveis e aplicações dos diversos
o desempenho dos equipamentos e instalações. segmentos das atividades humanas.
Deste modo, é preciso, cada vez mais, disponibilizar O avanço contínuo de conhecimentos tem como objetivo
diretrizes e ferramentas que permitam aos responsáveis pela final a garantia da segurança dos usuários e de bens materiais,
especificação e a instalação de novos conjuntos de manobra além da confiabilidade dos próprios sistemas elétricos. As
e controle, ou a modernização de unidades já existentes, revisões das normas técnicas estão comumente associadas a
terem todas as condições para analisar e discutir as possíveis alterações em requisitos de operação e respostas a condições
opções e recomendações e, assim, identificar aquelas que normais ou imprevistas, como também aos métodos usados
mais se adequam. para sua verificação. Neste processo, às vezes ocorrerem
Além disso, é importante, também, incorporar as mudanças na nomenclatura ou na identificação de normas
boas práticas de engenharia e as lições aprendidas pelo e documentos técnicos. Porém, a essência dos fenômenos
uso consolidado de conjuntos de manobra e controle físicos e químicos associados a qualquer equipamento
em instalações com históricos positivos de continuidade, elétrico se mantém. Tanto que os diversos órgãos normativos
disponibilidade e segurança. ao redor do mundo, como a IEC, ANSI e ABNT, reconhecem
a validade de ensaios realizados num equipamento com
Compêndio básico de normalização de base em uma versão anterior de uma norma, quando não
conjuntos de manobra e controle ocorrem alterações no método e nos critérios de aprovação
Associados às diversas fases de aquisição e fornecimento no respectivo ensaio.
de um conjunto de manobra e controle de potência existem Toda esta preocupação se deve ao fato de que um Conjunto
diversos documentos normativos. de Manobra e Controle de Potência, dentro das redes elétricas
As normas técnicas são baseadas no conhecimento de distribuição de energia, seja em baixa ou média tensão, deve
e no consenso de especialistas, com o apoio e referendo estar, normalmente, associado a “barras” do respectivo sistema,
da sociedade. Elas estabelecem os requisitos mínimos onde os níveis de energias disponíveis podem ser bem altos.
e os procedimentos de ensaios necessários para se ter Isto está diretamente associado aos níveis de correntes de curto-
uma instalação segura e confiável, permitindo uma alta circuito e, conforme as necessidades estabelecidas pelo Estudo
disponibilidade da energia elétrica para qualquer sistema de Coordenação e Seletividade das Proteções Elétricas, ao
de potência. Elas são diferentes dos regulamentos. Esses se tempo de resposta dos dispositivos de proteção. As ocorrências
originam no âmbito governamental e são implementados de falta em circuitos de distribuição em CA implicam em
por força de lei. Um caso típico desse tipo de documento correntes de defeito com altos valores eficazes e de crista, os
NORMA REGULAMENTO
A ORIGEM E IMPLEMENTAÇÃO OCORREM NO ÂMBITO DA SOCIEDADE. A ORIGEM E IMPLEMENTAÇÃO SURGEM NO ÂMBITO GOVERNAMENTAL.
ESCLARECE “COMO FAZER”. ESTABELECE “O QUE FAZER”.
DOCUMENTO ESTABELECIDO POR CONSENSO E EMITIDO POR ÓRGÃO DOCUMENTO QUE CONTÉM REGRAS E/OU REQUISITOS OBRIGATÓRIOS, ESTABELECIDOS POR
RECONHECIDO, QUE VISA FORNECER REGRAS, DIRETRIZES E/OU CARACTERÍSTICAS UMA AUTORIDADE (MUNICIPAL, ESTADUAL OU FEDERAL). ELE POSSUI “FORÇA DE LEI”.
PARA A OBTENÇÃO DE UM RESULTADO ÓTIMO.
EXEMPLO: ABNT NBR IEC 62271-200 (CONJUNTOS DE MANOBRA E EXEMPLO: NR 10 (NORMA REGULAMENTADORA 10, DO M.T.E.).
CONTROLE ENTRE 1 E 52 KV).
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quais estão diretamente relacionados com as características segurança altos. Por exemplo: uso de terminais grandes
Conjuntos de manobra e controle de potência
Sendo que, dentro da cultura europeia, o encadeamento • C37.20.3: Standard for Metal-Enclosed Interrupter
Conjuntos de manobra e controle de potência
Compêndio IEC:
A seguir são apresentadas, sem a intenção de esgotar o • IEC 62271-200: High-voltage switchgear and controlgear
assunto, listas, conforme os respectivos órgãos normativos, – Part 200: A.C. metal-enclosed switchgear and controlgear
com algumas das normas técnicas mais usuais no projeto, for rated voltages above 1 kV and up to and including 52 kV
fabricação, ensaios e uso de conjuntos de manobra e controle (supersedes a IEC 60298)
de potência (CMCP) de BT e MT. • IEC 62271-1: High-voltage switchgear and controlgear –
Part 1: Common specifications (supersedes a IEC 60694)
ABNT: • IEC 60529: Degrees of protection provided by enclosures
• NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão (IP Code)
• NBR IEC 60529: Graus de proteção para invólucros de • IEC 60664-1: Insulation coordination for equipment within
equipamentos elétricos (código IP); que substituiu a NBR low-voltage systems – Part 1: Principles, requirements and test
6146 (Invólucros de Equipamentos Elétricos – Proteção) • IEC 60865 (all parts): Short-circuit currents – Calculation
• NBR IEC60439-1: Conjuntos de manobra e controle of effects
de baixa tensão – Parte 1: Conjuntos com ensaio de tipo • IEC 60439-1: Low-voltage switchgear and controlgear
totalmente testados (TTA) e conjuntos com ensaio de tipo assemblies – Part 1: Type-tested and partially type-tested
parcialmente testados (PTTA); que substituiu a NBR 6808 assemblies (Replaced by IEC 61439-1 and IEC 61439-2)
(Conjunto de manobra e controle de baixa tensão montados • IEC 61439-1: Low-voltage switchgear and controlgear
em fábrica – CMF) assemblies – Part 1: General rules (Edition 1.0 / 2009-01)
• NBR IEC62271-200: Conjunto de manobra e controle em • IEC 61439-2: Low-voltage switchgear and controlgear
invólucro metálico para tensões acima de 1 kV até 52 kV; assemblies – Part 2: Power switchgear and controlgear
que substituiu a NBR 6979 (Conjunto de manobra e controle assemblies (Edition 1.0 / 2009-01 – PSC Assemblies)
em invólucro metálico para tensões acima de 1 kV até 36,2 • IEC 61439-3: Low-voltage switchgear and controlgear
kV – Especificação) assemblies – Part 3: Distribution boards intended to be operated
• NBR IEC60694 (2006): Especificações comuns para normas by ordinary persons (DBO) (supersedes IEC 60439-3)
de equipamentos de manobra de alta-tensão e mecanismos • IEC 61439-4: Low-voltage switchgear and controlgear
de comando; que substituiu a NBR 10478 (Cláusulas comuns assemblies – Part 4: Assemblies for construction sites
a equipamentos elétricos de manobra de tensão nominal (supersedes IEC 60439-4)
acima de 1kV – Especificação) • IEC 61439-5: Low-voltage switchgear and controlgear
• NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0 assemblies – Part 5: Assemblies for power distribution in
kV a 36,2 kV public networks (supersedes IEC 60439-5)
• IEC 61439-6: Low-voltage switchgear and controlgear
ANSI / IEEE: assemblies – Part 6: Busbar trunking systems (busways)
• C37.20.1: Standard for Metal-Enclosed Low-Voltage Power (supersedes IEC 60439-2)
Circuit Breaker Switchgear • IEC 60947-1 - Low-voltage switchgear and controlgear –
• C37.20.2: Standard for Metal-Clad Switchgear Part 1: General rules
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• IEC 60947-2 - Low-voltage switchgear and controlgear – • IEEE Std 1584 - 2002: IEEE Guide for Performing Arc Flash
Conjuntos de manobra e controle de potência
• PB2 / PB2.1: Dead Front Switchboards É formado em engenharia elétrica pela escola de
engenharia da uFRJ e pós-graduado em Proteção de
Sistemas elétricos pela universidade Federal de
Outras normas nacionais / internacionais
Itajubá.
associadas ao uso de painéis elétricos:
• NR-10: Norma Regulamentadora número 10 Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
• NFPA-70: National Electrical Code (NEC) Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
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Conjuntos de manobra e controle de potência
Capítulo III
Já a definição para conjunto de manobra e controle em • Nível nominal para compartimentos preenchidos por
invólucro metálico seria aplicada naqueles casos em que fluidos.
os conjuntos possuem um invólucro metálico externo,
previsto para ser aterrado, e fornecido completamente Claro que os tópicos anteriores não se bastam por si
montado, com exceção das conexões externas. só para a aplicação dos equipamentos. Um passo inicial
A aplicação de um conjunto de manobra e controle de é consultar o capítulo “8” da norma “IEC 62271-200”
média tensão em invólucro metálico é feita, inicialmente, ou de sua NBR equivalente. Este capítulo possui três
com base nas características nominais necessárias ao seções que ajudam na seleção dos valores nominais, do
equipamento: projeto construtivo a ser adotado e a classificação de
arco interno, caso seja aplicável.
• Tensão nominal (Ur). O material mencionado e as informações contidas
• Nível de isolamento nominal (valores das tensões na literatura técnica disponível, como na norma “Ansi /
suportáveis nominais a frequência industrial – Ud, e ao IEEE C37.20.2”, têm como objetivo servir de guia para a
impulso atmosférico – Up). seleção de conjuntos de manobra e controle de média
• Frequência nominal (fr). tensão em invólucros metálicos.
• Corrente nominal de regime contínuo (Ir). É preciso atentar para as situações que apresentem
• Corrente suportável nominal de curta-duração (Ik). desvios dos valores considerados como padrões nas
• Valor de pico da corrente suportável nominal (Ip). normas para aplicação dos equipamentos, tais como:
• Duração da corrente suportável (tk). temperatura, altitude, influência de radiação solar, nível
• Valores nominais dos componentes incluídos no de umidade ou condições especiais de serviço (presença
conjunto de manobra e controle. de fumaça, pó, gases, etc.).
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As duas maiores escolas mundiais relacionadas a formas construtivas autossustentáveis que apresentem
com o desenvolvimento, projeto, construção e uso dos invólucro metálico externo. E elas podem ser aplicadas
conjuntos de manobra e controle de média tensão são: tanto em baixa tensão (BT) quanto em média tensão
a norte-americana (que está baseada nas normas Ansi / (MT). Sendo que, nos casos de aplicações em MT, está
Nema / UL) e a europeia (que segue as normas IEC). subentendido que é obrigatório, também, o uso de
As duas escolas não são exclusivas. Ambas se focam no barreiras metálicas na separação entre o compartimento
desempenho seguro e confiável do conjunto de manobra de BT (controle) e as partes em alta tensão.
e controle, com base nos fenômenos físicos intrínsecos O termo “metal-clad” é aplicável a estruturas de média
à operação elétrica dos equipamentos em condições tensão que, além de serem “metal-enclosed” (possuírem
normais e anormais. Cada uma apresenta as suas próprias um invólucro metálico externo), apresentam outras
características, mas ambas caminham, atualmente, para divisórias internas de material metálico, que separam os
um processo de harmonização de requisitos. compartimentos que compõem a coluna: controle (BT),
Porém, antes de continuar qualquer análise, é preciso disjuntor, cabos e barramento principal. Destas premissas,
esclarecer alguns conceitos e termos disseminados na surgem, também, conforme a Ansi e a Nema, outras
aplicação e uso de conjuntos de manobra e controle. exigências construtivas: barramento e (colunas) adjacentes
no compartimento do barramento principal, uso obrigatório
de disjuntores do tipo extraível, os transformadores de
potencial (TPs) e os auxiliares de controle (TACs), devem ser
montados em compartimento próprio.
Legenda:
1 - Compartimento de BT;
2 - Dispositivos de alívio de sobrepressão (alívio de gases);
3 - Compartimento do barramento principal;
4 - Compartimento do elemento de manobra;
5 - Elemento de manobra;
6 - Transformadores de corrente (TCs);
7 - Terminação dos cabos de potência;
8 - Chave de aterramento.
Figura 2 – Visualização esquemática de uma coluna de CMC de MT.
Figura 3 – Visualização dos conceitos “metal-clad” e “metal-
enclosed” para coluna de CMC de MT.
Existem conceitos oriundos da escola “Ansi / Nema” para
a definição estrutural dos conjuntos de manobra de potência, A IEC e a ABNT adotam também o uso do termo
que permeiam a cultura brasileira. Os mais comuns e que “metal-enclosed” para indicar os casos em que os
geram, ainda, muitas dúvidas e são os que estão associados conjuntos de manobra e controle são montados em
às expressões: “metal-enclosed” e “metal-clad”. invólucros metálicos. Já a expressão “metal-clad” foi
abandonada pela IEC na emissão da norma IEC 62271-
200, que substitui a IEC 60298 (antiga norma para os
conjuntos de manobra e controle de alta tensão em
invólucros metálicos).
Para se ter uma noção básica da comparação entre as
concepções e definições da IEC (ABNT) e da Ansi/IEEE
para um conjunto de manobra blindado (“metal-clad”), é
mostrado, a seguir, na Tabela 1, um resumo baseado na tabela
“C.1” da norma IEC 62271-200 (de novembro de 2003).
Legenda:
1 - Compartimento de BT;
2 - Duto de gases;
3 - Compartimento do barramento principal;
4 - Compartimento do elemento de manobra;
5 - Elemento de manobra (no caso, disjuntor);
6 - Transformadores de corrente (TCs);
7 - Terminação dos cabos de potência;
8 - Chave de aterramento;
9 - Guilhotinas automáticas;
10 - Transformadores de potencial (TPs);
11 - Barra de terra.
Figura 4 – Partes construtivas de uma coluna de conjunto de
manobra e controle de MT em invólucro metálico.
TABELA 1 – COMPARATIVO SIMPLIFICADO ENTRE OS REQUISITOS CONSTRUTIVOS
DE UM “METAL-CLAD”, CONFORME IEC E ANSI
Nas Figuras 5 e 6, pode-se visualizar a diferença Uma unidade funcional, conforme as normas ABNT
Conjuntos de manobra e controle de potência
conceitual que existe entre as duas normas no que diz e IEC aplicáveis estabelecem, é a parte da estrutura
respeito à exigência de barras isoladas e de buchas de que contém os componentes dos circuitos principais
passagem (barreiras entre colunas adjacentes) no arranjo e auxiliares relativos a uma única função, como por
e montagem do barramento principal de um conjunto exemplo: unidade de entrada, unidade de saída, etc.
de manobra e controle de MT em invólucro metálico. Na Esta definição está em conformidade com o vocabulário
Figura 5, tem-se uma vista traseira de um típico conjunto internacional (ver a cláusula “IEC 441-13-04” – definição
de manobra, conforme IEC, em que se nota as barras nuas modificada).
e o compartimento do barramento principal sem barreiras Uma das formas construtivas mais usada atualmente
(buchas isolantes de passagem) entre colunas adjacentes. Na na montagem de um conjunto de manobra e controle de
Figura 6, pode-se ver a aplicação de dois tipos de buchas média tensão é o arranjo com um disjuntor (elemento
de passagem (barreiras entre colunas adjacentes), além de de manobra) por coluna (unidade funcional), montado
barras e conexões isoladas no compartimento do barramento a meia altura (aproximadamente no meio da seção). Esta
principal, típico da cultura Ansi/IEEE/Nema/UL. forma pode ser denominada “um elemento por coluna”.
Dentro deste contexto, uma unidade funcional, na
maioria das vezes, confunde-se com a própria seção e/
ou coluna em que está montada.
Filosofias construtivas
Um conjunto de manobra e controle de média tensão
possui, na grande maioria dos casos, várias unidades
funcionais montadas em um invólucro, formando uma
estrutura única. Estes invólucros devem prover, pelo Legenda:
I - Compartimento de BT.
menos, um grau de proteção IP2X. Esse grau serve tanto II - Compartimento do barramento
para a proteção do equipamento contra as influências principal.
III - Compartimento do elemento de
externas, quanto para a proteção humana, no que diz manobra (disjuntor ou contator).
respeito à aproximação ou contato com partes vivas e IV - Compartimento de cabos.
contra contato com as partes móveis. Figura 8 – Compartimentos de uma unidade funcional.
Apoio
TIPOS CARACTERÍSTICAS
Compartimento Acessível com base A ser aberto em condições normais Não são necessárias ferramentas para abertura.
acessível ao operador em intertravamento. de operação e manutenção. Intertravamentos previnem o acesso à alta tensão.
Acessível com base A ser aberto em condições normais Não são necessárias ferramentas para abertura.
em procedimento. de operação e manutenção. Procedimentos e travas previnem o acesso à alta tensão.
Compartimento com Acessível com base Passível de ser aberto, mas não São necessárias ferramentas para abertura. Podem ser
acesso especial em ferramenta. durante condições normais. necessários procedimentos especiais de manutenção.
Compartimento não Não é possível ao Não é previsto para ser aberto. Abertura pode afetar o compartimento. Deve
acessível usuário abrir. haver a indicação clara ao usuário para não abrir.
Acessibilidade não é relevante.
TABELA 3 – CATEGORIAS DAS PARTIÇÕES ENTRE PARTES VIVAS E da segurança humana e patrimonial. A atual
COMPARTIMENTO ACESSÍVEL ABERTO
classificação quanto à perda de continuidade de
CLASSE DE DIVISÃO CARACTERÍSTICAS
Obturadores metálicos e divisão serviço das unidades funcionais de um conjunto de
PM metálica entre as partes vivas e o manobra e controle, conforme a norma “IEC 62271-
(Partição Metálica) compartimento aberto (mantida a 200”, encontra-se na Tabela 4. As Figuras 9 a 14
condição de invólucro metálico). mostra exemplos das diferentes categorias, com o
Descontinuidade nas divisões metálicas uso de visualizações esquemáticas.
PI ou nos obturadores metálicos, existentes
(Partição Isolante) entre as partes vivas e o compartimento
aberto, devido ao uso de partes isolantes.
TABELA 4 – C LASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CATEGORIA QUANTO À PERDA DE CONTINUIDADE DE SERVIÇO QUANDO DA ABERTURA
DE UM COMPARTIMENTO ACESSÍVEL
Figura 11 – Categoria LSC2 (seccionamento e aterramento no Figura 13 – Categoria LSC2B (disjuntor fixo).
compartimento do barramento principal).
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Os complementos necessários para se configurar esta É importante ressaltar que um conjunto de manobra pode
Conjuntos de manobra e
controle de potência
classificação quanto ao evento de um arco interno são os ter diferentes tipos de acessibilidade para os seus vários lados.
seguintes:
Exemplos de classificação IAC:
• Tipos de acessibilidade:
– Tipo A: restrito somente a pessoal autorizado. • IAC – AFLR – 40 kA – 1 s: acessibilidade, somente
– Tipo B: não restrito (público, em geral). de pessoal autorizado, na frente, laterais e traseira do
– Tipo C: restrito pela instalação fora de alcance e conjunto para uma falta por arco interno limitada a 40
acima da área de acesso. kA e 1 s.
• IAC – BF-AR – 20 kA – 0,1 s: acessibilidade para o
• Lados aos quais se aplicam a acessibilidade: público em geral na parte frontal e somente para pessoal
– F: para a parte frontal do conjunto. autorizado na traseira do conjunto, para uma falta por
– L: para as partes laterais do conjunto. arco interno limitada a 20 kA e 0,1 s.
– R: para a parte traseira (posterior / retaguarda) do
conjunto. *Luiz FeLiPe Costa é especialista sênior da eaton. É
formado em engenharia elétrica pela escola de engenharia
da uFRJ e pós-graduado em Proteção de sistemas elétricos
• Valores da corrente e do tempo usados no ensaio: pela universidade Federal de itajubá.
– Corrente de falta, em kA eficazes simétricos. Continua na próxima edição
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– Duração da falta, em segundos. Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
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Conjuntos de manobra e controle de potência
Capítulo IV
3) Frequência nominal (fr): A prática atual em todo o conforme a norma internacional ISO 3. Estes valores
Conjuntos de manobra e controle de potência
território brasileiro é o uso do valor de 60 Hz. foram propostos, originalmente, em 1870 por Charles
Renard (1847–1905), um engenheiro militar francês. E,
4) Valor da corrente nominal de regime contínuo (Ir) e em sua homenagem, adotou-se a letra R para designar
máxima elevação de temperatura: Neste caso, a ABNT cada uma das séries (R5, R10, R20, R40 e R80). Estes
segue a recomendação internacional de adotar, para os valores estão divididos em cinco conjuntos de números
valores da corrente nominal, os múltiplos da série R10, arredondados a partir das séries geométricas propostas:
conforme descrito na IEC 60059 (IEC standard current 10N/5, 10N/10, 10N/20, 10N/40 e 10N/80.
ratings). Um ponto interessante, ao compararmos os limites
de temperatura propostos pela IEC em relação à Ansi,
TABELA 2 – VALORES TÍPICOS PARA CORRENTE NOMINAL DE REGIME CONTÍNUO (Ir)
é o fato de a primeira permitir uma sobre-elevação de
MARCAS VALORES TÍPICOS DA IEC
temperatura maior: 75 ºC (IEC) em comparação a 65 ºC
(1) (2)
(ANSI). Tal situação promove uma percepção confortável
A
para os usuários finais que aplicam equipamentos
(*) 630
800 de origem Ansi num contexto IEC. Este fato pode ser
1.000 explicado a partir da seguinte equação, a qual relaciona
(*) 1.250 as elevações de temperatura aos níveis de corrente.
1.600
(*) 2.000
2.500
(*) 3.150
4.000
Os termos mostrados significam:
Notas:
• Ir: Valor da corrente nominal.
• Coluna 1: a marca (*) indica os valores mais usados nos
• Ie: Valor da corrente de operação.
conjuntos de manobra e controle de MT.
• Δυr: Elevação de temperatura nominal.
• Coluna 2: valores da corrente nominal de regime contínuo
• Δυe: Elevação de temperatura em operação.
(Ir) conforme a subseção 4.4.1 da IEC 62271-200.
TABELA 3 – LIMITES DE ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA, CONFORME A TABELA 3 DA Como um exemplo para o ponto mencionado
NORMA IEC 62271-1 anteriormente, vamos verificar o que ocorre ao se aplicar
CONEXÃO DE BARRAS OU ELEV. TEMP. TEMP. TOTAL 3.150 A em um equipamento Ansi de 3.000 A com conexões
TERMINAÇÃO DE CABOS O
C O
C
prateadas aparafusadas nos barramentos. Com base na
Barras de cobre nu 50 90
relação (1), a seguinte relação se aplica:
Barras estanhadas 65 105
Barras prateadas 75 115
Barras niqueladas 75 115
Cabo a barra de cobre nu 50 90
Cabo a barra estanhada 65 105
Cabo a barra prateada 65 105 O resultado da relação anterior é, aproximadamente,
72 ºC. Isso representa a elevação de temperatura para
A série R10 (constituída pelos valores: 1 / 1.25 / 1.6 / uma corrente de 3150 A em um equipamento Ansi para
2 / 2.5 / 3.15 / 4 / 5 / 6.3 / 8 e seus múltiplos) é parte de 3.000 A. Em outras palavras, o equipamento é capaz
um sistema de números preferenciais, que foi proposto de atender ao requisito da IEC para uma elevação
com a finalidade de se padronizar os valores utilizados máxima de temperatura de 75 ºC (ver Tabela 3) para
em qualquer aplicação técnica, em conjunto com o uma conexão aparafusada de barras prateadas.
sistema métrico. Este sistema foi adotado em 1952 pela No caso de comparação de equipamentos de 1.200 A,
ISO (International Organization for Standardization), segundo a Ansi, no nível de 1.250 A, a elevação de
Apoio
Alternating-current circuit-breakers) define os seguintes associada à aplicação correta dos elementos de proteção
Conjuntos de manobra e controle de potência
valores a serem usados para obter o pico do primeiro (transformadores de corrente e relés) e de manobra
semiciclo de corrente de curto-circuito: (disjuntores, contatores e fusíveis limitadores).
• 2,5 para sistemas com fr = 50 Hz e constante de tempo 1) Esforços dinâmicos oriundos das correntes de curto-
(L/R) igual a 45 ms; circuito:
• 2,6 para sistemas com fr = 60 Hz e constante de tempo Em termos mecânicos, para um curto-circuito trifásico
(L/R) igual a 45 ms; e franco (impedância zero no ponto de falha) basta uma
• 2,7 para ambas as frequências e constante de tempo simples análise da fórmula (2) da norma IEC 60865-1 /
igual a 120 ms (caso especial). 1993 (Short-circuit currents – Calculation of effects. Part
1: Definitions and calculation methods), reproduzida a
7) Duração de curto-circuito nominal (tk): A ABNT, seguir, para se notar que o aumento do valor instantâneo
a IEC e a Ansi adotam, para a duração nominal da de pico da corrente de semiciclo implica uma variação
corrente suportável, um dos seguintes valores: 1, 2 ou 3 quadrática na força resultante: 10% a mais de corrente
segundos. Apesar de ser usual o valor de 1 segundo para significam 21% a mais de força sobre as barras.
as aplicações mais comuns, tem-se visto, neste quesito,
indústrias que, por questões de segurança operacional e
confiabilidade, vem mostrando preferência pelo valor de
3 segundos.
• Fm3: força no condutor principal (fase) central devido a um
curto-circuito trifásico;
Características especiais de aplicação
• µ0: constante magnética, permeabilidade do vácuo;
Como já comentado anteriormente, a aplicação de
• ip3: valor instantâneo de crista do primeiro semiciclo da
um conjunto de manobra e controle de média tensão vai
fase com maior assimetria em um curto-circuito trifásico;
além da simples acomodação dos valores nominais do
• l: distância entre centro de linha dos suportes;
equipamento aos que são requeridos pelo sistema. Existe
• am: distância efetiva entre condutores principais adjacentes.
a necessidade concreta de identificar as várias variáveis
presentes na instalação, sejam elas de origem elétrica ou
ambiental.
A operação adequada e segura de qualquer sistema
ou equipamento elétrico depende de um compromisso
entre fornecedor e cliente. O fabricante deve garantir que
o produto irá atender o estabelecido nas normas técnicas
aplicáveis, mas é fundamental que o usuário mantenha o
local da instalação conforme os requisitos da aplicação e
operação.
Um exemplo importante e que é muito recorrente
na aplicação de cubículos é o descuido com o valor de Figura 1 – Simulação gráfica da corrente de um curto-circuito monofásico.
com um valor insuficiente para a partida da respectiva 4) Alteração espacial do arranjo interno de partes do
Conjuntos de manobra e controle de potência
aplicar o tipo de TC testado originalmente pelo com forma de onda de 1,2/50 microsegundos para uma
fabricante do painel, sem precisar provocar impactos valor de ensaio de 95 kV de pico. O NBI é equivalente
dimensionais ou que possam invalidar ensaios efetuados ao BIL (Basic Impulse Level das normas Ansi). O arranjo
nos protótipos. Isso se torna mais provável nos casos de físico referente à verificação da suportabilidade ao
uso de relés numéricos que possuam filtros capazes de impulso atmosférico da fase B de um CMCP de MT,
se adaptar à condição de saturação pesada da corrente adaptado para ser acoplado a um duto de barras
medida. com transformadores de corrente para proteção
diferencial da unidade geradora (grupo gerador mais
transformador), é mostrado na Figura 6.
Apesar de ter sido demonstrado a adequação do
novo arranjo com base nas práticas de engenharia do
fabricante para um equipamento de classe de tensão
de 17,5 kV (NBI igual a 95 kV de crista), o usuário
final solicitou a realização de ensaio em laboratório
independente. Mas, o equipamento suportou as
aplicações sem a ocorrência de nenhuma descarga
disruptiva (flashover) na parte autorregenerativa
do isolamento, apesar das normas IEC aceitarem a
Figura 3 – Diagrama unifilar simplificado, mostrando parte dos
turbogeradores de uma unidade petroquímica. ocorrência de até duas.
Apoio
Figura 4 – Vista parcial do CMCP-MT correspondente ao um diagrama Figura 6 – Arranjo físico interno do CMCP de MT ensaiado quanto ao seu
unifilar (mostrado na figura anterior). NBI de 95 kV de crista (conforme oscilogramas da Figura 19).
Capítulo V
3.3. Verificação do nível de descargas parciais; h. Ensaios de pressão de compartimentos preenchidos a gás
3.4. Ensaios de poluição artificial; (quando aplicável);
3.5. Ensaios dielétricos para permitir teste com os cabos de i. Verificação dos dispositivos auxiliares (bomba de
força conectados. óleo, solenoide de mecanismo de operação de chave de
aterramento, etc.) elétricos, pneumáticos e hidráulicos;
Para estas normas, a lista de ensaios de rotina é a j. Ensaios depois de montagem no local de uso: deve-se
seguinte: verificar a operação correta do CMC e efetuar ensaio de
a. Ensaio dielétrico no circuito principal; tensão aplicada no circuito principal (com valor limitado a
b. Ensaios em circuitos auxiliares e de controle (a inspeção 80% do aplicado em fábrica). Nos casos aplicáveis, deve-se
e a verificação de conformidade com os diagramas de verificar a estanqueidade e medir a condição do fluido após
circuitos e de fiação, testes funcionais, a verificação da o preenchimento.
continuidade elétrica das partes metálicas aterradas e Pela norma ANSI / IEEE C.37.20.2, a lista de ensaios
ensaios de tensão aplicada à frequência industrial – 1 kV / requeridos é a seguinte:
60 Hz / 1 s);
c. Medição da resistência ôhmica do circuito principal (este 1 - Ensaios de tipo:
ensaio está sujeito a acordo entre fabricante e usuário); 1.1. Testes dielétricos;
d. Ensaio de estanqueidade (quando aplicável); 1.2. Corrente nominal permanente (elevação de
e. Verificações visuais e de projeto; temperatura);
f. Medição de descargas parciais (este ensaio está sujeito a 1.3. Suportabilidade à corrente momentânea;
acordo entre fabricante e usuário); 1.4. Suportabilidade à corrente de curta duração;
g. Ensaios de operação mecânica (pelo menos cinco 1.5. Suportabilidade à corrente momentânea do sistema
operações ou tentativas em cada direção); de desconexão das partes auxiliares removíveis (gavetas de
Apoio
transformadores de potencial e transformadores auxiliares para aplicações em salas elétricas com pouco espaço no
Conjuntos de manobra e controle de potência
Para esta norma ANSI, a relação dos testes que são feitos
na produção (ensaios de rotina) é a seguinte:
a. Teste dielétrico (valor de tensão suportável, aplicada à
frequência industrial) no circuito principal;
b. Testes de operação mecânica;
c. Medição da resistência ôhmica do circuito principal (este
ensaio está sujeito a acordo entre fabricante e usuário);
d. Teste de verificação do aterramento das carcaças
metálicas dos transformadores de instrumento;
e. Testes de fiação de controle e operação elétrica
(verificação da continuidade da fiação de controle,
verificação da isolação da fiação, verificação de polaridade
e teste de operação sequencial).
com a parte traseira das colunas próxima à parede, pois 8. Chave de aterramento.
9. Guilhotinas (“shutters”) metálicas (ver os detalhes, mostrando-as nas posições: “fechada” e “aberta”).
disponibiliza acesso frontal aos pontos de conexão dos
Figura 1 – Conjunto de manobra de MT com um disjuntor por coluna
cabos de potência. Apesar de ser uma forma interessante (arranjo “One-high” ou “Mid-high”).
Apoio
de barras para a conexão ao disjuntor de entrada, podem o elemento mais próximo (uma parede, por exemplo) para
Conjuntos de manobra e controle de potência
existir problemas com a acessibilidade para a instalação e que se possa permitir o acesso aos cabos de potência. A
manutenção do sistema. Outro ponto de preocupação é a vantagem deste arranjo surge quando existem limitações
seção reta dos cabos e sua quantidade por fase, tanto nas no comprimento da sala e com a necessidade de grandes
saídas quanto na entrada (caso não se use duto de barras). quantidades de cabos de conexão ou a instalação de dutos
Deve-se ter cuidado com o raio de curvatura dos cabos e de barras. Possui também um maior espaço para a instalação
com a dimensão mínima para a terminação dos cabos e de outros dispositivos como: capacitores e supressores de
sua passagem por dentro da janela de um possível TC para surto, muflas terminais em corpo cerâmico, TC toroidal
proteção contra correntes de sequência zero. para proteção contra falhas de sequência zero (“Ground
A opção pelo arranjo da Figura 2 (cultura “ANSI”) exige Sensor”), capacitores para correção de fator de potência
a presença de espaço entre a parte traseira das colunas e nas saídas para motores, chaves de aterramento, etc.
Além do contexto dos diferentes tipos construtivos já
mencionados, existe também uma discussão atual quanto
à filosofia de montagem a ser adotada para os elementos
de manobra: fixo ou extraível. Ambos os conceitos são
seguros e possuem vantagens e desvantagens quanto à sua
adoção. De fato, a escolha final recai sobre as filosofias
adotadas pelo usuário para a operação e manutenção da
sua instalação.
A filosofia de elementos de manobra fixos demanda o
uso de chave seccionadora ou equivalente para garantir o
seccionamento entre o elemento e rede elétrica. Já, no caso
de uso de elementos extraíveis, é eliminada a necessidade
de presença de chave seccionadora, desde que o sistema de
movimentação do carro extraível e as guilhotinas associadas
garantam a distância requerida para o seccionamento.
O uso de guilhotinas metálicas para os tipos extraíveis
permite a segregação dos condutores (uso de barreira
metálica aterrada entre partes energizadas, de forma que
qualquer ocorrência de uma descarga elétrica só possa
ocorrer para a terra) no ponto de seccionamento. Já nos
sistemas com elementos fixos, a adoção da segregação
de condutores só é possível com a instalação de uma
chapa metálica temporária entre os contatos abertos da
chave seccionadora. Outra vantagem no uso de elementos
extraíveis com guilhotinas metálicas é a possibilidade de
se conseguir, também, a segregação dos circuitos de saída.
No caso de elementos fixos, existe a necessidade de uso
Legenda:
de mais uma chave seccionadora e outra chapa metálica
1. Compartimento de controle (BT).
(para uso temporário entre os contatos da chave), a fim de
2. Dispositivos de alívio de pressão.
3. Compartimento de barras. se poder garantir a segregação. Porém, esta condição não se
4. Compartimento de elemento principal de manobra.
5. Disjuntor extraível. faz sempre necessária.
6. Transformadores de corrente (TCs), montados sobre as tulipas (campânulas) dos contatos fixos do disjuntor.
7. Compartimento de cabos. Tanto o sistema fixo para montagem de elementos de
8. Chave de aterramento.
9. Guilhotinas (“shutters”) metálicas. (ver os detalhes, mostrando-as nas posições: “fechada” e “aberta”). manobra quanto o extraível demandam intertravamentos
de segurança. Estes dispositivos exigem inspeções e testes
Figura 2 – Conjunto de manobra e controle de média tensão com dois
disjuntores por coluna (arranjo “Two-high”).
periódicos.
Apoio
Conclusões
A indústria, de um modo geral, vem ampliando os
requisitos do uso de conjuntos de manobra e controle de
média tensão de forma a estes equipamentos propiciarem
cada vez mais um serviço confiável e uma operação
segura, tanto do ponto de vista do sistema elétrico
quanto, principalmente, pelo lado do ser humano. Estes
requisitos têm sido cada vez mais rigorosos e precisam ser
considerados e incluídos nos novos projetos.
Neste contexto, tem-se observado, nas indústrias com
instalações e equipamentos elétricos baseados nas normas
ABNT e IEC, uma tendência à solicitação de conjuntos
Figura 6 – Exemplos de um sistema extraível. de manobra e controle de média tensão com as seguintes
características:
A escolha, pelo fabricante, tipo de configuração de
contatos, pinça ou tulipa, depende de fatores como:
• UF com interruptor montado a meia altura da coluna
níveis esperados para a corrente de regime permanente
(seção): um elemento por coluna;
ou de curto-circuito. Alguns fabricantes preferem usar,
• Classe de perda de continuidade de serviço e a categoria
basicamente, o tipo tulipa para todas as faixas, enquanto
de partição: LSC2B – PM para CDC e LSC2A – PI para
outros usam o tipo pinça até o nível de 2.000 A. Outro
CCM;
fator considerado nesta seleção está relacionado à forma
• Compartimento de disjuntor ou demarrador (contator
da interligação entre o elemento interruptor e o contato
mais fusíveis limitadores) com acessibilidade por
intertravamento;
• Compartimento de cabos com acessibilidade por
intertravamento ou por procedimento;
• Compartimento de barras principais: não acessível ou
com acesso especial (uso de ferramentas).
Figura 7 – Tipo de contatos móveis. • Definir as características nominais necessárias para uma
Apoio
Capítulo VI
Conjuntos de manobra e
controle de baixa tensão
em invólucros metálicos
Por Luiz Felipe Costa*
ensaiadas, mas cujos desvios foram derivados, por exemplo, por • IEC 61641-1: Cláusulas gerais (ou Requisitos comuns); e
cálculo, a partir de protótipos ensaiados e aprovados segundo • IEC 61641-2: Conjuntos de manobra e controle de potência
os requisitos da norma. de baixa tensão.
Dentro desta abordagem, todos os conjuntos não ensaiados,
nem que parcialmente, estão excluídos do universo coberto Além disso, esta nova revisão acaba com a distinção
pela ABNT NBR IEC 60439-1. Porém, a IEC, de modo similar que havia entre os conceitos de TTA e PTTA, adotando uma
ao que já existia para a média tensão, decidiu criar, também, abordagem mais flexível de verificação das características
uma nova família normativa para os conjuntos de manobra e construtivas e de desempenho. Passam a existir três tipos
controle de baixa tensão, a IEC 61641, seguindo a estruturação diferentes, porém equivalentes, de verificação dos requisitos:
e a divisão já estabelecidas para outros equipamentos. O ponto
que se destaca nesta revisão é a divisão da antiga IEC 60439-1 • Por ensaios / testes;
(já cancelada) em duas novas normas: • Por cálculo / medições;
• Por atendimento a regras de projeto.
encontrada na tabela 18 da ABNT NBR 5410 ou na tabela 12 5 - Corrente suportável nominal de curta duração (Ik);
da ABNT NBR 14039. 6 - Valor de pico da corrente suportável (Ip);
Assim, como a Figura 2 sugere, estamos experimentando 7 - Duração da corrente suportável (tk);
um amadurecimento e uma evolução na abordagem normativa 8 - Valores nominais pertinentes aos componentes incluídos no
dos conjuntos de manobra e controle de baixa tensão. conjunto de manobra e controle (a NBR define este tópico como
tensão nominal de alimentação dos dispositivos de fechamento
Anexo 1: Comparativo entre as normas técnicas para CMC e abertura e de circuitos auxiliares);
de média tensão 9 - Nível de enchimento nominal para todos os compartimentos
Conforme o capítulo 4 da IEC 62271-200, as características preenchidos por fluidos (a NBR define este tópico como pressão
nominais de um conjunto de manobra e controle em invólucro nominal de gás comprimido para isolamento e/ou operação).
metálico para tensões acima de 1 kV e até 52 kV são:
Comparativo
1 - Tensão nominal (Ur); Partindo-se dos requisitos normativos contidos nas famílias
2 - Nível de isolamento nominal (valores das tensões suportáveis ANSI / IEEE e IEC, é apresentada, a seguir, uma tabela comparativa
nominais a frequência industrial – Ud, e ao impulso atmosférico entre ambas, básica, com um resumo dos principais requisitos
– Up); para conjuntos de manobra e controle em invólucro metálico
3 - Frequência nominal (fr); de média tensão:
TABELA 1 – COMPARATIVO ENTRE AS CULTURAS ANSI E IEC PARA CONJUNTOS DE MANOBRA E CONTROLE DE MÉDIA TENSÃO
Norma(s) para disjuntores C37.04;C37.06 e C37.09 IEC 60056; substituída pela IEC 62271-100
Norma(s) sobre Cláusulas Comuns Não aplicável. São utilizadas normas dedicadas. IEC 60694; substituída pela IEC 62271-1
Existe a norma IEEE C37.100.1
Escopo Geralmente inclui um número limitado de valores Geralmente inclui uma grande gama de valores
para cada característica especificada. e permite que os fabricantes e usuários decidam
quais combinações são adequadas.
Equipamento principal de manobra deve ser extraível. Equipamentos principais de manobra podem ser
fixos.
Tensões nominais – Ur, kV 4.76; 8.25; 15; 27; 38 [1] 3.6; 7.2; 12; 17.5; 24; 36 [2]
Tensão suportável – 1 min. – Ud, kV – valor eficaz 19; 36; 36; 60; 80 [1] 10; 20; 28; 38; 50; 70 [2]
Impulso atmosférico (NBI) – Up, kV – valor de pico 60; 95; 95; 125; 150 [1] 40; 60; 75; 95; 125; 150 [2]
Apoio
Corrente nominal - Ir, A 1.200; 2.000; 3.000 (4.000 – FC) 400; 500; 630; 800; 1.000; 1.250; 1.600;
2.000; 2.500; 3.150; 4.000 [3]
Corrente suportável nominal de curta duração – Ik, 16; 22; 23; 25; 31.5; 36; 40; 41; 48; 49; 50; 16; 20; 25; 31.5; 40; 50; 63 [3]
kA (= K x Isc, na ANSI) 63 (conforme a tensão especificada de uso e a
capacidade de interrupção - ver C37.06).
Duração nominal da corrente de curta-duração – tk 2 (dois) segundos 1 (um) segundo como padrão,
3 (três) segundos opcional
Valor nominal de crista da corrente de curta = 2.7 (versões atuais adotam 2.6) x a corrente = 2.5 x a corrente de curta-duração do CMC
duração – Ip, kA – valor de crista (corrente de curta-duração (KI – o fator K foi retirado (p/ 50 Hz – X/R= 14).
momentânea) – L/R= 45 ms na última revisão da norma de disjuntores) = 2.6 x a corrente de curta-duração do CMC
do disjuntor usado no painel. (p/ 60 Hz – X/R= 17).
Material isolante As classes são similares aos limites e elevações da IEC. Classe E da IEC: 80 ºC de elevação e 120 ºC total.
Terminais prateados para conexão de cabo 45 ºC de elevação; 85 ºC total. 65 ºC de elevação; 105 ºC total.
Superfícies externas acessíveis ao operador que não 30 ºC de elevação; 70 ºC total. 40 ºC de elevação; 80 ºC total.
precisam ser tocadas durante a operação normal.
Transformadores de corrente Especifica a exatidão mínima e as características A IEC não aborda os transformadores
mecânicas e térmicas. de corrente na norma de painéis.
Ensaios de dielétricos Exige o uso de fatores de correção para as IEC exige que os testes sejam feitos nas condições
condições atmosféricas não padronizadas. padronizadas. O uso de fatores de correção é
permitido quando acordado entre
usuário e fabricante.
Ensaio de impulso 3x1x3: nenhuma descarga nas três primeiras 15 aplicações iniciais para cada posição e em
aplicações ou uma num total de seis. Outro método, ambas as polaridades. Se houver até duas falhas
já usado, é o 3x1x9: nenhuma descarga nas 3 nas 15 aplicações iniciais, devem ser dadas mais
primeiras aplicações ou 1 num total de 12. 5 aplicações para cada descarga (chegando ao
As aplicações são para cada posição máximo de 25 disparos): 15x2x10.
e em ambas as polaridades.
Ensaio do isolamento das barras Exige o ensaio da cobertura, por 1 minuto, na Nada
máxima tensão nominal.
Ensaio de Descargas Parciais Não exige e nem aborda o Recomenda testes de descargas parciais sob certas
fenômeno de descargas parciais. circunstâncias, mas não são exigidos. Seguem as
recomendações do Anexo B da IEC 62271-200.
Ensaios de corrente de curta duração A barra de terra deve suportar por um tempo Condutores de aterramento e dispositivos
de 2 segundos a corrente informada. devem suportar 1 segundo.
Apoio
Conjuntos de manobra e controle de potência
Verificação da capacidade de É exigido para os disjuntores. Exige ensaio com os dispositivos principais
estabelecimento e interrupção de manobra instalados no painel.
Grau de proteção dos invólucros Nenhum ensaio. São seguidas as exigências São exigidos os ensaios para verificação
da NEMA 250 e as recomendações do grau de proteção.
do Anexo A da C37.20.2.
Correntes de fuga Nenhuma medição é necessária. Exige a medição caso sejam utilizadas
partições ou guilhotinas isolantes.
Arco devido a falhas internas Sujeito a acordo entre usuário e fabricante. Sujeito a acordo entre usuário e fabricante.
Segue a ANSI/IEEE C37.20.7. Segue o Anexo A da IEC 62271-200.
Isolação da fiação de controle 60 HZ 1.500 V por 1 minuto ou 1.800 V por 1 2.000 V por 1 minuto, 1 segundo opcional
segundo entre todos terminais e a terra. (acordo entre usuário e fabricante).
Ensaios de campo Testes de alto potencial com 75% Testes de alto potencial com 80%
do valor usado na fábrica. do valor usado na fábrica.
Barramento principal Deve ser isolado e segregado entre colunas. Nenhuma exigência.
Aterramento Não existe requisito específico como na IEC. Para atender aos requisitos da IEC, chaves de
aterramento são frequentemente usadas.
Transformadores de potencial Solicita o uso de proteção de sobrecorrente nos Não existe tal exigência.
lados primário e secundário.
Fiação de controle nos compartimentos de AT Exige o uso de barreiras metálicas aterradas. Permite o uso de tubos isolantes.
Barreiras internas e guilhotinas Exige mais partições do que a IEC. É exigido o uso As barreiras entre colunas adjacentes para o
no compartimento do barramento principal de barramento principal são opcionais na IEC.
barreiras entre colunas.
Invólucros Especifica certas espessuras mínimas para algumas Nenhuma espessura é especificada.
partes do invólucro e das barreiras internas.
Notas:
*Luiz FeLiPe Costa é especialista sênior da eaton. É
1. Ver tabela 1b (Níveis de Isolamento Nominais para tensões da Faixa I / Série II,
formado em engenharia elétrica pela escola de engenharia
em 60 Hz) da IEC 62271-1.
da uFRJ e pós-graduado em Proteção de sistemas elétricos
2. Ver tabela 1a (Níveis de Isolamento Nominais para tensões da Faixa I / Série I, em
50 Hz) da IEC 62271-1. pela universidade Federal de itajubá.
3. Os valores são selecionados a partir da série R10 (uma das cinco séries,
Continua na próxima edição
desenvolvidas no século passado, pelo engenheiro francês, Charles Renard): 1 – 1,25 Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
– 1,6 – 2 – 2,5 – 3,15 – 4 – 5 – 6,3 – 8 e os respectivos múltiplos para 10n. Sendo Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
que os valores sublinhados na célula da tabela são os mais usuais. redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
Conjuntos de manobra e controle de potência
Capítulo VII
Filosofias construtivas
Por Luiz Felipe Costa*
A ABNT NBR IEC 60439-1 define conjunto V. Pode ser conectado diretamente ao transformador
de manobra e controle de baixa tensão como por um trecho muito curto de condutores, normalmente
sendo a “combinação de um ou mais dispositivos barras com links flexíveis, constituindo uma estrutura
e equipamentos de manobra, controle, medição, única, que a cultura norte-americana chama de
sinalização, proteção, regulação etc., em baixa tensão, subestação unitária secundária (aquela cuja tensão
completamente montados, com todas as interconexões inferior do transformador é menor que 1.000 V
internas elétricas e mecânicas, e partes estruturais, sob eficazes entre fases). No caso de os transformadores se
a responsabilidade do fabricante”. A IEC 61439-2, encontrarem fora da sala onde o conjunto está instalado,
como já mencionada anteriormente, esclarece que podem ser feitas conexões por trechos de duto de barras
os conjuntos servem para a distribuição e controle ou lances de cabos de força. Estes equipamentos são
de todos os tipos de cargas em aplicações industriais, dimensionados para lidar com concentrações altas
comerciais e similares em baixa tensão (BT). de carga, geralmente associadas a correntes nominais
Dentro deste contexto, em que se permite a elevadas de regime e de curto-circuito. É muito comum
combinação de elementos de manobra com os de nas estruturas baseadas em projetos norte-americanos
controle, torna-se possível compreender por que a se observar o uso de colunas ditas de “alta densidade
cultura europeia, a princípio, não faz distinção entre de correntes”, ou seja, aquelas que possuem de 3 a 4
os “tipos construtivos” CDC (Centro de Distribuição disjuntores de potência extraíveis de BT (respeitando-se,
de Cargas) e CCM (Centro de Controle de Motores), logicamente, a condução permanente de corrente e a
diferentemente do que é apresentado pela IEEE Std elevação de temperatura aplicáveis aos componentes
C37.20.1 (IEEE Standard for Metal-Enclosed Low- e a coluna). No Brasil, as tensões nominais trifásicas
Voltage Power Circuit Breaker Switchgear) e pela mais observadas para esta aplicação são 480 V, como
NEMA Standard Publication No. ICS 18 (Motor mencionado anteriormente, e 380 V, que se enquadra
Control Centers). Ou seja, a IEC aceita a integração de na faixa de aplicação do novo padrão IEC de 400 V.
unidades de distribuição de potência e de controle de Um Centro de Controle de Motores em Baixa
motores em uma única estrutura. Tensão (CCM de BT), exemplificados na Figura 2, é uma
Um Centro de Distribuição de Cargas em Baixa estrutura em invólucro metálico com compartimentos
Tensão (CDC de BT), exemplificados na Figura 1, dedicados à manobra, proteção e acionamento de
conforme as definições encontradas no contexto ANSI motores de BT. Este equipamento pode ser ligado ao
/ IEEE / NEMA / UL, é um equipamento em invólucro secundário de um transformador de distribuição ou
metálico com disjuntores de potência de BT, usados a um circuito de alimentação dedicado, o qual, na
na distribuição de energia elétrica, normalmente, maioria das vezes, se origina em um CDC. Ele pode ter,
alimentada pelo secundário de um transformador de no Brasil, uma tensão nominal de operação de 380 V (ou
potência com tensão nominal de 240 V, 480 V ou 600 400 V), 480 V e 600 V (ou 660 V). Estes equipamentos
Apoio
são dimensionados para lidar com concentrações de cargas rotóricas curta duração (Icw): 1 s, salvo indicação em contrário, conforme
trifásicas, geralmente, associadas a correntes nominais de regime e o item 4.3 da ABNT NBR IEC 60439-1. Esta é uma condição mais
de curto-circuito menores, se comparados a um CDC. Apesar de rigorosa se comparado com o que é apresentado pela Nema ICS 18,
não ser uma orientação normativa, é comum se ter neste tipo de a qual fala em um tempo de 3 ciclos (o que, para uma frequência
estrutura partidas para motores trifásicos “limitados” a uma faixa de de 60 Hz, corresponde a 50 ms) e a IEEE C37.20.1, que solicita um
110 kW a 150 kW. Este valor está relacionado com as dimensões e desempenho satisfatório para o valor de 0,5 s aplicado por duas
pesos associados a unidade funcional responsável pela alimentação vezes consecutivas, com um intervalo de 15 s entre cada aplicação.
do circuito, principalmente no caso de uso de unidades extraíveis. E da mesma forma, pode-se ver, a nível mundial, que a cultura
Graças à forte influência norte-americana na cultura IEC vem buscando novas abordagens a partir da filosofia ANSI.
eletrotécnica nacional, ao longo de boa parte do século XX, Um exemplo típico para este caso é que além da tradicional
principalmente nos segmentos industriais associados aos setores abordagem de se usar um único disjuntor de potência (também
petroquímicos, siderúrgicos e de mineração, o conceito associado a denominado disjuntor do “tipo aberto” ou “a ar”), por coluna em
estruturas distintas para as funções de CDC e CCM tem prevalecido, conjuntos de distribuição (configurando uma Unidade Funcional
ainda hoje, no mercado brasileiro. A principal vantagem desta por seção), já se pode encontrar arranjos com mais de um disjuntor
abordagem é ter estruturas com níveis mais compatíveis de corrente de potência em uma mesma coluna: a chamada configuração
nominais de regime e de curto-circuito, associadas ao tipo de carga “com alta densidade de carga” (com duas ou mais unidades
e de função esperada para a aplicação. funcionais com disjuntor de potência em uma mesma seção). Esta
Cabe, entretanto, ressaltar o fato de que certas características exemplificação pode ser vista na Figura 3.
das normas IEC vem sendo agregadas no Brasil ao uso dos Centros Uma representação esquemática dos principais componentes e
de Distribuição de Cargas (CDC) e Centros de Controle de Motores partes de um conjunto de manobra e controle de baixa tensão é mostrada
(CCM), como definidos no IEEE e na Nema. Um exemplo claro é na Figura 4. Estes componentes e partes são integrados em diferentes
o valor adotado para o tempo associado à corrente suportável de arranjos construtivos, conforme são definidos na ABNT e na IEC.
Apoio
Conjuntos de manobra e controle de potência
ANSI / UL IEC
NEMA / UL IEC
funcionais: de entrada, que é aquela “pela qual a energia derivação, exemplificados, respectivamente, nas Figuras 7
elétrica é, normalmente, fornecida ao conjunto” (ver item e 8.
2.1.6 da norma) e de saída, que é a “unidade funcional pela Uma unidade funcional (UF), também conhecida
qual a energia elétrica é normalmente fornecida para um ou nas aplicações de baixa tensão como “gaveta”, pode ser
mais circuitos de saída” (ver item 2.1.7 da norma). ainda classificada como fixa, removível ou extraível, como
Os circuitos principais dentro de um CMCP de BT, ilustrado na Figura 9. A definição básica de cada tipo é
como os barramentos de potência, podem ser constituídos mostrada a seguir, junto com a referência do item original
por condutores nus ou isolados, montados de forma da norma ABNT NBR IEC 60439-1:
a prevenir um curto-circuito interno, sob condições
normais de operação. Porém, mesmo assim, eles devem • Fixa: UF montada sobre um suporte comum e que é
ser dimensionados de forma a suportar, além da corrente instalado de forma fixa (item 2.2.5);
nominal de regime, as possíveis correntes de curto-circuito • Removível: UF que pode ser totalmente removida do
(corrente suportável de curta-duração ou, se for aplicável, CMCP e ser substituída, mesmo com o circuito principal
a corrente de curto-circuito limitada por um dispositivo de energizado (item 2.2.6); e
proteção no lado de alimentação dos barramentos). • Extraível: UF removível capaz de estabelecer
Os barramentos dentro do CMCP de BT, normalmente, uma distância de isolamento quando na posição
desconectada e/ou de teste, caso a tenha, enquanto
ainda permanece, mecanicamente, fixada ao CMCP
(item 2.2.7).
Figura 10 – Comparativo dos requisitos e características de operação e manutenção entre unidades funcionais fixas, removíveis e extraíveis para CMCP
de BT.
As conexões elétricas para qualquer unidade funcional (UF) • A 1ª letra identifica o tipo de conexão elétrica do circuito de
de um CMCP de BT, conforme o item 2.2.12 da ABNT NBR IEC entrada principal (“força”);
60439-1, são classificadas como: • A 2ª letra identifica o tipo de conexão elétrica do circuito de
saída principal (“força”); e
• Fixa: aquela que é conectada ou desconectada por meio de • A 3ª letra identifica o tipo de conexão elétrica dos circuitos
ferramenta; auxiliares (“controle”).
• Desconectável: aquela que é conectada ou desconectada por
manobra manual do meio de conexão, sem usar ferramenta; e Neste sistema de identificação, são utilizadas as seguintes
• Extraível: aquela que quando está conectada ou desconectada letras:
faz com que a UF fique na condição conectada ou desconectada.
• F: conexões fixas;
O modo como são feitas as conexões elétricas de uma • D: conexões desconectáveis; e
unidade funcional é descrito no item 7.11 da norma. Os tipos • W: conexões extraíveis.
de conexões são identificados por um código de três letras:
Apoio
A Figura 12 apresenta, de forma esquemática, uma vista extraível numa instalação marítima. Este setor, principalmente
Conjuntos de manobra e controle de potência
em corte de uma coluna de CCM com uma unidade funcional dentro do segmento de óleo e gás, foi o que mais motivou a
(UF) extraível na posição conectada. Nesta imagem, é possível adoção de colunas com o que o mercado costuma a chamar
identificar os compartimentos de cabos e o da UF propriamente de “gavetas (UFs) totalmente extraíveis”. Este termo é, às vezes,
dita, em que se veem as conexões elétricas principais (circuitos utilizado, para se referir a uma UF do tipo “W-W-W”, ou seja:
de força) de entrada e saída, além da conexão de controle uma unidade com duplo seccionamento nos circuitos de força
(“tomada para os circuitos auxiliares”). (entrada e saída) e dupla extração (tanto os circuitos de força
Na Figura 13, pode-se ver, na parte traseira de uma UF quanto os de controle).
extraível, seguindo da esquerda para a direita, as conexões Apesar de as unidades funcionais poderem ser do tipo fixa
de controle (circuitos auxiliares), saída de potência (circuito ou removível, o apelo do uso de UF do tipo extraível (“gavetas”)
principal) e entrada de potência (circuito principal). Como em CMC de BT nos setores petroquímico, siderúrgico, de
todos elas são extraíveis, a classificação, neste caso, seria: mineração e de papel e celulos