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NEGÓCIOS ELETRÔNICOS

AULA 1

Prof. Luciano Furtado C. Francisco


CONVERSA INICIAL

Nas últimas duas décadas, assistimos a um progresso gigantesco (até


mesmo inimaginável antes disso) da tecnologia da informação e dos dispositivos
de comunicação. Tecnologias e ferramentas que antigamente só víamos em
filmes de ficção hoje são realidade, de uso corriqueiro.
A internet comercial foi a grande mola-mestra desse progresso,
eliminando barreiras geográficas e de comunicação. Hoje podemos nos
comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, de forma
imediata, usando um aparelho que cabe na palma da mão e que não necessita
de fios.
As atividades comerciais também se beneficiaram desse progresso.
Transações via internet, inclusive com pagamentos realizados eletronicamente,
são uma realidade para empresas e pessoas e fazem parte do nosso cotidiano
e das estratégias empresariais.
Vamos entender o que são os negócios eletrônicos, sua evolução, como
se classificam e entender seus principais conceitos. Também veremos como os
negócios por meios virtuais influenciam nossa vida e a vida das empresas.
Venha com a gente e bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

Leia a reportagem a seguir, da revista Exame, de setembro de 2016:

Unilever cria e-commerce para lojas de bairro


Por terem baixo volume de vendas, as lojas pequenas e de bairro
não eram visitadas com tanta frequência por representantes de
grandes fornecedores
São Paulo – A Unilever lançou um comércio eletrônico voltado a
pequenos lojistas, que têm dificuldade na reposição de estoque.
O projeto Compra Unilever ainda está disponível apenas em São Paulo
e deve ser expandido para o resto do Brasil nos próximos meses. O
objetivo é alcançar 300.000 vendedores.
Por terem baixo volume de vendas, as lojas pequenas e de bairro não
são visitadas com tanta regularidade por representantes de grandes
fornecedores. Por isso, os varejistas precisam ir a atacados e correm
o risco de ficar desabastecidos de certos produtos.
“Com frequência, o lojista não pode deixar o seu negócio para ir a um
atacado, muitas vezes em outra cidade”, afirmou Cris Souza, diretora
dos Canais Diretos e Indiretos da Unilever. Com o novo site Compra
Unilever, ele não precisa esperar pela visita do representante da marca
para realizar seu pedido. “Garantimos que essa loja sempre tenha
disponibilidade de produtos, para que eles cheguem mais rápido ao
consumidor”, diz Patrícia Amaro, diretora de e-commerce da Unilever.

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A distribuição será feita por parceiros aprovados pela Unilever, que já
faziam o serviço de entregas a varejistas. Para se cadastrar no site é
necessário ter um CNPJ.
Além dos produtos, a plataforma ainda oferece promoções exclusivas
e dicas sobre como aumentar a rentabilidade do negócio, como
instruções sobre posicionamento de produtos nas prateleiras e como
melhorar o mix de itens.
“Não tínhamos como desenvolver esse tipo de relacionamento com o
varejista, pois não tínhamos equipe para isso”, afirmou Patrícia Amaro.
O comércio eletrônico foi desenvolvido pela Infracommerce, que
também tem clientes como Ray-Ban, Oakley, Brasil Kirin, Aramis,
Morena Rosa, Olympikus entre outros. A Infracommerce será
responsável pela manutenção do portal, cadastro de produtos e pelo
serviço de atendimento ao cliente.
Ela incluiu dois meios de pagamento que normalmente não são
oferecidos ao varejista: cartão de crédito e boleto. “O mais comum é
que o distribuidor dê crédito ao varejista para as compras. Mas o
pequeno lojista muitas vezes não foi analisado pelo distribuidor e não
tem acesso a esse meio”, afirmou Gregory Perez, gerente de contas
da Infracommerce. (SALOMÃO, 2017)

TEMA 1 – BREVE HISTÓRICO

1.1 Início dos negócios eletrônicos

A história dos negócios eletrônicos ou e-business, acrônimo em inglês,


não pode ser separada da história da computação eletrônica. Os primeiros
computadores eletrônicos surgiram após o final da II Guerra Mundial (1939-45),
nas universidades norte-americanas. Inicialmente essas máquinas tinham
apenas funções de cálculos complexos nos âmbitos da física e da engenharia,
mas logo as grandes empresas, a partir dos anos 1950, com o progresso dos
componentes eletrônicos, começaram a usar os computadores também para
automatizar processos de trabalho, com intuito de ganhar tempo e agilidade em
operações rotineiras.
Na década de 1960 se desenvolveram as redes de computadores, o que
propiciou o surgimento da base do funcionamento da internet (protocolos de
comunicação, links de dados, etc.). As redes inicialmente ligavam computadores
de unidades militares com o objetivo de enviar e receber arquivos e mensagens.
Nos anos 70, as universidades também conectaram seus computadores em
rede, beneficiando pesquisadores. O surgimento dos computadores pessoais
nesta época também deu grande impulso à comunicação eletrônica. A internet,
grande rede unindo instituições de ensino e organizações diversas, foi aberta
comercialmente em meados dos anos 90. Um grande impulso para tanto foi o
surgimento dos sistemas operacionais gráficos e da linguagem HTML, de

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marcação por hipertexto, os conhecidos hyperlinks. De lá para cá não parou de
evoluir.
Uma tecnologia fundamental para a evolução dos negócios eletrônicos foi
a chamada Electronic Data Interchange, em português Intercâmbio Eletrônico de
Dados. Essa tecnologia permitiu que computadores ligados por meio de uma
rede de telecomunicações conseguissem enviar e receber dados neles
armazenados.

1.2 TEF – Transferência Eletrônica de Fundos

Os negócios eletrônicos iniciaram até mesmo antes da abertura comercial


da internet nos anos 1990. Já nas décadas de 60 e 70, as instituições financeiras
mundo afora começaram a implantar a TEF – Transferência Eletrônica de
Fundos, que era a transmissão digital de ordens de pagamento através das
redes que ligavam os computadores dessas empresas. A TEF usava (e ainda
usa) a tecnologia EDI que citamos anteriormente. Essa forma se intensificou na
década de 1980, com o surgimento dos caixas eletrônicos.
Aliás, as instituições financeiras (bancos de varejo e de crédito) foram os
grandes pioneiros no e-business não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro.
Essas organizações sempre se preocuparam em automatizar os seus
processos, logo, sempre estiveram na vanguarda da adoção de informática em
seus negócios.
Quando as redes de computadores começaram a se expandir, por volta
das décadas de 1960/70, os bancos as usaram para fazer transferências
eletrônicas de fundos, as chamadas TEF.
No Brasil, com o uso intensivo dos cheques como forma de pagamento
nessa época, a automação bancária se desenvolveu bastante em função dos
processos de compensação desses cheques. Por exemplo, antes das redes de
computadores, se uma pessoa de Manaus recebesse um cheque de uma
agência bancária de Porto Alegre, só iria receber o crédito em sua conta-corrente
depois de semanas. Com a automação e as redes de computadores, esse prazo
se reduziu a alguns dias.
A TEF tornou o débito e o crédito entre contas-correntes – de diferentes
bancos, inclusive – algo mais rápido e preciso.
Portanto, a TEF é a precursora do e-commerce, ainda que fosse apenas
uma parte do processo comercial, ou seja, o pagamento em si. Contudo, foi um
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passo importante e fundamental para o progresso dos negócios eletrônicos, já
que representou o início do uso da informática e das redes de telecomunicações
nas transações comerciais.

1.3 Internet nas transações comerciais

Nos anos 1980 surgiram os primeiros caixas eletrônicos, um grande


avanço para a época. Esses equipamentos permitiam inicialmente aos clientes
dos bancos consultar saldos e extratos de contas-correntes e investimentos,
bem como sacar dinheiro. Com o tempo, essas máquinas passaram a agregar
cada vez mais funções, como transferir dinheiro entre contas bancárias. Era o
próprio cliente fazendo as TEF, às quais nos referimos no tópico anterior.
Hoje em dia os caixas eletrônicos possuem uma enorme variedade de
funções, substituindo praticamente os caixas humanos nos bancos. Em resumo,
os caixas eletrônicos são equipamentos que usam uma rede de dados para se
interligar com os computadores centrais dos bancos.
Com a abertura da internet comercial, em meados da década de 1990, os
bancos novamente foram os pioneiros no uso da tecnologia para automatizar
suas operações. Com a experiência dos caixas eletrônicos, surgiram os
chamados home bankings, em português, “ato de fazer operações bancárias a
partir de casa”. Isto é, os websites dos bancos passaram a permitir que muitas
das funções feitas nos caixas eletrônicos também pudessem ser feitas via
internet. Assim, basta o cliente ter um computador com acesso à rede mundial.
Isso trouxe conveniência aos clientes, porém os bancos tiveram que também
investir em segurança para evitar fraudes e crimes cibernéticos.
Se um website de banco permite realizar diversas operações bancárias,
por que não ter websites onde as pessoas pudessem ver produtos, escolher
alguns desses produtos, pagar por eles e recebê-los pelos Correios? Não tardou
a aparecerem os primeiros sites de e-commerce.
No início muitos consumidores ficaram receosos de fazer compras online,
afinal o paradigma comercial era físico, isto é, o comprador sempre via o produto
pessoalmente, tocava, experimentava, conversava com o vendedor. No
comércio virtual, muitas dessas ações não existem, o que levou inicialmente a
dúvidas como:

 Esse vendedor realmente entrega os produtos?

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 É seguro digitar meus dados pessoais e de cartão de crédito?
 E se eu me arrepender da compra? Tenho como devolver o produto?
Terei meu dinheiro de volta?

Ao longo do tempo, as empresas investiram em tecnologias de segurança


e aperfeiçoaram seus processos logísticos para que os clientes deixassem de
ter essas dúvidas. Assim os negócios eletrônicos cresceram de forma gigantesca
desde que a internet se tornou uma rede aberta, em 1994.
Os clientes se acostumaram com o e-commerce, e as empresas também
evoluíram essas formas de negócio. Nos primórdios do comércio via internet, os
principais produtos eram as commodities – itens que não variam em função de
sua origem ou vendedor. Pois este tipo de produto não necessita tanto que o
comprador o veja ou o toque, caso de livros, CDs, produtos eletrônicos em geral
e outros, mas ao longo do tempo produtos diversos foram sendo incorporados
ao comércio eletrônico e hoje em dia se compra e vende praticamente tudo via
transações eletrônicas.

TEMA 2 – E-BUSINESS – PRIMEIROS CONCEITOS

2.1 O que é e-business

O e-business é um acrônimo (palavra formada pela união das primeiras


letras ou das sílabas iniciais de um grupo de palavras ou de uma expressão). O
e significa electronic (eletrônico, em português), e business significa negócios.
Logo, é o termo que indica tudo aquilo que se refere a negócios eletrônicos ou
o ato de se fazer transações comerciais por meios eletrônicos, normalmente
usando a internet. Existem negócios por meios eletrônicos que não usam a
internet, que podem usar outras redes de comunicação, e eles também se
enquadram como negócios eletrônicos.
É importante diferenciar e-business de e-commerce.
Comumente as pessoas acham que o e-business é o comércio realizado
por meio da internet. Este é o e-commerce, uma das partes do e-business. O e-
business é mais amplo e abrange todas as atividades de uma organização
realizadas por meio de sistemas de informação baseados na internet. Por
exemplo, uma empresa que usa um sistema ERP (sistemas de gestão
empresarial) pode conectar – via web – seus fornecedores com o propósito de

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automatizar procedimentos de pedidos de materiais, pagamentos, etc. Uma vez
que essa comunicação se dá via internet, estamos falando de e-business.
Já o e-commerce – o comércio eletrônico – é uma parte do e-business e
se refere especificamente ao ato de compra e venda usando um meio eletrônico,
a internet (mais comum) ou outra rede.
Uma metáfora interessante para entender essas definições é compará-las
a um iceberg. O e-commerce seria a parte visível do bloco de gelo, enquanto a
porção abaixo d’água seria o e-business.
Quando uma pessoa acessa uma loja virtual, ele está no e-commerce. Ao
fechar um pedido nessa loja, vários processos na retaguarda são iniciados para
que o cliente receba os produtos comprados. Esses processos podem ser (e de
fato é assim que costuma funcionar!) feitos eletronicamente, tais como cadastro
do comprador, processo de autorização de pagamento, logística e outros. São
atividades transparentes para o cliente, que começou no e-commerce e, ao
realizar o pedido, disparou uma série de processos de e-business.
Podemos dividir o e-business em duas grandes vertentes, que veremos
na sequência, o e-services e o e-business.

2.2 E-services

O e-services é a prestação de serviços realizada via internet. Nesse


sentido, não há propriamente uma entrega de um bem tangível a uma das partes
de transação. Aliás, na maior parte dos casos, o e-service não chega ao nível de
pagamento. Normalmente são prestações de serviços via internet (ou outra rede)
que envolvem a transmissão de informações entre as partes.
Os e-services tiveram grande impulso quando da abertura da internet
comercial, nos anos 1990, paralelamente ao e-commerce. As primeiras
organizações que utilizaram os e-services foram as instituições financeiras
(bancos, operadoras de cartões de crédito, etc.), em busca de aumento de
clientes e redução de custos. Atualmente o home banking (execução de serviços
bancários de forma remota) é um dos maiores, senão o maior nicho, dos e-
services. Usualmente o home banking é realizado pela troca de informações
entre a instituição financeira e seus clientes. Em alguns casos, pode haver
inclusive uma transação comercial, como a compra de um produto bancário por
meio do website do banco (neste caso existe um componente de e-commerce).

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Os e-services contribuíram para que as empresas pudessem tornar mais
baratos e ágeis os processos de atendimento aos seus clientes. Estes, por sua
vez, ganharam pelo fato de que podem solicitar serviços com a comodidade de
não precisar se deslocar a uma loja ou ponto de atendimento, até mesmo usando
dispositivos móveis, como os smartphones.
Veja na tabela a seguir uma breve comparação dos serviços executados
de forma tradicional e realizados por meios eletrônicos.

Tabela 1 – Diferenças entre o serviço eletrônico e o físico

Características Serviço Eletrônico Serviço Tradicional


Interface Tela <-> Face Face a face
Disponibilidade 24 horas por dia Horário comercial
Acessibilidade De qualquer local Somente no ponto de
atendimento
Área de abrangência Ilimitada Restrito
Ambiente Rede eletrônica (internet ou Físico
outra)
Diferenciação Conveniência Pessoalidade
Privacidade Pode ser feito de modo Deve haver interação
anônimo pessoal

2.3 E-commerce

De acordo com da Costa (2012, p. 60) citado por Francisco Jr, “o e-


commerce é um subgrupo do e-business”. Ele trata especificamente das
atividades de compra e venda por meios eletrônicos.
O e-commerce é a parte dos negócios eletrônicos que permite que uma
pessoa acesse informações de produtos, selecione os produtos que deseja
adquirir, informe um meio de pagamento e receba esses itens no endereço que
desejar (desde que o pagamento seja consumado). Note que é uma operação
típica de comércio e muito similar a uma compra em um estabelecimento
comercial.
Em um supermercado ou em uma loja de departamentos, por exemplo,
as pessoas percorrem os corredores, colocam os produtos que pretendem
comprar em um carrinho e em seguida passam pelo caixa, onde pagam pelos
produtos. Nos sites de e-commerce a operação é bem semelhante: o visitante
acessa páginas com informações de produtos à venda, coloca os produtos

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desejados em um “carrinho virtual”, informa o meio desejado para o pagamento,
o endereço onde que receber os produtos e o meio de pagamento desejado.
Uma vez que o pagamento seja aceito, o vendedor (dono do website de e-
commerce) providencia o envio dos produtos ao endereço informado.
Naturalmente que o fluxo acima é um resumo de toda a operação, mas é
o que de fato ocorre no e-commerce.

TEMA 3 – PADRÕES E-BUSINESS: A BASE ESTRUTURAL

3.1 Descrição e contextualização

Como em toda atividade humana, os negócios eletrônicos também têm


uma base, uma infraestrutura de funcionamento. Essa estrutura é formada por
vários elementos que devem estar presentes – de preferência em um grau mais
avançado possível – para que a atividade de e-business seja realmente efetiva.
Essa base estrutural compreende não apenas, como pode se imaginar
inicialmente, elementos tecnológicos. É evidente que a tecnologia é um dos
pilares, mas não podemos esquecer que essa estrutura também é feita de
pessoas, individualmente e em conjunto.
Dessa forma, temos quatro elementos básicos que formam a
infraestrutura para a base do e-business.

3.1.1 Fator tecnológico

Aqui entra todo o aparato de tecnologias que sustentam as atividades dos


negócios eletrônicos. Uma vez que o e-business acontece basicamente usando
a internet, o principal fator é a rede de telecomunicações. É sobre essa rede que
operam a internet e, por consequência, as ações de e-business.
Cabe ressaltar que no Brasil, ainda que o setor de telecomunicações
tenha sido privatizado em 1998, ainda temos gargalos nessa infraestrutura, que
impede um avanço mais rápido. Em países desenvolvidos, a velocidade e a
qualidade do acesso à internet é bem superior à média brasileira, fator que
impulsiona os negócios eletrônicos de maneira muito mais avançada nesses
países.
Outro elemento importante é a inovação. As tecnologias estão em
constante desenvolvimento e evoluem com incrível rapidez. Nesse sentido, o
panorama brasileiro tem duas faces: somos criativos em lançar produtos e
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serviços eletrônicos, mas estamos defasados na criação de dispositivos e
equipamentos.

3.1.2 Fator político

Aqui é o papel do Estado na regulamentação e na criação de dispositivos


legais de regulamentação do e-business, assim como financiamentos e
programas de apoio governamental à utilização dos negócios eletrônicos.

Saiba mais
O Brasil possui várias regulamentações para a internet e os negócios
eletrônicos; as mais importantes são a lei N° 12.965/14, chamada de marco civil
da internet; o Decreto Federal 7.962/13, conhecido como lei do e-commerce; e
a Lei 12.741/2012, a lei da transparência, que regula atividades comerciais em
geral, também na internet.

3.1.3 FATOR SOCIAL

Este elemento diz respeito ao conhecimento das pessoas e sua


familiaridade em usar as tecnologias nas quais os negócios eletrônicos operam.
Mais uma vez, no Brasil, estamos em defasagem em relação a muitos
países. Por deficiências em nosso processo educacional de base (educação
fundamental) associadas ao poder aquisitivo restrito para a maior parte da
população, o uso da tecnologia no cotidiano ainda não é o usual no país.
Ainda assim temos observado um crescimento bastante acentuado,
sobretudo após a popularização dos chamados smartphones, a partir de
segunda década deste século. A pesquisa PNAD – Programa Nacional de
Amostra de Domicílios, do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
feita em 2014 revelou que mais de 70 milhões de brasileiros acessavam a
internet apenas pelo celular, número 78% maior que no ano de 2013, o que já
representa a maior forma de acesso à internet no Brasil, superando o acesso por
computadores e notebooks.
Isso leva à conclusão de que as empresas devem focar seus esforços
principalmente no m-commerce, ou seja, o comércio eletrônico por meio de
dispositivos móveis.

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3.1.4 Fator econômico

Este item se refere às condições macroeconômicas do país e, em última


análise, do mundo. O e-business é uma atividade comercial, que se retrai e se
expande conforme as oscilações da economia.
Nos primeiros anos do século XXI, o Brasil e o mundo viveram um
momento econômico de grande crescimento e expansão, o que beneficiou e fez
aumentar bastante os volumes de transações em meios virtuais, combinados
com o crescente avanço tecnológico. No entanto, no final da primeira década,
presenciamos uma crise econômica mundial, da qual o Brasil também sentiu
efeitos. O e-business também teve retração devido a essa crise, entretanto não
deixou de apresentar taxas de crescimento anuais. Isso comprova que os
negócios eletrônicos ainda têm muito espaço de crescimento.

TEMA 4 – COMÉRCIO ELETRÔNICO: ESTRUTURA E APLICAÇÕES

4.1 Descrição e contextualização

O e-business e a tecnologia são dois fatores inseparáveis. Não há que se


falar em negócios eletrônicos sem considerar os aspectos tecnológicos
existentes para suportar essas operações.
Estas tecnologias incluem os softwares básicos, hardwares,
equipamentos de interconexão de redes, sistemas de informação (softwares de
automação dos processos de negócio) e a própria estrutura de funcionamento
da internet. Além disso, o próprio website de e-commerce e sua conexão com
sistemas de pagamento, aplicações de clientes e fornecedores, bem como
ligação com os sistemas de informação internos. Com essa estrutura
tecnológica, é possível implementar os mais diversos tipos de comércio
eletrônico, dependendo do tipo de negócio eletrônico em que deseja atuar.
Vejamos esses aspectos em detalhes!

4.1.1 Estrutura tecnológica

O primeiro item a avaliar na estrutura para o e-commerce é o servidor (ou


servidores) onde o website de e-commerce será hospedado. Sobre esse item,
existem estas possibilidades:

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 Servidores próprios: os servidores estão localizados na sede física da
empresa; nesta modalidade, a vantagem é a administração própria dos
recursos e de maneira mais próxima; por outro lado, perde-se em
questões de custos (funcionários, estrutura física) e segurança
(necessidades de backups e restrições de acesso físico), que é menor.
 Servidores em data centers (provedores): aqui as máquinas são da
empresa, mas localizadas em provedores externos; terceirizam-se as
questões de segurança, e os custos tendem a ser menores, contudo a
administração das máquinas ainda fica a cargo da empresa.
 Cloud computing (armazenamento em “nuvem”): opção que vem sendo
muito utilizada, pois é uma evolução da modalidade anterior (data
centers); nesta forma, a empresa contrata toda a infraestrutura como um
serviço; tem-se a vantagem de não necessitar fazer administração dos
servidores.

Não basta apenas definir o modelo acima. Outros itens devem ser
considerados nesta seleção, como mecanismos de segurança, velocidades de
links de internet, espaço de armazenamento dos dados, recursos dos sistemas
operacionais, softwares de análise de dados e de recuperação em caso de
desastres, etc.
Uma vez acertadas as questões de servidores, a empresa deve optar pela
plataforma de e-commerce que será mais adequada para ela. A plataforma de
e-commerce é o software que automatiza a administração e a visualização da
loja virtual e deve operar na internet, acessada através de um endereço http
(exemplo: http://www.minhalojavirtual.com.br). Há alternativas para escolha
dessa plataforma, resumida na tabela a seguir:

Tabela 2 – Tipos de plataformas de e-commerce

Tipos de plataforma Vantagens Desvantagens


 Implementação rápida.  Personalização limitada.
 Investimento baixo.  Servidor compartilhado.
 Recursos básicos já  Preço aumenta de acordo
Pronta (terceirizada) desenvolvidos. com volume de produtos
 Atualizações automáticas. ou páginas visitadas.
 Sem necessidade de equipe  Grande dependência do
de TI interna. fornecedor da plataforma.

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 Atende a todas as  Implementação demorada.
necessidades  Investimento inicial pode
(principalmente no caso de ser alto.
integrações com sistemas  Manutenção com custo
Proprietária de pagamento e outros). elevado (muitas vezes
 Customização é possível. requer investimento em
 Atualização de acordo com equipe interna).
demanda do cliente.  Atualizações menos
frequentes.
Open source (código  Sem custo de aquisição.  Implementação mais
aberto)  Possibilidade de demorada.
customizações.  Exige contratação de
 Vários recursos (plug-ins), já desenvolvedores.
desenvolvidos.  Customizações mais
 Controle sobre a plataforma demoradas.
e seu código.  Falta de suporte
especializado.

4.1.2 Tipos de aplicações

Os websites de comércio eletrônico podem ser de diversos tipos. Existem


várias maneiras de classificar as transações de comércio eletrônico. Uma dessas
classificações se refere à natureza dos participantes. Essa maneira é a mais
aceita quando falamos dos tipos de e-commerce. A seguir, os principais tipos de
comércio eletrônico.

 B2B – Business-to-Business (empresa para empresa): São as


transações em que o vendedor e o comprador são empresas. Nesse tipo
de e-commerce é muito comum que o acesso seja restrito, ou seja,
apenas compradores com um cadastro previamente aprovado podem
acessar, visualizar os produtos e fazer pedidos. Também é normal que
existam meios de pagamento próprios das transações entre empresas,
como o faturamento a prazo. O frete também em muitos casos pode ser
próprio do vendedor.
 C2B – Consumer-To-Business (consumidor para empresa): Em geral,
nesta modalidade não se chega ao ponto de haver um pagamento, mas
ela é considerada uma forma de e-commerce pois envolve um processo
relacionado com a atividade comercial. Por exemplo, uma reclamação de
um cliente no website da loja virtual.

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 B2C – Business-To-Consumer (empresa para consumidor): Loja
virtual na qual uma empresa vende para um consumidor final. É a
modalidade mais conhecida e comum do e-commerce. Trata-se do varejo
eletrônico. Qualquer pessoa pode acessar, visualizar informações dos
produtos e realizar pedidos. Os meios mais comuns para pagamento são
os cartões de crédito (o mais usado), cartões de débito e boletos
bancários (sobretudo no Brasil). A entrega também costuma ser
terceirizada pelo vendedor.
 C2C – Consumer-To-Consumer (consumidor para consumidor):
Nesta modalidade, a plataforma de e-commerce une pessoas – não
necessariamente empresas – que desejam vender produtos a outras
pessoas. Neste caso a plataforma é um intermediário entre comprador e
vendedor e fica com uma comissão sobre o valor da transação. Meios de
pagamento e de entrega podem ser combinados pelo vendedor e pelo
comprador ou ainda serem intermediados pela plataforma.
 G2C – Government-To-Consumer (governo para consumidor): O
Governo também toma parte do e-business, pois nos últimos anos
implementou (em muitos países) recursos tecnológicos que permitem que
os cidadãos façam transações eletrônicas para pagar taxas e tributos. No
Brasil, um dos casos mais comuns é o pagamento de tributos através dos
websites dos governos federal, estadual e municipal. Como há uma
transferência de dinheiro feita eletronicamente, é considerada um tipo de
e-commerce.
 C2G – Consumer-To-Government (consumidor para governo): No
sentido inverso do G2C, nesta modalidade o cidadão envia informações
para websites governamentais. Um exemplo bem conhecido é a
declaração de imposto de renda no Brasil, que é toda feita
eletronicamente.
 G2B – Government-To-Business (governo para empresa): Nesta
modalidade, o Governo presta alguns serviços, como consulta a
processos e documentos ou a emissão de guias. Em certos casos, pode
haver o pagamento usando os meios eletrônicos.
 B2G – Government-To-Business (governo para empresa): São os
casos em que as empresas enviam informações ao Governo. Um exemplo
comum são os websites de licitações eletrônicas, nos quais as empresas

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enviam propostas para a venda de produtos e serviços pretendidos pelo
Governo. Curiosidade: o website
<www.comprasgovernamentais.gov.br> é o website do Governo federal
do Brasil que implementa os pregões eletrônicos.
 G2G – Government-To- Government (governo para governo): Nesta
modalidade, os entes governamentais trocam eletronicamente
informações entre si, podendo haver transferência de dinheiro. Por
exemplo, os Governos estaduais e dos municípios acessam websites do
Governo federal para consultar informações sobre liberação de recursos
e tramitação de documentos.
 B2E – Business-To-Employee (empresa para empregado): Também é
considerado um tipo de e-commerce, ainda que não exista em muitos
casos o processo de pagamento. Um treinamento on-line oferecido pela
empresa aos seus funcionários (via intranet ou até mesmo na internet) é
um exemplo.
 E2B – Employee-To-Business (empregado para empresa): Casos em
que o empregado envia informações eletrônicas (em geral via intranet)
para a empresa. Por exemplo, sugestões feitas em um formulário
específico.

A figura a seguir resume as classificações acima:

Figura 1 – Modalidades de comércio eletrônico

Fonte: Costa, 2013, p. 63

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TEMA 5 – AMBIENTE DIGITAL

5.1 Descrição e contextualização

No nosso cotidiano usamos cada vez mais os dispositivos digitais, tanto


no âmbito pessoal quanto no mundo profissional, e usamos para quase tudo: ler
notícias, enviar mensagens, ver vídeos, ler textos, comunicarmo-nos com outras
pessoas, fazer compras, etc. Já não há quase nada que não possa ser feito pelos
meios digitais, por isso o ambiente digital tornou-se uma necessidade.
Hoje, se um indivíduo – sobretudo nas maiores cidades – não possui
acesso à internet ou não tem um smartphone, certamente terá dificuldades no
trabalho e até mesmo em sua vida pessoal.
Mas o que significa exatamente ambiente digital? De acordo com
Fernandes (2015, p. 14), o ambiente digital é “o universo de redes de
computadores e serviços de comunicação existentes no mundo”. Nesse
universo, as pessoas podem se comunicar em tempo real ou não, a partir de
qualquer ponto do planeta, comprar produtos, transacionar valores financeiros e
uma infinidade de outras ações.
Nada disso seria possível sem a existência da internet. Vale lembrar que
a internet não é algo tão recente. Ela começou no final dos anos 1960, em uma
iniciativa da Arpanet – Advanced Research Projects Agency, a agência de
pesquisa do exército dos Estados Unidos em conectar os computadores das
bases militares. Nos anos 70, essa rede começou a abranger as universidades
americanas. Nos anos seguintes, para universidades de outros países, e nos
anos 1990, foi aberta para empresas, o que proporcionou incrível avanço até
chegar aos nossos dias.
A internet é um conjunto de redes de computadores interligadas entre si,
por várias tecnologias. Ela forma uma grande teia (daí o termo web, que significa
teia em inglês). Nenhuma empresa ou governo é dono da internet. Existem
apenas agências que supervisionam o uso e tratam da evolução das tecnologias
da internet, formatando padrões. No Brasil, o órgão que supervisiona o uso e
padrões da internet é o CGI – Comitê Gestor da Internet, que conta com a
participação de pessoas do governo, iniciativa privada e entidades diversas.
A principal arquitetura de funcionamento da internet é a tecnologia cliente-
servidor. É um modelo de processamento de dados distribuído, no qual diversos
computadores se conectam a uma rede com um ou mais servidores. Parte do
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processamento fica nos servidores e parte, nos clientes. Cabe observar que os
smartphones também são considerados clientes, pois estão conectados à
internet.
Com relação aos servidores, podem ser classificados nos seguintes tipos:

 WEB – computadores nos quais se localizam as páginas do website;


recebem requisições dos clientes e enviam a estes as páginas do site.
 E-mails – armazenam e enviam mensagens de correio eletrônico.
 FTP – a sigla FTP significa File Transfer Protocol, em português Protocolo
para Transmissão de Arquivos; estes servidores armazenam arquivos
para download pelos clientes.
 Proxy – armazenam páginas web já visitadas, assim, quando forem
acessadas novamente, serão carregadas em menor tempo.

Os profissionais de informática devem dimensionar os servidores para


que suportem o volume de acessos esperado. Esse dimensionamento se refere
a memória, capacidade de disco, velocidade de processadores e outros
elementos de hardware.
Outro item fundamental nos servidores são as questões de segurança.
Devem ser implementados mecanismos que evitem invasões, perda de dados e
outros sinistros.
Dica: ao planejar uma operação de e-business, é importante fazer uma
correta configuração dos servidores onde o website estará hospedado para
evitar má performance, travamentos e problemas de segurança; essas
configurações devem ser feitas pelo provedor onde se localiza o servidor ou por
profissionais especializados contratados pela empresa.

NA PRÁTICA

No link <https://administradores.com.br/producao-
academica/comercio-eletronico-um-estudo-de-caso-da-loja-virtual-bhinfor>
está descrito o caso da loja virtual BHInfor, que resolveu iniciar sua
atuação no comércio eletrônico.
Laia o caso, o material da rota e em seguida responda as
seguintes questões:

1. Qual é a modalidade de e-commerce adotada pela empresa?;

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2. Em termos de estrutura, a solução adotada pela empresa foi a mais
adequada? Justifique.

Para responder as questões, você deve:


 Ler o material da rota;
 Acessar a biblioteca virtual e ler da página 18 a 22 do livro Negócios
Eletrônicos (organizador: Marcelo Eloy Fernandes).

FINALIZANDO

Nesta aula, conhecemos uma breve história dos negócios eletrônicos (e-
business). Vimos que as transações eletrônicas de transferências de fundos
entre instituições financeiras foram o embrião dos negócios eletrônicos, a partir
dos anos 1970. Também conhecemos seus principais conceitos e subdivisões:
o B2C (business-to-consumer ou empresa-consumidor); o B2B (business-to-
business, transações entre empresas); o C2C (consumer-to-consumer, comércio
eletrônico entre pessoas físicas); e os G2C e G2B (transações entre empresas,
pessoas com o Governo). Vimos que essas modalidades têm um fluxo
bidirecional, dependendo do remetente e do recebedor das informações.
A outra subdivisão do e-business é o chamado e-services (prestação de
serviços eletrônicos), pois nem sempre o negócio eletrônico envolve um bem
tangível (concreto), podendo haver a prestação de serviços na rede, como os
home bankings.
Também entendemos as bases de funcionamento de qualquer e-
business, os ambientes tecnológico, social, político e econômico.
Por fim conhecemos um pouco mais do ambiente digital que nos cerca,
isto é, o universo de redes de computadores e serviços de comunicação
existentes no mundo, que contêm e operam os recursos eletrônicos.

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REFERÊNCIAS

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commerce. Disponível em:
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