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Giancarlo Vaz Vento – OAB/GO: 9.

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Gladstone de Jesus Lima – OAB/GO: 14.367
Advogados Associados
Rua Barão do Rio Branco, 905 – Sala 101 – Centro – Anápolis – GO - CEP: 75.025-040.
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EXMO(A) SR(A) JUIZ(A) DA 1ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS – GO.

PROCESSO N. º: 00074-2008-051-18-00 – 6 - RT.

CAMÉLIA VAZ VENTO, brasileira, viúva, aposentada,


portadora do CIC/CPF: residente e domiciliada nesta cidade na BR 060 –
KM 122 – Chácara Morro Limpo, inscrita no CIC/CPF sob o nº.: 401.697.661
– 87, via de seus advogados e bastante procuradores (M.J. doc. 01),
signatários desta, vem, à mui digna presença de V. Exa., CONTESTAR,
em todos os seus termos, a presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
proposta por ERANICE DA SILVA LIMA (representada por seu curador
Ronivaldo Pereira dos Santos), já devidamente qualificados na peça de
ingresso, aduzindo, para tanto, o seguinte:

Não condizem com a Realidade os articulados contidos


na peça de ingresso, onde o curador da Reclamante tenta alterar a verdade
e manipular os fatos ao seu talante para obter vantagem econômica. Senão
vejamos, o confronto dos alegados com a verdade real:

1 - SINOPSE DO PLEITO EXORDIAL:

1.01 – Alega a reclamante que quando tinha 09 anos de


idade foi levada pela Reclamada para morar em sua residência a fim de ser
adotada, mas que na verdade teria sido tratada como empregada, sendo-lhe
exigida a realização de todos os trabalhos domésticos da residência da
Reclamada;

1.02 – Diz que jamais recebeu qualquer importância em


dinheiro e que ainda era enganada pela Reclamante, pois esta teria lhe
afirmado que seu dinheiro seria integralmente aplicado, o que efetivamente
não teria ocorrido;
1.03 – Afirma que foi ludibriada pela Reclamante que lhe
afirmava que não deveria se preocupar pela anotação de sua CTPS e
recolhimento de contribuições previdenciárias, pois estas seriam
devidamente providenciadas;

1.04 – Obtempera que exercia suas funções diariamente


das 07:00 às 20:00 horas, e não teria sido especificado um dia da semana
para que ela pudesse gozar sua folga semanal, sendo, assim, exigido-lhe
labor ininterrupto do início ao término do hipotético pacto laboral e bem
assim teria sido nos feriados tradicionais;

1.05 – Alega, outrossim, que enquanto trabalhava para a


Reclamada, a Reclamante teria sido acometido por problemas psiquiátricos,
pelo que se tornou permanentemente incapaz de exercer pessoalmente as
atividades de sua vida civil e, ainda, que esta teria sido a razão pela qual a
Reclamada teria devolvido-a para sua família, sem qualquer ajuda financeira
e também sem os recolhimentos previdenciários da suposta relação de
emprego;

1.06 – Por fim, assevera que a Peticionária teria


dispensado a Reclamante sem justa causa, entregando-a para sua família,
pelo que agora pede que seja declarada a existência de vínculo
empregatício, anotação da CTPS, recolhimentos previdenciários e parcelas
rescisórias.

1.07 – Em apertada síntese, é este o resumo do


necessário.

2 - PREJUDICIAL DE MÉRITO:

PRESCRIÇÃO

2.01 - A reclamante deixou o lar da reclamada, que


também era o seu, em setembro de 2005, sendo que a presente reclamação
foi protocolizada em 07.02.2008, ou seja, há mais de dois anos, estando
então prescrito o direito de ação.

2.02 – A cópia da ata de fls. 18 não socorre a reclamante,


visto que, conforme a Súmula 268 do C. TST, a reclamatória arquivada
interrompe a prescrição somente em relação a pedidos idênticos. A
referida ata não comprova a identidade de pedidos, pelo contrário, o valor da
causa ali citado (R$ 514.250,82) é totalmente destoante do valor da causa
da presente Inicial.

2.03 – Assim, cabe à Reclamante o ônus da prova quanto


a identidade de pedidos, para tanto deveria ter juntado a cópia da exordial
da reclamatória anteriormente proposta, porém, apesar do acesso a todos os
documentos, esta se omitiu a colacionar a peça de ingresso da ação anterior

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e anexou tão somente a ata de audiência, sendo que esta faz prova em seu
desproveito, já que, como dito, os valores são totalmente desconexos.

2.04 - Nessa direção sinaliza o Col. TST, que editou a


Súmula n° 268, in verbis:

“PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA


ARQUIVADA. A ação trabalhista, ainda que
arquivada, interrompe a prescrição somente
em relação aos pedidos idênticos.”

2.05 - Ademais da vasta doutrina e jurisprudência neste


mister, para ratificar os argumentos até aqui expendidos, outro não é o
entendimento de nossos pretórios, de cujos arestos, pede-se vênia, para tão
somente trazer-se à colação, o que se segue:

Origem: TST
Processo: Recurso de Revista 526580 - Ano: 1999 - Região 02
Fonte: DJ de 25-04-2003
Recorrente: Djalma Pinheiro de França
Recorrido: São Paulo Transporte S/A.
Relatora: juíza convocada Rosita de Nazaré Sidrim Nassar
EMENTA:
PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. COMPROVAÇÃO DO
AJUIZAMENTO DE AÇÃO. IDÊNTICA. ÔNUS DA
PROVA. Quando o reclamante alega na inicial que o
arquivamento de ação anteriormente proposta
interrompe a prescrição nos termos do Enunciado n° 268
do TST, cabe a ele comprovar que os pedidos ali
formulados eram idênticos aos propostos nesta
reclamação, tendo em vista o disposto nos artigos 818 da
CLT e 333, inciso I, do CPC. Recurso de revista conhecido
e não provido.
Tema(s) abordado(s) no acórdão:
I - Prescrição - interrupção - inocorrência – arquivamento de
ação - ajuizamento de nova ação - necessidade de comprovação
de identidade de pedidos - ônus da prova. - Conhecido por
divergência jurisprudencial. - Mérito - negado provimento.
DECISÃO: À unanimidade, conhecer do recurso de revista, por
divergência jurisprudencial, e, no mérito, negar-lhe provimento.

E. Nº. 268 PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO


TRABALHISTA ARQUIVADA - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe
a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
18023002 – PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – Nos termos da
Súmula nº. 268 do c. TST "a ação trabalhista, ainda que
arquivada, interrompe a prescrição somente em relação a
pedidos idênticos". No caso, em não havendo identidade de
pedidos e causa de pedir entre a primeira e a segunda ação, não

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houve interrupção do curso do lapso prescricional. Em
conseqüência, o ajuizamento da reclamação trabalhista apenas
após decorridos mais de 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses da
data da resilição contratual, não observou o prazo prescricional
de 02 (dois) anos, pelo que mantém-se a r. Sentença que, nos
termos do artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal e do artigo
269, IV, do Código de Processo Civil, acolheu a prejudicial de
mérito de prescrição bienal e extinguiu o processo com
julgamento do mérito. (TRT 23ª R. – RO 00939.2005.022.23.00-
9 – Cuiabá – Rel. Juiz Paulo Brescovici – DJMT 19.12.2005 –
p. 19) JCF. 7 JCF.7.XXIX JCPC.269 JCPC.269.IV

“Prescrição - Interrupção - Demanda com objetos diferentes.


Inocorre interrupção da prescrição se a reclamação
anteriormente ajuizada contém pedidos diversos dos
formulados na atual.” - TST. Ac. 3815, de 16.08.95 - RR
155191/95 - 1a Turma.

“Arquivamento da ação. A interrupção da prescrição somente


firma residência naqueles casos em que o arquivamento
deu-se em ação idêntica. Essa a inteligência do Enunciado 268
do C. TST.” - TRT/SP, 2.930.142.175, Francisco Antônio de
Oliveira, Ac. 5a T. 42.281/94.
(Obs.: todos os grifos são nossos).

3 – PRELIMINARMENTE:

INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO

3.01 – Por outro lado, a título de prolegômenos, salienta-


se que a reclamante é portadora de necessidades especiais e - como
relatado na inicial - é acometida de transtornos psíquicos, epilepsia e
incapaz de gerir a sua vida pessoal, pelo que seria impossível a sua
contratação para prestação de serviços de qualquer natureza.

3.02 – Deste modo, de primo cumpre assinalar que a


Reclamante é CARECEDORA DE AÇÃO, por lhe faltar uma das condições
da ação, ou seja, INTERESSE DE AGIR. No presente caso, a Reclamante
jamais manteve qualquer relação com a reclamada que pudesse caracterizar
relação de emprego, pois, a verdade dos fatos, é que a Reclamante,
manteve com a Reclamada uma relação de afetividade, ou seja, a mesma foi
tutelada pela Reclamada e por toda a sua família, desde março de 1973,
como pode ser observado nos documentos ora acostados, ou seja, não era
um vínculo de empregado e sim um vínculo sentimental, como se filha fosse,
vínculo este que durou de maio de 1973 a setembro de 2005.

3.03 - Em decorrência deste fato, ou melhor, não


mantendo qualquer vínculo empregatício com a Reclamada/contestante, não
há mesmo o interesse legal de agir.

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Neste sentido o seguinte entendimento doutrinário:

“O interesse de agir, que é instrumental e secundário, surge da


necessidade de obter através do processo a proteção ao interesse
processual “se a parte sofre um prejuízo, não propondo a
demanda, e daí resulta que, para evitar esse prejuízo, necessita
exatamente da intervenção dos órgãos judiciais”. (Curso de
Direito Processual Civil – Vol. I, pág. 55, Humberto Theodoro
Júnior).

3.04 – Para que a Reclamante fosse considerada como


empregada, teriam que estarem presentes, concomitantemente, os
seguintes requisitos:

A) Pessoalidade;
B) Habitualidade da prestação de serviços;
C) Subordinação;
D) Onerosidade.

3.05 – Para o caso em apreço, encontra-se totalmente


descaracterizada a relação de emprego justamente pela ausência dos
requisitos supra expostos, já que o contrato de trabalho não se confunde em
nenhum momento com a convivência fraternal de “mãe e filha” que de fato
mantiveram reclamante e Reclamada. E assim, nesse caso não há qualquer
caracterização de vínculo de emprego.

3.06 – O artigo 3º da CLT é bem claro e taxativo quanto


aos requisitos legais para a definição de empregado:

“Considera-se empregado toda pessoa física


que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário”.
(grifo nosso)

3.07 – IN CASU, fica claro que não existiu contrato de


trabalho para gerar relação de emprego, uma vez que, como suso aludido,
ausentes os requisitos legais e não estão presentes justamente porque a
única relação mantida entre a Reclamante e a Reclamada é que a primeira
era tutelada e cuidada pela Reclamada onde dividiam o mesmo teto familiar
e como em uma família normal, participava de todos os atos familiares e
sociais, tais como festas, reuniões, passeios - inclusive fora do estado de
Goiás, etc.

3.08 – Ainda acerca do relacionamento tipicamente


familiar, como confessado no documento jungido pela parte autora e
ratificado pela farta documentação agora colacionada, é válido ressaltar que
todo ano ela tinha sua festa de aniversário e por se tratar de pessoa com
deficiência intelectiva de nascença e portadora de necessidades especiais,

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não tinha, e não tem, condições de fazer qualquer trabalho doméstico, sob
risco de acidentes ou atribuir-lhe responsabilidades.

3.09 - Daí, pergunta-se, residir na casa da Reclamada


como “filha de criação”, gera vínculo ou relação de emprego? Aliás, além de
não poder trabalhar, na verdade a reclamante é quem gerava trabalho e
despesas, pois, por ser portadora de necessidades especiais, a ora
reclamada sempre manteve empregadas à disposição para cuidar, não só
dos afazeres domésticos, como também da própria reclamante.

3.10 – Data vênia, de tudo o que foi explanado, chega-se


a uma única conclusão, a Reclamante, jamais foi empregada da Reclamada,
pois, como mostra acima, juntamente com os documentos anexados, a
Reclamante mantinha sim uma relação familiar com a Reclamada, e,
descaracterizando-se, assim, a relação de emprego, sem olvidar da sua
debilidade psíquica que inviabiliza lhe dar responsabilidades.

3.11 – Sendo assim, o curador especial da Reclamante


está litigando de má-fé, postulando em juízo parcelas salariais, que sabe
não ter direito, sequer existe prova nos autos de que a mesma fora
empregada da Reclamada, conditio sine qua non para postular parcelas de
natureza salarial e, por alterar a verdade dos fatos e agir de modo
temerário, o curador especial tem quer ser devidamente apenado, vez que
resta claro que o mesmo está na contramão do direito, usando a justiça para
fins escusos.

3.12 – Em suma, restando então insofismável que o


representante legal da Reclamante objetiva nesta ação é tão somente
receber direitos de quem nunca foi sua empregadora, ou seja, vantagem
indevida. Por questão de justiça o presente processo deverá ser EXTINTO
SEM JULGAMENTO DO MÉRITO, aplicando-lhe o disposto no artigo 267,
inc. VI do Código de Processo Civil.

3.13 – Porém, por cautela e caso o(a) douto(a)


julgador(a) entenda que o processo contém os pressupostos para condição
da ação e que a pretensão da autora é suscetível de ser discutida em juízo,
segue, por sua vez, o mérito das parcelas reclamadas:

4 - DOS FATOS:

4.01 – Por sua vez, para ilustrar a situação em epígrafe,


releva salientar os absurdos da estória (e não história) contada pelo curador
da reclamante no caso vertente. Senão vejamos:

4.02 – Assim, historiando ou recompondo


cronologicamente os fatos em discussão, com a versão real e moral que,
necessariamente, deve agora ser esclarecida, o que de fato ocorreu foi
que a reclamante foi abandonada por sua mãe e era então criada por

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sua avó materna, que residia na chácara habitacional de propriedade
dos pais da ora reclamada;

4.03 – A aludida convivência gerou laços afetivos entre a


ora Reclamante e a família da Reclamada/Peticionária, até mesmo porque
se tratava a Reclamante de criança que necessitava de cuidados especiais,
vez que portadora de enfermidades mentais desde o nascimento;

4.04 – Deste modo, quando a mencionada avó materna


se mudou da chácara da família da peticionária/reclamada, a Reclamante
foi abandonada neste local sob a alegação de sua avó de que não teria
condições de criá-la com o mínimo de dignidade;

4.05 – Por essa razão, considerando os mencionados


laços afetivos gerados, a Reclamante foi criada e educada como se fosse
filha da Reclamada, inclusive recebendo não só assistência afetiva e
material (possuindo quarto próprio, boas roupas, alimentação digna e lazer
juntamente com os demais membros da família – inclusive em viagens
anuais a praias, etc.) e culminando com a efetivação da TUTELA da mesma
em 09 de março de 1.973 (doc.junto);

4.06 – É imprescindível esclarecer que a ora Reclamante


recebia o mesmo tratamento material e afetivo que os filhos sanguíneos da
Reclamada e que, aliás, possui faixa etária assemelhada a eles. E assim,
cresceram e se desenvolveram, observando-se as limitações de saúde,
todos juntos sem nenhuma distinção na convivência;

4.07 – Como suso aludido, porém é importante repisar,


que a Reclamante sempre padeceu de doenças mentais e epilepsia
desde o seu nascimento, no que foi devidamente assistida por médicos
e fazendo uso de medicamentos controlados (de uso contínuo) desde
que ficou sob os cuidados da ora Reclamada e sempre às expensas
desta, que exerceu o encargo de tutora sempre com zelo e presteza e a um
alto custo;

4.08 – Insta-se consignar que a comprovação do vínculo


maternal entre as demandantes é facilmente comprovado através da farta
documentação ora colacionada aos autos, pois a Reclamante sempre foi
dependente da Reclamada junto ao INSS, pois visava que a mesma ficaria
com um benefício previdenciário quando de sua falta, além de ser também
dependente da vindicada no IPASGO, bem como constar na Declaração
de Imposto de Renda da Reclamada como sua dependente (docs. juntos);

4.09 – Ao contrário do alegado na peça de ingresso, a


saída da Reclamante da convivência na família da Reclamada se deu
em setembro de 2005, quando a mesma passou mal mais uma vez e a
Reclamada não estava passando bem naquela ocasião, solicitou à irmã
carnal dela, de nome Zélia, que somente desta poderia a acompanhar
no Hospital de Urgências para consulta;

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4.10 – Desde esta data, a Reclamante foi levada para a
casa de sua família biológica e não mais retornando à sua casa. Daí em
diante a Reclamada (tutora) foi impedida de ter contato com a
Reclamante e com certeza esta retirada da reclamante do convívio familiar
da Reclamada, já objetivava, inescrupulosamente, auferir vantagem
econômica indevida. Tal separação abrupta acarretou até mesmo
depressão na Reclamada que se viu tolhida da convivência com sua
filha de criação (conforme se faz prova o relatório médico anexado).

5 – NO MÉRITO:

5.01 – Caso V.Exa. não reconheça as preliminares ora


agitadas, o que se admite por mero apego ao debate, a Reclamada passa a
contestar no mérito o pleito esposado pela reclamante na preambular:

5.02 – Se extrai do arrazoado fático, que são deveras


improcedentes as alegações que poderiam alicerçar os supostos fatos
constitutivos do direito da ora Reclamante;

5.03 – Ora, atento(a) julgador(a), para a presente ação


fazer sentido de pelo menos ser discutível, teria de ter existido um mínimo
de relação trabalhista entre as partes ora litigantes, o que definitivamente
não houve! Pois a reclamante jamais prestou serviços de qualquer natureza
para a reclamada e tampouco houve em algum momento os imprescindíveis
pressupostos de subordinação, disponibilidade ou remuneração entre as
partes, o que foi claramente confessado na inicial.

5.04 – Como bem aclarado, o presente caso, data


máxima vênia, é totalmente descabido juridicamente falando, já que não há
nem como alegar uma negativa de vínculo empregatício, pois, na verdade
NÃO HOUVE CONTRATAÇÃO e muito menos PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS, pois a reclamante nunca trabalhou para a reclamada, pelo
contrário, era ela quem necessitava de cuidados que eram prestados
pela vindicada.

5.05 – Aliás, é extreme de dúvidas que a presente


demanda é uma clara tentativa de extorsão e enriquecimento ilícito por parte
dos familiares da Reclamante, sendo certo também, que esta sequer tem
conhecimento do presente litígio e que se soubesse, e entendesse o que isto
quer dizer, com certeza não concordaria com esta demanda, apesar de sua
debilidade mental;

5.06 – Em mera análise perfunctória aos documentos ora


coligidos, resta claro que é pueril crer que alguém em sã consciência
contrataria uma pessoa com sérias debilidades mentais para ser seu
empregado e efetuar quaisquer trabalhos, sejam de qualquer natureza for;

5.07 – Consinta-se registrar que a ora Reclamada sempre


teve duas empregadas domésticas à sua disposição que inclusive, como

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incansavelmente frisado, cuidaram da própria Reclamante, já que a mesma
é, e sempre foi, portadora de necessidades especiais;

5.08 - Corrobora para o aqui arrazoado que, como alega o


representante da Reclamante, ela é incapaz de exercer pessoalmente as
suas atividades da vida civil, ocorrendo, porém, que tal incapacidade é
desde o seu nascimento, já que a mesma desde o início da idade escolar
sempre apresentou extrema dificuldade de aprendizado, razão pela qual foi
contratado professor particular, às expensas da Reclamada, para alfabetizá-
la.

5.09 – Pode-se, então, concluir que uma pessoa


acometida de transtornos psíquicos logicamente não tem as mínimas
condições de assumir responsabilidades profissionais, e muito menos se
submeter aos requisitos legais caracterizadores da relação empregatícia, até
porque uma pessoa nas condições mentais dela não tem noção de uso de
dinheiro;

5.10 – Cumpre-nos frisar, também, que o curador da


Reclamante litiga de má-fé e seus pleitos são altamente temerários, já que
falta com a verdade em diversos tópicos e é extremamente contraditório em
outros. A exemplificar se vê no documento de folhas 15 dos autos, que o
atestado médico juntado pela própria parte autora comprova que as
enfermidades relatadas na exordial são de nascença e em seu petitório,
mais especificamente no item 10, relativo a rescisão contratual, a afirmativa
é de que a Reclamante teria sido acometida por problemas psiquiátricos
enquanto trabalhava para a Reclamada. Ou seja, a Reclamante fez prova
contra si mesma.

5.11 – Em epítome, ficou insofismavelmente demonstrada


a inexistência de relação de emprego entre as partes demandantes, via de
conseqüência tornaram-se natimortos todos os itens suscitados de VI a X da
peça vestibular, relativos ao suposto Contrato de Trabalho, Jornada de
Trabalho, Domingos e feriados, Férias, 13º Salários e Rescisão.

6 – DOS PEDIDOS:

6.01 - DA DEMISSÃO E DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO:


Inexistiu DISPENSA SEM JUSTA CAUSA, posto que
nunca houve relação de emprego. Via de conseqüência não há que se falar
em demissão, pois o que fato ocorreu - como bem relatado alhures - foi a
saída da Reclamante da convivência na família da Reclamada que se deu
em setembro de 2005, quando mais uma vez a mesma passou mal e
também a Reclamada não estava passando bem, pelo que solicitou à irmã
da Reclamada que, somente, desta vez a acompanhasse no Hospital de
Urgências para a consulta e depois a mesma foi levada para a casa de seus
familiares sanguíneos e não mais retornando a sua casa.

6.02 - DO REGISTRO NA CTPS:

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Não há o que se falar em anotar a CTPS, pois nunca a
Reclamante teve vínculos de emprego com a Reclamada, como provado em
linhas pretéritas.

6.03 - DOS CRÉDITOS RESCISÓRIOS:


Os créditos rescisórios não são cabíveis, com base na
defesa amplamente discutida de que não houve vínculo de emprego.

6.04 - DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS:


Não havendo vínculo de emprego, não há de se falar em
recolhimentos previdenciários.

6.05 - DO SALDO DE SALÁRIOS


Não existindo relação de emprego, não existe saldo de
salários.

6.06 - DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO:


De forma alguma há de se cogitar aviso prévio, instituto
concernente ao direito do trabalho, existente na relação empregatícia,
quando da extinção do contrato individual de trabalho, o que não é o caso, já
que a relação era meramente familiar.

6.07 - DO 13º SALÁRIO E DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS:


Totalmente absurda a pretensão, pois as verbas
referentes às férias e 13º salários somente são devidas no caso de relação
empregatícia, o que não se encontra evidenciado nos presentes autos.

6.08 - 1/3 DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS:


Não havendo principal, não há que se falar em
acessórios.

6.09 - DOS SALÁRIOS RETIDOS:


Não há que se falar em salários retidos, da mesma forma,
posto que não houve liame empregatício.

6.10 - DO 13º SALÁRIO RETIDO:


Não havendo principal, não se fala em acessórios.

6.11 - DAS FÉRIAS DE TODO O PACTO (em dobro):


Não devidas, vez que não houve vinculo de emprego.

6.12 - 1/3 DAS FÉRIAS:


Não havendo principal, não há acessórios.

6.13 - FERIADOS TRABALHADOS:


Indevidos, não houve vínculo de emprego entre
Reclamante e Reclamada.

6.14 - DO RSR:

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Referido instituto, inserido no nosso ordenamento jurídico
pela lei 605/49, recepcionado pela Constituição Federal de 1988, em seu art.
7º inciso XV, tem aplicação quanto a relação EMPREGADO -
EMPREGADOR, sujeitos do Contrato individual de trabalho, o que não é o
caso, vez que inexistia qualquer tipo de subordinação ou controle por parte
da Reclamada, já que se tratava de uma CONVIVÊNCIA FAMILIAR,
conforme amplamente demonstrado.

6.15 - DA MULTA RESCISÓRIA


Inexistiu contrato de trabalho regido pela CLT, e deste
modo, inaplicável a espécie o art. 477 §§ 6º e 8º, ou seja, improcedente o
pedido de multa rescisória.

7 - DAS PARCELAS PLEITEADAS:

7.01 – Posto Isto, CONTESTA veementemente todos os


pedidos formulados na preambular, da forma infra-articulada:

A) SALDO DE SALÁRIO (15 dias) R$


150,00 - improcedente, pela inexistência de contrato com
vínculo empregatício, conforme item 6.05;

B) AVISO PRÉVIO INDENIZADO R$ 300,00


- totalmente improcedente conforme item 6.06 da presente
peça;

C) 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (01/12) R$ 25,00


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.07;

D) FÉRIAS PROPORCIONAIS (11/12) R$ 275,00


- Improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.07;

E) 1/3 DE FÉRIAS PROPORCIONAIS R$ 91,67


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.08;

F) SALÁRIOS RETIDOS (TODO O PACTO) R$ 7.920,00


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.09;

G) 13º SALÁRIOS RETIDOS (TODO O PACTO) R$ 1.175,00


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.10;

H) FÉRIAS DE TODO O PACTO (EM DOBRO) R$ 3.000,00


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
ítem 6.11;

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I) 1/3 DE FÉRIAS R$ 1.000,00
- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
ítem 6.12;

J) FERIADOS TRABALHADOS R$ 1.241,33


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
ítem 6.13;

K) RSR NÃO CONCEDIDOS R$ 4.114,29


- improcedente nos termos da presente contestação articulado no
item 6.14;

L) MULTA DO ARTIGO 477, § 8º DA CLT R$ 300,00


- Aplicação do art. 467 da CLT, improcedente, face a total
controvérsia;

7.02 – No que concerne aos pleitos de valores porventura


pagos e verbas rescisórias incontroversas, não merece maiores
considerações, posto que inexistente relação empregado/empregador.

7.03 – Em arremate, quanto aos Honorários Advocatícios


pleiteados, mesmo que, hipoteticamente, fosse procedente o mérito, ainda
assim os mesmos não seriam devidos por ausência de amparo legal
passível de aplicação ao caso em discussão (Lei nº. 5.584/70 e Enunciado
TST nº. 219 - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 - incorporada a Orientação
Jurisprudencial nº. 27 da SBDI-2 - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005).

8 – DA NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA:

8.01 - A ora contestante não dispõe de condições


econômicas para custear as despesas da presente ação sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família necessitando, portanto, dos benefícios da
assistência judiciária gratuita, como lhe facultam os dispositivos contidos nas
leis federais de Nº.: 1.060/50 e 7.115/83 (vide declaração anexa);

9 - DO PEDIDO:

9.01 - POR TODO O EXPOSTO, e do mais que


certamente será suprido por V. Exa., espera a reclamada que sejam as
preliminares agitadas reconhecidas, para que o feito seja extinto sem
julgamento do mérito, ou, caso V. Exa. assim não entenda, considerando
que inexistiu relação de emprego e que se trata de artifício ardil da família
biológica da Reclamante para se locupletarem ilicitamente, pois o curador da
Reclamante alterou a verdade diversas vezes, que sejam,assim, julgados
improcedentes os pedidos da inicial, com a condenação nos consectários
sucumbenciais, requerendo ainda, desde já, a produção de provas, entre as
quais a oitiva de testemunhas e o depoimento pessoal da reclamante.

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9.02 - Outrossim, requer seja o curador da reclamante
condenado por litigância de má-fé, nos termos do art. 16, 17, I e 18 § 2º do
CPC, já que o mesmo tenta alterar a verdade dos fatos, objetivando auferir
proveito econômico.

Anápolis (GO) em 17 de Fevereiro de 2.008.

GIANCARLO VAZ VENTO GLADSTONE DE JESUS LIMA


OAB/GO: 9.383 OAB/GO: 14.367

- ROL DE DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A CONTESTAÇÃO:

01) Procuração “Ad Judicia”;


02) RG e CPF da reclamada;
03) Declaração de Hipossuficiência;
04) Carteira do INAMPS da Reclamante como dependente da reclamada;
05) Cópia de termo de Tutela;
06) Atestado Médico com internações da Reclamante;
07) Receituário médico relativo ao dia que a reclamante se mudou;
08) Cópia de folha da CTPS da Reclamada, onde consta que a reclamante era sua
dependente;
09) Relatório de acompanhamento médico da Reclamada, onde consta a depressão
por separação de sua filha de criação, de 1997 até hoje;
10) Comprovantes de dependência da Reclamante no IPASGO da Reclamada;
11) Cópias dos últimos IRs da reclamada onde constava a Reclamante como
dependente;
11) Fotografias da Reclamante no convívio familiar da reclamada.

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