Você está na página 1de 40

Módulo Distribuição da população

1 e a dinâmica demográfica
Geografia

A população mundial atingiu em outubro de 2011,segundo a ONU, o número de 7 bilhões de pessoas distribuídas irregularmente pelo espaço
geográfico, fato explicado pela conjugação de fatores naturais, econômicos e históricos.

As áreas muito ocupadas (ecumênicas)


Podemos visualizar 4 grandes conjuntos: três urbano-industriais e • A megalópole japonesa que liga tóquio a osaka
um de base agrícola. A megalópole japonesa é fortemente concentrada na área em torno
de Tóquio, que possui 30% das empresas japonesas. As linhas de TGV
(Shinkansen) ligam a área da capital até Osaka, que comanda o oeste da
• Nordeste dos Estados Unidos
planície, área portuária de grande relevância. A pesca ainda é importante
Nesta região, localiza-se a megalópole de Boswash (de Boston a na economia. Grande concentração de tecnopolos.
Washington), com as principais áreas da industrialização histórica dos EUA.
Podemos destacar, também, nesta região, o sul dos grandes lagos. O
• Na região da Ásia de monções
conjunto de cidades como Detroit, Pittsburg e Chicago forma uma outra
megalópole, a Chipitts. A atividade agrícola (agricultura de jardinagem) concentra metade da
população mundial em áreas conhecidas como “formigueiros humanos”,
nos deltas dos rios chineses e indianos, nos portos e nas planícies aluviais.
• Europa Ocidental
Nesta região estão localizados os países europeus de maiores
adensamentos populacionais: França, Alemanha, Suíça, Itália, Inglaterra
e Holanda, principalmente nos vales dos Rios Reno, Pó, e nas bacias de
Londres e Paris.

3a Série / Pré-Vestibular 137 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

Vazios demográficos (anecumênicas) Podemos identificar também situações mais extremas: um país de
grande dimensão espacial e pequena população absoluta, como a Austrália,
Os obstáculos naturais, apesar da capacidade humana de interferir
é pouquíssimo povoado, com densidade demográfica inferior a 3 hab/km2.
no meio natural, determinam as áreas de menor ocupação populacional.
Já Bangladesh, que tem grande população absoluta e reduzida dimensão
espacial, possui impressionantes 1.000 hab/km2.
• Regiões áridas
São regiões desérticas, onde as condições climáticas geralmente A superpopulação ou superpovoamento
impossibilitam a fixação humana: desertos do Saara, Kalahari, Atacama,
Gobi, Arábico e Australiano. Não devemos esquecer que mesmo nas O conceito de país com superpopulação ou país superpovoado não
regiões desérticas encontramos ilhas de povoamento, os oásis. envolve apenas o elevado número de habitantes por km2, pois inclui
também a má qualidade de vida da maior parte da população, o que vai
envolver a situação econômica da área.
• Regiões polares
Sendo assim, os países centrais não são considerados superpovoados,
Com população original muito pequena – esquimós e lapões – e alguns independentemente da sua densidade demográfica, porque a qualidade de
cientistas sazonais. vida da população local é boa.

• Regiões de montanhas
Distribuição da população brasileira
Vazio demográfico devido às condições atmosféricas adversas.
Como vimos, o Brasil é um país muito populoso, com a 5a maior
população do mundo. No entanto, devido à enorme extensão do nosso
• Florestas equatoriais território, o país é pouco povoado, com pouco mais de 20 hab/km2.
A mata muito fechada torna difícil a fixação de população. A baixa densidade demográfica brasileira não mostra, porém, as enor-
mes desigualdades regionais, com áreas muito povoadas como o estado
do Rio de Janeiro (mais de 300 hab/km2) e áreas que são praticamente
Países populosos e povoados vazios demográficos, como trechos da Amazônia.
Os países populosos são aqueles que têm grande população absoluta,
ou seja, um elevado número de população habitante, como a China, a
Índia e o Brasil.
Países povoados são aqueles que têm grande população relativa ou
densidade demográfica (habitantes por km2).
Observe a tabela a seguir com os países mais populosos do mundo
segundo o Relatório sobre a situação da População mundial de 2011:

1. China 1,34 bilhões de habitantes


2. Índia 1,24 bilhões de habitantes
3. Estados Unidos 313 milhões de habitantes
4. Indonésia 242 milhões de habitantes
5. Brasil 192 milhões de habitantes
6. Paquistão 176 milhões de habitantes
7. Nigéria 162 milhões de habitantes
8. Bangladesh 150 milhões de habitantes
9. Rússia 142 milhões de habitantes
Dinâmica demográfica
10. Japão 126 milhões de habitantes
A população de uma área pode crescer através do crescimento
Dados atualizados segundo Banco Mundial, 1999 e fontes do World Reference Bureau.
vegetativo ou da entrada de imigrantes:
A lista dos países mais povoados é diferente da anterior, porque a
dimensão territorial tem grande importância para o cálculo da densidade
Cp = Cv + (imig. – emig.)
demográfica. Por exemplo, a China, que é o País mais populoso, possui
Cp = crescimento populacional.
uma densidade demográfica de 135 hab/km2, enquanto a Holanda, que
Cv = (taxa de natalidade – taxa de mortalidade).
possui apenas 16 milhões de habitantes (59a posição mundial), tem
Imigração = chegada de habitantes.
densidade demográfica superior a 400 hab/km2. A explicação para a
Emigração = Saída de habitantes.
diferença é óbvia: a China possui grande dimensão territorial e a Holanda
é um país muito pequeno. Na evolução do crescimento da população mundial, à qual obviamente
só interessa o crescimento vegetativo, podemos visualizar três fases:

3Gv1m1 138
Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

1a Fase
Baixo crescimento vegetativo devido às altas taxas de natalidade e mortalidade.
2a Fase
Chamada de explosão demográfica, ocorre com a revolução médico-sanitária e a consequente redução da
taxa de mortalidade, que causa um grande aumento no crescimento vegetativo.
3a Fase
Momento atual dos países centrais, ocorre com a redução da taxa de natalidade, que determina redução
do crescimento vegetativo.

Indicadores demográficos, sociais e econômicos


População População
Taxa de Expectativa de vida
Dados População População em Taxa de utilizando vivendo
População fecundidade no nascimento,
total em milhões 2011 crescimento instalações com menos
mundias e milhões, 2011 da população
urbana (%) total por mulher 2010-2015
sanitária com de U$$ 1,25
2010 entre 15-49 anos
regionais total** (%) 2010-2015 melhorias (%) (PPP) por dia
Masculino Feminino 2010-2015 Masculino Feminino 2000/2008* (%) 1992/2008*
Total Mundial 6974,0 3517,3 3456,8 1,1 50 2,5 68 72 61 26
Regiões mais 1240,4 603,1 637,3 0,4 75 1,7 75 82 97 1
desenvolvidas8
Regiões menos 5733,7 2914,2 2819,5 1,3 45 2,6 67 70 53 27
desenvolvidas9
Países menos 851,1 425,4 425,7 2,2 29 4,2 57 59 36 54
desenvolvidos10
Estados Árabes11 360,7 185,0 175,7 2,0 56 3,1 69 7,3 76 5
Ásia e o Pacífico12 3924,2 2008,0 1916,2 0,9 41 2,1 69 7,2 52 27
Leste Europeu e 473,7 226,6 247,0 0,3 65 1,8 68 7,6 90 5
Ásia Central13
América Latina 591,4 292,1 299,3 1,1 79 2,2 72 7,8 80 7
e Caribe14
África 821,3 410,5 410,8 2,4 37 4,8 54 5,6 31 5
Subsaariana15

População População
Taxa de Expectativa de vida
País, População População em Taxa de utilizando vivendo
População fecundidade no nascimento,
total em milhões 2011 crescimento instalações com menos
território milhões, 2011 da população
urbana (%) total por mulher 2010-2015
sanitária com de U$$ 1,25
2010 entre 15-49 anos
ou outra área total** (%) 2010-2015 melhorias (%) (PPP) por dia
Masculino Feminino 2010-2015 Masculino Feminino 2000/2008* (%) 1992/2008*
Afeganistão 32,4 16,7 15,6 3,1 23 6,0 49 49 37
Albânia 3,2 1,6 1,6 0,3 52 1,5 74 80 98 2
Argélia 36,0 18,2 17,8 1,4 66 2,1 72 75 95 7
Angola 19,6 9,7 9,9 2,7 59 5,1 50 53 57 54
Antígua e Barbuda 0,0 0,0 0,0 1,0 30 95
Argentina 40,8 19,9 20,8 0,9 92 2,2 72 80 90 3
Armênia 3,1 1,4 1,7 0,3 64 1,7 71 77 90 4
Austrália 22,6 11,3 11,3 1,3 89 1,9 80 84 100
Austria 8,4 4,1 4,3 0,2 68 1,3 78 84 100
Azerbaijão 9,3 4,6 4,7 1,2 52 2,1 68 74 45 2
Bahamas 0,3 0,2 0,2 1,1 84 1,9 73 79 100
Bahrein 1,3 0,8 0,5 2,1 89 2,4 75 76
Bangladesh 150,5 76,2 74,3 1,3 28 2,2 69 70 53 50
Barbados 0,3 0,1 0,1 0,2 44 1,6 74 80 100
Bielorússia 9,6 4,4 5,1 0,3 75 1,5 65 76 93 2
Bélgica 10,8 5,3 5,5 0,3 97 1,8 77 83 100
Belize 0,3 0,2 0,2 2,0 52 2,7 75 78 90 13
Benin 9,1 4,5 4,6 2,7 42 5,1 55 59 12 47
(Relatório sobre a Situação da População Mundial de 2011-ONU)

3a Série / Pré-Vestibular 139 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

As grandes modificações na dinâmica demográfica mundial, além


das enormes diferenças entre os Países do mundo, geram dúvidas sobre
o crescimento da população mundial para as próximas décadas, mas é
inegável que a população do planeta está crescendo menos. Observe a
imagem a seguir com as projeções de crescimento da população por
continente.

Estimativa e projeção da população por área geográfica,


com variante média, 1950-2100 (em bilhões)
55
50
45
40
35
30
25
Pirâmide de país periférico:
20
15 • alta taxa de natalidade (elevada fecundidade);
10
05 • mortalidade infantil elevada;
00
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100
• pequeno número de idosos;
Ásia África América Latina e o Caribe Europa América do Norte Oceania
• são países com altas taxas de mortalidade por carência e doenças
endêmicas;
A Ásia permanecerá como a mais populosa das principais áreas • baixo consumo de proteínas, o que torna a população sujeita a
geográficas mundiais durante o século XXI, mas a África avançará à doenças.
medida que sua população mais que triplicar, passando de 1 bilhão, em
Ex.: Quênia, Burkina Fasso, Ruanda, Burundi, Haiti, Bangladesh.
2011, para 3,6 bilhões, em 2100.
Em 2011, 60% da população mundial vivia na Ásia e 15%, na África.
A população africana vem crescendo a uma taxa de 2,3% ao ano, mais
que o dobro da população asiática (1% ao ano). A população da África
ultrapassou pela primeira vez a marca de um bilhão em 2009, e estima-se
que cresça mais um bilhão em apenas 35 anos (até 2044), mesmo se a
taxa de fecundidade cair de 4,6 filhos por mulher, em 2005-2010, para 3
filhos por mulher, em 2040-2045.
A população asiática, que atualmente é de 4,2 bilhões, provavelmente
alcançará seu pico na metade do século (de acordo com as projeções
deverá alcançar 5,2 bilhões em 2052) e começará a declinar gradativamente
a partir daí.
As populações de todas as outras principais áreas geográficas somadas
(Américas, Europa e Oceania) chegaram a 1,7 bilhão em 2011 e, de acordo
com as projeções, poderão alcançar quase 2 bilhões em 2060, para então
começar a declinar muito lentamente, permanecendo ainda próxima dos 2 O aumento da participação da população urbana reduz a taxa de
bilhões na virada do século. Entre as regiões, estima-se que a população fecundidade por uma série de fatores:
europeia alcance o pico de 740 milhões por volta de 2025, declinando a
partir daí. • menor número de filhos na cidade em relação ao meio rural;
• entrada da mulher no mercado de trabalho;
(Fonte: Divisão de População do Departamento de Economia e Assuntos Sociais das Nações Unidas)
• maior circulação das informações que viabilizam a difusão dos
Estrutura e Pirâmides Etárias métodos contraceptivos.

Pirâmide de país central:


O Brasil e a Transição Demográfica
• base estreita em função do reduzido número de nascimentos locais; Até 1940, o Brasil apresentou taxas de crescimento populacional
• grande número de idosos, geralmente acima de 10%, demonstrando próximas a 1,8% ao ano. Com a redução das taxas de mortalidade (revo-
vida média alta e bom nível socioeconômico; lução médico-sanitária), houve um aumento do Cv até atingir 2,99% na
• número de adultos considerável, o que eleva a PEA. década de 1960.
A partir daí, o Brasil entrou em um rápido processo de redução das
Ex.: Países da Europa Central e Ocidental, Japão e Canadá antigos taxas de natalidade e, consequentemente, Cv. Tal fato se explica, basica-
países da área de influência socialista na Europa Oriental, como Romênia, mente, pelo processo de urbanização (maior crescimento da população
Hungria e Polônia, também apresentam esta pirâmide. urbana em relação à rural).

3Gv1m1 140
Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

Brasil 1980
80 +
70-74
60-64
50-54
(BERQUÓ, Elza & CAVE- 40-44
NAGHI, Suzana. “Brazilian
fertility regimes: profiles of 30-34
women below and above re-
placement levels.” Apresen-
tado na Internacional Con-
20-24
ference da Internation Union
for the Scientific Study of 10-14
Population (IUSSP). Tours,
França, julho de 2005.) 0-4
(9) (4) 1 6
O último censo indica uma taxa de Cv na primeira década do século
XXI de 1,17% ao ano, colocando o país, indubitavelmente, em transição Brasil 2000
para a 3a fase de crescimento.
80 +
Gráfico 1 – Taxa média geométrica do crescimento anual 70-74
Brasil – 1872/2010
60-64
%

2,91
2,99
2,89
50-54

2,39 2,48 40-44

2,01 30-34
1,98 1,93

1,49
1,64 20-24
1,17 10-14
0-4
(9) (4) 1 6

1872/ 1890/ 1900/ 1920/ 1940/ 1950/ 1960/ 1970/ 1980/ 1991/ 2000/
1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Brasil 2050
(1) (1) (1) (1) (2)
80 +
(Recenseamento do Brazil 1972-1920. Rio de Janeiro: Directoria Geral de Estatística, 1872-1930; e
Ibge, Censo Demográfico 1940/2010.) 70-74
(1) O Efetivo Populacional até o Censo de 1920 Refere-se à população presente. (2) Para a obtenção da taxa
do período 2000/2010 foram utilizadas as populações residentes em 2000 e 2010, sendo que para este 60-64
último ano foi inclupida a população estimada (de 2,8 milhões de habitantes) para os domicílios fechados.
50-54
Essas alterações vão determinar modificações na estrutura etária do
40-44
país, que podem ser visualizadas nas pirâmides abaixo:
30-34
Pirâmides Etárias Brasileiras – 1900 - 2050
20-24
Brasil 1950
10-14
80 +
0-4
70-74
(9) (4) 1 6
60-64
(ONU – http://esa.un.org/unpp (dados da revisão 2006 – visitado em 12/5?2008.)
50-54
40-44
As Teorias Demográficas
30-34 • Teoria Malthusiana

20-24 Essa teoria foi elaborada a partir dos estudos de Thomas Malthus na
transição do século XVIII para o XIX e previa a fome para o mundo, já que
10-14 a população mundial crescia em progressão geométrica e a produção de
0-4 alimentos, em progressão aritmética.
(9) (4) 1 6

3a Série / Pré-Vestibular 141 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

• Teoria Neomalthusiana
Dados de outras pesquisas sugerem que a fecundidade já pode estar
Utilizada na segunda metade do século XX, prega a necessidade de em 1,7. De qualquer forma, a população brasileira deixará de crescer
controle de natalidade nos Países periféricos como forma de melhorar as em algum ponto a partir de 2030.
condições de vida; além disso, é considerada alarmista por anunciar que Há várias explicações. Os fatores clássicos são: aumento na
o meio ambiente não resistirá se as taxas de crescimento vegetativo dos escolaridade feminina, maior participação delas na força de trabalho,
Países periféricos continuarem altas. aumento na escolaridade dos filhos, queda da mortalidade infantil e
maior urbanização.
• Teoria Reformista
Há explicações mais complexas associadas às relações de gênero,
Totalmente contrária aos neomalthusianos, os reformistas afirmam ao papel de fatores culturais mais específicos como a religião ou até
que a pobreza seria a causa do elevado crescimento populacional e, por o papel da TV e do consumo de bens duráveis e de luxo. Embora seja
isso, propõem-se a diminuir a pobreza por meio de reformas econômicas instigante saber o que causou a queda da fecundidade, dificilmente
e sociais, com o objetivo de melhorar o padrão de vida e, com isso, haverá um consenso.
espontaneamente, provocar a redução da natalidade. Um debate mais recente e mais importante trata da fecundidade
Texto Complementar abaixo do nível de reposição, se esta taxa cairá mais ainda e até que ponto.
Não há dúvidas de que a escolaridade materna está correlacionada
Com taxa de fecundidade abaixo do com a queda. Os dados do IBGE mostram que a fecundidade das
nível de reposição, país fez a transição mulheres com ensino superior completo é de 1,14 filho, enquanto as
sem instrução e com ensino fundamental completo têm fecundidade
demográfica de 3 filhos.
(http://www1.folha.uol.com.br-18-10-2012) Exercícios com os dados dos Censos de 2000 e 2010 revelam
que quase metade da queda na fecundidade se deveu ao aumento na
Os dados possibilitam a difusão de uma realidade não totalmente escolaridade das mães, enquanto a outra metade se deveu a mudanças
conhecida por pessoas não especializadas, além de permitir uma de comportamento das mulheres.
reflexão sobre suas implicações.
Nessa perspectiva, a fecundidade poderia continuar caindo caso a
Este é o caso da taxa de fecundidade total abaixo do nível de escolaridade materna continuasse aumentando.
reposição. Uma população com a taxa de fecundidade de 2,1 filhos
Cabe lembrar que fecundidade abaixo do nível de reposição não
por mulher no período reprodutivo (15 e 49 anos) terá crescimento
é necessariamente nefasta. Do lado positivo podemos citar o fato de
populacional nulo, caso esta persista por longo período.
que a redução no número de crianças em idade escolar possibilita uma
O Brasil já completou a fase final da transição demográfica, com verdadeira revolução na qualidade da educação.
a fecundidade caindo de cerca de 6 filhos por mulher nos anos 1960
(EDUARDO L.G. RIOS-NETO é professor no Departamento de Demografia da UFMG.)
para níveis abaixo da reposição em 2010, com 1,9 filho.

C ontextualizando

A Bomba Demográfica Não Vai Explodir


Taxas de natalidade caíram drasticamente e ameaça agora é mais regional do que global
(Jornal da Ciência, de 08 de setembro de 2004/ SBPC.)

Lembra-se da bomba populacional, a explosão de natalidade que devoraria toda a comida do mundo e esgotaria ou poluiria todo o ar e a
água? Seu pino não foi puxado.
Mas, no decorrer das últimas três décadas, grande parte do poder de detonação malthusiana se esvaziou.
A taxa de natalidade em países desenvolvidos como Itália e Coreia despencou para níveis abaixo do necessário para que a população se substitua.
A idade usual para o casamento e a gravidez elevou-se, e o uso de anticoncepcionais foi às alturas, superando os sonhos de Margaret Sanger
e os pesadelos do Vaticano.
A ameaça agora é mais regional do que global, explosiva apenas em lugares como Índia e Paquistão. Desde 1968, quando a Divisão de População
da ONU previu que a população mundial, agora em 6,3 bilhões, cresceria para no mínimo 12 bilhões em 2050, o órgão tem constantemente
revisado as estimativas para baixo. Agora espera que fique num patamar de 9 bilhões.
Para onde foram esses bilhões? Milhões de bebês morreram, uma fração deles de Aids, um número muito maior de malária, diarreia,
pneumonia e até sarampo. Muitos milhões foram abortados, seja para evitar o nascimento ou, como na China e Índia, evitar uma menina. (Na
última década, a tecnologia barata da ultrassonografia tornou mais fácil detectar o sexo da criança.) Mas mesmo Aids e aborto são gotas-d’água
no oceano demográfico.
Os verdadeiros milhões que estão faltando são os bebês que simplesmente nunca foram concebidos. Não o foram porque aqueles que seriam
seus irmãos ou irmãs mais velhos sobreviveram ou porque a vida das mulheres melhorou.

3Gv1m1 142
Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

No Ocidente rico, as mães foram para a faculdade e decidiram que não teriam recursos financeiros para pôr três filhos na faculdade. Nas
partes oriental e sulista pobres do globo, a mãe fundou uma fabriqueta de fundo de quintal e não precisa de um quarto ou quinto filho para ir
buscar madeira para fazer fogo.
“Numa fazenda, as crianças ajudam a cuidar dos porcos ou das galinhas”, explicou Joseph Chamie, diretor da Divisão de População da ONU.
“Quase metade das pessoas do mundo vive agora nas cidades e, quando você muda para a cidade, as crianças não são tão úteis.”
Além disso, medidas simples de saúde pública, tais como represas para fornecer água limpa, vitaminas para grávidas, lavagem das mãos
para parteiras, sais de reidratação oral para bebês, vacinas para crianças pequenas e antibióticos para todos, ajudaram a dobrar a expectativa
de vida, no século XX, de 30 para 60 anos.
O fato de mais crianças sobreviverem representa menos incentivo para dar à luz com mais frequência. No final da década de 1970, a taxa
de natalidade média mundial era de 5,4 filhos por mulher; em 2000, de 2,9. Não havendo guerras, carestia, epidemias ou catástrofes, um país
precisa de taxa de fecundidade de 2,1 filhos por mulher para manter a população estável.
O exemplo mais conhecido de redução da população é a Itália, cujas mulheres antes eram símbolos de fecundidade. Em parte por causa das
tradições camponesas do país e em parte pelo catolicismo romano, que não aceita o controle da natalidade.
Em 2000, a taxa de fertilidade foi a mais baixa da Europa Ocidental: 1,2 nascimento por mulher. A expectativa é que a população esteja 20%
menor em meados do século.
A Itália desbancou a rica, liberal e protestante Dinamarca, onde as mulheres começaram a praticar o controle da natalidade antes. A Dinamarca
ficou abaixo do nível de substituição da população em 1970, com 2 filhos por mulher e caiu para 1,7 em 2001.
No país mais pobre da Europa, a Albânia, onde a população rural ainda mora em áreas habitacionais de clãs armados, a taxa de 5,1 nascimentos
por mulher, em 1970, caiu para 2,1 em 1999.
Mesmo no norte da África, região considerada a grande exceção da tendência de encolhimento da população, as taxas caíram.
No Egito, por exemplo, foi de 5,4 filhos por mulher, em 1970, para 3,6 filhos em 1999. Chamie, da ONU, diz que os números contradizem o
que chama de “mito da fertilidade muçulmana”, uma caracterização injusta, segundo ele, que desaparecerá à medida que a vida das mulheres
muçulmanas vai ficando mais fácil.
As jordanianas, por exemplo, tinham oito filhos na década de 1960; agora a taxa de natalidade é de 3,5. (Do outro lado do rio, os números em
Israel caíram de 4 filhos, na década de 1950, para 2,7 filhos hoje.) Na Tunísia e no Irã, o número pode estar próximo de dois filhos.
As antigas ideias sobre a fertilidade asiática também são falsas. A China baixou a taxa de natalidade para o nível da França; a população
do Japão está diminuindo; e depois de cinco décadas de industrialização, a Coreia do Sul, nos anos 1950 um país em grande parte rural com
6 nascimentos por mulher, agora tem 1,7. Alarmados com a tendência, muitos países estão pagando as cidadãs para engravidarem. A Estônia
paga um ano de licença maternidade.
O ministro das Finanças da Austrália, Peter Costello, lançou um subsídio de US$ 2 mil por bebê no orçamento de 2004 do país. E disse aos
conterrâneos: “Vão para casa e façam seu dever patriótico hoje à noite.”
As prefeituras japonesas, que atacam o problema num estágio precoce, organizam cruzeiros para solteiros. Entre os países desenvolvidos,
os EUA são o único que não precisam financiar o romance, porque sua taxa tem se mantido estável em 2,13 filhos por mulher. O crescimento de
cerca de 3 milhões de pessoas ao ano é em grande parte alimentado pela imigração, como tem sido desde o Mayflower.
Metade do crescimento da população mundial está em seis países: Índia, Paquistão, Nigéria, Indonésia, Bangladesh e China (apesar da
desaceleração na taxa de natalidade).
Isso torna as previsões fatalistas mais espinhosas do que foram em 1968, quando Paul R. Ehrlich assustou todos com seu livro The Population Bomb.
As mudanças na taxa de fertilidade nos países tomados individualmente são notoriamente imprevisíveis, disse Nicholas Eberstadt, especialista
em demografia do American Enterprise Institute. Portanto, tanto faz lançar mão de um oráculo para prever os resultados.
As mudanças locais são ainda mais difíceis de prever. Calcutá, por exemplo, antes um epítome da superpopulação, está começando a
encolher, diz Eberstadt.
O pai da bomba populacional, Ehrlich, professor de Estudos Populacionais e de Biologia em Stanford, diz ter ficado “agradavelmente surpreendido”
pelas mudanças globais que solaparam as previsões mais sombrias do livro.
Entre elas estão a política chinesa de apenas um filho e a rápida adoção de melhores sementes e fertilizantes por agricultores do Terceiro Mundo,
o que significa que mais bocas podem ser alimentadas mesmo se apenas com mingau de milho e arroz. (Ele observa, porém, citando números
da ONU, que cerca de 600 milhões vão para cama com fome toda noite). Mas Ehrlich ainda argumenta que o “tamanho ideal da população” da
Terra é de 2 bilhões. Isso é diferente do máximo suportável, que depende do consumo de recursos.
“Duvido seriamente que possamos sustentar até mesmo 2 milhões se todos levarem o nível de vida que levam os cidadãos dos EUA”, disse.
“O mundo pode suportar muito mais santos vegetarianos do que idiotas que dirigem veículos utilitários Hummer.”

3a Série / Pré-Vestibular 143 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

E x e r c i ta n d o
01. 02. As previsões catastrofistas dos “neomalthusianos” sobre o crescimento
demográfico e sua pressão sobre os recursos naturais não se confirmaram,

(Newsweek, 27 de setembro de 2004.)


Tradução: notadamente, porque:

O sumiço dos bebês (A) o processo de globalização permitiu o acesso voluntário e universal a
Para um número cada vez meios contraceptivos eficazes, impactando, sobretudo, os países em
maior de países, o problema não desenvolvimento.
é ter gente demais, mas ter de (B) a nova onda de “revolução verde”, propiciada pela introdução dos
menos. transgênicos, afastou a ameaça de fome epidêmica nos países mais
pobres.
Apresente os principais
(C) as ações governamentais e a urbanização implicaram forte queda
problemas resultantes da
nas taxas de natalidade, exceto em países muçulmanos e da África
diminuição da taxa de natalidade
Subsaariana, entre outros.
em alguns países desenvolvidos.
(D) o estilo de vida consumista, maior responsável pela degradação dos
recursos naturais, vem sendo superado desde a Conferência Rio-92.
(E) os fluxos migratórios de países pobres para aqueles ricos que têm
crescimento vegetativo negativo compensaram a pressão sobre os
recursos naturais.
03.

(Adaptado de ADOUMIÉ, Vincent et al. Histoire géographie, 6ème. Paris: Hachette Éducation, 2004.)

O ritmo do crescimento demográfico da espécie humana, diante dos recursos naturais disponíveis no planeta, gera polêmica entre cientistas há pelo
menos dois séculos.
A ilustração expressa uma perspectiva sobre o crescimento da população mundial coerente com a seguinte teoria demográfica:

(A) liberal. (C) reformista.


(B) marxista. (D) neomalthusiana.

04.

3Gv1m1 144
Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

Com base na representação cartográfica de uma anamorfose e levando Há diversas interpretações sobre as melhorias das condições de vida diante
em consideração o tamanho dos Países, a representação evidencia: de alguns dados populacionais. Todavia, a conclusão adequada para o
indicador demográfico apresentado na charge é a de que ele:
(A) índices de mortalidade infantil.
(B) desenvolvimento tecnológico. (A) atrapalha as políticas sociais de Estado por ser um dado estatístico.
(C) expectativa de vida. (B) desconsidera as condições ambientais em que as pessoas vivem.
(D) produção de recursos minerais. (C) sugere, apenas, melhorias nas condições de vida devido à imprecisão
(E) distribuição populacional. dos dados.
(D) oculta os interesses particulares de agentes econômicos internacionais.
05. Confira com atenção o gráfico a seguir:
(E) reduz a mobilização social contra os problemas de saúde dos mais
TAXAS DE MORTALIDADE POR REGIÃO (2000) pobres.
África subsaariana
07. Observe as figuras abaixo.
Europa
América do Norte
Brasil: pirâmides etárias – 1980-2000
Ásia
África do Norte 1980 2000
80 ou + 80 ou +
América Latina e Caribe 75-79 75-79
MUNDO Homens 70-74 Mulheres Homens 70-74 Mulheres
65-69 65-69
0 5 10 15 60-64 60-64
55-59 55-59
Fonte: United Nation Population Division, 2003.
50-54 50-54
MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. 45-49 45-49
Projeto de Ensino de Geografia – Geografia Geral.
Fig. 6, p. 140.
40-44 40-44
35-39 35-39
30-34 30-34
A miséria e as doenças a ela correlacionadas explicam os elevados índices 25-29 25-29
de mortalidade na porção da África que se estende desde o Deserto do 20-24
15-19
20-24
15-19
Saara até o extremo sul desse continente. Tanto a África do Norte, como 10-14 10-14
5-9 5-9
a América Latina e Caribe apresentam, no entanto, índices menores de 0-4 0-4
mortalidade do que a Europa. 15 10 5 0 0 5 10 15 15 10 5 0 0 5 10 15
Isso se deve principalmente ao fato de que: População (em milhões)

(A) mudanças culturais, relacionadas a formas racionais de uso do Ao analisar as pirâmides etárias (1980 e 2000) e outras informações,
solo, melhorias alimentares e de higiene, têm reduzido os índices de particularmente sobre a transição demográfica da população brasileira, é
mortalidade das populações da África Setentrional, América Latina e possível estabelecer importantes considerações.
Caribe.
(B) há grande porcentagem de idosos caracterizando a estrutura etária da Entre as tendências observadas, é INCORRETO afirmar a percepção de:
maioria dos Países europeus.
(C) os Países da África do Norte e da América Latina têm melhorado (A) uma tendência de redução nos índices de natalidade e mortalidade,
significativamente os seus índices de desenvolvimento humano, aumentando a proporção de adultos e idosos em relação aos jovens.
superando até mesmo vários Países do continente europeu. (B) uma lenta queda no crescimento demográfico e na elevação no número
(D) a população de migrantes latino-americanos e africanos no continente de idosos, se comparado ao processo ocorrido na Europa.
europeu tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico (C) uma redução nas taxas de mortalidade, devido à melhoria nas
de seus países de origem com o envio de parte de seus recursos condições médico-sanitárias.
financeiros. (D) um declínio nas taxas de natalidade associado ao processo de
(E) o atual contexto econômico mundial, caracterizado pelo predomínio urbanização e à queda da taxa de mortalidade.
do neoliberalismo, tem contribuído para a redução das desigualdades
socioeconômicas inter-regionais. 08. A taxa de natalidade vem sofrendo queda generalizada nas cinco
macrorregiões brasileiras, desde a década de 1970. Entretanto, entre as
06. adolescentes, esse quadro se inverteu: entre 1991 e 2000, o número de
partos realizados nos hospitais públicos em meninas, na faixa dos 10
(Amarildo.com.br)

aos 14 anos, aumentou aproximadamente 30%. Na faixa etária de 15 a


19 anos, o acréscimo foi de mais de 25%.
(Adaptado de Magnoli, D. e Araújo, R. Geografia. A construção do mundo. São Paulo: Ed. Moderna, 2005.)

A gravidez precoce desponta como um dos temas de destaque nos estudos


demográficos do Brasil atual, porque:

(A) a proporção elevada de mortes das adolescentes no momento do parto


redistribui a base da pirâmide etária, aproximando os índices brasileiros aos
de diversos países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
(B) esse tipo de gravidez apresenta taxas elevadas nas áreas mais caren-
tes, reduzindo a possibilidade de políticas distributivas nesses espaços.

3a Série / Pré-Vestibular 145 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

(C) grande parte das mães adolescentes abandona os estudos regulares, Analisando os dados podemos caracterizar o período entre:
encontrando dificuldades de inserção igualitária no mercado de
trabalho formal. (A) 1920 e 1960, como de crescimento do planejamento familiar.
(D) aumenta expressivamente as taxas de mortalidade no país, reduzindo (B) 1950 e 1970, como de nítida explosão demográfica.
a expectativa de vida da população adulta. (C) 1960 e 1980, como de crescimento da taxa de fertilidade.
(E) diminui o índice de crescimento vegetativo no país, afetando a formação (D) 1970 e 1990, como de decréscimo da densidade demográfica.
da População Economicamente Ativa (PEA) que é produtora de riquezas. (E) 1980 e 2000, como de estabilização do crescimento demográfico.

09. Os cerca de seis bilhões de habitantes do planeta estão distribuídos 12. É correto afirmar que a população brasileira:
irregularmente pelo espaço geográfico. Com relação aos fatores
explicativos desta realidade, é correto afirmar: (A) apresentou crescimento percentual menor nas últimas décadas.
(B) apresentou crescimento percentual maior nas últimas décadas.
(A) Devido aos avanços tecnológicos, os obstáculos naturais (clima, (C) decresceu em valores absolutos nas cinco últimas décadas.
relevo e outros) não têm mais nenhuma influência sobre os vazios (D) apresentou apenas uma pequena queda entre 1950 e 1980.
demográficos. (E) permaneceu praticamente inalterada desde 1950.
(B) As áreas agrícolas geralmente possuem elevadas densidades
demográficas. 13. A mudança no per fil demográfico brasileiro, expressa pelo
(C) As tradicionais áreas industriais são responsáveis pelas maiores envelhecimento da população, reforçou o discurso governamental
concentrações populacionais, mesmo que, atualmente, a maior parte para as reformas na Previdência Social, hoje já encaminhadas, com a
desta população não trabalhe nas indústrias. proposta de aumento da idade mínima para aposentadoria. Todavia, outros
(D) O continente americano não apresenta a irregularidade na distribuição, estudiosos, inclusive demógrafos do IBGE, vêm ressaltando a necessidade
verificada no resto do mundo. de reorientação da política econômica, para priorizar o aspecto social no
tratamento da questão.
10. Primeira afirmativa: Somente o controle rigoroso da natalidade poderá Se, por um lado, a mudança na estrutura etária favoreceu os argumentos
reduzir o excedente populacional. governamentais sobre a necessidade de reforma na Previdência, poderia
Segunda afirmativa: A história tem demonstrado que o melhor também, por outro lado, ter despertado a sensibilidade para um dos
anticoncepcional é a melhoria da qualidade de vida da população. maiores problemas da atualidade: o desemprego.

(A) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa GRUPOS DE IDADE – 1991 a 1996
da primeira. até 14 anos 34,73% 31,62%
(B) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda não é uma justificativa
da primeira. de 15 a 64 anos 60,45% 63,01%
(C) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa. a partir de 65 anos 4,83% 5,37%
(D) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
(E) As duas afirmativas são falsas. (A) Cite dois fatores que explicam a mudança ocorrida no perfil
demográfico brasileiro manifestada acima.
Observe a tabela a seguir e responda às questões 11 e 12. (B) Explique como a geração de empregos seria uma opção para o
enfrentamento das mudanças recentes na estrutura etária da população
A população brasileira
brasileira, no que diz respeito à situação da Previdência Social.
Taxa aunal média de
Período
crescimento natural (%) 14. A população brasileira, segundo o Censo Demográfico 2000, atingiu um
total de 169.799.170 pessoas em 1o de agosto de 2000. A série histórica
1920-1940 1,90
dos censos brasileiros revela o importante crescimento populacional que
1940-1950 2,40 o país experimentou durante o século XX, tendo em vista que a população
1950-1960 2,99 foi multiplicada por quase dez vezes entre os censos de 1900 e 2000.
1960-1670 2,89 Contudo, o crescimento relativo vem declinando consistentemente
desde a década de 1970, tendo atingido o ritmo mais intenso de
1970-1980 2,48 crescimento durante a década de 1950, quando a população registrou uma
1980-1990 1,93 taxa média de incremento anual de cerca de 3,0%. A taxa de crescimento
demográfico vem se desacelerando desde então, em função da acentuada
1990-2000 1,64
redução dos níveis de fecundidade e de seus reflexos sobre os índices
Fonte: IBGE, Anuários Estatísticos do Brasil.
de natalidade.
(IBGE, “Censo Demográfico do Brasil”. Rio de Janeiro: 2000, p. 29).
11. O quadro a seguir mostra a taxa de crescimento natural da população
brasileira no século XX. (A) Por que ocorreu amplo crescimento demográfico no Brasil,
especialmente entre 1900 e 1970?
(B) Por que o crescimento relativo vem declinando consistentemente desde
a década de 1970?

3Gv1m1 146
Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

15. Leia o trecho a seguir e responda às questões. vem se desacelerando, em função da acentuada redução dos níveis de
A população brasileira, segundo o Censo Demográfico 2000, atingiu um fecundidade e de seus reflexos sobre os índices de natalidade.
total de 169.799.170 pessoas em 1o de agosto de 2000. A série histórica (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, “Censo Demográfico 2000”, p.29.)
dos censos brasileiros revela o importante crescimento populacional que
o país experimentou durante o século XX, tendo em vista que a população (A) O que é índice de natalidade?
foi multiplicada por quase dez vezes entre os censos de 1900 e 2000. (B) Por que houve redução da taxa de fecundidade média no Brasil,
Contudo, o crescimento relativo vem declinando consistentemente desde sobretudo a partir de 1970?
a década de 1970, atingindo seu ritmo mais intenso durante a década de (C) Quais são os motivos da redução da taxa de mortalidade no Brasil
1950, quando a população registrou uma taxa média de incremento anual durante o século XXI?
de cerca de 3,0%. A partir de 1970 a taxa de crescimento demográfico

P r e pa r a n d o pa r a o Enem

HABILIDADE 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

01. Os dados da tabela mostram uma tendência de diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher.

Evolução das Taxas de Fecundidade


Época número de filhos por mulher
século XIX 7
1960 6,2
1980 4,01
1991 2,9
1996 2,32
(Fonte: IBGE, contagem da população de 1996.)
Dentre as alternativas, a que melhor explica essa tendência é:

(A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de campanhas publicitárias.


(B) Introdução de legislações específicas que desestimulam casamentos precoces.
(C) Mudança na legislação que normatiza as relações de trabalho suspendendo incentivos para trabalhadoras com mais de dois filhos.
(D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de fatores ambientais.
(E) Maior esclarecimento da população e maior participação feminina no mercado de trabalho.

HABILIDADE 16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

02. Ao longo do século XX, as características da população brasileira mudaram muito. Os gráficos mostram as alterações na distribuição da população
da cidade e do campo e na taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) no período entre 1940 e 2000.

População Urbana e Rural Taxa de fecundidade do Brasil


no Brasil (%)
100 7
urbana rural 6
80 5
60 4
40 3
2
20 1
0 0
1940
1950

1960

1970

1980

1990
2000

1940
1950

1960

1970

1980

1990
2000

(IBGE)

Comparando-se os dados dos gráficos, pode-se concluir que:

(A) o aumento relativo da população rural é acompanhado pela redução da taxa de fecundidade.
(B) quando predominava a população rural, as mulheres tinham em média três vezes menos filhos do que hoje.
(C) a diminuição relativa da população rural coincide com o aumento do número de filhos por mulher.
(D) quanto mais aumenta o número de pessoas morando em cidades, maior passa a ser a taxa de fecundidade.
(E) com a intensificação do processo de urbanização, o número de filhos por mulher tende a ser menor.

3a Série / Pré-Vestibular 147 3Gv1m1


Distribuição da população
Geografia e a dinâmica demográfica

HABILIDADE 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

03. Um fenômeno importante que vem ocorrendo nas últimas quatro décadas é o baixo crescimento populacional na Europa, principalmente em alguns
países como a Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca queda na taxa de natalidade. Esse fenômeno é especialmente preocupante pelo fato de a
maioria desses países já ter chegado a um índice inferior ao “nível de renovação da população”, estimado em 2,1 filhos por mulher. A diminuição da
natalidade europeia tem várias causas, algumas de caráter demográfico, outros cultural e socioeconômico.
(
(OLIVEIRA, P.S. Introdução à sociologia. São Paulo.Ática, 2004)

(A) na estrutura familiar dessas sociedades, impactada por mudanças no projeto de vida das novas gerações.
(B) no comportamento das mulheres mais jovens, que tem imposto de seu plano de maternidade aos homens.
(C) no número de casamentos, que cresceu nos últimos anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
(D) no fornecimento de pensões de aposentadoria, em queda diante de uma população de maioria jovem.
(E) na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua ascensão, decorrente de pandemias na primeira infância

O texto abaixo refere-se às questões 4 e 5:


Em material para análise de determinado marketing político, lê-se a seguinte conclusão:
“A explosão demográfica que ocorreu a partir dos anos 50, especialmente no Terceiro Mundo, suscitou teorias ou políticas demográficas divergentes.
Uma primeira teoria, dos neomalthusianos, defende que o crescimento demográfico dificulta o desenvolvimento econômico, já que provoca uma
diminuição na renda nacional per capita e desvia os investimentos do Estado para setores menos produtivos. Diante disso, o país deveria desenvolver
uma rígida política de controle de natalidade.
Uma segunda, a teoria reformista, argumenta que o problema não está na renda per capita e sim na distribuição irregular da renda, que não permite o
acesso à educação e saúde. Diante disso, o país deve promover a igualdade econômica e a justiça social.”

HABILIDADE 20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas


novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

04. Qual dos slogans a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista neomalthusiano?

(A) “Controle populacional – nosso passaporte para o desenvolvimento.”


(B) “Sem reformas sociais o país se reproduz e não produz.”
(C) “População abundante, país forte!”
(D) “O crescimento gera fraternidade e riqueza para todos.”
(E) “Justiça social, sinônimo de desenvolvimento”.

HABILIDADE 20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas


novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

05. Qual dos slogans a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista dos reformistas?

(A) “Controle populacional já, ou o país não resistirá.”


(B) “Com saúde e educação o planejamento familiar virá por opção!”
(C) “População controlada, país rico!”
(D) “Basta mais gente, que o país vai pra frente!”
(E) “População menor, educação melhor!”

3Gv1m1 148
Módulo População
2 Economicamente Ativa
Geografia

É formada pelas pessoas que trabalham ou estão procurando trabalho, DISTRIBUIÇÃO (EM %) DA POPULAÇÃO ATIVA POR
não incluindo, portanto, estu­dantes, aposentados e donas de casa, que SETORES ECONÔMICOS EM ALGUNS PaísES
formam a população inativa.
Setor Setor Setor
População País
País PEA Primário Secundário Terciário
Inativa
Rússia 53% 47,0% Argentina 12 31,5 56,5

Suécia 53,5% 46,5% Austrália 5,2 23,3 71,5

Japão 52,2% 47,8% Bangladesh 63,0 11,0 26,0

EUA 50,1% 49,9% Brasil 6,7 28,0 65,3

Brasil 47% 53,0% China 43,0 25,0 32,0

Peru 34,3% 65,6% EUA 1,2 19,2 79,6

Nigéria 34,3% 65,7% França 3,8 24,3 71,8

Tunísia 33,3% 66,7% Hungria 5,0 32,4 62,6

Congo 31,1% 68,9% Índia 60,0 12,0 28,0


Japão 4,4 27,9 67,7
Bangladesh 38,0% 62,0%
Nigéria 70,0 10,0 20,0
Índia 40,0% 60,0% Rússia 10,2 27,4 62,4
(International Labour Office, Yearbook of Statistics, 2008.)
Suécia 1,6 20,8 70,5

Setores de Atividades Uganda 82,0 5,0 13,0


A PEA. pode estar ocupada em três setores de atividades. (Dados do Banco Mundial, World Development Report, 2008.)

Primário O setor terciário é o que mais cresce e absorve mão de obra, porém
O chamado meio rural, agricultura, pecuária, coleta, extrativismo, engloba tanto serviços modernos (setor financeiro, universidades,
mineração e pesca. É o setor ligado à natureza e seus recursos. hospitais, assessorias, etc.), como atividades sem grande importância e
até desnecessárias, como guardadores de automóveis e outras ocupações
Secundário informais, os chamados subempregos. O processo de terciarização é
Indústria – setor de transformação usando energia. mundial, mas como nos Países periféricos há um grande número de
subempregos, dizemos que o setor está hipertrofiado, ou seja, inchado.
Terciário Nos Países subdesenvolvidos, o grande surto de urbanização não
Comércio e serviços – setor de trocas de bens e serviços. é acompanhado de um processo de industrialização de igual porte,
Nos últimos anos, vem sendo ampliada a adoção do conceito de setor ocorrendo, assim, o desemprego disfarçado ou subemprego nas cidades.
quaternário, que envolve informática, pesquisa, alta tecnologia, consultoria, As pessoas, como não encontram empregos condignos, com salários
administração pública. razoáveis, acabam por disfarçar o seu desemprego com atividades de
baixíssima remuneração. É o caso de pessoas que vendem flores, frutas
Os Países que apresentam elevadas taxas de PEA no setor primário
ou artigos miúdos perto dos sinais de trânsito, dos diversos tipos de
demonstram uma estrutura econômica atrasada, já que nos Países centrais,
vendedores de rua, dos guardadores de carros, prostitutas, dos camelôs,
devido à intensa mecanização e urbanização, este número é inferior a 10%,
dos biscateiros, dos inúmeros intermediários, etc. Todas essas pessoas
e em alguns Países é próximo de zero.
subempregadas ou com desemprego disfarçado são classificadas no setor
O setor secundário é considerado o mais importante da estrutura terciário. No Terceiro Mundo, portanto, o setor terciário, mesmo quando
econômica. Os Países centrais apresentam percentuais de aproximadamente abrange uma porcentagem da população ativa semelhante à dos Países
20%. No entanto, mesmo nos Países mais industrializados, este setor desenvolvidos, na realidade é qualitativamente diferente, devido ao grande
vem sofrendo redução na população ocupada devido à automação e à número de subempregados.
robotização industrial.

3a Série / Pré-Vestibular 149 3Gv1m2


População
Geografia Economicamente Ativa

A Questão do Desemprego no Mundo


Nos últimos anos, vem aumentando a necessidade de estudo sobre a questão do desemprego, devido ao aumento da parcela da população ativa
não ocupada que faz do desemprego uma questão mundial.

Desemprego Conjuntural x Desemprego Estrutural


Atualmente, a maior preocupação não é com o desemprego conjuntural ou momentâneo, ou seja, aquele ligado ao momento econômico de um
País, como, por exemplo, no caso de uma recessão. No atual estágio da economia global, o mais importante é o que os especialistas chamam de
desemprego estrutural, aquele ligado aos avanços tecnológicos, que afeta principalmente os trabalhadores menos qualificados.
Veja a reportagem abaixo com um exemplo da conjuntura econômica sobre as taxas de desemprego:

Crise elevará número de desempregados no mundo em 2009, diz OIT


Segundo diretor, crise pode gerar 20 milhões de novos desempregados.
Número total de pessoas sem emprego pode chegar a 210 milhões.
Agência Estado, 20/10/2008.

A atual crise financeira poderá levar a um aumento de 20 milhões no número de desempregados no mundo até o fim de 2009, alertou hoje o
diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia. Segundo ele, o número de pessoas sem emprego poderia atingir a casa
de 210 milhões de pessoas no próximo ano.
“O número de desempregados poderá subir de 190 milhões em 2007 para 210 milhões ao fim de 2009”, observou Somavia, acrescentando que
o número poderá subir se a crise provocar forte impacto na economia real global.
Os setores da construção civil, imobiliário, de serviços financeiros e de veículos automotores serão provavelmente os mais prejudicados. No
entanto, Países com grandes mercados domésticos que não dependem muito das exportações teriam condições melhores de enfrentar a crise, disse
Somavia. O diretor-geral da OIT citou como exemplo a China, cujas exportações respondem por apenas 11% da economia.

Alerta anterior
No início do mês, a OIT já havia alertado que o desemprego no mundo deve sofrer uma “alta considerável” em 2008, em decorrência da crise
financeira que já está se traduzindo em uma desaceleração da economia.
Antes mesmo das turbulências de setembro, a entidade já previa que 5 milhões de novos desempregados seriam somados à população que não
tem emprego no mundo.
“Precisamos estar preocupados com o impacto nas pessoas pobres e pequenas empresas. A crise mostra que estamos vivendo em uma sociedade
que não é sustentável. Temos de agir de forma preventiva. Mas o certo é que o desemprego vai certamente subir este ano no mundo”, afirmou na
ocasião Somavia.

Desemprego nos Países Centrais

(www. observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt)

3Gv1m2 150
População
Geografia Economicamente Ativa

As elevadíssimas taxas de desemprego nos Países centrais estão Transportes


ligadas à revolução tecnológica e à transferência de bases produtivas
A greve desta terça-feira prejudica o tráfego aéreo e os serviços de
para Países de menores custos, devido aos menores salários, mas tam-
transportes públicos. Em Paris, o metrô opera com 70% da capacidade,
bém devido à enorme carga tributária nos Países centrais para manter o
fazendo passageiros esperarem longos períodos na estações.
chamado Estado de Bem-Estar Social.
Bancas de jornal permaneceram fechadas em muitas cidades. Tra-
Temos de considerar que as crises econômicas ampliam o desempre-
balhadores dos correios e de outros serviços públicos também aderiram
go pelo desajuste ocorrido na economia, porém, mesmo nos momentos
à greve.
de expansão econômica, os Países centrais vêm mantendo taxas de
No aeroporto de Lyon, no sul da França, cerca de 30 voos foram
desemprego expressivas.
cancelados e trens sofreram atrasos. O transporte público também foi
Essa situação vem aumentando a pressão sobre os trabalhadores para
prejudicado na cidades de Marselha e Bordeaux, no sul da França.
que concordem com a flexibilização trabalhista, que, na prática, significa
abrir mão de seus direitos para reduzir custos e aumentar a competitividade Lei
da economia local. A Lei do Primeiro Emprego, aprovada pelo Parlamento no mês passado,
Um exemplo disso foi a tentativa do governo francês de implementar pretende reduzir o desemprego entre os jovens, facilitando sua contratação.
a Lei do Primeiro Emprego, com menos direitos para os jovens, que foi Mas uma cláusula, que permite ao empregador demitir sem justificativa
amplamente rejeitada pelos organizados e combativos trabalhadores ou indenização, desagrada os jovens.
franceses. Observe a reportagem a seguir publicada na Folha de São Líderes de cinco confederações trabalhistas se reuniram com o pre-
Paulo em 28/03/2006: mier francês, Dominique de Villepin, na sexta-feira (24), mas o encontro
terminou sem acordo.
A controvérsia ocorre antes das eleições no País, previstas para
Milhares protestam contra lei do primeiro emprego na
2007. Pesquisas apontam que a popularidade de Villepin está em queda,
França
e a oposição afirma que irá revogar a nova lei caso vença as eleições.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas da França nesta terça- Desemprego nos Países Periféricos
feira, dia de greves e protestos contra o Contrato de Primeiro Emprego (CPE), O desemprego nos Países periféricos vem sofrendo grande elevação,
sob a vigilância da polícia, que teme que os atos resultem em violência. com destaque para algumas áreas industriais, o que justifica, por exemplo,
Em todo o País, devem acontecer um total de 135 manifestações. Os as maiores taxas da Grande São Paulo, quando comparadas à média bra-
sindicatos esperam que a ação force o premier francês, Dominique de sileira. No entanto, a característica mais notável na periferia do capitalismo
Villepin, a revogar a lei. é a explosão do mercado informal, que faz com que áreas como a região
Milhares de pessoas protestam em Marselha (sul), cercadas por um metropolitana do Rio tenha um número maior de trabalhadores sem carteira
grande número de policiais. Segundo os sindicatos locais, entre 200 mil em relação ao mercado formal.
e 250 mil pessoas participam da manifestação. Esta situação, com o avanço de diferentes formas de inserção pre-
Em Rouen, entre 18 mil e 40 mil pessoas foram às ruas. Em Nantes, cária no mercado de trabalho, faz com que muitas vezes se mascare o
outras 42 mil a 60 mil manifestantes registram forte presença popular. desemprego, condição que, de certa forma, passa a ser característica da
Em Paris, a principal passeata deve ter início às 14h30 (9h30 de classe média, já que a população mais pobre, sem condições de ficar sem
renda durante o período sem emprego, avança para o mercado informal.
Brasília). Cerca de 4.000 policiais foram mobilizados para evitar novos
As diferentes concepções de desemprego determinam grande variação
atos de violência durante os protestos.
nas taxas, ou seja, a análise depende de se considerar, ou não, os números
do subemprego. Observe os dois gráficos a seguir que apresentam as taxas
de desemprego ou desocupação nas Regiões Metropolitanas brasileiras
medidas pelo IBGE e pelo DIEESE/SEADE, entre 2008 e 2009.

Na quinta-feira (23), 2.000 jovens que moram nos subúrbios seguiram


para Paris e enfrentaram a polícia. Veículos e lojas foram destruídas. Os
jovens agrediram vários estudantes em outra manifestação no centro da
capital. (Fonte: IBGE)

3a Série / Pré-Vestibular 151 3Gv1m2


População
Geografia Economicamente Ativa

Observe que, em dezembro de 2008, o IBGE identificou um desemprego de 6,8%, enquanto que, para o dieese, o desemprego era quase o dobro
dessa taxa: 12,7%.
Em um momento de desemprego maior, fevereiro de 2009, já como reflexo da crise econômica global, o IBGE identificou 8,5% e o dieese, 13,9%.

3Gv1m2 152
População
Geografia Economicamente Ativa

Economia informal cresce acima do PIB Carga tributária


2007, aponta FGV A relação com a carga tributária é uma das mais claras. Quanto
maior a quantidade de impostos e contribuições, maior o incentivo
para que os agentes operem na informalidade. A corrupção também
Mercado de trabalho informal cresce 8,7% em 2007, estimula a informalidade, já que diminui as chances de punição quando
favorecido pela carga tributária, diz pesquisa irregularidades – tais como a sonegação de impostos – são descobertas
por funcionários do governo.
A pesquisa da FGV divulgou o desempenho da economia informal A economia informal também se relaciona com o nível de atividade,
desde 2003. Naquele ano, a informalidade cresceu 15%, enquanto o ou seja, se a economia formal cresce, a informalidade tende a crescer
PIB teve uma alta de apenas 1,1%. Em 2004, a economia informal caiu mais. Por outro lado, a economia subterrânea costuma sentir as crises
21,5%; já o PIB aumentou 5,7%. Em 2005, a informalidade começou mais rápida e fortemente que a atividade econômica formal.
a se recuperar e cresceu 10,8%; no mesmo ano, o PIB teve alta de Já o crescimento das exportações não costuma ser positivo para a
3,1%. Em 2006, a informalidade subiu 4,1%; o PIB, por sua vez, teve economia informal, uma vez que os processos e normas exigidas para
alta de 3,7%. realizar vendas externas inibem a participação dos negócios informais.
A FGV destacou que, entre 2003 e 2006, o fator que mais incentivou Embora até hoje não haja qualquer cálculo confiável e definitivo que
o crescimento da economia informal foi o nível de atividade. Em 2007, mostre o tamanho da informalidade no País, o acompanhamento dessas
no entanto, a carga tributária tornou-se o indicador que mais favoreceu variáveis entre 2003 e 2007, somadas aos chamados “rastros” deixa-
o crescimento da informalidade. dos pelas atividades informais nesse período, dá uma ideia de como
Para facilitar a análise, o Índice da Economia Subterrânea, relação a economia informal se comporta comparada ao desempenho do PIB.
entre a economia informal e o PIB, foi fixado em 100 pontos em março
de 2003, quando teve início a pesquisa. Em 2003, ele ficou com uma Moeda
média de 120 pontos; em 2004, 90 pontos; em 2005, 93 pontos; em A relação entre a quantidade de moeda em poder público e os
2006, 90 pontos; e em 2007, 95 pontos. O pico da série ocorreu em depósitos à vista, além do comportamento dos empregos sem carteira
outubro de 2003, com 120,7 pontos. O vale foi verificado em fevereiro assinada, são considerados traços deixados pela economia informal.
de 2005, com 85,2 pontos. Dessa forma, quanto mais moeda em poder público e quanto maior a
quantidade dos empregos sem carteira assinada, melhor foi o desem-
penho da informalidade.
‘Economia subterrânea’ Para o presidente do Etco, André Franco Montoro Filho, a men-
suração da economia informal é fundamental para a formulação de
No levantamento, a FGV decidiu utilizar o termo “economia subterrâ- políticas públicas eficientes. “Se conhecermos a economia subterrânea
nea”, definida como a produção de bens e serviços que não é reportada e soubermos quais são suas causas, sua dinâmica e seu desempenho,
ao governo, com objetivo de evadir impostos, evitar o pagamento das é mais fácil criar políticas públicas que combatam essa prática nociva
contribuições de seguridade social, fugir do cumprimento de leis e à economia do País”, disse.
regulamentações trabalhistas e não pagar os custos decorrentes da Montoro Filho sustentou que fica cada vez mais clara a necessidade
obediência de normas aplicáveis a uma determinada atividade. Ativida- de reduzir e simplificar a carga tributária e criar uma legislação trabalhis-
des ilegais, tais como o tráfico de drogas, prostituição e contrabando, ta específica que possa incluir os trabalhadores da economia informal.
por exemplo, não foram incluídas no cálculo da entidade. A FGV alerta, no entanto, que combater ferrenhamente a informa-
“A economia subterrânea é uma variável não observável. Para lidade sem criar políticas específicas para a inclusão desse setor não
que seja medida, é preciso localizar os traços que ela deixa pelo apenas não resolve o problema como resulta no desaparecimento de
caminho e localizar as variáveis que se relacionam com ela”, disse o empresas, empregos e da produção de bens e serviços importantes
professor Fernando de Holanda Barbosa Filho, um dos responsáveis para a sociedade.
pelo levantamento. “Há aspectos positivos e negativos. Embora informal, não se pode
Para chegar a um número que explicasse o comportamento da dizer que a venda de guarda-chuvas em frente às estações de metrô
economia subterrânea, a FGV acompanhou indicadores que influenciam em dias de chuva não sejam importantes e úteis para a sociedade”,
de forma indireta o desempenho da informalidade – entre eles, carga disse o pesquisador. A FGV planeja divulgar os resultados do Índice
tributária, nível de atividade, exportações e corrupção. da Economia Subterrânea trimestralmente.
(Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2008.)

3a Série / Pré-Vestibular 153 3Gv1m2


População
Geografia Economicamente Ativa

E x e r c i ta n d o

01. A história em quadrinhos ilustra a relação entre oferta e procura como 03. O presidente francês Jacques Chirac promulgou ontem a controversa
propulsora da dinâmica de mercado. lei que cria um contrato de emprego para jovens, indiferente aos que
alertam para o risco de uma crise social no país. O novo contrato permite
a empresas com mais de vinte funcionários demitir jovens de menos
de 26 anos durante um período de dois anos, sem dar justificativa ou
compensação.
Essa medida do governo francês, já revogada, reflete uma tendência
imposta pela globalização.
Das características econômicas abaixo, aquela que é decorrente dessa
tendência e que afeta diretamente as políticas de trabalho governamentais a:
(A) ênfase nas atividades de trabalho informal com o objetivo de reduzir
custos operacionais.
(B) manutenção das políticas de estabilidade no emprego com o propósito
de aumentar a produtividade.
(C) ampliação de postos de trabalho nas áreas de risco político com o
intuito de desenvolver novos mercados consumidores.
(D) renovação das estratégias de contratação das corporações com a
intenção de adotar contratos de trabalho mais flexíveis.

04. Nos últimos anos vêm ocorrendo significativas mudanças na ocupação


(BLANCHARD, Olivier, Macroeconomia. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2004.) da População Economicamente Ativa (P.E.A) pelos diferentes setores da
economia brasileira.
Essa relação, no entanto, representa um problema central para a economia,
indicado na seguinte alternativa: (A) Quais foram as principais mudanças?
(B) Quais foram as suas causas?
(A) caráter contraditório do salário, que tanto é um custo para o
empregador como é a base do consumo no mercado. 05. Os dados abaixo tratam da população ocupada no Brasil entre o final
(B) desequilíbrio provocado pela ação do Estado na economia, que tanto do século XIX e início do XX:
promove a acumulação como evita as crises econômicas.
Agricultura – 3671 = 64,1% 6377 = 69,7%
(C) desestímulo à poupança, que tanto aumenta o consumo nas nações
desenvolvidas como amplia o mercado de produtos primários. Indústrias – 282 = 4,9% 1264 = 13,8%
(D) efeito negativo da redução dos lucros da economia globalizada, que Serviços – 1773 = 31,0% 1509 = 18,5%
tanto incentiva investimentos como produz o equilíbrio entre oferta e TOTAL – 5726 = 100% 9150 = 100%
procura.
(Adaptado de PINHEIRO, P. Sérgio. In: FAUSTO, Bóris (Org.).
História geral da sociedade brasileira III: o Brasil Republicano. São Paulo: Difel, 1985.)
02. O gráfico abaixo é indicativo da distribuição da população economicamente
ativa (PEA) em três Países, hipoteticamente identificados como: A análise dos dados leva à seguinte característica econômica desse
período:
I. Alemanha; (A) Crescimento do setor de serviços.
II. África do Sul; (B) Dinamização da atividade industrial.
III. Haiti. (C) Protecionismo da agricultura de subsistência.
(D) Desenvolvimento acelerado dos três setores econômicos.
06.

(TAMDJIAN, J. O.; MENDES, I.


M.Geografia geral e do Brasil: estudos
para a compreensão do espaço. São
Paulo: FTD, 2004, p. 491. (Coleção
Delta – Ensino Médio.)

Com base na análise do gráfico, explique as diferenças econômicas dos


países representados, considerando a distribuição setorial da PEA.

3Gv1m2 154
População
Geografia Economicamente Ativa

(B) ao setor de serviços que se expande provocando ondas de desemprego


no setor industrial, atraindo essa mão de obra para este novo setor.
(C) ao setor industrial que passa a produzir menos, buscando enxugar
custos provocando, com isso, demissões em larga escala.
(D) a novas formas de gerenciamento de produção e novas tecnologias
que são inseridas no processo produtivo, eliminando empregos que
não voltam.
(E) ao emprego informal que cresce, já que uma parcela da população
não tem condições de regularizar o seu comércio.

08. A vida econômica nas aglomerações latinoamericanas apresenta


Legenda: características peculiares. A modernização (...), que produziu esse
1. Analfabetos. processo de metropolização, introduziu atividades econômicas seletivas,
2. Alfabetizados, mas sem preparo escolar. com índice elevado de tecnologias que não exigem grande absorção de
3. Preparados para produzir em sociedade tecnológica moderna. mão de obra.
4. Primeiro grau completo sem preparo específico. Ao lado desse setor, desenvolveu-se um conjunto enorme de atividades
5. Alfabetizados com primeiro grau incompleto. de menor porte econômico, que não dependem de avanços tecnológicos
6. Não trabalham. e oferecem um grande número de empregos ou ocupações. O geógrafo
7. Subempregados. Milton Santos chamou esse fenômeno de circuito inferior da economia
8. Integrados no mercado formal de trabalho. urbana (camelôs, biscateiros, pequenos prestadores de serviços).
9. Desempregados. (OLIVA, J.; GIANSANTI, R. “Temas da geografia Mundial”. São Paulo: Atual,1996, p. 133.)

Analise as afirmativas a seguir sobre a População Economicamente Ativa (A) Justifique a identificação desses trabalhadores das atividades de menor
(PEA) do Brasil: porte na chamada economia informal.
(B) Indique uma consequência decorrente do crescimento desse tipo de
I. A maior parte dos brasileiros que integram a PEA não está preparada atividade econômica.
para produzir em sociedade tecnologicamente moderna.
II. Apesar dos problemas, a maior parte da PEA ainda está integrada ao 09. A participação da mulher na População Economicamente Ativa do
Brasil aumentou bastante nos últimos anos, sobretudo, porque:
mercado formal de trabalho.
III. No Brasil, os trabalhadores que não integram o mercado formal de (A) o trabalho feminino é mais produtivo que o masculino.
trabalho não são considerados na PEA ocupada. (B) o trabalho feminino é necessário para aumentar a renda familiar.
IV. Atualmente, os trabalhadores podem ser excluídos através do (C) nascem, normalmente, mais mulheres do que homens.
desemprego, como também pelo subemprego, cada vez mais (D) nos vários ramos de atividades, a mulher tem se revelado mais
numeroso, e que muitas vezes é utilizado para mascarar o verdadeiro competente e dedicada.
nível de exclusão da sociedade. (E) o aumento do número de creches possibilitou a dedicação da mulher
ao trabalho produtivo.
(A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
(B) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas. 10. O gráfico abaixo mostra que, nas últimas décadas, vem aumentando
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. significativamente a participação das mulheres no mercado de trabalho.
(D) Todas as afirmativas estão corretas.
(E) Todas as afirmativas estão incorretas.

07. Um dos maiores problemas da atualidade é o aumento desenfreado


do desemprego. O texto abaixo destaca esta situação.
O desemprego é hoje um fenômeno que atinge e preocupa o
mundo todo. (...) A onda de desemprego recente não é conjuntural, ou
seja, provocada por crises localizadas e temporárias. Está associada a
mudanças estruturais na economia, daí o nome de desemprego estrutural.
O desemprego manifesta-se hoje na maioria das economias, incluindo
a dos países ricos. A OIT estima em 1 bilhão – um terço da força de trabalho
mundial – o número de desempregados em todo o mundo em 1998. Desse
total, 150 milhões encontram-se abertamente desempregados e entre 750
e 900 milhões estão subempregados. Entretanto, a situação das mulheres no mercado de trabalho ainda é
([CD-ROM] “Almanaque Abril” 1999. São Paulo: Abril.) desigual em relação a dos homens.
Pode-se compreender o desemprego estrutural em termos da (A) Explique duas razões para o aumento do percentual de mulheres no
internacionalização da economia associada: mercado de trabalho, no período posterior a 1980.
(B) Apresente situações de desvantagem das mulheres, em relação aos
(A) a uma economia desaquecida que provoca ondas gigantescas de
homens, no mercado de trabalho.
desemprego, gerando revoltas e crises institucionais.

3a Série / Pré-Vestibular 155 3Gv1m2


População
Geografia Economicamente Ativa

11. A partir dos anos de 1980, as condições de emprego e trabalho foram (A) primário, terciário, secundário.
se modificando em nível mundial. Refletindo sobre este novo mundo do (B) primário, secundário, terciário.
trabalho, pode-se afirmar que há uma tendência para: (C) secundário, terciário, primário.
(A) ampliar o emprego informal e diminuir o poder dos sindicatos. (D) terciário, secundário, primário.
(B) estabilizar os percentuais de desemprego e reduzir o setor de serviços. (E) terciário, primário, secundário.
(C) aumentar o emprego industrial e diminuir as jornadas de trabalho.
(D) estabilizar o crescimento de microempresas e diminuir o trabalho industrial. 14. A sociedade pós-industrial modifica o mercado de trabalho. Com
(E) aumentar as jornadas de trabalho e ampliar o emprego agrícola. relação a essas modificações, é correto afirmar:
12. Sobre as tendências atuais da população brasileira, é possível
(A) O trabalho informal diminui, e aumenta o trabalho especializado
perceber:
regulamentado pelos sindicatos.
I. um notável crescimento do contingente de idosos (com idade acima (B) O trabalho sistêmico ou rígido nos complexos industriais está presente
de 65 anos) modificando a caracterização tradicional de “país jovem”. com o máximo de especialização.
II. a permanência por quase 3 décadas do mesmo percentual de (C) A relação do profissional com o emprego se tornou mais flexível
população feminina na composição da População Economicamente em horários e locais de trabalho, sendo cada vez mais valorizada a
Ativa (PEA). criatividade e o conhecimento.
III. a tendência da população urbana crescer mais nas cidades de médio (D) O desemprego aumenta no setor terciário da economia, e a oferta de
porte do que nas capitais das regiões metropolitanas. emprego é cada vez maior nos setores primário e secundário.
Pode-se afirmar que: (E) O turismo deixa de ter uma participação ativa no mercado de trabalho
devido ao aumento das horas de trabalho acordado por trabalhadores
(A) somente I é correto. e sindicatos.
(B) somente I e II são corretos.
(C) somente I e III são corretos.
(D) somente II e III são corretos. 15. Justifique a importância do setor terciário nos países desenvolvidos
(E) somente I, II e III são corretos. e nos subdesenvolvidos, levando em consideração:

13. Analise o gráfico a seguir e identifique as linhas que correspondem à (A) a relação desse setor com o nível de vida da população, nos países
População Economicamente Ativa distribuída por setores da economia: desenvolvidos;
I – II – III. (B) a evolução tecnológica do setor secundário, nos países
subdesenvolvidos.

P r e pa r a n d o pa r a o Enem

HABILIDADE 11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

01. Um dos aspectos utilizados para avaliar a posição ocupada pela mulher na sociedade é a sua participação no mercado de trabalho. O gráfico mostra
a evolução da presença de homens e mulheres no mercado de trabalho entre os anos de 1940 e 2000.
Homens
(Fonte: IBGE, Anuários Estatísticos do
Brasil)

% Mulheres
100
80
60
40
20
0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

3Gv1m2 156
População
Geografia Economicamente Ativa

Da leitura do gráfico, pode-se afirmar que a participação percentual do trabalho feminino no Brasil?

(A) teve valor máximo em 1950, o que não ocorreu com a participação masculina.
(B) apresentou, tanto quanto a masculina, menor crescimento nas três últimas décadas.
(C) apresentou o mesmo crescimento que a participação masculina no período de 1960 a 1980.
(D) teve valor mínimo em 1940, enquanto que a participação masculina teve o menor valor em 1950.
(E) apresentou-se crescente desde 1950 e, se mantida a tendência, alcançará, a curto prazo, a participação masculina.

HABILIDADE 16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

02.

As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos governantes. Tendo como referência o estado atual dos países periféricos, pode-se afirmar que
nessas histórias está contida a seguinte ideia:

(A) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e aposentados.


(B) Necessidade de atualização crítica de clássicos da literatura.
(C) Menosprezo governamental com relação a questões ecologicamente corretas.
(D) Exigência da inserção adequada da mulher no mercado de trabalho.
(E) Aprofundamento do problema social do desemprego e do subemprego.

HABILIDADE 16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

03. A distribuição da População Economicamente Ativa (PEA) no Brasil variou muito ao longo do século XX. O gráfico representa a distribuição por
setores de atividades (em %) da PEA brasileira em diferentes décadas.

80
Percentual da PEA

70
60 Legenda:
50
40 Agropecuária
30 Indústria
20
10 Comércio e Serviço
1940 1960 1980 2000 Ano (IBGE)

As transformações socioeconômicas ocorridas ao longo do século XX, no Brasil, mudaram a distribuição dos postos de trabalho do setor:

(A) agropecuário para o industrial, em virtude da queda acentuada na produção agrícola.


(B) industrial para o agropecuário, como consequência do aumento do subemprego nos centros urbanos.
(C) comercial e de serviços para o industrial, como consequência do desemprego estrutural.
(D) agropecuário para o industrial e para o de comércio e serviços, por conta da urbanização e do avanço tecnológico.
(E) comercial e de serviços para o agropecuário, em virtude do crescimento da produção destinada à exportação.

3a Série / Pré-Vestibular 157 3Gv1m2


População
Geografia Economicamente Ativa

HABILIDADE 16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

04. (2001) O gráfico mostra a porcentagem da força de trabalho brasileira em 40 anos, com relação aos setores agrícola, de serviços e industrial/
mineral.
1940 1960 1980
70
60
50
40 Agricultura
% Serviços
30
Indústria/
20
mineração
10
0
A leitura do gráfico permite constatar que:

(A) Em 40 anos, o Brasil deixou de ser essencialmente agrícola para se tornar uma sociedade quase que exclusivamente industrial.
(B) A variação da força de trabalho agrícola foi mais acentuada no período de 1940 a 1960.
(C) Por volta de 1970, a força de trabalho agrícola tornou-se equivalente à industrial e de mineração.
(D) Em 1980, metade dos trabalhadores brasileiros constituía a força de trabalho do setor agrícola.
(E) De 1960 a 1980, foi equivalente o crescimento percentual de trabalhadores nos setores industrial/mineral e de serviços.

HABILIDADE 16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

05. A tabela apresenta a taxa de desemprego dos jovens entre 15 e 24 anos estratificada com base em diferentes categorias.

Região Homens Mulheres


Norte 15,3 23,8
Nordeste 10,7 18,8
Centro-Oeste 13,3 20,6
Sul 11,6 19,4
Sudeste 16,9 25,7
Grau de instrução
Menos de 1 ano 7,4 16,1
De 1 a 3 anos 8,9 16,4
De 4 a 7 anos 15,1 22,8
De 8 a 10 anos 17,8 27,8
De 11 a 14 anos 12,6 19,6
Mais de 15 anos 11,0 7,3
Fonte: PNAD/IBGE, 1998.

Considerando APENAS os dados anteriores e analisando as características de candidatos a emprego, é possível concluir que teriam MENOR chance
de consegui-lo:

(A) mulheres, concluintes do ensino médio, moradoras da cidade de São Paulo.


(B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras da cidade do Rio de Janeiro.
(C) homens, com curso de pós-graduação, moradores de Manaus.
(D) homens, com dois anos de ensino fundamental, moradores de Recife.
(E) mulheres, com ensino médio incompleto, moradoras de Belo Horizonte.

3Gv1m2 158
Módulo
3 Migrações

Geografia

Internacionais
Os deslocamentos populacionais têm como causa principal os fatores econômicos, ou seja, a busca por melhores condições de vida.
Sendo assim, as migrações consistem em uma espécie de redistribuição da mão de obra.
Apesar de ter havido grande variação ao longo da história, hoje temos clara definição entre as principais áreas de repulsão e atração po-
pulacional.
• Atração (imigração) – Os Países centrais com baixas taxas de natalidade e melhor estrutura econômica.
• Repulsão (emigração) – Países periféricos com má situação econômica e altas taxas de natalidade.

(Fonte:www.revista,vestibular.uerj.br)
Entre as principais consequências desse fluxo principal de migração, temos:

(A) acirramento da competição entre a mão de obra nacional e dos imigrantes;


(B) mudanças na legislação sobre imigrantes;
(C) imigração ilegal;
(D) intolerância política e social – com aumento da xenofobia e do racismo e crescimento eleitoral da extrema-direita.

É importante lembrar que o deslocamento da população da periferia do capitalismo para o centro constitui apenas o fluxo principal da migração,
porque há diversos fluxos secundários envolvendo deslocamento entre Países centrais, entre periféricos e, até mesmo, de centrais para periféricos.
Uma especificidade importante dos deslocamentos populacionais no planeta é a migração de talentos ou “de cérebros” (drain brain), dos Países
periféricos para os centrais. Tal fato vem sendo exemplificado pelo aumento do número de detentores de Prêmio Nobel que atuam em Países centrais,
porém oriundos dos Países periféricos (Índia, Taiwan, Paquistão e outros grandes exportadores de talentos).
Para os Países centrais, o processo é muito vantajoso devido à produção altamente qualificada e valorizada de uma mão de obra que eles não
tiveram gasto para formar, situação oposta à dos Países periféricos, que são privados da sua mão de obra mais talentosa.
Outra importante realidade das migrações nas últimas décadas é a influência das modernas tecnologias de comunicação e da própria globalização
no processo, como pode ser visto no fragmento a seguir:

3a Série / Pré-Vestibular 159 3Gv1m3


Geografia Migrações

Para atuar sobre as migrações internacionais no século 21, é preciso entender como a globalização afeta os deslocamentos espaciais da população.
Nos dias de hoje, o horizonte do migrante não se restringe à cidade mais próxima, nem à capital do estado ou do País. Seu horizonte é o mundo – vis-
lumbrado no cinema, na televisão, na comunicação entre parentes e amigos. O migrante vive num mundo onde a globalização dispensa fronteiras, muda
parâmetros diariamente, ostenta luxos, esbanja informações, estimula consumos, gera sonhos e, finalmente, cria expectativas de uma vida melhor”.
(MARTINE, George. A globalização inacabada: migrações internacionais e pobreza no século 21. São Paulo: Perspectiva, 2005.)

México Volta a Exigir Visto de Brasileiros


Medida foi determinada diante do aumento do número de tentativas de imigração ilegal nos Estados Unidos

A Rota Pela Fronteira


A volta da exigência de visto de entrada para brasileiros no México é tida como resultado de pressões do governo dos EUA, preocupado com
o aumento da imigração ilegal. A transformação da fronteira mexicana em rota para a entrada de imigrantes ilegais do Brasil, que vão tentar a
vida na América, é um fenômeno antigo, mas que vinha se intensificando nos últimos meses. Desde outubro do ano passado, é de 75 a média
de brasileiros apanhados diariamente a caminho de cruzar a sonhada fronteira da prosperidade. Em janeiro e fevereiro, 242 brasileiros foram
detidos por policiais do México nas proximidades da fronteira com os Estados Unidos. Mesmo com o risco de prisão, muitos insistem na tentativa
de imigração, porque há o direito de aguardar a decisão em liberdade. Muitos imigrantes conseguem viajar para outras cidades, como Boston,
Miami e Nova York, onde têm parentes que os ajudam a iniciar uma nova vida.
(O Globo, 10/09/2005)

MIGRAÇÕES – BRASIL
Em termos internacionais, o Brasil deixou de ser um País tipicamente de imigração, apesar dela ainda ocorrer, passando a ter importante movimento
emigratório.
A – Imigração Imigração Recente
Até a primeira metade do século XX, o Brasil se notabilizou por receber O Brasil continua recebendo fluxos migratórios internacionais de Países
importantes contingentes imigratórios, principalmente entre 1850 (Lei de vizinhos da América do Sul, com destaque para paraguaios, bolivianos e
Terras) e 1934 (Lei de Cotas de Imigração). peruanos, assim como imigrantes coreanos, chineses e refugiados políti-
Os principais grupos de imigrantes foram portugueses, italianos, cos de diversas áreas do mundo. A principal área de atração é São Paulo.
espanhóis, alemães, eslavos e japoneses, e as áreas de atração foram,
B – Emigração
principalmente, São Paulo, Rio de Janeiro e os estados do Sul.
O Itamarati estima em mais de 2 milhões de brasileiros vivendo,
legal ou ilegalmente, no exterior, principalmente nos EUA, no Japão e
na Europa. Essas pessoas têm atualmente grande importância devido à
remessa de divisas. O Brasil passa a ter esta emigração, mais nitidamente,
a partir da segunda metade da década de 1980, devido aos problemas
socioeconômicos.
Além disso, há a importância do fluxo em direção a alguns Países
vizinhos da América do Sul, principalmente Paraguai e Uruguai, em busca
de terras e oportunidades econômicas.
C – Migrações Internas
Os deslocamentos populacionais ocorreram ao longo de toda história
do Brasil, acompanhando as alterações dos polos econômicos do País.
Comércio no bairro da Liberdade, em São Paulo, imagem da imigração japonesa. As migrações se intensificam a partir do final do Império e principal-
mente ao longo do século XX, de acordo com as alterações socioeconô-
micas, principalmente com o processo de industrialização.

3Gv1m3 160
Geografia Migrações

Apesar de importantes fluxos populacionais ainda se dirigirem para Uma importante tendência recente na migração inter-regional no Brasil
as regiões metropolitanas, a tendência atual é de migrações envolvendo é o aumento no número de nordestinos que retornam para a região de
distâncias menores, em nível estadual ou intra-regional. origem a partir do Sudeste, principalmente, São Paulo, em um movimento
denominado “migração de retorno”.
Paulistanos já são 10,8 Milhões
A estimativa de população de cidades feita pelo IBGE mostra que, de
Fluxos populacionais no Brasil nos últimos 5 anos
2003 para 2004, 27,2% dos 5.560 municípios brasileiros viram diminuir
sua população, enquanto 72,6% tiveram aumento. A principal explicação
para a diminuição do tamanho de alguns municípios é a migração.
Pela projeção, a maior cidade do Brasil, São Paulo, tem
10,8 milhões de habitantes e deve ultrapassar a barreira dos 11 milhões
no ano que vem.
De 2003 para 2004, o município do Rio de Janeiro ultrapassou a
barreira dos 6 milhões de moradores, enquanto Campinas apareceu oficial-
mente, pela primeira vez, com população superior a 1 milhão de pessoas.
A projeção da população dos municípios em 2004 é feita tomando
como parâmetro a última contagem populacional, no caso, o Censo
2000 do IBGE.
Essa estimativa determina quanto cada cidade receberá, de acordo
com parâmetros estabelecidos pelo TCU (Tribunal de Contas da União),
do Fundo de Participação dos Municípios. Após a divulgação dos dados,
os municípios têm 20 dias para contestá-los.
A projeção do IBGE indica que 93% dos municípios continuarão com o
mesmo coeficiente no fundo de participação, enquanto 6,2% terão aumento
de verbas e 0,8% vão receber menos.
(Folha de São Paulo, 31/8/2004.)
(Adaptado de Folha de São Paulo, 23/04/2006.)

1 – Interregionais 2 – Intrarregionais
Nordeste – Área historicamente repulsora, com mudança do fluxo das As migrações intra-regionais podem ser divididas em:
metrópoles do Sudeste para a fronteira agrícola (Norte – Centro-Oeste).
• Transumância – É um movimento temporário da população, com
Sul – Repulsão a partir da década de 1970 para a fronteira agrícola, característica sazonal, ou seja, associada às estações do ano. A mais
em função da mecanização, concentração fundiária e industrialização. tradicional é a do sertanejo para a Zona da Mata na época da colheita
da cana (inverno).
Norte / Centro-Oeste – Atração, principalmente em função da expan-
são da fronteira agrícola e abertura de novas vias de transporte. • Pendular – Movimento diário da população nas grandes Regiões
Metropolitanas, pela manhã, das periferias e cidades-dormitórios para
Sudeste – Perda do poder de atração nas últimas décadas. as áreas centrais e, no final da tarde, no sentido oposto. O aumento
do processo de periferização nas grandes cidades vem intensificando
a importância desse movimento, assim como o gasto de tempo e
dinheiro da população trabalhadora que precisa fazê-lo.

• Desmetropolização – Nas últimas décadas, vem se intensificando


um movimento migratório em direção às cidades-médias do País, que
passaram a crescer em ritmo superior às demais. Esse movimento
pode ser urbano-urbano (das cidades pequenas e metrópoles para as
médias) ou constituir um êxodo rural, que agora não buscaria mais
intensamente as metrópoles.

• Êxodo rural – Pode constituir um movimento intra ou inter-regional.


Esse movimento teve grande importância no Brasil ao longo do
século XX, principalmente a partir da década de 1930. As principais
causas são: a grande concentração fundiária, a mecanização do
campo, a industrialização e o fascínio exercido pelas cidades.

3a Série / Pré-Vestibular 161 3Gv1m3


Geografia Migrações

Texto de Aprofundamento
Mobilidade Espacial da População ao Longo do Século Xx
A mobilidade espacial da população no território nacional insere-se em um contexto mais amplo de transformações da sociedade em seu
conjunto. Os distintos contextos históricos, econômicos, sociais, demográficos e políticos tiveram implicações nos processos de redistribuição da
população e de urbanização ao longo do século XX.
A tendência a uma maior mobilidade espacial da população no Brasil foi evidente já com o final do Império, com a abolição e com a expansão
cafeeira do período 1880-1930. Acrescente-se que, ao longo desse período, o País assistiu à entrada de 3.993.766 imigrantes estrangeiros. Para
Balán (1974), os deslocamentos populacionais registrados no País, do fim do século XIX até a década de 1930, compreenderam migração de
escravos, imigração estrangeira, migração inter-regional de mão de obra livre, migração para áreas de economia de subsistência, migração livre
voltada para a produção de borracha na Amazônia e migração de negros libertos, substituídos por imigrantes estrangeiros. O autor conclui que,
particularmente no final do século XIX, a imigração era altíssima, e talvez a mais alta em toda a história contemporânea do País.
A crise da economia mundial em 1929, e a consequente crise do café, contribui para o início do incipiente processo de industrialização nacio-
nal. Nessa etapa, decresceu consideravelmente a entrada de estrangeiros, ao mesmo tempo em que a população das áreas cafeicultoras rurais se
transferiu para áreas urbanas. Os planos de desenvolvimento industrial, pós-1930, exigiram a unificação do mercado e sua articulação.
Assim, as migrações internas, entre 1930 e 1950, seguiram, basicamente, rumo ao meio urbano dos municípios, às fronteiras agrícolas (Paraná,
Centro-Oeste e Maranhão) e aos centros industriais do Sudeste; a migração rural-urbana nacional chegou a 3 milhões de pessoas, na década de 1940.
O novo padrão de desenvolvimento econômico adotado pós-1956 – industrialização pesada – contribuiu para um enorme avanço no processo
de urbanização e industrialização do País: o êxodo rural da década de 1950 foi de cerca de 7 milhões de pessoas. Ainda nessa década, entretanto,
a ocupação das áreas de fronteiras agrícolas desempenhou importante papel na interiorização do território, com fluxos rural-rural.
A partir da segunda metade do decênio de 1960 iniciou-se o processo de industrialização do campo e modernização agrícola, aumentando o
êxodo rural; além disso, já deslanchava o processo de esgotamento das antigas áreas de fronteiras, totalizando-se 12,8 milhões de pessoas que
saíram do campo, entre 1960-1970. De outro lado, as mudanças ocorridas na estrutura produtiva nacional pós-1960 implicaram a diversificação
do parque industrial, abrindo novos empregos urbanos.
A década de 1970 intensificou essa tendência, ressaltando-se que, mesmo com a fronteira amazônica, as migrações passaram a ser predo-
minantemente em direção ao meio urbano; esse período marcou a consolidação da metropolização. Entre 1970 e 1980, estima-se a migração
rural-urbana em 15,6 milhões de brasileiros.
Essas características, no entanto, vêm se alterando principalmente desde a década de 1980. As fronteiras agrícolas já haviam perdido impor-
tância no cenário migratório nacional a partir de 1970, e as forças de concentração da migração, especialmente a exercida pela metrópole de São
Paulo, arrefeceram a partir da década de 1980, porém não desapareceram. Compondo um movimento mais amplo de distribuição populacional, a
região metropolitana de São Paulo, ao mesmo tempo em que ainda se mantém com o maior centro de recepção migratória, passou também a se
destacar pela importância de seu volume migratório em nível nacional, emprestando recentes características ao processo de distribuição espacial
da população e redefinindo alguns aspectos da migração interna.
De fato, o início da década de 1990 tendeu a consolidar as transformações na dinâmica migratória brasileira, com o fortalecimento de duas
vertentes complementares do atual processo de distribuição espacial da população: de um lado, a continuidade da centralidade no Sudeste, em
especial, na Região Metropolitana de São Paulo, no processo migratório nacional, mesmo com seu expressivo refluxo populacional aos estados
de nascimento; de outro, o prosseguimento da redução do ímpeto das migrações de longa distância e o aumento de importância das migrações
intra-regionais e intra-estaduais.
(Elza Berquó – Evolução demográfica no Brasil; um século de transformações. Companhia das Letras.)

Onda de Xenofobia na Espanha Preocupa União Europeia


Barcelona tem um ataque racial a cada dois dias, diz Anistia O aumento dos casos de racismo e xenofobia na Espanha,
em meio ao crescimento da imigração no País, tem causado preocupação na União Europeia.

Segundo o Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia, órgão ligado à União Europeia, a cada ano já são 4 mil os casos de agressão
motivados por discriminação no País.
A organização também diz que o número de neonazistas identificados na Espanha subiu de pouco mais de 2 mil, em 1996, para 10,5 mil, no
ano passado.
O aumento da imigração também deixa mais claras as divisões na sociedade espanhola e, neste fim de semana, grupos de direita e de esquerda
realizam eventos em Madri para se manifestar sobre o tema.
Neonazistas
Segundo um informe de um órgão ligado ao Conselho da Europa, a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância, a Espanha está
entre os cinco Estados da União Europeia onde as agressões racistas têm aumentado, juntamente com Alemanha, França, Grã-Bretanha e Suécia.
O País também está na lista de Países europeus onde os imigrantes são o grupo mais visado por neonazistas e pela “brutalidade policial”.

3Gv1m3 162
Geografia Migrações

O informe diz ainda que “preocupa a crescente utilização da internet para ataques, divulgações e convocações” de ações racistas ou xenófobas.
“É um alarme para ser levado a sério”, disse o porta-voz da ONG Movimento contra a Intolerância, Esteban Ibarra.
“Esses grupos estão organizados em mais de 200 cidades espanholas, e as vítimas não têm apoio legal”, acrescenta. “A lei não está preparada
para este fenômeno, que não é pontual nem passageiro.”
Em fevereiro, o congolês Miwa Buenemonake, de 42 anos, levou uma surra de um neonazista em uma rua de Madri e ficou tetraplégico.
A mulher de Miwa, Mirella Buenemonake, disse que o crime da vítima “foi ser negro”. “Tiraram nossa vida de um dia para outro”, afirma Mirella.
“Ele perdeu a vontade de viver.”
“E sabe o que a polícia declarou para o juiz? Que as lesões foram leves”, conta. “O agressor disse a ele que o lugar de gente como nós era o
zoológico.”
Em cidades como Barcelona, organizações como a Anistia Internacional denunciam que a cada dois dias aparece um registro de violência
motivada por xenofobia.
Manifestações
Cinco partidos de extrema-direita convocaram cinco manifestações em Madri neste fim de semana – três no sábado e duas no domingo – para
demonstrar seu repúdio às políticas liberais de imigração.
Os partidos alegam que a imigração “destrói o futuro dos espanhóis” ou que, em alguns anos, não haverá brancos no continente.
A resposta de uma organização de extrema-esquerda, a Coordinadora Antifascista, foi convocar uma passeata para o sábado, em Madri, para
mostrar seu repúdio à ideologia desses grupos.
A expectativa é de que o evento da Coordinadora coincida, por meia hora, com uma das manifestações da extrema-direita, ocupando o mesmo
lugar no centro da capital espanhola.

(Fonte: BBC Brasil, 16/11/2009.)

E x e r c i ta n d o

01. No início do século, o Brasil recebeu importante contingente de II. japoneses, chegando em grande parte a partir de 1908, concentraram-
imigrantes japoneses. Hoje, o fluxo se inverteu e são os brasileiros que se em São Paulo e no Pará, dedicando-se, neste último estado, à
emigram para o Japão. agricultura da pimenta-do-reino.
Explique essa inversão, a partir das principais mudanças socioeconômicas III. negros, oriundos da África, são mais numerosos no Nordeste, primeira
que ocorreram nos dois países durante o século XX. grande área de atração populacional do Brasil.

02. “Mano velho, mando as primeiras notícias desde que deixei você e a Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
família aí no nosso lugar. As dificuldades são muitas. A chuva não falta,
embora tenha uma época em que diminui um pouco. Já a terra não é tão (A) I, apenas. (D) II e III, apenas.
fértil quanto parecia: se a gente não cuida, ela logo cansa, porque a água (B) I e II, apenas. (E) I, II e III.
só leva o que tem de bom. E somente quando se derruba aquela mata (C) I e III, apenas.
densa é que se vê que o chão não é plano, e sim ondulado. Com isso, e
ainda mais a distância até o rio, tudo fica mais difícil. 04. “As grandes migrações são, aliás, uma resposta e representam, na
De qualquer maneira, ainda está dando para levar melhor do que aí na terra maior parte dos casos, uma queda no valor individual: o abandono não
natal; pelo menos aqui não tem de ficar pedindo licença a usineiro para desejado da rede tradicional de relações longamente tecidas através de
plantar umas coisinhas...” gerações; a entrada já como perdedor em outra arena de competições
Imagine que o trecho acima seja de uma carta escrita por um migrante cujas regras ainda tem que aprender; a ruptura cultural com todas as suas
para sua família. sequelas e todos os seus reflexos. A maior parte das pessoas não é, hoje,
De acordo com os elementos nela contidos, a alternativa que expressa, diretamente responsável por estar aqui e não ali, vítimas de migrações que
respectivamente, as áreas de imigração e de emigração, é: podem ser qualificadas e forçadas.”
(Adap. de OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da Geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999, p. 326.)
(A) Campos do Sul – Mata da Araucária.
(B) Cerradões do Centro-Oeste – Agreste.
O que melhor traduz a natureza do processo descrito anteriormente é:
(C) Caatinga no Nordeste – Pampa gaúcho.
(D) Terra firme na Amazônia – Zona da Mata nordestina.
(A) A oportunidade de trabalho não é determinante para as migrações.
(B) Essa migração, embora de difícil adaptação, é do tipo diária ou
03. A imigração estrangeira teve um papel importante na formação da
pendular.
estrutura populacional do Brasil. Sobre esse fluxo migratório, pode-se
(C) A adaptação cultural do migrante é demorada, mas acaba
afirmar que os:
inevitavelmente acontecendo.
(D) A necessidade determina a migração, que se torna involuntária e
I. eslavos, os italianos, os alemães e os poloneses concentraram-se na
sofrida.
Região Sul do País, onde se instalaram no final do século XIX, o que
(E) Nessas migrações, a queda no valor individual é decorrência exclusiva
explica, com boa parte, a predominância de brancos entre a população
dos salários.
sulista.

3a Série / Pré-Vestibular 163 3Gv1m3


Geografia Migrações

05. Um dos tipos mais perversos de migração populacional é aquele em (A) povos da floresta que, durante as cheias do Amazonas, dirigem-se
que o trabalhador se desloca da sua área de habitação em busca de frentes aos cinturões verdes de Manaus e de Belém, em busca de emprego.
de trabalho, principalmente para a colheita, fato que acontece regularmente (B) peões que trabalham nas fazendas de criação de gado do Mato Grosso
na Região Nordeste. e de Tocantins que se dirigem para o oeste de São Paulo, para a colheita
Essa população submete-se ao trabalho de poucos meses, ficando a de cana.
maior parte do ano sem remuneração e sendo obrigada a viver do que (C) pequenos agricultores do sul de Goiás e do Mato Grosso do Sul que
ganhou naquele período. se dirigem para o oeste de Santa Catarina para a colheita de soja.
(D) habitantes do Sertão e do Agreste nordestino que se dirigem à Zona
Esse tipo de migração é denominada: da Mata, para trabalharem na atividade canavieira.
(E) posseiros e arrendatários das áreas de conflitos de terras da Amazônia
(A) nomadismo. (D) migração. para as áreas agrícolas do norte e oeste do Paraná, para trabalharem
(B) sedentarismo. (E) pendular. como boias-frias.
(C) transumância.
09. Assistiu-se no País, nas últimas décadas, a um movimento migratório
06. Depois de estudar as migrações, no Brasil, você lê o seguinte texto: sem precedentes, que foi alvo de investigação por parte do Itamaraty.
O Brasil, por suas características de crescimento econômico, e apesar da
crise e do retrocesso das últimas décadas, é classificado como um País Sobre esse movimento, assinale a alternativa INCORRETA:
moderno. Tal conceito pode ser, na verdade, questionado se levarmos
em conta os indicadores sociais: o grande número de desempregados, (A) A entrada de brasileiros em alguns Países é facilitada por ancestrais
o índice de analfabetismo, o déficit de moradia, o sucateamento saúde, que alimentaram, no passado, correntes no sentido inverso.
enfim, a avalanche de brasileiros envolvidos e tragados num processo de (B) A entrada de brasileiros em outros Países é garantida por diversos
repetidas migrações(...) fatores, entre os quais se inclui a ausência de restrições à imigração
(adap. Valin, 1996, pág.50 Migrações: da perda de terra à exclusão social SP. Atuali, 1996). de naturais desses Países no território nacional.
(C) A transformação do Brasil em País de emigração se deu recentemente
Analisando os indicadores citados no texto, você pode afirmar que: e teve, como alvo preferencial de destino, o próprio continente em que
o País está localizado.
(A) o grande número de desempregados no Brasil está exclusivamente (D) O levantamento foi comprometido pelo caráter de clandestinidade que
ligado ao grande aumento da população. marca a permanência de muitos brasileiros em diversos Países.
(B) existe uma “exclusão social” que é resultado da grande concorrência
existente entre a mão de obra qualificada. 10. As migrações transnacionais, intensificadas e generalizadas nas
(C) o déficit da moradia está intimamente ligado à falta de espaços nas últimas décadas do século XX, expressam aspectos particularmente
cidades grandes. importantes da problemática racial, visto como dilema também mundial.
(D) os trabalhadores brasileiros não qualificados engrossam as fileiras Deslocam-se indivíduos, famílias e coletividades para lugares próximos
dos “excluídos”. e distantes, envolvendo mudanças mais ou menos drásticas nas condições
(E) por conta do crescimento econômico do País, os trabalhadores de vida e trabalho, em padrões e valores socioculturais.
pertencem à categoria de mão de obra qualificada.
Deslocam-se para sociedades semelhantes ou radicalmente distintas,
07. Dados do Censo Brasileiro 2000 mostram que, na última década, o algumas vezes compreendendo culturas ou mesmo civilizações totalmente
número de favelas tem crescido consideravelmente, com significativa diversas.
(IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.)
alteração na sua distribuição pelas regiões do País.

Considerando a dinâmica migratória do período, pode-se afirmar que esse A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve um papel
processo está relacionado: importante na formação social e econômica de diversos estados nacionais.
Uma razão para os movimentos migratórios nas últimas décadas e uma
(A) ao declínio acentuado da industrialização no Sudeste, que deslocou política migratória atual dos países desenvolvidos são:
grandes parcelas da população urbana para outras regiões do País.
(B) à ampliação do número de zonas francas de comércio em grandes (A) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras contra
metrópoles, o que atraiu a população rural para essas áreas. a imigração.
(C) ao deslocamento das correntes migratórias rurais para os cinturões (B) a necessidade de qualificação profissional e a abertura das fronteiras
verdes criados em torno dos centros urbanos. para os imigrantes.
(D) à instalação, na Região Nordeste, de inúmeras empresas de alta (C) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento dos
tecnologia, atraindo de volta a população que migrara para o Sudeste. bens dos imigrantes.
(E) à mudança no destino das correntes migratórias, que passaram a (D) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes qualifi-
buscar as cidades de médio e grande portes, além de São Paulo e Rio cados.
de Janeiro. (E) a fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de políticas
sociais.
08. É uma espécie de movimento de Transumância, realizado periodicamente
pela população da zona rural que migra conforme a estação do ano, em 11. Os fluxos migratórios humanos, representados nos mapas abaixo,
busca de outras áreas rurais que lhe ofereçam condições de ocupação. Este mais do que um deslocamento espacial podem significar uma mudança
movimento é encontrado no Brasil entre os: de condição social.

3Gv1m3 164
Geografia Migrações

13. No final do século XIX e início do século XX, o Brasil era um país de
imigração, tendo recebido um importante fluxo de mão de obra estrangeira.
Nas últimas décadas do século XX, esta situação se inverteu e, hoje, de acordo
com algumas estimativas, o número de brasileiros que emigraram e vivem fora
do país pode chegar a 1.900.000, constituindo uma verdadeira “diáspora”.
Apresente duas razões que expliquem a emigração brasileira na atualidade.

14. No Brasil, o êxodo rural tem provocado alterações populacionais, tanto


na área urbana quanto na rural.
Estabeleça relações entre o êxodo rural, a infraestrutura urbana e a
(Adptado de SANTOS. Regina Bega. Migrações no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.)
migração pendular.
Analisando-se os mapas, pode-se afirmar que essa mudança ocorreu com:
15.
(A) trabalhadores rurais nordestinos que migraram para São Paulo nas Reportagem 1
década de 50 e de 60, transformando-se em operários do setor
industrial.
(B) agricultores sulistas que migraram para o Centro-oeste na década de
60, transformando-se em empresários da mineração.
(C) trabalhadores rurais nordestinos que migraram para a Amazônia na
década de 60, transformando-se em grandes proprietários de terras.
Segundo o líder do partido político responsável pelo cartaz acima, “os
(D) moradores das periferias das grandes cidades que migraram para
imigrantes que estão cá por bem têm consciência de que aquilo não é
o interior do País na década de 70, atraídos pelas oportunidades de
com eles. (...) Quem deverá ser expulso? Os marginais, os ilegais, os
emprego nas reservas extrativistas.
indigentes. Os que vêm para cá viver de subsídios. (...) Somos contra a
(E) pequenos proprietários rurais nordestinos que, na década de 70, migraram
nacionalidade dada burocraticamente. Portugal é para os portugueses”.
para São Paulo para trabalhar como boias-frias na colheita de café.
(Diário de Notícias. Lisboa, quinta-feira, 29 mar. 2007.)

12. A fronteira entre os Estados Unidos e o México é um dos mais Reportagem 2


movimentados corredores de imigração do mundo. Atualmente, quase
10% da população americana é constituída por imigrantes e os mexicanos As boas-vindas aos empresários imigrantes
representam 27% desse contingente. A fronteira entre os dois Países, em “A nova lei de imigração prevê que os trabalhadores por conta própria e
alguns pontos, chega a ser protegida por arame farpado. imigrantes empreendedores tenham direito a legalizar-se automaticamente.
O fluxo migratório entre os dois Países citados no texto é atribuído a muitos (...) A ideia da lei é premiar os grandes empresários que queiram investir
fatores, entre os quais podemos apontar: em Portugal e já tragam os fundos com eles ou que tenham obtido créditos
de um banco para o fazer”.
(A) o descompasso ou desigualdade econômica e demográfica entre os
dois Países. (Diário de Noticias, Lisboa, sexta-feira, 3 ago. 2007.)

(B) as ações do governo americano de incentivo à entrada de empregados A partir da leitura dos trechos:
para as fazendas agrícolas do sul do País.
(C) a atração exercida pelas terras abertas a novas áreas de colonização (A) aponte dois indicadores demográficos da Europa Ocidental da
no oeste americano. atualidade que se contrapõem à política de expulsão de estrangeiros
(D) a política do governo americano de oferecer aos mexicanos o green de Portugal proposta pela reportagem 1;
card, conhecido documento para permanência nos Estados Unidos. (B) diferencie o tipo de imigrante da reportagem 1 do da reportagem 2 em
relação às políticas de bem-estar social dos Estados nacionais europeus.

P r e pa r a n d o pa r a o Enem

HABILIDADE 8 – Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos
populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

01. O relatório anual (2002) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela transformações na origem dos fluxos
migratórios. Observa-se aumento das migrações de chineses, filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-membros da OCDE. Também
foi registrado aumento de fluxos migratórios provenientes da América Latina.
(Adaptado de Trends in international migration – 2002. Internet: www.ocde.org.)

No mapa seguinte, estão destacados, com a cor preta, os Países que mais receberam esses fluxos migratórios em 2002.

3a Série / Pré-Vestibular 165 3Gv1m3


Geografia Migrações

As migrações citadas estão relacionadas, principalmente, à:

(A) ameaça de terrorismo em Países pertencentes à OCDE.


(B) política dos Países mais ricos de incentivo à imigração.
(C) perseguição religiosa em Países muçulmanos.
(D) repressão política em Países do Leste Europeu.
(E) busca de oportunidades de emprego.

HABILIDADE 16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

02.
Cresce a proporção de latinos nos EUA
Já se sabe que a população latina está mudando a face dos Estados Unidos, e os números confirmam: a cada 30 segundos nasce no país uma
pessoa dessa origem. Os latinos são 14,2% da população, 40,5 milhões de pessoas.
De acordo com os dados do censo americano, os latinos representam o segmento mais jovem.
(PILAR MARRERO. http://politicainternacional-jorge.blogspot.com)

O texto faz referência ao aumento da proporção de hispânicos na população estadunidense.


Além da imigração elevada, esse aumento é consequência direta do seguinte aspecto demográfico característico desse grupo:

(A) estrutura etária associada a altas taxas de natalidade.


(B) taxa de emigração marcada por percentual elevado de idosos.
(C) população economicamente ativa concentrada nas áreas rurais.
(D) altas taxas de mortalidade masculina gerada por condições precárias de trabalho.

HABILIDADE 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

03.
Em uma pesquisa realizada nos Campos de Cima da Serra, no planalto gaúcho, verificou-se que alguns produtores, na época do inverno, conduziam
seus rebanhos para os vales em busca de pastagem e de abrigo contra vento frio da estação, retornando na primavera para as áreas de campo aberto.
Esse tipo de deslocamento humano que se movimenta em função de variações climáticas sazonais denomina-se:

(A) migração pendular.


(B) transumância.
(C) emigração.
(D) imigração.
(E) êxodo rural.

3Gv1m3 166
Geografia Migrações

HABILIDADE 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

04. Leia o trecho da canção “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, respondendo, em seguida, à questão proposta.

“Quando olhei a terra ardendo


qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu
por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha,
nenhum pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado,
morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a Asa Branca


bateu asas do sertão
Entonce eu disse: adeus Rosinha,
guarda contigo meu coração
(...)
Hoje longe muitas léguas
nessa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
pra eu voltar pro meu sertão”.

A canção descreve, de forma poética, um dos problemas que afetam sistematicamente uma região brasileira, agravando problemas sociais cuja origem
possui estreitas relações com o processo de apropriação da terra, de produção da riqueza e de distribuição da renda.

A região descrita e a consequência mais comum do processo relatado na canção são:

(A) o sul do Brasil e o êxodo rural.


(B) as regiões agrícolas brasileiras e a migração sazonal.
(C) o semiárido nordestino e a migração para o Centro-Sul e Norte do País.
(D) as regiões metropolitanas e a migração pendular.

HABILIDADE 11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

05.
Pé na estrada, de novo.
Assim, conversinha mole e a criançada que se multiplica. “Eu não vou para São Paulo”, anuncia Ari Félix, 12. Mas o irmão dele foi. “Difícil ficar” é a
frase mais repetida. Safras perdidas, falta de emprego, família crescendo. A soma faz os homens alternarem: seis meses lá, seis meses cá. Acostumada
às despedidas, Vila São Sebastião sabe a rotina: abraços, apertos de mão e adeusinhos frenéticos que, no caso deles, sempre querem dizer “até logo”.
(ARIADNE ARAÚJO. O Povo. Fortaleza, 24/7/2001)

O movimento populacional descrito na reportagem é classificado especificamente como:

(A) uniforme.
(B) pendular.
(C) compulsório.
(D) de transumância.

3a Série / Pré-Vestibular 167 3Gv1m3


Módulo Geografia Urbana:
4 Urbanização Mundial
Geografia

Urbanização é o processo de crescimento da população urbana em ritmo


mais acelerado que o da população rural. Tal processo, portanto, ocorre a
partir do êxodo rural. A urbanização acelerada da população mundial é um
fenômeno relativamente recente. Teve início com a Revolução Industrial e,
até meados do século XX, ficou restrita aos chamados países desenvolvidos.
Após a Segunda Guerra, este fenômeno foi praticamente concluído nos países
centrais e teve início, num ritmo muito acelerado, nos países periféricos,
principalmente na América Latina e Ásia.
Podemos notar que todos os países centrais, assim como os periféricos
industrializados, possuem altas taxas de urbanização. Isso ocorre devido
à óbvia ligação entre a criação de indústrias na cidade e o crescimento
populacional destas áreas.
No entanto, atualmente, mesmo os países periféricos que apresen-
tam uma inexpressiva industrialização vivem um intenso processo de
urbanização, a chamada urbanização terciária. No campo, atuando como
fator de repulsão populacional, há a miséria gerada pelos baixos salários
agrícolas, pela pressão demográfica sobre as terras férteis ou ainda pela
concentração da propriedade nas mãos de poucos.
Nas cidades, a expansão de um setor terciário heterogêneo funciona
como fator de atração populacional. O êxodo rural transfere os pobres do
campo para a cidade.

Cresce a população urbana no mundo


5,0
5 4,6
4,2
3,9
4
Em milhões de pessoas

3,5
3,2
2,9
3 2,6
2,3
2,0
2 1,7
1,5
1,2 1,3
1,0
1 0,7 0,8

0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030

3Gv1m4 168
Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

TAXAS DE URBANIZAÇÃO (%)


Países Desemvolvidos Países Recentemente Industrializados
País 1960 1992 2010 País 1960 1992 2010
Bélgica 92 97 97 Cingapura 100 100 100
Reino Unido 86 89 90 Hong Kong 85 94 96
Países Baixos 85 89 89 Argentina 74 87 89
Alemanha 76 86 88 Chile 68 84 85
Austrália 81 85 85 Coreia do Sul 28 77 86
Japão 63 77 77 Brasil 45 76 81
Canadá 69 77 77 México 51 74 78
Estados Unidos 70 76 78 Malásia 27 51 57
Rússia 54 75 78 África do Sul 47 50 53
França 62 73 73 China 19 28 35
Itália 59 67 67 Índia 18 26 29
Filipinas 30 51 59 Venezuela 67 81 86
Paraguai 36 51 56 Kuwait 72 95 96
Mauritânia 6 50 59 Uruguai 80 90 91
Nigéria 14 37 43 Arábia Saudita 30 78 82
Moçambique 4 30 41 Peru 46 71 75
Somália 17 25 28 Líbia 23 84 88
Bangladesh 5 17 21 Jordânia 43 70 74
Etiópia 6 13 15 Cuba 55 75 78
Nepal 3 12 17 República Dominicana 30 62 68
Burundi 2 7 9 Bahamas 74 85 89
(Relatório do Desenvolvimento Humano 1995.)
T(CIA FACTBOOK – 2010.)

3a Série / Pré-Vestibular 169 3Gv1m4


Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

População Urbana no Mundo – 1950-2030 (C) Vale do Reno-Ruhr


É uma área que engloba vários países dependentes do Reno com
Bilhões de grande número de cidades médias e recursos naturais.
habitantes
4

3,5
3

2,5
2

1,5
1

0,5
(D) San Diego – San Francisco
0
1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 Ano Ao longo do Pacífico com centro em Los Angeles e na área de indústria
ESTIMATIVA
de alta tecnologia, fortemente urbanizada e com alto nível de renda,
articula-se com o Oriente.
Países subdesenvolvidos
Países desenvolvidos (E) A Megalópole Japonesa
(UNFPA – United Nations Funds Population, ONU – Organização das Nações Unidas.)
Esta é a maior megalópole do globo. De Tóquio a Kitakyushu, em uma
distância de cerca de 900 km, encontram-se várias metrópoles e vivem
A Metropolização cerca de 80% da população japonesa. O trem-bala, que atinge mais de
O processo de metropolização, ou seja, concentração do crescimento 300 km/h, faz a ligação entre as várias cidades.
populacional em algumas cidades, as metrópoles, teve início nos países
centrais, com destaque para Londres, Paris e, posteriormente, Nova York,
Tóquio e Chicago. O crescimento destas cidades originou as conurbações
(junção das áreas urbanas de duas ou mais cidades) e, mais recentemente,
as megalópoles (conurbações unindo duas ou mais regiões metropolitanas).

Megalópoles
(A) Boswash
Ocupa 2% do território dos EUA, possui mais de 50 milhões de
habitantes e se prolonga pelo vale do Rio São Lourenço no Canadá.
(B) Chipitts
Área de Chicago até Pittsburgh, antiga área de indústria pesada com
os centros de Cleveland, Akron, Rochester e Detroit, fortemente articulada
A metropolização mais impressionante do planeta ocorre nos países
com o Canadá e a megalópole do Atlântico.
periféricos. Este enorme crescimento é determinado pela maior taxa de
natalidade e pelo fato de esses países terem se industrializado na fase
monopolista do capitalismo, o que determina a chamada macrocefalia
urbana, ou seja, exagerada concentração populacional em uma ou no
máximo duas áreas metropolitanas.
Mesmo o centro dinâmico dos países periféricos não tem capacidade
de absorver tamanha quantidade de pessoas, o que determina o aumento
do desemprego e do subemprego, com enorme crescimento do mercado
informal. Como os rendimentos em geral são muito baixos, mesmo para os
trabalhadores da economia formal, muitos não têm condições de comprar
ou alugar casas e apartamentos, proliferando, assim, as submoradias:
favelas, cortiços, pessoas abrigadas debaixo de pontes e viadutos. São
comuns as ocupações de prédios abandonados de grandes metrópoles
como São Paulo, Londres e Rio de Janeiro, dentre outras.

3Gv1m4 170
Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

AS QUINZE MAIORES AGLOMERAÇÕES URBANAS* DO MUNDO


1900 1950 2003
Londres 6,5 Nova York 12,3 Cidade do México 31,7
Nova York 4,2 Londres 10,3 Tóquio 22,7
Paris 3,3 Tóquio 6,8 São Paulo 19,0
Berlim 2,4 Xangai 5,8 Nova York 18,5
Chicago 1,7 Paris 5,4 Bombaim 18,0
Viena 1,6 Chicago 5,0 Nova Delhi 15,0
Tóquio 1,5 Moscou 4,9 Xangai 14,1
São Petesburgo 1,4 Buenos Aires 4,5 Pequim 13,0
Filadélfia 1,3 Calcutá 4,4 Buenos Aires 13,3
Manchester 1,2 Los Angeles 4,0 Jacarta 13,0
Birmingham 1,2 Osaka 3,8 Los Angeles 12,1
Moscou 1,1 Milão 3,6 Calcutá 12,0
Pequim 1,0 Cidade do México 3,0 Karachi 11,8
Calcutá 1,0 Filadélfia 2,9 Rio de Janeiro 11,4
Boston 1,0 Rio de Janeiro 2,9 Lagos 11,1
* Refere-se não apenas às cidades, mas também ao conjunto de cidades conurbadas ou vizinhas a essas metrópoles. (Fonte: ONU, 2005.)

A MACROCEFALIA URBANA A Periferização


População Participação da maior A metropolização é acompanhada de uma grande expansão horizontal,
Países urbana cidade na população a chamada periferização. Nos países subdesenvolvidos, geralmente é a
(% do total) urbana total (%) população mais pobre que ocupa as áreas mais distantes, em bairros,
Alemanha 86 Berlim 18 loteamentos, conjuntos habitacionais, muito carentes de infraestrutura
Itália 68 Roma 17 urbana.
Nas metrópoles e grandes cidades norte-americanas do pós-guerra,
França 74 Paris 23 um novo padrão começou a se estabelecer com a transferência de áreas
Coreia do Sul 69 Seul 41 residenciais de alta renda para os subúrbios. A região central se popula-
rizou e as classes média e alta mudaram-se para condomínios distantes,
Senegal 38 Dacar 65
equipados com infraestrutura urbana e complexos industriais.
Tailândia 21 Bangcoc 69 Esse padrão tipicamente norte-americano de suburbanização das
Moçambique 24 Maputo 83 classes de maior renda logo originou condomínios residenciais seletos em
metrópoles latino-americanas (vide Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e
(Fonte: Banco Mundial, World Development Report – Poverty, 2000.)
Alphaville, em São Paulo) e europeias, mas em nenhum lugar se difundiu
tanto como nos Estados Unidos.

Texto Complementar americanos moravam nos subúrbios. Hoje, mais de 2/3 dos eleitores
americanos vivem nestas comunidades. Segundo o Departamento de
A América se Muda para o Subúrbio Agricultura dos EUA, a cada ano, 3 milhões de acres de áreas verdes ou
de fazendas são asfaltados para dar lugar a novos condomínios.
Êxodo que já levou dois terços da população para Engarrafamentos constantes; ruas que não levam a lugar nenhum;
fora das cidades causa problemas ecológicos e vira tema falta de áreas verdes e parques; excesso de estacionamentos; paisagens
de polêmica monótonas, vidas monótonas. Estes problemas, que vêm angustiando
No início do ano, um alarme soou nos comandos das campanhas um número cada vez maior de americanos, são sintetizados pela pala-
dos dois candidatos à presidência dos EUA: em nada menos do que vra spraw. O termo, que em português significa espalhar, descreve o
cinco pesquisas de opinião, problemas que tradicionalmente mobilizam processo de expansão dos súburbios e o consequente esvaziamento
o eleitorado, como o crime, a economia e a educação, foram deslocados das cidades dos EUA. (...)
para o segundo plano. Cerca de 26% dos consultados se dizem mais (...) Esvaziamento – Atlanta lidera a lista das 10 cidades com
preocupados com o crescimento desordenado e o congestionamento do população superior a 1 milhão de habitantes mais ameaçadas pelo
tráfego, problemas provocados pela expansão dos subúrbios. Das teses processo de esvaziamento, uma relação que inclui também Washington,
de especialistas, o assunto passou para as páginas dos jornais e daí para Denver e Seattle. Uma delas, Chicago, teve sua população aumentada
a agenda dos políticos. E não por acaso. Em 1950, menos de 1/4 dos em apenas 4% entre 1970 e 1990. Mas a área construída à sua volta

3a Série / Pré-Vestibular 171 3Gv1m4


Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

cresceu 46%. O esvaziamento não é só humano, recursos preciosos um número menor de habitantes mais pobres. “Verbas são deslocadas
para a manutenção dos serviços urbanos acabam sendo desviados dos bairros mais antigos das cidades para pagar melhoramentos em
para levar água, esgoto, polícia e escolas para subúrbios distantes. áreas cada vez mais distantes em novas comunidades. Os impostos
Entre 1970 e 1990, a cidade de Minneapolis fechou 162 escolas em sobem e a qualidade do ar e da água cai”, criticou Gore.
perfeitas condições para construir outras 78 nos seus arredores. No
Para urbanistas, culpa é do carro
estado do Maine, US$ 338 milhões foram gastos nos últimos 15 anos
na construção de escolas, embora a rede pública tenha perdido 27 Muitos culpam a ganância das empreiteiras, mas na hora de
mil alunos. apontar o responsável pelo que deu errado nos novos subúrbios ame-
Enquanto a população mais próspera deixa as cidades, ocorre uma ricanos, nove entre dez urbanistas veem no automóvel o grande vilão.
concentração de riqueza nos centros urbanos. O exemplo máximo dessa Os novos condomínios, nos quais os pedestres raramente têm vez,
segregação são os condomínios fechados onde hoje já vivem cerca de são planejados em função dos carros. Vivendo a grande distância dos
8,5 milhões de americanos, majoritariamente brancos e ricos. O êxodo locais de trabalho, seus habitantes passam três ou quatro vezes mais
nas cidades faz com que o fardo do custo dos serviços recaia sobre tempo atrás do volante do que os moradores das cidades.
(JB, maio/2000.)

E xe rcício R esolvido

(A) Explique como se dá o processo de valorização do espaço


urbano.
(B) Apresente duas medidas a serem adotadas pelo poder público
para combater essa segregação.

Solução:
(A) As unidades são vendidas pelos agentes imobiliários por um
preço estabelecido, considerando o preço da terra anteriormente
A cidade cresce horizontalmente e verticalmente. O crescimen-
cobrado, somado ao custo das benfeitorias ou dos investimentos
to horizontal revela a ocupação de áreas anteriormente vazias ou
públicos realizados e ao lucro do agente.
utilizadas para atividades primárias. Essas áreas são divididas em
lotes que se multiplicam na periferia urbana. O crescimento vertical (B) Duas dentre as medidas:
é demonstrado pelo aumento da construção de edifícios bem altos. – avanço do controle da segurança;
Nesse contexto de crescimento das cidades do mundo capitalista, os – aumento da rede de esgoto e água;
lotes urbanos refletem claramente seu caráter de mercadoria através – expansão da infraestrutura de transporte;
de um processo de valorização do espaço urbano. – incremento dos serviços públicos de saúde e educação;
Levando em conta a dinâmica do crescimento das cidades, – expansão dos serviços de coleta de lixo e de limpeza de ruas.
marcada pela segregação socioespacial:

E x e r c i ta n d o
02.
01. Quanto ao espaço rural e urbano, é cor­reto afirmar:
“As professoras que fazem o censo esco­lar no Rio apuraram um vazio
I. Atualmente existe equilíbrio entre as popula­ções rurais e urbanas, que já desconfiávamos: não há mais crianças no centro da cidade. Bateram
tanto nos países desen­volvidos como nos subdesenvolvidos. a muitas portas, indagaram de moradores:
II. O “êxodo rural”, que ocorre em larga escala nos países do Terceiro – Onde estão os meninos?
Mundo, provoca o cresci­mento desordenado do chamado “setor Não tinham meninos. Algum raro espécime que se vê na rua vem
infor­mal” das cidades. do norte ou do sul da cidade; para fazer companhia à mãe, sofrer no
III. O espaço rural e o urbano estão interligados de tal maneira, que os dentista, comprar sapato em liquidação. Há lugares onde faz muitos anos
problemas das cidades dificilmente são solucionados, se isolados dos não passa um garoto...
proble­mas do campo.
Onde está o menino, para onde foi o menino?”
Assinale: (Carlos Drummond de Andrade, Cadeira de balanço.)

(A) se apenas a frase I for correta. Responda à pergunta feita pelo autor.
(B) se apenas a frase II for correta.
(C) se apenas as frases I e II forem corretas.
(D) se apenas as frases II e III forem corretas.
(E) se todas as frases forem corretas.

3Gv1m4 172
Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

03. “As projeções feitas para o final da década indicam que haverá, na 1900 Pop*
América Latina, 37% de lares em situação de pobreza e 17% em condições
de indigência. Na área urbana, essas porcentagens alcançariam 31% e Londres, Inglaterra 6,6
12%, respecti­vamente, enquanto para as áreas rurais, estas seriam de Nova Iorque, EUA 3,,4
54% e 31%.”
Paris, França 2,7
(Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi­mento – ECO-92.)
Berlim, Alemanha 1,9
A dramática realidade social da América Latina no final do século XX, Chicago, EUA 1,7
apontada no texto, demonstra o fracasso dos modelos econômicos que Viena, Áustria 1,7
preconizavam a superação da chamada “situação do subdesenvol­vimento”.
Apresente duas consequências dessa situação de em­pobrecimento nas Tóquio, Japão 1,5
grandes cidades latino-americanas. Wuhan, China 1,5
Filadélfia, EUA 1,3
04. Observe os quadros abaixo, que tratam das grandes aglomerações
urbanas mundiais. São Petersburgo, Rússia 1,3

QUADRO I QUADRO II 2001 Pop*


Percentual de população urbana Tóquio, Japão 29
nas maiores cidades nacionais Número de aglomerações urbanas com Cidade do México, México 18
em relação à população urbana mais de 10 milhões de habitantes
do país São Paulo, Brasil 17
País Cidade % Regiões 1975 1995 2005 2015 Bombaim, Índia 17
Guatemala Guatemala City 71,8 Mais Nova Iorque, EUA 16
Desen- 2 4 4 4 Xangai, China 14
Congo Brazzaville 66,2 volvidas
Los Angeles, EUA 13
Haiti Porto Príncipe 60,9
Lagos, Nigéria 13
Menos
Tailândia Bangcoc 59,2 Desen- 3 10 15 17 Calcutá, Índia 13
volvidas Buenos Aires, Argentina 12
Uruguai Montevidéu 43,2

(Adaptado de http://www.un.org/esa/population/publications) 2015 Pop*


Apresente:
Tóquio, Japão 29
(A) duas consequências socioespaciais para os países que apresentam Bombaim, Índia 26
o fenômeno de macrocefalia urbana expresso no quadro I; Lagos, Nigéria 25
(B) duas justificativas para o processo diferenciado de concentração de
São Paulo, Brasil 20
população urbana retratado no quadro II.
Karachi, Paquistão 19
05. “Não houve, nos países subdesenvolvidos, como aconteceu nos Daca, Bangladesh 19
países industrializados, uma passagem da população do setor primário
Cidade do México, México 19
para o secundário e, em seguida, para o terciário. A urbanização foi terciária.
Somente depois, evi­dentemente com exceções, é que a grande cidade Xangai, China 18
provocou a criação de indústrias.” Nova Iorque, EUA 18
(Milton Santos, Manual de Geografia Urbana.)

Calcutá, Índia 17
Entende-se por urbanização terciária:
As variações populacionais apresentadas no quadro permitem observar que:
(A) a presença de indústrias nas áreas urbanas, moti­vando o êxodo rural.
(B) o processo de industrialização das cidades, ab­sorvendo mão de obra (A) as maiores cidades do mundo atual devem crescer mais nos primeiros
rural. 15 anos deste século do que cresceram em todo o século XX.
(C) a passagem gradual da economia do país pelos diversos setores de (B) atualmente as cidades mais populosas do mundo pertencem aos
atividades. países subdesenvolvidos.
(D) o processo de hipertrofia do setor de serviços nas cidades, provocado (C) Tóquio, que hoje é a maior cidade do mundo, no início do século XX
pelo acúmulo de população. ainda não era considerada uma grande cidade.
(D) no início do século XX, as cidades com mais de 1 milhão de habitantes
06. O quadro apresenta as 10 cidades mais populosas do mundo em 1900 estavam localizadas em países que hoje são desenvolvidos.
e os resultados de projeções das populações para 2001 e 2015. (E) o crescimento populacional das grandes cidades, nas primeiras
décadas do século XXI, ocorrerá principalmente nos países hoje
subdesenvolvidos.

3a Série / Pré-Vestibular 173 3Gv1m4


Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

07. Dados do Censo Brasileiro 2000 mostram que, na última década, o Podemos apontar como causas predominantes do êxodo rural nos países
número de favelas tem crescido consideravelmente, com significativa desenvolvidos:
alteração na sua distribuição pelas regiões do País.
Considerando a dinâmica migratória do período, pode-se afirmar que esse (A) A mecanização da lavoura, transformação nas relações de trabalho
processo está relacionado: no meio rural.
(B) A difusão da pequena propriedade; o aumento da fertilidade do solo
(A) ao declínio acentuado da industrialização no Sudeste, que deslocou agrícola.
grandes parcelas da população urbana para outras regiões do país. (C) A difusão da educação nas áreas rurais; pro­gramas oficiais de
(B) à ampliação do número de zonas francas de comércio em grandes valorização e fixação do trabalhador no campo.
metrópoles, o que atraiu a população rural para essas áreas. (D) A proibição do trabalho agrícola infantil; as faci­lidades crescentes para
(C) ao deslocamento das correntes migratórias rurais para os cinturões a compra de terras por posseiros, parceiros e pequenos proprie­tários.
verdes criados em torno dos centros urbanos. (E) A tendência crescente à instalação de indús­trias no campo; as diversas
(D) à instalação, na Região Nordeste, de inúmeras empresas de alta reformas agrárias que têm ocorrido nesses países.
tecnologia, atraindo de volta a população que migrara para o Sudeste.
(E) à mudança no destino das correntes migratórias, que passaram a 10. “A rede urbana é um conjunto de cidades fun­cional­mente articuladas,
buscar as cidades de médio e grande portes, além de São Paulo e dificilmente identifi­cadas nos países periféricos.” Esta frase contém um
Rio de Janeiro. erro porque:

08. Observe a tabela a seguir: (A) nos países periféricos, podem-se identificar redes urbanas, porém
com características diferentes daquelas dos países centrais.
(B) na atualidade não se emprega mais a expressão “rede urbana”, sendo
substituída por sistema de cidades.
(C) uma rede urbana, as cidades não se articulam funcionalmente, mas,
sim, cultural e politica­mente.
(D) não menciona que também nos países centrais é bastante difícil
identificar uma rede urbana.
(E) não se trata apenas de um conjunto de cidades, mas de qualquer
aglomeração humana, como aldeias indígenas.

11. Sobre o surto de urbanização que se verifica no mundo, é correto


afirmar que:

(A) é verificado com a mesma intensidade nos países desenvolvidos e


subdesenvolvidos.
(B) é provocado em todo o mundo pelos altos índices de natalidade.
(C) é um fenômeno característico dos países indus­trializados europeus.
(D) é mais intenso nos países subdesenvolvidos, tendo como causa o
Estimativas feitas pela ONU indicam que, no ano 2015, dois terços da êxodo rural.
população mundial estarão vivendo nas cidades. (E) é mais intenso nos países desenvolvidos devido ao desenvolvimento
industrial.
(A) Identifique as cidades incluídas entre as 10 maiores do mundo que, em
1995, não se locali­zavam nas áreas mais ricas do planeta. Destaque 12. A América Latina está se tornando uma das regiões mais urbanizadas
três aspectos relacionados à qualidade de vida que são caracte­rísticos do planeta. No próximo milênio, o percentual estimado da população urbana
das referidas cidades. latino-americana é de 80%.
(B) Compare os dados de 1995 com a projeção feita para o ano 2015 O processo de ocupação urbana, em curso no território latino-americano,
e destaque as mudanças que, possivel­mente, ocorrerão quanto à apresenta, entre suas características:
localização geográfica das maiores concentrações urbanas.
(A) forma difusa, que acompanha o lento êxodo rural, assinalada por uma
09. “A urbanização nem sempre é uma decorrência, em todos os países rede urbana de pequenas cidades.
subdesen­volvidos, do surto de industrialização. Existem processos de (B) crescimento acelerado, particularmente após a Segunda Guerra
urbanização rápida em muitos países que ultrapassam a industrialização. Mundial, e forma concentrada em uma rede urbana marcada pela
Se de um lado a industrialização abre novas perspec­tivas de trabalho presença de grandes cidades.
nas áreas urbanas, estimulando o êxodo rural, este, por sua vez, não é (C) estrutura homogênea, formando rede de cidades médias conectadas
resultado somente dela. O êxodo rural, fenômeno respon­sável, ao lado do ao desenvolvimento de atividades rurais e mineradoras.
crescimento natural da população urbana, pelo grande crescimento das (D) função administrativa e portuária, constituindo uma rede litorânea de
cidades, tem causas variadas.” cidades como suporte das atividades de importação de bens.
(Estudos de Geografia, Melhem Adas, Editora Moderna.)
(E) conteúdo marcantemente regional das cidades e forma dispersa que
obedece à disposição do relevo.

3Gv1m4 174
Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

13. “Os projetos de recuperação e preservação de centros históricos, Ásia. Aponte e justifique as razões para essa forte urbanização recente
associados a processos de reestruturação urbana, têm sido uma constante em países asiáticos.
no Brasil, principalmente a partir do final da década de 1980 e início de (C) A predominância das favelas é uma das principais marcas da
1990. Pelourinho em Salvador, Bairro do Recife na capital pernambucana urbanização acelerada nos países de Terceiro Mundo e uma marca
e o corredor cultural no Rio de Janeiro são alguns exemplos nacionais do crescimento da pobreza urbana. Explique algumas características
de locais que vêm sofrendo esse tipo de intervenção. Barcelona, Nova que qualificam um assentamento como favela.
Iorque, Boston, Manchester, Paris e Buenos Aires estão entre os exemplos
internacionais que marcam o fenômeno mundial de revitalização ou 15. Leia com atenção:
remodelação urbana.” “A Terra urbanizou-se ainda mais depressa do que previra o Clube de
(www.comciencia.br/reportagens/cidades/cid02.htm, 05/11/07.) Roma em seu relatório de 1972 (Limites de Crescimento) [...] Em 1850,
havia 86 cidades no mundo com mais de um milhão de habitantes; hoje
(A) Por que ocorre a chamada “decadência” dos centros tradicionais das são 400, e em 2015 serão pelo menos 550.”
cidades?
(Mike DAVIS. “Planeta Favela”. São Paulo, Boitempo, 2006, p. 13-14)
(B) Quais são as principais estratégias utilizadas nas cidades brasileiras
para “revitalizar” as áreas consideradas decadentes? É correto afirmar que:

14. Na África subsaariana, na América Latina, no Oriente Médio e em (A) esse ritmo acelerado de urbanização concentrado é expressão do
partes da Ásia, a urbanização com baixa taxa de crescimento econômico que ocorreu na Europa, com a reconstrução, após a Segunda Guerra
é claramente herança de uma conjuntura política global – a crise da dívida Mundial.
externa do final da década de 1970 e a subsequente reestruturação das (B) a concentração urbana em grandes cidades tem sido mais comum
economias do Terceiro Mundo pelo FMI nos anos 1980. nos países asiáticos do que nos países sul-americanos, em razão da
O crescimento da população urbana, apesar do baixo crescimento escassez territorial dos primeiros.
econômico, é a face extrema do que alguns pesquisadores rotularam de (C) atualmente, a América do Sul já possui índices de urbanização que se
“superurbanização”. assemelham aos índices da Europa.
(Mike Davis, Planeta de favelas: a involução urbana e o proletariado informal. In: Emir Sader (org.). “Contragolpes: (D) o fundamental dessa urbanização acelerada deve-se a processos dos
seleção de artigos da New Left Review”. São Paulo: Boitempo, 2006, p.195.)
anos 1950 e 1960, na China socialista, onde a opção foi pelo modo
(A) O que se entende por “superurbanização”? de vida urbano.
(B) Um dos resultados da superurbanização é o desenvolvimento de (E) países de grande extensão territorial, como Índia e Brasil, tendem a
megacidades com mais de 8 milhões de habitantes e de hipercidades ter urbanização mais distribuída, com raras cidades que ultrapassam
com mais de 20 milhões de habitantes, muitas delas localizadas na 1 milhão de habitantes.

P r e pa r a n d o pa r a o Enem

HABILIDADE 19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias


formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

01. O setor residencial brasileiro é, depois da indústria, o que mais consome energia elétrica. A participação do setor residencial no consumo total de
energia cresceu de forma bastante acelerada nos últimos anos. Esse crescimento pode ser explicado:

I. pelo processo de urbanização no País, com a migração da população rural para as cidades.
II. pela busca por melhor qualidade de vida com a maior utilização de sistemas de refrigeração, iluminação e aquecimento.
III. pela substituição de determinadas fontes de energia – a lenha, por exemplo – pela energia elétrica.

Dentre as explicações apresentadas:

(A) apenas III é correta. (D) apenas II e III são corretas.


(B) apenas I e II são corretas. (E) I, II e III são corretas.
(C) apenas I e III são corretas.

HABILIDADE 19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias


formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

02. Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrônicos, o automóvel produzido pela indústria fordista promoveu, a partir dos anos 50, mudanças
significativas no modo de vida dos consumidores e também na habitação e nas cidades. Com a massificação do consumo dos bens modernos, dos
eletroeletrônicos e também do automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. Da
ocupação do solo urbano até o interior da moradia, a transformação foi profunda.
(Adaptado de MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 12 ago. 2009.)

3a Série / Pré-Vestibular 175 3Gv1m4


Geografia Urbana:
Geografia Urbanização Mundial

Uma das consequências das inovações tecnológicas das últimas décadas, que determinaram diferentes formas de uso e ocupação do espaço geográfico,
é a instituição das chamadas cidades globais, que se caracterizam por:

(A) possuírem o mesmo nível de influência no cenário mundial.


(B) fortalecerem os laços de cidadania e solidariedade entre os membros das diversas comunidades.
(C) constituírem um passo importante para a diminuição das desigualdades sociais causadas pela polarização social e pela segregação urbana.
(D) terem sido diretamente impactadas pelo processo de internacionalização da economia, desencadeado a partir do final dos anos 1970.
(E) terem sua origem diretamente relacionadas ao processo de colonização ocidental do século XIX.

HABILIDADE 16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do


trabalho e/ou da vida social.

03. A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural.
É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção.
Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do homem ocidental.
(Adaptado de PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006.)

As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque:

(A) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história do Brasil ou da América.
(B) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais fraco na vida social, enquanto a América é mostrada como um exemplo a ser evitado.
(C) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo utópico da colonização da América.
(D) a concepção fundamental da primeira afirmação defende a construção de cidades e a segunda mostra, historicamente, que essa estratégia acarretou
sérios problemas.
(E) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma espontânea, e a segunda mostra que há exemplos históricos
que demonstram o contrário.

HABILIDADE 19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias


formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

04. A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua
fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as
pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder.
(Adaptado de DEANE. P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.)

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das
cidades industriais no início do século XIX?

(A) facilidade em se estabelecer relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova
sociedade capitalista.
(B) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.
(C) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.
(D) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as
cidades em locais de experimentação estética e artística.
(E) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de
moradia, saúde e higiene.

HABILIDADE 8 – Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos
populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

05. E os governos do Terceiro Mundo sabem ainda menos sobre as suas fronteiras urbanas, esses estranhos limbos onde se faz a transição entre
cidades ruralizadas e campos urbanizados.
A ORLA URBANA É A ZONA DE IMPACTO SOCIAL ONDE A FORÇA CENTRÍFUGA DA CIDADE COLIDE COM A IMPLOSÃO DO CAMPO”.
(MIKE DAVIS. Adaptado de “Planeta favela”. São Paulo: Boitempo, 2006.)

O trecho destacado sugere que a orla urbana das grandes metrópoles do Terceiro Mundo é a expressão espacial da convergência de dois processos.
Esses dois processos, significativos na segunda metade do século XX, são:

(A) verticalização e imigração. (C) conurbação e migração pendular.


(B) periferização e êxodo rural. (D) industrialização e tráfico de mão de obra.

3Gv1m4 176

Você também pode gostar