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Curso de Direito

Trabalho interdisciplinar
Discente: Marciana Maria de Sousa Silva

Racismo Estrutural

O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão em 1888. Mas mesmo
livres, milhões de pessoas negras foram colocadas na sociedade brasileira sem nenhum suporte. E por
conta dessa herança histórica vinda de centenas de anos de escravidão, é que nasce o que chamamos
de racismo estrutural. O racismo é uma forma de discriminação que tem raça como alvo, que se
manisfesta por meio de práticas concientes ou inconcientes, como um conjunto de hábitos, situações
ou falas, embutidas em nossos costumes. E que promovem direta ou indiretamente o preconceito e a
segregação racial. Não dá pra saber exatamente quando o racismo começou, mas essas ideias se
espalharam entre o século XVI e XVII por conta da colonização do continente americano. Os
europeus consideravam em sua visão eurocêntrica que os povos de origem europeia seriam mais
inteligentes e mais capazes de prosperar, enquanto os negros e indígenas eram considerados animais.
Com a abolição e sem ter pra onde ir, começou o estigma de que negros são preguiçosos e não gostam
de trabalhar. E nesse momento a sociedade, os lugares e as oportunidades ainda preservavam o
pensamento escravocrata. E calava a voz dos negros. Não foram elaboradas leis que contribuíssem
para combater esse abismo social causado pelas décadas anteriores, inserindo os negros na sociedade.
Os parâmetros para criação de leis seguiram em um pensamento europeu que defendiam brancos,
cristãos e homens. Recém libertos, os escravizados foram morar em locais onde ninguém queria
morar, como os morros, formando as favelas. Sem empregos, sem moradia digna e sem condições
básicas de sobrevivência. E mesmo depois de 130 anos de abolição, ainda é muito difícil para a
população negra ascender economicamente no Brasil. E mesmo que ascenda, infelizmente ainda vai
ter uma experiência de racismo pra contar. Estudos sobre a desigualdade racial, mostram que existe
um pensamento idealizado de medo, do branco ser comparado a um negro, de ter as mesmas
profissões que os negros, de frequentarem os mesmos lugares. O preconceito está na estrutura que
formou esse pensamento. Desde sempre, em todas as pesquisas sociais e democráticas, os alvos
declarados pretos ou pardos são maioria nos índices de analfabetismo, de desemprego e têm a menor
renda mensal. As estatísticas de cor ou raça, mostram que em média, brancos têm maiores salários,
sofrem menos com desemprego, são a maioria entre os que frequentam o ensino superior. Isso poderia
ser resolvido com a adoção de políticas públicas. Que visam reparar aqueles que foram
sistematicamente marginalizados e excluídos da sociedade durante tanto tempo, como foi o caso da
criação das cotas raciais, que abriram espaço para que a comunidade negra conseguisse ingressar na
universidade. Mas a sociedade brasileira como um todo, já naturalizou a nossa ausência. Além da
ONU, há outras organizações que deixam bem claro que no Brasil, os negros são os que são mais
assassinados, tem menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à
saúde, são os que mais morrem cedo e têm menor participação no Produto Interno Bruto (PIB). Onde
estão os melhores hospitais públicos? As bibliotecas públicas? Estão nas periferias ou nos bairros
ricos?
A negação da sociedade à existência do racismo, ainda continua sendo uma barreira à justiça. A
discriminação trás uma cultura de violência com práticas dentro da tortura, chantagem, humilhação
contra afrobrasileiro. Mas é claro que houve um avanço nos últimos anos, houve um esforço do
governo em lidar com o problema, mas é importante alertar que muitos organismos criados não
contam com financiamento suficiente, nem recursos humanos para realizar esse trabalho. Muitos
ainda têm baixa visibilidade, que é a posição dentro do governo, além da resistência de grupos
políticos diante de grandes projetos de lei que tentam lidar com a situação da desigualdade racial no
Brasil. Precisa-se mudar a sociedade a partir do diálogo. E é preciso reconhecer que o racismo existe e
que ele está enraizado na estrutura da nossa sociedade, e entender, como já diria Angela Davis, numa
sociedade racisa não basta apenas não ser racista, tem que ser antirracista, porque essa luta não é só
dos negros, essa luta é de todos.

Referências
Disponível em:

Podcast: https://anchor.fm/marciana-maria-de-sousa-silva/episodes/Racismo-estrutural-e19lto7
Acesso em 02 de Novembro de 2021
https://www.google.com.br/books/edition/Racismo_Estrutural/LyqsDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=0
Acesso em 20 de Outubro de 2021
https://www.ufjf.br/ladem/2014/09/13/racismo-no-brasil-e-institucionalizado-diz-onu/ Acesso em 21
de Outubro de 2021
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm Acesso em 21 de Outubro de 2021
https://www.youtube.com/watch?v=rbLOm8L9b9o Acesso em 30 de Outubro de 2021

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